What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 11
Capítulo 10 - What If?


Notas iniciais do capítulo

Oi geente
Eu sei que eu demorei e eu demorei muito, mas me desculpem por isso, ok? É que eu meio que fiquei sem tempo para passar para o pc, estava tudo escrito no caderno...
Mas aqui estou eu, com esse novo capítulo!
Eu realmente espero que gostem!



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Capítulo 10 – What If?



Tom Riddle estava andando pelos corredores, divagando consigo mesmo o que diabos teria acontecido com Jade e Gunther. Eles estavam irritantemente diferentes, em certa sintonia que fazia Tom quebrar a cabeça para entender.

Eles, com certeza, haviam aprendido a lição. A Azaração da Morte Fingida era tão dolorosa que faria com que eles pensassem quinhentas vezes antes de serem imprudentes.

É isso o que eles devem aperfeiçoar. O não sentir. Se eu soubesse que Jade não sentiria nada ao ver Gunther estrebuchando de dor eu não faria isso... A puniria de outro modo, tentaria provocar a dor nela mesma.

Tom sorriu. Os que sentiam sofriam. E os que fingiam não sentir, como Jade, sofriam mais ainda. Ele não podia culpá-la, claro. Era uma longa jornada até chegar ao ponto que ele havia chegado e, para isso, era necessário ter controle si, coisa que Jade não tinha nem de longe.

Ele virou e seguiu pelo corredor, distraído.

Foi então que a viu.

Os cabelos rebeldes emolduravam o rosto alvo, havia pequenos flocos de neve nas pontas dos cachos. Ela parecia tão presa dentro de seus próprios pensamentos que Tom teve medo de chegar perto dela.

Ela teria a autodisciplina que Jade não tem. Pensou, com um sorriso brincando na ponta de seus lábios. Hermione não parecia ter notado a presença dele, continuava a andar devagar, olhando para baixo.

Tom se aproximou dela, sorrateiro.

– Olá, Hermione.

A garota estacou ao ouvir a voz dele, elevando o olhar até que eles se encontrassem. Os olhos castanhos estavam enevoados, raivosos e com medo. Tom estava acostumado a sentir esse olhar de seus Comensais, mas apenas depois do que eles viam o que ele era capaz de fazer, o quão poderoso ele era.

– Olá. – ela respondeu, com secura.

– Auch! – ele exclamou – Você está bem?

O lábio da garota tremeu ligeiramente, mas ela não falou nada. Ficou parada, encarando Riddle. Ele começou a ficar... preocupado. Ela parecia à beira de um ataque de nervos.

– Não, Riddle. Agora, me dê licença.

Ela tentou passar por ele, mas o garoto bloqueou o caminho. Queria entender o que havia feito para que ela o tratasse com tamanha falta de respeito e grosseria. Não estava sendo nem um pouco civilizada, Merlin!

– Não, não dou licença alguma. – ela ergueu a sobrancelha, trêmula, raivosa. Como uma leoa, pensou ele, uma leoa extremamente furiosa.

– Ah, então devo derrubar-te? Ande, Riddle, saia do meu caminho!

– Claro que saio. – ele amaciou a voz, queria saber o que estava acontecendo e não despertar mais a raiva dela – Com uma condição.

– Ah, claro! – ela disse irônica – Precisa de mais um boneco de testes para a sua... Ah, como é mesmo o nome? – ela fingiu pensar e depois arregalou os olhos, sorrindo meio tresloucada – Azaração da Morte Fingida.

O garoto sentiu seus movimentos paralisarem. É por isso que ela está tão brava?

– Como...

– Ah, Riddle! Eu vi! Eu vi Gunther naquele estado lastimável! – ela começou a andar, mas ele a seguiu de perto.

– Achei que sabia no que estava entrando.

Isso a fez parar. Ela ficou quieta, olhando para Tom. Ela parecia que iria desmoronar. Não era tão durona quanto queria se provar, não era tão forte quanto queria ser, mas era tão corajosa quanto se era necessário.

– Eu também achei. Achei que nosso objetivo era um, mas, ao que parece, seu único objetivo é ferir seus oponentes e aliados.

Antes que Riddle pudesse pensar na frase, ela saiu de perto dele. Ele procurou segui-la, mas ela já não estava mais a vista.

Socou a parede de pedras, furioso. Pelo que aquilo provara, perdera uma Comensal, uma aliada corajosa e determinada. Mas eu não podia deixar Gunther e Jade sem castigo. E é preciso punir para ser respeitado, não basta só a inteligência, deve ter disciplina também.

Hermione parecia tão determinada a acabar com sangues ruins naquele dia em que eles haviam procurado a varinha dela na floresta. “Achei que nosso objetivo era um, mas, ao que parece, seu único objetivo é ferir seus oponentes e aliados.” as palavras dela ecoaram em sua mente. Ela realmente estava determinada e quem está determinado não desiste, mesmo que tenha que lutar só.

Um plano, extremamente maquiavélico formou na cabeça dele. Antes, já estivera determinado a usar seu incomparável poder se sedução contra aquela tolinha do futuro, o plano funcionara bem e ela decidira lutar ao seu lado...

