Capítulo 16 – The Story Of Us

Cabelos ao vento.

Uma tristeza indescritível.

Dor e amargura no coração.

Essa seria a descrição perfeita para Jade Bulstrude naquele momento. A perspicaz sonserina estava desolada... Consigo mesma.

Naquele momento, Jade havia percebido que nunca havia amado Tom. Ela estava apaixonada por ele, isso era fato, mas aquilo não era amor. O amor era algo muito mais forte, muito mais doloroso e mais muito mais intenso. Era um sentimento sem educação, ele entrava no coração sem bater e quando a pessoa dava por si ele já estava lá.

Fora isso que havia acontecido com a morena. Ela nunca percebeu que amava Gunther... E quando ela julgava que amava Tom... Ah! O que ela sentia por Tom Riddle não se igualava ao que ela sentia por Gunther. Porque ao mesmo tempo em que a morena queria ver ele longe de Callidora, ela queria que ele fosse feliz, mesmo que isso significasse estar longe dela.

Mas isso não era fácil.

Quando voltava para seu Salão Comunal com Amatha depois de sua última aula, Jade viu Gunther e Callidora juntos no corredor. Estavam apenas de mãos dadas, mas aquilo incomodou Jade imensamente... Ela imaginou que sorte ela teria se fosse ela a estar de mãos dadas com Gunther...

Deu uma desculpa para Amatha. Disse que havia se esquecido de falar algo importante com Slughorn e deu meia volta, mas é claro que a morena não voltou à sala de poções. Ela seguiu as cegas pelo castelo, sem saber muito bem onde estava indo, o que estava fazendo... Ou onde estava com a cabeça. Parou de andar apenas quando chegou à escadaria de pedra que levava a saída de Hogwarts e lá ficou.

Batia um vento frio, que levantava os cabelos negros e ondulados e fazia cócegas em sua face. Jade decidiu que poderia permanecer ali para sempre, ali era confortável, era acolhedor, era imprevisível.

Ali ninguém a veria fraquejar.

Sim, pois Jade estava fraquejando. Ela queria ser forte e continuar a agir como sempre agiu, mas ver Gunther com Callidora... Era mais do que difícil. Isso se devia ao fato de que Jade sabia que poderia ser ela ali, mas ela foi estúpida o bastante para acreditar que não gostava de Gunther, que seu coração era de Tom, quando, na verdade, ele nunca foi de ninguém além de Gunther.

A morena respirou fundo. Por mais que se esconder fosse mais confortável, ela não podia continuar a fazer isso. Afinal, ela era Jade Bulstrude, uma sonserina, uma garota que dava sua cara a tapa.

Ela se levantou de onde estava e entrou rapidamente no castelo. O corredor estava vazio e ela seguia rapidamente, com a mente hora cheia de coisas, hora vazia.

Chegando ao Salão Principal, subiu diretamente para seu dormitório. Amatha estava sentada na cama com vários pergaminhos esparramados por esta.

– O que está fazendo, Amy? – a morena perguntou ao deixar seu próprio material em sua cama.

– Dever de Herbologia... – ela suspirou e voltou seus olhos para Jade – Como foi com Slughorn?

– Ah! – a morena exclamou depois de se lembrar de sua desculpa – Foi tudo bem, foi...

Para alegria de Jade, batidas soaram na porta e uma garota incrivelmente pequena adentrou o dormitório.

– Hm... Srta. Bulstrude? – ela chamou.

– Sim? – Jade perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

– A Prof.ª Merrythought pediu para a senhorita encontra-la na sala dela. Ela disse que era importante.

Jade assentiu.

– Está bem.

A garota saiu do quarto e Jade voltou os olhos para Amatha, que mordia o lábio inferior.

– Problemas, Jay? – a loira perguntou.

– Não acho que seja, não. Tenho uma detenção para cumprir, Amy, lembra?

A loira assentiu.

– Melhor você ir. Merrythought odeia atrasos.

