Prólogo – Back In Time

“Foi tanta força que eu fiz por nada,

Pra tanta gente eu me dei de graça

Só pra você eu me poupei

Será que o tempo sempre disfarça,

Tomara um dia isso tudo passa

Desculpa as mágoas que eu deixei”

(Heróis da Resistência – Dublê de Corpo)

Hermione Granger estava sentada no Salão Comunal da Grifinória sozinha. Sabia que Rony estava se agarrando com aquela nojenta da Lilá Brown em algum lugar.

Prefiro ficar sozinha. Ela pensou, mas quando o ruivo entrou com a garota colada em seus braços uma lágrima quente rolou pelo rosto da castanha. Ela se levantou antes que o amigo pudesse vê-la e subiu as escadas em direção ao dormitório do quinto ano.

— Gina? - ela chamou quando entrou no cômodo, mas não obteve nada além do silêncio como resposta.

Hermione se sentou na cama da amiga, esperando que ela aparecesse. Mais lágrimas desceram por sua face e ela não se deu ao trabalho de enxugá-las, elas ajudavam a aliviar a dor que a garota sentia. Ela tentou se lembrar de quando tinha se apaixonado, mas não conseguiu.

Acho que só me dei conta agora. Ela afundou a cabeça no travesseiro de Gina. Merlim! Nem em seu próprio dormitório podia ficar sem que Lilá e Parvati começassem a conversar sobre o namoro da garota com Rony.

— Mione? – ela ouviu a voz de Gina – Mione, o que foi?

Ela sentiu a amiga sentar ao seu lado.

— Mione, olha pra mim! - disse a ruiva – O que aconteceu? O que o meu irmão fez?

Hermione limpou as lágrimas e levantou o rosto para encarar Gina. Estava estupefata! Ela nunca havia dito nada sobre Rony para ela.

— O que você disse? 

— O que aconteceu?

— Não, não isso. Sobre o seu irmão.

Gina deu um meio sorriso.

— Não é difícil perceber que você gosta dele. Todos esses anos, todas as brigas e agora que ele começou a namorar com a Brown você está chateada e magoada.

A castanha pensou em negar, mas não o fez. Gina era sua melhor amiga e a conhecia muito bem, bem o suficiente para saber o que ela sentia sem que ela precisasse dizer.

— O que eu faço? O que eu faço para que pare de doer?

— Você não pode fazer nada para parar de doer, Mione. A única coisa que fará parar de doer é esquecer.

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No dia seguinte Hermione acordou no dormitório do quinto ano, ela olhou para a mesa de cabeceira e viu um bilhete em um pedaço de pergaminho.

Mione,

Ontem à noite você acabou dormindo e eu achei melhor não te acordar. Dormi no seu dormitório e agora vim aqui para mudar de roupa. Hoje tem visita a Hogsmeade. Já disse a Dino que sairemos juntas. Te espero no Salão Comunal.

Gina

A garota se levantou e foi para o seu dormitório tomar um banho e trocar de roupa. Quando saiu do dormitório e desceu para o Salão Comunal viu Harry e Gina conversando, se aproximou deles e sentou perto da lareira.

— Harry vai conosco a Hogsmeade. – comemorou Gina. 

Hermione sorriu, mas infelizmente sua cabeça estava em outro lugar.

Ela amava Rony, amava muito, mas ela não ia ficar demonstrando o quanto o amava para vê-lo trocar beijos com Lilá. Ela ergueu os olhos do fogo e virou para os amigos, procurando afastar qualquer pensamento que envolvesse Rony.

— Então, Harry – ela começou –, você já descobriu quem é o tal do Príncipe Mestiço?

— Não! – ele respondeu rápido demais – Na verdade, eu nem estou preocupado com isso. O livro não é perigoso, Mione.

— Não sei. O diário de Tom Riddle também não parecia ter nada de errado.

— Parecia. – disse Gina – Eu não me lembrava de nada o que eu fazia durante horas, tinha medo e ouvia vozes. Harry não está tendo nada demais, só uma fixação por um livro.

Harry sorriu agradecido para Gina, mas o que Hermione achou estranho foi o fato dele não ter parado de sorrir nem ter desviado o olhar dela.

— Hum, Hum. - ela pigarreou numa imitação de Dolores Umbridge e os três caíram na risada, ainda que Harry estivesse um pouco corado.

— Posso saber do que estão rindo? – perguntou uma voz conhecida, Hermione virou a cabeça e viu Rony parado atrás do sofá e Lilá Brown atrás dele. Ela sentiu como se a pouca alegria que sentisse se apagasse, mas não deixou transparecer, encarou o ruivo e respondeu.

— Nada demais, algumas coisas sobre Harry e... – ela parou encarando Lilá como se fosse segredo.

— Dolores Umbridge. - completou Gina

O clima ficou um tanto quanto tenso. Rony não parecia perceber, ele se sentou com Lilá ao lado de Harry. Hermione tentou não mostrar o ciúmes ou a dor que sentia, mas o fato do ambiente ter ficado quieto de uma hora para outra não estava ajudando muito.

— Eu vou ao banheiro. – ela disse, se levantando. Assim que saiu do Salão Comunal entrou numa sala de aula vazia, sentou em cima da mesa do professor e começou a chorar. O que aconteceu comigo? Não sou assim, sou tão... Racional. Ela fechou os olhos e desejou estar sonhando, desejou ter dito a Rony que gostava dele no quarto ano, quando ele teve ciúmes de Viktor. Agora ela não podia mais se arrepender, não fora Rony que havia errado, fora ela. Se eu pudesse voltar no tempo.

— É isso! – disse para si mesma – Voltar no tempo!