Pois bem. Agora vou atacar com armas de verdade, ela vai implorar para voltar a ser minha Comensal da Morte.

Sorrindo com escárnio, Riddle deu as costas aquele corredor, as vestes negras esvoaçando atrás dele.

#*#*#

Hermione chegou em frente a Torre completamente abalada, apoiou as mãos na parede, sentindo a textura rochosa sobre seus dedos alvos. Ela havia acabado de enfrentar Tom Riddle. Ela acabara de enfrentar Voldemort.

No fundo, ela estava dividida entre a raiva e o medo. Se ele resolvesse incapacitá-la por suas palavras ácidas, assim como fizera com Gunther, ela estaria perdida. Mas as atrocidades que ele fez martelavam em seu cérebro enquanto ela falava. Estava com raiva, mas aquele embate de ironias e acidez lhe custara sua energia.

Ela respirou fundo, não iria se dar ao luxo daquele monstro abalar seu emocional. Ele não tinha esse direito. Endireitando os ombros, passou pela Mulher Gorda e entrou na Torre.

Ron, Gina, Harry, Minerva, Harfang e um homem que ela não identificou estavam sentados frente à lareira conversando animadamente. Gina logo viu Hermione e se levantou, sorrindo para a amiga.

– Mione! Onde você se meteu?

– Estava... – ela pensou, procurando uma desculpa – tomando um ar.

Gina levantou minimamente as sobrancelhas. Estava desconfiada, obviamente. Mas, graças a Merlin, esse pesadelo irá acabar. Sem mais mentiras. Sem mais fingimentos. Sem mais truques. Sem mais Riddle.

– Bom – disse Minerva, se levantando também –, esse aqui – ela apontou para o homem desconhecido – é o Sr. Olivaras, fabricante de varinhas.

Ah, claro! Dumbledore me disse que ele iria vir hoje! Como pude me esquecer?

– Olá, Sr. Olivaras.

Aquele Olivaras era bem diferente daquele que a garota estava acostumada e conhecia. Esse tinha os cabelos loiros, compridos até os ombros, presos em um rabo de cavalo desleixado, não tinha rugas e nem pés de galinha.

– Srta. Granger, não? – o tom de voz era o mesmo, gentil e alegre.

– Sim. – ela assentiu.

– Bom, acho que Dumbledore providenciou uma sala para nós.

– Sim. – apressou-se em concordar McGonagall – Se não se importarem, eu os levo até lá.

– Claro. Se não for incômodo... – disse o bruxo, ao que Minerva balançou a cabeça sorrindo rigidamente. Os três andaram silenciosamente pelos corredores, tomando caminhos muito conhecidos da castanha... Ela se perguntou se por acaso estariam indo onde ela imaginava.

Mais algum tempo se passou e sua intuição se confirmou verdadeira. Haviam chegado a sala dos professores, Minerva abriu a porta indicando aos dois que aquele era o lugar.

A sala estava vazia, o que, pelo menos em seu tempo, não era normal. Sempre havia um professor naquela sala disposto a atender um aluno que estivesse necessitado... McGonagall deixou a castanha e o fabricante de varinhas a sós e fechou a porta, eles se sentaram em algumas cadeiras que estavam dispostas na frente de uma longa mesa de madeira escura.

– Dumbledore me disse que a Srta... bom, o que houve com a sua varinha. – ele pausou cravando seus olhos nos da castanha – Ela era herdada ou adquirida?

– Adquirida. – ela respondeu, mecanicamente. Olivaras suspirou.

– Ela te escolheu, nenhuma outra irá te escolher. – sussurrou.

– E o que se pode fazer?

– Posso fazer uma varinha que já esteja destinada a você... – ao ver o olhar indagativo da castanha ele explicou – Com suas características, que são únicas a você, vou criar uma nova varinha. Como se tivesse sido feita sob medida. Ela funcionará tão bem quanto a outra e, caso ela não seja encontrada, poderá ser substituída por esta nova.

Hermione assentiu. Não tinha continuado a busca por sua varinha, mas acreditava que ela seria vã. Hogwarts era um castelo enorme e com vários alunos, de vários anos diferentes e ela não fazia ideia de quem poderia ter pegado sua varinha.

– Como fará essa varinha?

– Bom, precisarei que me responda algumas perguntas.

Ele pegou um pedaço de pergaminho e uma pena e, com um aceno da varinha, elas se posicionaram para escrever tudo o que Hermione respondesse. Todas as perguntas estavam relacionadas ao temperamento e gostos da castanha.

Quando terminou, Olivaras se levantou e sorriu para a castanha.

– Em uma semana, o mais tardar, terá a nova varinha.

Eles se despediram e Hermione retornou a Torre.

#*#*#

Quando Jade chegou a Ala Hospitalar, Dumbledore, Slughorn, Merrythought e o Diretor estavam em pé ao lado da maca de Gunther, conversando com Dr. Pomfrey.

–... obra do Herdeiro? Não sei, não parece ser o seu padrão. – dizia Pomfrey.

– Está na cara! Olhe bem, Edgar! – exclamou a Prof.ª Merrythought, exasperada – Que estudante de Hogwarts saberia praticar com destreza a Azaração?