Jade acenou positivamente com a cabeça e deixou o dormitório. Não gostava da ideia de ter que cumprir sua detenção, mas era melhor arcar logo com as consequências de seus atos do que ficar adiando isso. Quanto mais cedo começar, mais cedo irei terminar.

A porta da sala de Merrythought estava aberta, Jade entrou por ela sem nem mesmo anunciar sua presença. Ela viu a professora sentada em sua cadeira e Gunther sentado do outro lado da mesa.

– Jade! Ah, que bom que chegou! – a professora exclamou, ela indicou a Jade uma cadeira – Bom, não estou aqui para falar de um assunto dos mais agradáveis... Pelo menos, não para vocês... – Jade batucava as mãos nos joelhos, esperava que Merrythought não enrolasse, mas isso parecia não estar nos planos da professora – Bom, devo avisar que a detenção de vocês irá começar nesta noite. Jade, a Sra. Pince lhe espera na biblioteca para que vocês possam arrumar as caixas com os registros. Gunther, Ogg irá lhe esperar na frente da Sala de Troféus... Eu não me atrasaria, se fosse você, sabe como ele é irritadiço...

Gunther assentiu.

– Quanto tempo iremos permanecer em detenção? – perguntou o rapaz.

– Uma semana. – a professora respondeu prontamente. Jade sentiu sua boca abrir, a medida que as palavras fizeram sentindo para ela, e Merrythought a olhou com um ar de represália – Não adianta me olharem desse jeito! Vocês que estavam fora de seus dormitórios quando já se passava da meia noite...

Jade reprimiu a vontade de bufar e fixou seus olhos em um ponto a cima da professora.

– Acho melhor vocês irem indo...

Os dois se levantaram e saíram da sala da professora. Jade cruzou os braços frente ao corpo e começou a andar o mais rápido que pode, tão rápido que Gunther teve que correr para acompanha-la.

– Ei! – ele disse quando conseguiu andar ao seu lado – Por que tanta pressa?

– Por nada. – ela respondeu rapidamente.

– Aham, nada... – ele murmurou, mas ainda sim ela ouviu. Gunther segurou o braço da morena, obrigando-a a parar e encará-lo. – O que é que você tem, Jade? Dá para ver que você não está bem...

Quer mesmo saber o que eu tenho. Ela pensou, com amargura. Eu tenho culpa! Remorso! Dor! Uma dor que eu nunca pensei que fosse possível existir... Eu estou guardando um sentimento dentro de mim, um sentimento tão forte e tão... Inexplicável! Uma coisa que eu jamais pensei que fosse capaz de sentir... Ainda mais por você, Gunther Avery! Mas esse não é o tipo de coisa que eu posso responder a você, porque a culpa é minha, a estupidez foi de minha parte e não da sua, mas não fácil continuar fingindo que fosse é apenas meu melhor amigo... Você é muito mais que isso, e você nem ao menos sabe! Eu nem ao menos posso lhe dizer tudo isso que está engasgado em minha garganta!

– Eu não tenho nada, Gunther! – ela respondeu irritada, tentando se desvencilhar do forte aperto do rapaz – Me solta, Gunther!

O garoto a soltou e a morena aproveitou para virar pelo corredor, mas dessa vez Gunther não ficou para trás, ele a seguiu de perto. Pelo que parecia, o garoto não estava com vontade de deixar a atitude da morena passar em branco.

– Desde que eu voltei do St. Mungus você tem estado estranha... Jade, eu sou seu melhor amigo, você sabe que pode confiar em mim!

A morena assentiu, mas não olhou nem uma vez para Gunther na hora de responder.

– Já disse que não tenho nada, Gunther, por favor, pare com isso! – ela respondeu irritada.

– Não, não paro! Estou preocupado com você! – ele rebateu, interceptando-a pela frente. Ele segurou o rosto da morena, obrigando-a a olhar para ele – É algo com o Lorde?

Jade franziu o cenho.

– Com o Tom? – ela sussurrou – Não estou com nenhum problema com o Tom.

