Segunda, 16 de setembro, 09:10.

Ainda são 09:10 e eu não consigo me concentrar em nada do
que o professor esta falando, parece que apertei o ‘mute’ e só vejo seus lábios se mexendo.

Até agora nem sinal de Michael. Sem telefonema, e-mail,
mensagem de celular. NADA.

Faltam seis horas para eu ir embora daqui.

Segunda, 16 de setembro.

Cinco horas e meia.

Segunda, 16 de setembro.

Cinco horas.

Segunda, 16 de setembro.

Quatro horas e meia.

Segunda, 16 de setembro.

Quatro horas.

Ele não vai mesmo falar comigo?

“Mia!” ouvi o professor me chamar e pelo tom de voz, não era
a primeira vez que falava comigo. “Pela terceira vez, o que você pensa sobre o Sr. Darcy?”.

“Uhm senhor Morgan, atualmente eu só penso em sair daqui a
procurar pelo Senhor Moscovitz”. Ao invés disso eu disse:

“ Penso que todos o idolatram, quando ele é homem, e por
isso, bem capaz de deixar a Elizabeth bem mal ao jogar na cara dela um
relacionamento antigo no qual ela nem foi tão feliz assim quanto parece”.

“Relacionamento antigo? Mas isso nunca aconteceu”

Merda.

“Certamente que não, mas poderia ter acontecido, afinal, não
existe homem perfeito. Nem Sr. Darcy e muito menos Hugo Fitzstephen”.

“Hugo quem?” o professor perguntou, claramente confuso com
minha resposta sem pé nem cabeça.

“Um personagem meu” que por acaso é pouco inspirado no meu namorado.

Senhor Morgan resolveu desviar o assunto para outra coisa, o
que eu totalmente agradeci.

Mariana fica me vigiando a toda hora pra ver se estou bem,
enquanto eu, verifico o celular. Nada dele.

A sala hora esta mais cheia do que na semana passada, o que
de certa forma é bem ruim se considerar que mais gente vai ver o desastre da minha apresentação.

O professor acabou de finalizar a aula e eu estou mesmo com
fome!

Segunda, 16 de setembro, 13:15, no refeitório.

Estava num dilema sobre ligar ou não para Michael. Resolvi
ligar e o resultado foram dez ligações não atendidas. Ok, não devia ter ligado, agora ele deve achar que estou desesperada para falar com ele. O que não é uma mentira.

Durante o almoço remexi a salada de grão de bico, arroz
integral e hambúrguer vegetariano. Mariana tentou me distrair, até Lars quis me animar.
           Ai meu Deus, meu celular esta tocando! É o Michael, é o
Michael, é o Michael! Minhas mão estão tremendo para pegá-lo na bolsa.

Droga! É Grandmére.

“Amélia! Desde quadno você some por três dias seguidos??”

“Oi grandmére...”

“Nem sei se quero saber a resposta. Olha só Amélia, você vai
me deixar maluca com essa festa. Os convidados de Genovia já chegaram, mas ainda não tive notícias de Sebastiano. Fora aqui sua amiga Blair...”

“É Claire! E ela é minha editora!”

“ Que seja! Ela esta achando que é a dona da festa, mandando
e desmandando nos Meus funcionários do Plaza”.

Quase ri quando ela disse isso. Mariana e Lars ficaram tanto
tempo se esforçando para me fazer rir, ai vem grandmére sem saber de nada e solta suas pérolas. Mas, pela minha sobrevivência, eu não ri.

“Grandmére, os funcionários também não são seus”

" É uma questão de hierarquia, me hospedo aqui a anos” .

Não sei o que Claire esta fazendo com a arrumação do Plaza,
mas se minha avó não esta gostando, eu com certeza vou gostar, por uma razão: Deve estar simples.

“E você deve estar aqui as 18:30 , nem um minuto depois. Sua
roupa estará aqui”!

E desligou. No vocabulário dela não existem frases como ‘adeus’,
‘até mais’, ‘boa noite’, ‘tchau’...

Ai! A apresentação é agora.

Segunda, 16 de setembro, 14:30, aula.

Certo, acabei de me apresentar e modéstia parte eu acho que
fui bem. Senhor Callahan fez várias perguntas e respondi a todas.

“Amélia, qual seu gênero preferido?” com cara de quem já
imaginava a resposta. “Romance, Senhor Callahan” sorri timidamente. Ele foi um dos poucos professores que confirmaram presença no lançamento.

“Estou muito curioso para ler seu livro!” Muito obrigada
professor, todo o meu esforço em não transformar o evento em algo muito
comentado foi por água a baixo.

“Vocês sabiam que a Vossa Alteza Amélia esta lançando hoje
seu primeiro livro?” houve um burburinho na sala.

“Não precisa do ‘Vossa Alteza’ nem de ‘Amélia’, pode ser ‘você’
e ‘Mia’. Isso vale para todo mundo!”.

O professor pediu para que eu contasse um pouco sobre “Liberte
meu coração”, fiquei um pouco apreensiva, mas no final, gostei da
receptividade.

Depois de mim, Mariana se apresentou. Ela foi bem também e
destacou uns pontos bem interessantes sobre Jane Eyre! Agora quem esta se apresentando é um garoto chamado Ryan. Ele fez algumas perguntas sobre meu livro, parecendo realmente interessado.

Alguém acabou de chamar o professor à porta. Se eu fosse
Ryan ficaria super nervosa de ser interrompida e depois ter que voltar o
raciocínio.

“Mia!” quem me chamou? Pela voz não foi a Mari.

“Mia!” o que o professor quer comigo?? Ele não devia
interromper a apresentação das pessoas. Olhei para ele sem entender. Apontei para mim mesma, perguntando se ela mesmo comigo.

“Você mesma! A menos que tenha outra Mia Thermopolis aqui!”
ele esta sorrindo e eu gostaria emsmo de entender o que esta acontecendo. Tem uma coisa pra você!”      

Oi? Coisa pra mim?

AI MEU DEUS!.