Jade pigarreou, anunciando sua presença.

– Srta. Bulstrude! – exclamou Dr. Pomfrey – Lembro-me de que você e a Srta. Granger terem trazido o Sr. Avery para cá... Por acaso, você estava com ele...? – o curandeiro deixou a frase inacabada no ar, encarando a morena avidamente.

Sim, eu estava. Ela pensou e frases se formaram em sua cabeça. Como ela queria contar a eles que fora Tom quem fizera aquilo! Mas ela não podia... Estava atrelada aos planos de Riddle até o último fio de cabelo, se ele fosse punido por qualquer coisa daria um jeito de levar seus Comensais como cúmplices.

E, na maioria dos casos, eles realmente eram.

A garota estava confusa. Estava com ódio de Tom e finalmente enxergava que não fora nada além de um objeto para ele.

Jade odiava ser usada.

– Não. – ela respondeu a pergunta de Pomfrey – Não estava com Gunther quando ele foi... atacado.

– E como a Srta. o achou, então? – perguntou o diretor.

Ela ainda não tinha formulado a mentira, mas era sagaz e seu cérebro trabalhou tão rapidamente que sua boca só teve que acompanhar ao contar a mentira.

– Gunther e eu tivermos de comparecer até a sala da Prof.ª Merrythought. Saímos de lá e fomos em direção as masmorras, mas eu precisei ir ao banheiro. Então, Gunther se ofereceu para me esperar no corredor, já que o aconselhado é que ninguém ande sem companhia. A Srta. Granger também estava no banheiro e depois de alguns segundos nós ouvimos um estalido, saímos do banheiro e encontramos Gunther... caído... sangrando... sem batimento.

Os olhos de Jade se perderam além da enfermaria e transbordaram enquanto a garota se lembrava do urro que o melhor amigo dera. Respirou fundo, não queria chorar naquele momento. Não havia dito a verdade, mas não havia mentido completamente. Seu estômago pareceu despencar da Torre de Astronomia, mas ela sabia que contar a verdade seria pior.

Todos pareceram acreditar na mentira da garota... exceto Dumbledore. Ele pousou seus olhos azuis nela, examinando-a cirurgicamente. A morena teve a certeza de que ele não acreditara em uma palavra que ela dissera.

– Tem alguma ideia de quem pode ter feito isso? – perguntou Dippet.

– Não. – ela mentiu.

Um silêncio incômodo se instaurou entre os presentes, assim como as dúvidas e as incertezas. Estava estampado no olhar dos professores, do curandeiro e do diretor que ninguém era mais confiável. E parecia que o relato de Jade – de um atacante sem rosto – tinha reforçado a hipótese de Merrythought que fosse mesmo o Herdeiro de Slytherin que tivesse atacado Gunther.

E realmente foi. Pensou Jade.

Ela balançou a cabeça, tentando se livrar do pensamento incômodo que era Tom Riddle e se aproximou da maca de Gunther. Não lhe agradava vê-lo naquele estado, ela queria que ele ficasse bem, queria poder falar com ele de novo... não o queria inconsciente, semi-morto.

– Ele vai ficar bem, Srta. Bulstrude. – disse Dr. Pomfrey, como se tivesse lido seus pensamentos.

– Em quanto tempo? – ela sussurrou.

– Bem, vai ser um processo de recuperação extremamente doloroso... Essas feridas, produzidas por essa Azaração, são tão magicamente funestas que deixam a pessoa completamente debilitada e vulnerável. Mas o Sr. Avery é um rapaz saudável, então, creio que em cerca de uma semana. Pouco mais, pouco menos.

– Você já avisou a família? – perguntou Dippet a Slughorn.

– Sim, mandei uma coruja a pouco... Pobre Celine! Adora o filho, deve estar muitíssimo abalada com a notícia. Conheço os Avery de muito tempo... Estudei com o avô dele.

– Celine vai ficar bem, Horácio. – disse Dumbledore – O Sr. Avery vai se recuperar logo.

O Diretor da Sonserina assentiu e se lançou em uma conversa com o curandeiro a respeito do estado de Gunther.

– Dumbledore. – chamou Dippet – Preciso falar com você.

Os dois homens saíram da Ala Hospitalar. Jade e Merrythought ficaram sozinhas, já que Slughorn e Dr. Pomfrey partiram para o gabinete do curandeiro.

– Ele vai ficar bem, Jade. – confortou-lhe a professora.

– Eu realmente espero que fique. – sussurrou a garota.

– Você gosta muito dele, não é?

Ela assentiu.

– Gosto. Ele é meu melhor amigo.

Merrythought lhe enviou um sorriso triste antes de sair também, deixando-a só com Gunther. Jade se sentiu mais a vontade com a saída dos professores, passou as mãos carinhosamente pelos cabelos negros de Gunther, agradecendo a Merlin por ele estar bem.

– Tomara que você se recupere logo, Gunt. Preciso de você... comigo. Você não tem... ideia de como foi imaginar... te perder. Eu não seria nada sem você.

Se Gunther a visse naquele momento com certeza perguntaria quem era aquela e o que fizeram com a sua melhor amiga. Para qualquer um que a conhecesse seria um tremendo choque vê-la falando tão abertamente de seus sentimentos. Para ela mesma era estranho fazer isso.