Gunther piscou quando ela disse essas palavras.

– Pensei que o fato da garota do futuro ser um Comensal da Morte lhe incomodasse mais do que a tudo. – ele disse.

– E incomodava. – ela respondeu e deu de ombros – Mas acho que agora não incomoda mais... Ah! Não sei...

Gunther curvou os lábios alguns centímetros e passou a mão pelo rosto da morena.

– Melhor voltarmos... – ele disse – Marquei de encontrar com Callidora...

Jade sentiu como se ele tivesse enfiado uma faca em seu coração. Encontrar com Callidora. Ela repetiu em sua mente, tentando fazer com que a ideia parecesse menos dolorosa. Bom, Hermione Granger não me incomoda mais, mas Callidora Black se transformou em meu principal pesadelo.

– Jade? – Gunther chamou – Tudo bem?

– Nossa, Gunther! Como você é paranoico! – ela disse, dando as costas para ele.

– Ei! Eu percebi isso! – ele disse – Você está irritada! Quer me dizer, pelo amor de Merlin, o que é que você tem?

– Eu não tenho nada! – ela disse, exasperada.

– Você tem algo sim! – ele rebatou – Acha que eu sou idiota, Jade? Eu vejo como você muda! Vejo como de repente você fica calada e seu olhar se perde no nada... Pode tentar enganar quem você quiser, mas eu sei, eu vejo que você está diferente... Calada e... Mais fria do que o normal, às vezes.

– Eu não tenho nada de errado! – ela disse, exaltada – Olha, Gunther, você ficou uma semana no St. Mungus e algumas coisas mudaram...

– Talvez tenha mudado, mas você está diferente, Jade. Você. Não as coisas, você está se comportando de um jeito que... Eu não consigo achar explicação para isso!

– Bom, talvez você conseguisse achar ou perceber algo se, ao invés de ficar com sua namoradinha, ficasse com seus amigos. – Jade disse por impulso, mas se arrependeu assim que as palavras lhe escaparam da boca.

– O que Callidora tem haver com tudo isso? – Gunther perguntou ligeiramente confuso.

– Callidora... Ah! A sua querida Callidora não tem nada haver com isso, não é? Você está naquela fase mágica do seu relacionamento... Na fase onde tudo são flores, beijos e ardores...

– Você está louca, Jade? – ele perguntou de cenho franzido – Acaso está com... Ciúmes?

Na mosca. Uma voz irritante na cabeça de Jade pensou. Sim, era óbvio que ela estava com ciúmes, mas ela não queria que Gunther descobrisse isso. Ela não queria que a menor ponta de desconfiança pudesse surgir, porque ela sabia o que viria depois... Pena... Dó... Coisas que ela não precisava. Coisas que ela não admitiria.

– Não, Gunther. – ela respondeu monotonamente – Não seja imbecil, eu não estou com ciúmes de você... Só acho que... Você e Callidora...

– Eu e Callidora? – ele perguntou.

– Você e Callidora não tem haver um com outro! – ela explodiu – Sim, você sempre adorou ela. Sim, ela sempre foi sua prima favorita, mas...

– Mas o que? – ele rebateu com certa irritação na voz – Você queria que eu passasse o resto da minha vida te esperando?

– Eu... Eu nunca quis isso. – ela disse com raiva na voz.

– É verdade! – ele exclamou – Você queria que eu seguisse em frente, certo? Você disse que não me amava, não? Disse que o amor de sua vida era o Lorde... Que seu coração pertencia a ele. Eu entendi o recado... Eu segui em frente, você não pode me culpar por isso!

– Não estou culpando. – ela disse devagar. - Talvez a culpa não seja o seu namoro... Ou as minhas inconstâncias, como você mesmo diz. Talvez nós tenhamos crescido, Gunther, e a nossa amizade tenha permanecido no passado... Na infância...