A garota saiu da sala onde estava e começou a andar em direção ao Sétimo andar. Uma parte de si duvidava seriamente de sua sanidade, entretanto a outra só sentia a onda de felicidade e adrenalina que a engolfou. Ela tinha ciência de que a ideia era descabida, mas a possibilidade de não precisar sentir-se em pedaços diariamente a fazia continuar. Ela parou em frente a parede e sorriu.

Preciso de um lugar onde possa encontrar vira-tempos.

A parede começou a mudar de forma, se transformando numa porta de ferro adornada. Hermione a abriu e entrou fechando-a atrás de si. A sala era prateada e cheia de espelhos, um tapete azul bebê forrava toda a sala e no centro havia uma almofada vermelha com uma caixinha de veludo prata por cima, ela abriu e encontrou o minúsculo vira-tempo dourado. Passou-o pelo pescoço e guardou a caixinha no bolso. Estava a ponto de girá-lo, mas suas mãos congelaram no ato.

Sua pateta! O que está fazendo? Hermione Jean Granger! Onde foi parar seu bom senso? Que ideia estúpida! Usar um objeto mágico desse nível por um motivo tão esdrúxulo!

Sua consciência lhe abrira os olhos. Parecia uma maluca. Merlim! Ela estava maluca!

— Todo mundo tem desilusões, todo mundo segue em frente. E eu... Eu queria mudar o passado por algo tão... – ela balançou a cabeça, questionando fortemente suas faculdades mentais.

Levantou e andou até a porta pela qual entrara. Ainda bem que desistira.

#*#*#

Quando a castanha passou novamente pelo buraco do retrato ela viu Gina e Harry conversando e Rony e Lilá se beijando numa poltrona. Ela passou reto pelos dois últimos e se sentou na frente de Harry e Gina com o seu primeiro sorriso verdadeiro do dia, estava aliviada. 

— A que horas vamos a Hogsmeade? – ela perguntou.

— Daqui a uns vinte minutos. – disse Gina – O que aconteceu com você?

— Como assim? – perguntou a castanha.

— Mione – disse Harry desviando o olhar do livro de poções – você estava extremamente chateada e agora está aqui, assim, completamente feliz.

— Não estou completamente feliz, Harry. Só não estou mais triste.

— E eu posso perguntar o porquê?

— Não. É melhor nós irmos. – disse a garota se levantando

Ela passou por Rony e Lilá sem nem ao menos olhar para eles. Ter escolhido não fazer algo estúpido não significava que vê-los juntos não doesse. Estava na porta do Salão Comunal quando uma pergunta a deixou completamente paralisada.

— Podemos ir com vocês?

Ela viu que Rony olhava inseguro para Harry, ela olhou para Gina e deu um aceno de cabeça. Seria muito difícil de suportar, mas iria tentar.

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— E então eu falei para minha mãe que não era um namorico qualquer, eu disse a ela que realmente amava o meu Uon-Uon. – disse Lilá numa voz extremamente enjoativa. Hermione pediu sua terceira cerveja amanteigada e continuou ouvindo a história patética da garota – Então ela achou melhor termos algo em sinal de compromisso.

A castanha olhou para ela e não viu nenhum anel ou colar que simbolizasse compromisso, mas antes que pudesse perguntar o que seria Gina o fez. A garota deu um sorrisinho e apontou para o pescoço de Rony.

— Um colar? – perguntou Hermione – Para o Rony?

— Sim. Não é lindo?

— Humm, claro. Por que não? 

Hermione bebeu o resto da cerveja amanteigada e estava prestes a pedir outra, mas Harry a impediu.

— Aquelas não são Padma e Parvati? – perguntou Gina.

— São. – respondeu Lilá – Eu já volto. – deu um beijo em Rony e correu até as duas garotas.

Os quatro ficaram em silêncio e Hermione suspirou. Suportar a garota no mesmo recinto ainda ia, mas ter de ouvi-la falar já era tortura! Uma brisa gelada bateu provocando-lhe arrepios, ela ajeitou o casaco para bloquear melhor o frio e então sentiu algo lhe apertando a costela. Ela desceu sua mão até a base da costela e deixou-se sentir o que era. Então lhe veio um estalo. O vira-tempo! Ela não o devolvera! Apertou-o com tanta força entre as mãos que chegou a doer.

— O que está fazendo Mione? – perguntou Gina.

— Hã? – ela estava tão distraída que não ouvira a pergunta. 

— O que... Hermione o que é isso? – Gina encarava o vira-tempo que tinha saído debaixo do casaco da garota e pendia em seu peito.

— Um Vira-tempo? – perguntou Harry – Mas você não tinha devolvido aquele para a professora McGonagall?

A garota tirou a o vira-tempo do pescoço e olhou para ele.

— Foi uma ideia que eu tive – disse sem mentir – de fazer as coisas se acertarem, mas agora parece a mais completa bobagem.

Ela o colocou sobre a mesa, mas Rony o pegou e ficou olhando para ele.

— Rony! Devolva!

— É brilhante, Mione. – ele disse – Voltar no tempo, acertar os erros do passado, as mortes... Tudo.

Os três se inclinaram para Rony pedindo para que ele devolvesse o vira-tempo, ele bufou e entregou aos três pares de mão a sua frente. Nenhum dos quatro percebeu que o contato dele nas quatro mãos o fez começar a girar.

Hermione sentia seus dedos presos ao vira-tempo, como se ele fosse uma chave de portal. Ela olhou para Harry, Gina e Rony que pareciam estar da mesma forma. Ela não conseguia pensar no que estava acontecendo apenas quando caiu em algo frio com o vira-tempo em suas mãos ela conseguiu raciocinar. Eles tinham voltado no tempo.