Com um último olhar para Gunther ela deixou a Ala Hospitalar em direção as masmorras.

Tantas coisas passavam por sua cabeça enquanto ela atravessava os corredores de Hogwarts... A mais importante era o que faria em relação a Tom... Estava com ódio dele, um ódio mortal que envenenava seu coração fechado. Ela tinha o amado tão profundamente e devotadamente. Havia colocado certa esperança naquele “falso relacionamento”...

Mas, ao mesmo tempo em que o odiava, um sentimento indefinido pontilhava em seu coração. Não era amor, mas tampouco era igual ao ódio que impregnava o resto de seu coração. Talvez esse fosse o resultado de um dia ter se apaixonado por aquele garoto... Ela estava certa em ter mandado Granger se policiar em relação a isso.

Chegando as masmorras ela foi rapidamente para seu dormitório. Não estava vazio, Amatha estava lá, deitada na cama com um olhar sonhador.

– Jay! – ela exclamou assim que viu a morena – Jay, eu acho que vou ficar louca!

A morena arqueou as sombrancelhas. Pelo tom de voz ela sabia muito bem do que se tratava. Abraxás Malfoy.

– O que Abraxás fez?

– Como sabe que tem haver com ele? – perguntou Amatha se levantando de um pulo.

– Porque você só faz essa cara de boba quando fala dele.

Amatha riu e abraçou o travesseiro, suspirando. Estendeu a mão e lá estava brilhando em dourado e cravejado de uma esmeralda.

– Um anel?! – perguntou a morena – Amy, por Merlin, se seu pai ver ele te mata!

– Eu sei, Jay... Mas não deixa de ser lindo. Eu não entendo porque papai insiste que eu me case com o Lestrange. Não gosto dele e ele não gosta de mim... Não faz sentindo.

Jade revirou os olhos.

– Para o seu pai faz. O pai de Lestrange e ele são sócios. Mas acho que diante de um pedido oficial como esse ele não pode simplesmente declinar.

Amatha sorriu, radiante.

– É o que Abraxás e eu achamos também. Assim que chegar o primeiro feriado iremos a minha casa juntos para contar a papai. Mamãe está nos apoiando e parece que tudo vai dar certo!

Amatha não tinha, como Jade, grandes ambições. Tudo o que ela queria era se casar com Abraxás, ter filhos e cuidar do lar. Ela sonhava com um grande amor e uma casa suntuosa.

Jade já era completamente diferente. Não queria cuidar do lar, nem de maridos. Não estava comprometida com ninguém desde o nascimento, pois seu pai não se preocupava com isso. Ele aprovou Tom Riddle como seu namorado sem nem mesmo conhecê-lo, bastou conversar com Slughorn e achou que estava tudo acertado. Jade sempre achou isso bastante bom, ela era livre, ninguém poderia sair colocando rédeas nela.

– Isso é ótimo, Amy! – sorriu.

A loira assentiu.

– E você, Jade. E você e Tom? – o tom de voz de Amatha era cauteloso.

A morena encarou a loira, estava prestes a lhe dar uma resposta absurdamente mal educada, mas se controlou. A pergunta de Amatha pareceu um eco de seus próprios pensamentos... Eu e Tom... Será possível que um sentimento mude tão radicalmente assim?

Possível era, é claro. Mas a dúvida do que fazer martelava em sua mente a cada maldito minuto que passava. Ela tinha ódio de Tom pelo que ele fizera a Gunther, mas não podia ignorar todo o tempo que o amara, mesmo que o sentimento não fosse recíproco. No fim, nem ela sabia o que sentia e como proceder.

Jade se viu, então, despejando em cima de Amatha tudo o que havia acontecido, esperando que a amiga a ajudasse, dando-lhe alguma luz do que fazer. Amatha escutou tudo atentamente e em silêncio, mas seus olhos incomunmente azuis traduziam todas as palavras que ela não dizia. Quando terminou, Amatha baixou os olhos e mordeu o lábio inferior.

– Nossa, Jay... – ela disse depois de alguns minutos – Isso o que o Lorde fez com Gunther... Não há... Merlin! Como você está se sentindo em relação a tudo isso?

– Eu? – perguntou Jade um tanto incerta – Eu acho que a uma parte de mim que odeia Tom, mas há outra que resiste um pouco a esse ódio. Eu o amei demais, mas não posso simplesmente aceitar o que ele fez com o melhor amigo desde que me entendo por gente. – ela ficou calada por alguns instantes – E, por isso, acho que não posso mais ser um Comensal da Morte.

Amatha arregalou os olhos.

– Você não pode fazer isso!

– E por que não?

A loira suspirou.

– Jade, preste atenção no que vou lhe dizer: o Lorde é insano. Se ele quase matou Gunther por causa de uma detenção imagine o que ele não faria com você quando soubesse que está desistindo de ser uma Comensal... Lembro-me muito bem das palavras que ele me disse quando ganhei a marca. – ela estremeceu, mas pôs-se as recitar, fielmente – “Caminho sem volta, Srta. Yaxley. Um maravilhoso caminho sem volta!”