Só Merlin sabe o quanto doeu para ela dizer aquelas palavras. O quanto seu coração se apertou. Mas ela finalmente entendia algumas coisas... Coisas que só eram possíveis de se entender quando você estava amando verdadeiramente alguém. Jade não iria conseguir conviver mais com Gunther, ela sabia disso. Ela não iria aguentar ter que ouvir que ele tinha que encontrar com Callidora e se ele começasse a fazer elogios a ela... Jade sabia que não iria aguentar, mas também sabia que queria o melhor para Gunther. E o melhor para Gunther é ficar longe agora. O melhor para mim é ficar longe dele.

– Você está dizendo...? – ele não conseguiu completar a pergunta.

– Estou dizendo que acho que é melhor nos afastarmos, pelo menos por hora. Eu mudei, você também e até chegar a hora que pudermos aceitar isso devemos nos afastar.

Gunther mirou Jade. Ela podia ver que ele estava completamente incrédulo. Não. Incrédulo era pouco para descrever o estado de Gunther. Ele virou as costas sem nem ao menos dizer um “tchau” para a morena e partiu pelo corredor.

(N/A: link da música: http://letras.mus.br/taylor-swift/1763904/#traducao)

Jade recostou a cabeça na parede. Seu coração estava dolorido, mas havia coisas que nem ela poderia suportar, e Gunther namorando Callidora era, com certeza uma delas.

Eu costumava pensar que um dia ia contar a nossa história

Como nos conhecemos e as faíscas voaram instantaneamente

As pessoas diziam: "eles são os sortudos"

Não posso o ver beijando-a de novo! Sei que isso que é egoísta de minha parte, mas não posso! Provavelmente, eles irão se casar... Sei como um relacionamento entre primos é difícil, então, Celine deve ter arranjado tudo com aquele mal-humorado do tio de Gunther...

Eu costumava saber que o meu lugar era um local próximo a você

Agora eu estou procurando por uma cadeira vazia

Porque ultimamente eu não sei em que página você está

A morena passou as mãos pelo rosto, nervosa. Precisava sair dali... Precisava voltar a seu dormitório, mas ela havia esquecido completamente de como fazer seus pés se moverem. Ela fechou os olhos e o rosto magoado de Gunther surgiu a sua frente...

Oh, uma simples complicação, falhas de comunicação levam a cair

Tantas coisas que eu queria que você soubesse

São muitos muros que eu não posso quebrar

Jade obrigou os pés a se moverem, o que não foi tarefa fácil, eles não queriam obedecê-la, mas ela tinha que sair dali, tinha que voltar para sua cama e dormir... Quem sabe ela não resolvesse dormir para sempre! Para não ter que se lembrar de suas escolhas... Escolhas que ela não queria tomar...

Agora estou sozinha em uma sala lotada

E não estamos falando

E eu estou morrendo de vontade de saber: isso está matando você como isso está me matando?

Eu não sei o que dizer uma vez que uma reviravolta do destino quando tudo se quebrou

E a nossa história parece muito como uma tragédia agora

O caminho parecia turvo. Jade só conseguia pensar no olhar de Gunther, em suas palavras amargas... Mas, por mais amargas que fossem, eram mais verdadeiras do que quaisquer outras... Ele ainda estava magoado com ela, e ela o havia magoado mais, apenas em dez minutos de conversa.

Próximo capítulo

Amar é sofrer, ela pensou. Por mais que quisesse acreditar que agora que havia decidido se afastar de Gunther tudo iria melhorar, mas ela sabia que isso era mentira... Ela sempre se culparia por perdê-lo...

Como nós acabamos desse jeito?

Me veja nervosa puxando a minha roupa e tentando parecer ocupada

E você está fazendo o seu melhor para me evitar

Memórias que nunca existiram começaram a rondar a cabeça de Jade... Ela imaginou Gunther pegando suas mãos com doçura, imaginou eles andando juntos pelo jardim da casa de Tia Sarah, imaginou toda uma vida que era real para ela... Mas que deixou de ser...