Jade considerou o que Amatha dissera. Tom se provara bem mais vingativo do que a morena poderia sequer um dia imaginar. Romper o namoro com ele, naquele momento, só iria lhe trazer mais dor de cabeça...

– Está certa, Amy. Mas não sei o que pode me custar continuar com isso... Não sei se posso! Sinto vontade de matá-lo! O que ele fez com o Gunt...

– Foi brutal. – interrompeu Amatha – Sim. Mas faça o favor de ser forte! Ou Jade Amethyst Bulstrude, minha melhor amiga, a pessoa mais altiva, inteligente e controlada que conheço vai fraquejar?

Naquele momento Jade entendeu exatamente o que Hermione Granger disse naquela mesma manhã e entendeu também porque sempre relutou em se abrir com as pessoas. A opinião de Amatha era tão importante que as palavras ditas pela amiga lhe atingiram com tal ferocidade que ela até titubeou. Jade sempre fora aquela menina irônica, sarcástica, veemente, altiva, mandona, inteligente, ambiciosa, controlada... ela estava se comportando como uma verdadeira tola frágil e sentimental, o que contrariava todos os seus instintos.

Por mais que doesse, por mais que a confundisse, ela não poderia deixar de ser uma Comensal da Morte ou a namorada de Riddle.

Ela sorriu timidamente para Amatha.

– Jamais irei perdoá-lo. Eu vou me vingar, Amy, mas não agora.

Amatha franziu os lábios, com tristeza e preocupação.

– Jade, o Lorde é poderoso, não tente fazer algo descabido, está bem?

– Não vou fazer nada demais, Amy. Fique tranquila.

#*#*#

A semana que se seguiu foi absolutamente normal para Hermione. O fato de Gunther Avery ter sido atacado havia corrido os quatro cantos do castelo, não havia um só aluno, funcionário ou fantasma que não soubesse do ataque e não atribuísse sua culpa ao Herdeiro de Slytherin, mesmo que o modus operandi não fosse o petrificamento.

Harry ficara tão nervoso quando soubera que tinha ocorrido um ataque bem debaixo de seu nariz e ele não tivera a chance de impedir, mas ele não acreditava que tivesse sido Riddle o autor do ataque.

– Não faz sentido, até mesmo para Voldemort. O que ele ganharia atacando um Sonserino sangue puro? – perguntou enquanto os quatro discutiam isso no Salão Comunal, depois de Minerva e Harfang saírem para patrulharem os corredores – Não faz o tipo dele.

Quando ele tocava nesse assunto um frio percorria a espinha da castanha. Havia sido Riddle sim, Jade confirmara, mas o nome de Hermione não fora ligado ao caso para Hogwarts inteira e, mesmo que tivesse sido, ela não poderia atestar que fora Riddle sem contar tudo. E isso incluía mais coisas do que ela gostaria de pensar.

Sua situação como ex-comensal não fora discutida novamente. Riddle não se aproximava quando ela estava com os amigos e ela evitava ao máximo se afastar deles. Isso havia, também, havia retirado qualquer desconfiança da cabeça de Gina e dava a Harry tempo para discutir o que fariam em relação a Riddle, a Câmara Secreta e o futuro julgamento injusto de Hagrid.

– Harry, Você Sabe Quem é completamente louco. – disse Gina – Pode sim, ter sido ele. Isso faz total sentido.

– Bom, se foi ou não ele, não sei, mas sei que se as pessoas começarem a culpar muito o Herdeiro ele vai procurar alguém para usar como bode expiatório para poder salvar sua pele. E esse alguém vai ser Hagrid! – disse o moreno, preocupado – Temos que arranjar um jeito de ajudá-lo!

– Harry – disse Hermione com a voz cansada –, tentar intervir não é o modo mais inteligente. Os danos são inumeráveis. – a breve experiência que tivera como Comensal lhe reforçara essa ideia. Não é saudável se meter no passado.

– Os danos a Hagrid também! Tínhamos combinado que se Riddle agisse de novo...

– Mas você mesmo diz que não acha que tenha sido ele! – replicou a castanha.

– Sim, eu não acho. Só que independentemente da minha opinião Riddle vai usar Hagrid para se safar!

Droga, Hermione! Harry tem razão. Ela se repreendeu. Oras, por que você não descobriu algo relacionado a isso enquanto bancava a espiã?

– Certo, certo. – ela assentiu – Mas não tenho ideia de como...

– Temos que falar com Dumbledore. – sugeriu Rony.

– Mas, Ron, Dumbledore tem noção de quem Riddle realmente é. O problema será convencer aos outros... – disse Gina.

– Sim, mas sem a ajuda dele, Gina, não chegaremos há nenhum lugar com ninguém. Ou já se esqueceu? Todos amam Riddle! – o ruivo replicou.

Rony tinha razão. Todos idolatravam Tom Riddle. Seria difícil mostrar-lhes quem ele realmente era. Eles ficaram horas a fio pensando em como fazê-lo, mas nada parecia certo ou suficientemente bom. Apenas um plano ocorria a Hermione, mas ela balançava a cabeça em um aceno negativo toda a vez que pensava nisso. As palavras de Jade foram um aviso muitíssimo claro.

Minerva e Harfang voltaram, interrompendo a conversa infrutífera dos quatro. Naquela semana que se passara a castanha tinha se aproximado bastante da futura professora. Elas gostavam dos mesmos assuntos e isso lhes dava muito que conversar.

– Olá. – cumprimentou Harfang.

– Oi. – saudaram os quatro em resposta.

– Só alguns dias e voltaremos às aulas! – comemorou Minerva, sentando-se ao lado de Hermione.

– Nossa, Minnie! Você fica feliz com isso? – perguntou Harfang.

– É claro que eu fico, Harfang. – ela replicou, frisando a palavra “claro” – Pelo menos com as aulas temos algo para ocupar a mente que não seja toda essa tensão dos ataques. – ela falou severamente, mas depois sorriu de um jeito que Hermione nunca pensou que veria no rosto de Minerva McGonagall – E eu sei muito bem que você gosta das aulas, por um motivo diferente, mas arriscaria que Feitiços é a sua matéria favorita

As maçãs do rosto de Harfang ficaram alguns tons mais escuras

– E eu diria que você, Minerva McGonagall, adora Runas Antigas, mas isso não tem nada haver com os hieróglifos...

Hermione conteve o riso e olhou para os pés, evitando o olhar de qualquer um dos amigos a todo o custo. Estava tudo tão claro naquelas alfinetadas... ela não pode deixar de lembrar de si mesma e Harry.

Foi a vez de Minerva corar. A conversa logo tomou outro rumo, mas Hermione ainda não achava seguro trocar um olhar sequer com Gina, Harry e Rony. Quando arriscou olhar Harry parecia muito entretido na poltrona em que sentava, Rony coçava a orelha e Gina olhava a unhas.

– Srta. Granger? – chamou uma voz masculina e estranhamente familiar. Ela olhou na direção daquele tom e não teve dúvidas de quem era.

– Sim? – ela respondeu, piscando, mas foi interrompida por McGonagall.

– Rúbeo! Faz tempo que não o vejo...

Hagrid sorriu. Ele era absurdamente alto, tinha feições mais jovens e um olhar mais alegre, mas ainda era Hagrid.

– Verdade, Minerva. Andei meio ocupado...

– Você ainda anda atrás de Nine Murta, não é?

– Não... é... bem...

– É uma boa garota, mas muito volúvel. – disse Harfang.

– Ela só é triste. – comentou McGonagall – Outra dia vi aquela tal de Hornby lhe turrando as paciências. Dei uma detenção a ela.

Hagrid não parecia feliz com o aparecimento da tal Nine na conversa.

– Triste, é. – ele concordou. – Mas, hm, Srta. Granger, eu tenho um recado do professor Dumbledore para você.

– Sim? - ela perguntou ainda fascinada.

– Ele disse para ir ao escritório dele, precisa falar com a Srta.

– Agora?

– Sim

Ela assentiu. Esperava por isso.

– Acho que vou indo, então. – se pôs de pé. Gina a olhou, parecia um tanto nervosa.

– Quer que...

– Não precisa. – disse a castanha, interrompendo-a.

Na verdade, ela adoraria que Gina fosse com ela, mas ela e Harry estavam tão a vontade sentados um lado do outro, trocando olhares e sorrisos que ela não achou justo tirá-la dali. Gina e Harry poderiam dizer o que quiserem, mas eles estavam complicando tudo. Estava escrito no olhar deles que se gostavam... Hermione não sabia como as pessoas ao redor ainda não tinham notado.

Ela deu as costas para os amigos e saiu da Torre da Grifinória em direção ao escritório de Dumbledore, acompanhada de seus pensamentos. Desde que ajudara Jade a levar Gunther para a Ala Hospitalar ela sabia que seria questionada sobre o que acontecera. Todos estavam loucos para saber quem era o Herdeiro de Slytherin e provavelmente deveriam acreditar que Jade ou, no caso, Hermione tinham-no visto.

Ela sabia que havia sido Tom o causador de tudo aquilo, mas quanto afetaria no presente que ela fizesse aquela revelação no passado? Será que Riddle seria preso e Voldemort nunca chegaria a existir? E, se isso ocorresse, o que aconteceria? Poderia ser que ela nem chegasse a ser amiga de Harry, Rony ou Gina... Sirius, Cedrico, os Potter e tantos outros jamais teriam morrido.

Tudo seria melhor.

E nada seria certo.

Ela não tinha o menor direito de alterar o passado contando quem realmente era Tom Riddle, por mais que quisesse, não poderia. Esse pequeno fato poderia tomar proporções tão maiores e ela poderia alterar a vida de pessoas conhecidas e desconhecidas.

Pensou no que a Sra. Weasley dissera no verão sobre os casamentos que a Primeira Guerra contra Voldemort havia causado. Noivas sem rostos assombraram-lhe os pensamentos. Ela viu em sua mente um monte de mulheres de homens sem feições destinados a nunca se conhecer, crianças a nunca nascer.

Será que ela conseguiria mudar tudo isso? Destruir essas vidas para recuperar outras?

Ela não chegou a descobrir a resposta. Havia chegado ao gabinete de Dumbledore. Bateu na porta e logo depois ouviu a voz do professor dizendo “entre”.