Estou começando a pensar se um dia eu vou contar a nossa história

Como eu estava perdendo minha cabeça quando eu vi você aqui

Mas você segurou seu orgulho como você deveria ter me segurado

Ela se lembrou do beijo de Gunther... Do gosto da boca dele na sua. Será que ela seria atormentada pelo resto de sua vida por sua falta de coragem?

Oh, eu estou com medo de ver o final, por que nós estamos fingindo que isso não é nada?

Eu ia dizer que sinto sua falta, mas eu não sei como

Eu nunca ouvi um silêncio tão alto como esse

Não é falta de coragem. É a questão de que mesmo que eu falasse o que estou sentido nada mudaria. Ele seguiu em frente, agora, quem está estagnada nesse sentimento sou eu... EU! Eu nem sabia o que era amar, mas sempre soube que era algo maldito...

Agora estou sozinha em uma sala lotada

E não estamos falando

E eu estou morrendo de vontade de saber: isso esta matando você como isso está me matando?

Eu não sei o que dizer uma vez que uma reviravolta do destino quando tudo se quebrou

E a nossa história parece muito como uma tragédia agora

Jade fechou os olhos, mas não parou de andar. Uma brisa suave batia em seu rosto e ela desejou que essa brisa levasse embora todos os pensamentos atormentadores... Desejou a brisa levasse o sentimento que batia em seu peito embora... Ela desejou, mesmo sabendo que isso era inútil.

Isso esta parecendo uma competição de quem pode agir como eles e se importar menos

Mas eu gostava mais quando você estava ao meu lado

A batalha está em suas mãos agora

Mas eu tiraria minha armadura

Se você dissesse que prefere o amor a guerra

Ela, finalmente, chegou ao dormitório. Merlin sabe como, já que ela mal via o caminho que estava trilhando. Sentou-se na cama com a mente em polvorosa e o peito dolorido... Se eu fiz o certo, e eu sei que fiz, tenho que parar de agir como se eu que tivesse sido magoada! Não fui, afinal. Eu que magoei Gunther, todo esse tempo, eu o magoei...

Tantas coisas que você queria que eu soubesse

Mas a nossa história pode estar chegando ao fim em breve

E eu continuo magoando-o! Sim eu fiz a coisa certa... Não posso continuar fingindo que esta relação é saudável... Eu não posso fazê-lo sofrer e confundi-lo... Talvez esse sentimento acabe.

Agora estou sozinha em uma sala lotada

E não estamos falando

E eu estou morrendo de vontade de saber isso esta matando você como isso está me matando?

Eu não sei o que dizer uma vez que uma reviravolta do destino quando tudo se quebrou

E a nossa história parece muito como uma tragédia agora, agora, agora

Agora, agora

Ela sabia que suas esperanças eram vãs, mas não podia deixar de sonhar e desejar que aquilo se realizasse...

E não estamos falando

E eu estou morrendo de vontade de saber: isso esta matando você como isso está me matando?

Eu não sei o que dizer uma vez que uma reviravolta do destino, porque nós estamos indo para baixo?

E a nossa história parece muito como uma tragédia agora

Ela desejava, com cada célula, que aquilo acabasse, que toda aquela loucura chegasse ao fim e, algum dia, eles pudessem voltar a se olhar nos olhos sem a dor latejar em seus corações.

Fim

Jade ouviu o barulho de passos e logo em seguida ela viu Amatha surgir a sua frente, recém-saída do banho.

– Como foi com Merrythought? – a loira perguntou, enquanto passava a mão pelos cabelos molhados.

– Bem. – Jade disse, forçando sua voz sair normal.

Amatha sorriu para ela, não parecia ter percebido que Jade estava chateada e a morena agradeceu mentalmente por isso, não queria Amatha preocupada... Não teria “tato” para contar à amiga o que havia acabado de fazer, além do mais, sabia que Amatha iria dar-lhe uma bronca daquelas...

– E ai? O que Merrythought disse? – perguntou a loira.