Dumbledore estava sentado em sua escrivaninha, olhando para Fawkes, pousada no poleiro ao seu lado. Ele parecia estar tão concentrado que Hermione duvidou que ele realmente tivesse dado a ela permissão para entrar, mas ele virou seu rosto e sorriu.

– Srta. Granger! Sente-se, por favor.

A castanha obedeceu, sentando de frente para Dumbledore.

– Srta. Granger, creio que a Srta. está ciente de que o Sr. Olivaras lhe fabricou uma nova varinha, não?

Ela relaxou os ombros.

– Sim, ele disse que o faria.

– Bem, ele mandou uma coruja entregá-la aos meus cuidados. – ele abriu uma gaveta e retirou um pacote de cor avelã de lá. Entregou-o a Hermione, que abriu quase imediatamente.

A madeira era ocre, com fios dourados descrevendo contornos por toda ela, era incrivelmente leve e pequena.

Era perfeita. Nunca havia sentido tamanha compatibilidade assim com uma varinha.

– "O núcleo mágico dela é o pelo de unicórnio atrelado a um fio de cabelo que colhi da Srta. Granger. Uma combinação extravagante, admito, mas em uma das perguntas que fiz para poder preparar a varinha ela me respondeu que amava unicórnios por terem o espírito livre. O espírito da própria Srta. Granger me parece ser livre, parece a combinação certa, pode deixar a varinha temperamental, mas é a certa. Tenho certeza de que funcionará muitíssimo bem. Tem 20 cm e é feita de carvalho puro." – Dumbledore recitou a carta de Olivaras – Ele também lhe recomenda que a experimente com um feitiço simples primeiro.

Hermione apertou a varinha entre os dedos e apontou diretamente para o óculos do futuro diretor.

Oculus Reparo!

Dumbledore sorriu.

– Muito melhor, Srta. – ele comentou – Vou redigir a ele falando que a varinha é esplêndida.

A castanha começou a se levantar, mas Dumbledore se pronunciou.

– Srta. Granger, se não se importa preciso lhe falar sobre outro assunto.

Ela não se espantou, voltou a se acomodar na cadeira, fitando Dumbledore.

– Sim, senhor?

– Bom, a Srta. com certeza sabe da nossa situação aqui em Hogwarts. Os ataques do Herdeiro de Salazar Slytherin estão deixando todos efusivamente alertas. Mas creio que saiba disso, estão todos falando a respeito e, mesmo que tenhamos tentado não deixar a suspeita a respeito sobre o Herdeiro se espalhar, todos acreditam que ele seja o responsável por todos os ataques. – ele pausou – Acredita-se que o ataque a Gunther Avery tenha sido obra dele e, pela primeira vez, temos testemunhas oculares do ocorrido. A Srta. e a Srta Bulstrude. – os olhos de Dumbledore pousaram em Hermione e ela sentiu um grande impulso que a mandava desviar o olhar, mas o mesmo impulso mantinha os olhares conectados.

O tom de Dumbledore era displicente, mas ela entendeu a urgência nas palavras. Entendeu o que estava por vir.

– Senhor – ela começou –, eu não vi o atacante de Avery. – as memórias romperam por suas mente, arrepiando os fios de cabelo – Apenas seu... estado. Seu estado tão absurdamente lastimável! Jade estava em choque, não conseguia realizar um feitiço que parasse aquilo, não conseguia nem mesmo produzir um feitiço simples para tirá-lo dali. Eu não tinha varinha, então pedi a varinha dela para poder ajudar. Tentei manter a calma, apesar do horror da cena. – Apesar do horror que Riddle havia cometido, pensou.

Dumbledore a fitou, o olhar parecia faiscar a cada palavra da castanha. Ela sabia que não havia mentido, apenas omitido parte da verdade, mas aquele olhar quase a vez titubear.

Não era a toa que Alvo Dumbledore era o maio bruxo de todos os tempos.

– Certo, Srta. Granger. Qualquer novidade, procure-me imediatamente. – ele voltou seu olhar para Fawkes, enquanto ela se levantava – E... tenha cuidado. Ninguém é absolutamente confiável, em nenhuma circunstância.

Hermione saiu do gabinete de Dumbledore com a cabeça zunindo. Talvez... talvez se ela contasse a Dumbledore sobre Riddle ela conseguisse melhorar as coisas, mas a que preço?

Esse era o problema de se lidar com o tempo: nada era preciso. Uma pequena alteraçãozinha, um pequeno “e se” e tudo pode virar um caos.

Estava tão absorta em seus pensamentos que não viu o caminho a sua frente e acabou esbarrando em alguém.

#*#*#

Riddle não acreditava em sua sorte. Esbarrar com Hermione Granger num corredor vazio era tudo que ele precisava, coisa que ele não conseguia há quase uma semana, já que ela estava sempre acompanhado dos amigos.

Isso deveria ser seu presente de aniversário, especialmente encomendado por Merlin.

Antes que ela pudesse cair, ele a segurou. Um perfeito déjà vu da primeira vez que se encontraram. Os olhos chocolate dela se ergueram para seu rosto, revelando uma expressão de raiva, o que divertiu incrivelmente Tom.

– Hermione! – ele a saudou, fazendo-a estreitar os olhos – Já faz tempo que não nos vemos.

– Pareceu um tempo absurdamente maravilhoso, não?

Ela não parecia notar que Tom a segurava firmemente em um abraço. Ele estreitou o aperto com os olhos faiscando. Aquela era a hora de por seu plano em prática.

– O que há, Hermione?

– Há o que?

– Você não parece feliz em me ver. – ele disse e ela revirou os olhos – Você entendeu o que eu quis dizer, parece que anda fugindo de mim.

Ela retesou em seus braços. Parecia confusa e com muita raiva.

– Não estou fugindo de ninguém! – ela cuspiu as palavras.

– Não é o que parece.

(n/a: linka da música http://letras.terra.com.br/coldplay/90373/traducao.html)

E se não houvesse nenhuma luz

Nada errado, nada certo

E se não houvesse tempo

Nenhuma razão ou rima

E se você decidir

Que você não me quer ao seu lado?

Que você não me quer na sua vida?

Riddle aproximou seu rosto do da garota vagarosamente enquanto falava. A castanha pareceu finalmente se dar conta de que estava nos braços de Tom.

– Solte-me! Agora! – ela bradou.

– Você não me respondeu. O que há?

– E nem vou! Largue-me, eu...

E se eu entendi errado

E nenhum poema ou canção

Pudesse corrigir o que eu entendi errado

Ou te fazer sentir que eu pertenço a você?

E se você decidir

Que você não me quer ao seu lado?

Que você não me quer na sua vida?

Antes que ela pudesse terminar sua frase, Riddle capturou seus lábios. Ele sentiu as mãos da castanha socando suas costas, mas isso foi por pouco tempo. Logo ele sentiu que ela começava a retribuir.

Os lábios dela são como mel. Ele pensou. De repente, sentiu o cheiro dos cabelos dela chegando a seu nariz e aquelas mãos enlaçando seus cabelos.

Ohhh, está certo

Vamos respirar e pular pra próxima etapa

Ohhh, vamos tentar

Como você pode saber se nunca tentou?

Ohhh, está certo

Hermione Granger. Aquela garota era diferente. Ela despertava em Riddle algo que ele nunca sentira em sua vida, mas nem ele próprio sabia direito definir o que era. Tinha algo nela que... despertava a sua atenção.

Sim, devia ser isso.

Ela devia estar despertando sua atenção, por isso a queria como Comensal.

Cada passo que você dá

Pode ser seu maior erro

Pode ceder ou pode quebrar

É o risco que você corre

E se você decidir

Que você não me quer na sua vida?

Que você não me quer ao seu lado?

Algum tempo depois ele se afastou minimamente e encarou a garota. Ela tinha os olhos castanhos tomados por lágrimas que ameaçavam correr por seu rosto.

Riddle ficou confuso. Ela não pode estar prestes a romper-se em lágrimas!

– Hermione, você está...

– Solte-me, Tom! – ela fixou seu olhar no dele – Por favor!

Ohhh, está certo

Vamos respirar e pular pra próxima etapa

Ohhh, vamos tentar

Como você pode saber se nunca tentou?

Ohhh, está certo

Ele afrouxou seu aperto e a castanha se desvencilhou dele. Com um último olhar ela se virou e sumiu no fim do corredor. Tom ficou só com seus próprios pensamentos.

Aquela garota era um enigma para ele. Altamente previsível, mas tão irritantemente imprevisível.

Ohhh, está certo

Vamos respirar e pular pra próxima etapa

Ohhh, vamos tentar

Você sabe que a escuridão sempre se transforma em luz

Ohhh, está certo

Ele sorriu para si mesmo. Ainda tinha o gosto dos lábios da garota na boca quando começou a andar pelo corredor. Tom, foco! Ele disse a si mesmo, mentalmente. E depois, com os olhos se tornando divertidamente frios murmurou:

– Meu plano vai correr exatamente bem!

#*#*#

Hermione avançou, trôpega, pelo corredor.

As lágrimas de raiva, frustração e incredulidade transbordaram de seus olhos enquanto a culpa a corroia.

Ela beijara Tom Riddle.

De novo.

Só que agora ela tinha plena consciência de quem ele era.

Ela não sabia o que havia em Riddle que a deixava tão sem defesa. Ela sabia quem ele era, mas não pode evitar retribuir seu beijo.

E isso lhe perseguiria pelo resto da vista. Como em nome de Merlin ela conseguia retribuir um beijo do próprio Lorde Voldemort? Ele já provara que era mau e egocêntrico. Tom Riddle já provara que Lorde Voldemort vivia dentro de si!

Fechou os olhos, tentando se livrar da culpa e da vergonha. Repetir o mesmo erro duas vezes era sinal de burrice. E, nesse caso, das grandes.

Não podia voltar a Torre. Não, naquele estado.

Então se dirigiu ao lugar que lhe proporcionara a chance de voltar no tempo. O lugar que a veria remoer todos os seus medos e tristezas.

A Sala Vai e Vem.



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Notas finais do capítulo

E ai, pessoinhas? O que acharam?