– Vou começar a detenção essa noite... – Jade disse com desgosto na voz, fazendo uma careta. Amatha a acompanhou na careta e sorriu debilmente de lado.

– Gunther vai também?

– Suponho que sim, Amy. – a morena respondeu, um tanto irritada – Não vamos fazer detenções juntos...

Amatha ergueu as sobrancelhas.

– É por isso que está irritadinha?

– Não estou irritadinha, Amatha.

A loira cravou seus olhos em Jade. A morena sabia que a amiga havia percebido que algo estava errado quando ela a chamou de Amatha. Jade raramente fazia isso, apenas quando estava muito irritada.

– “Amatha”? – a loira perguntou – Jay, sabe que eu amo o meu nome, mas você quase nunca me chama desse modo... O que diabos aconteceu?

A morena sacudiu a cabeça.

– Não aconteceu nada, Amy. Está tudo bem. – ela mordeu o lábio e continuou – Eu só gostaria que você parasse de fazer essa insinuações a respeito de Gunther... Você sabe que agora ele tem namorada e...

– E ele sempre foi louco por você! – Amatha disse – Ah, Jade Amethyst Bulstrude! Você não fez nada de errado, fez? Jade, por Merlin, diga que não fez nenhuma estupidez!

A morena encarou os olhos tensos de Amatha, sabia que ela iria repudia-la, mas não conseguiu conter seus lábios.

– Eu disse a Gunther que era melhor nos afastarmos um pouco...

– Você fez o que? – a loira perguntou, incrédula.

– Amy! Não aja como se não soubesse o quanto me dói ver Gunther com Callidora! Eu sei que ele merece ser feliz, mas não posso continuar fingindo que isso não me machuca...

Amatha bufou.

– Jade, você espera que tudo se ajeite milagrosamente? Espera que Gunther deixe Callidora e corra para seus braços?

– Eu sei que isso não vai acontecer! – a morena comentou, indignada. Qual era o objetivo de Amatha? Fazer como ela se sentisse pior do que já se sentia?

– Que bom que sabe! – a loira disse – É bom que saiba também que se quer mesmo que as coisas deem certo você deve lutar por ele! Jay, nenhuma felicidade vem sem luta, ainda mais quando isso envolve amor...

Jade levantou-se da cama e deu as costas a amiga.

– Amy, não é fácil para mim vê-lo com ela.... Não sei se posso obrigar a mim mesma a engatar em uma batalha em que já perdi!

– Jade... – Amatha disse baixo – Eu não sei o que você está passando... Não sei mesmo... Eu e Abraxás... Bom, nós nunca passamos por algo desse tipo. – a garota se calou, mas logo em seguida continuou – Não vou ser hipócrita e falar que tudo vai ficar bem, porque eu realmente não sei sobre isso... Mas eu não acho que as coisas vão se ajeitar com uma desistência...

Jade suspirou, não sabia o que responder, mas sabia que não iria mudar de opinião.

– Não quero mais falar nisso, Amy. Não quero mais pensar nisso. Já foi. Já está feito.

A morena viu que Amatha não estava com tanta vontade de mudar de assunto, mas Jade estava inflexível. A loira suspirou com aquele ar de cansaço, que não é não físico, mas sim mental.

– Está bem, Jay. – ela consultou o relógio – Vamos jantar, já está ficando tarde...

As duas saíram do dormitório, em silêncio. A conversa até poderia ter sido finalizada verbalmente, mas o debate interno de Jade e a represália contida de Amatha continuavam no ar, seguindo para o jantar com as duas amigas.

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Hermione estava em seu dormitório, debaixo das grossas cobertas. Estava cansada... Retomar as aulas era agradável, mas cansativo, principalmente quando se era uma aluna modelo como a castanha. É claro que ela já tinha todo o dever feito, e ela não podia negar que isso lhe propiciava um orgulho imensurável, mas ser uma garota brilhante tinha seus preços.

A garota abdicara de seu jantar.

Não era saudável, muito menos recomendável que ela fizesse isso, mas ela tinha uma desculpa viável... Nem chegara a ver que já era hora do jantar. Estava muito concentrada e atarefada em seus deveres gigantescos. Em alguns, como no de Aritmancia, ela havia escrito dois rolos de pergaminho a mais do que a Prof.ª France pedira... Esperava que isso não fosse um problema... Em sua defesa, ela tentara diminuir sua letra ao máximo, mas se o fizesse mais as palavras iriam ficar ilegíveis!

Quando dera por si que a hora do jantar a havia passado e que ela passara horas trancafiada no dormitório, escrevendo e lendo, Hermione soltou algumas injúrias contra si própria e tratou de guardar todo aquele material, tomar um belo banho e se enfiar embaixo de um cobertor bem quente.

Não era tarde... Gina ainda nem havia vindo dormir, mas a castanha estava tão cansada... Não conseguia manter seus olhos abertos... Talvez assim fosse melhor, ela não queria ter que falar ou encarar Gina. Até poderia parecer um tanto egoísta, mas Hermione também se magoara com a reação da ruiva explosiva... Ela era sua melhor amiga... Devia entendê-la...

A garota rolou na cama e se enrolou como uma pequena bola no centro dela. Seus pensamentos já ficavam desfocados e ela mergulhava gradativamente na inconsciência...

Estava frio. Isso era um fato incontestável. A blusa fina que usava não conseguia manter o calor de seu corpo e ela achava que fosse congelar a qualquer minuto. De repente, ela sentiu uma capa sendo colocada por cima de seu corpo.

Suspirou, agradecida com quem quer que tivesse sido o bom samaritano que tivesse sido gentil daquele modo. Virou-se para agradecer a pessoa, mas o agradecimento ficou preso na sua boca por alguns segundos...

Era ele. Ela não esperava vê-lo... Não depois de tudo que havia acontecido... Mas ele estava ali, a postura inflexível, cravando seus olhos nela... Parecia que tentava ver dentro de seus pensamentos... Dentro de sua alma.

Ele não encontraria nada, ela sabia disso. Sabia porque nem ela mesmo encontrava algo em sua mente, em sua alma e em seu coração, mas isso não importava mais... E isso era sua única certeza, porque ela também não tinha tanta certeza do que era importante.

– Você deveria entrar. – a voz dele estava magoada e ela sentiu seu coração se encolher ao constatar isso.

– Estou bem aqui. – ela disse – Obrigada. – ela disse apontando para capa, mas ele apenas balançou a cabeça, sem demonstrar se realmente havia escutado e compreendido suas palavras.

– Está frio. – ele alegou novamente – Vamos entrar.

Dessa vez, ela concordou. Ficar ali fora não iria lhe ajudar em nada, não iria resolver nada. Ele seguiu alguns passos à frente e ela ficou chateada com isso... Mas ela não podia culpa-lo...

Hermione abriu os olhos assustada. Apesar de estar em pleno inverno, estava completamente suada. Ela piscou algumas vezes para seus olhos se acostumarem com a escuridão...

Gina já estava em sua cama. Ela podia ver o montinho que era a ruiva e os cabelos cor de fogo espalhados pelo travesseiro.

A castanha fechou os olhos novamente. Estava assustada com o sonho... Afinal, que fora aquilo? Havia uma coisa estranha naquele sonho, mais estranha do que aquela conversa e o sentimento latente em seu peito... Hermione não conseguiu ver quem era ele. E isso estava deixando-a maluca...

Por um momento, ela considerou que estava tendo uma previsão, mas logo afastou essa ideia. Ela não acreditava nessas bobagens, ela não era Sibila Trelawney. É claro que ela sabia que havia profecias verdadeiras e tudo o mais, mas ela também sabia que não era uma vidente...

Mesmo com essa consciência, Hermione não conseguiu afastar o mau pressentimento que se instalou em sua mente e coração. Não conseguiu dormir por muitas horas, até, finalmente, deixar-se entregar a um novo sono... Mas, desta vez, sem sonhos.