Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 21
Necessidade




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Outra página repleta de palavras complicadas fora virada pelos dedos preguiçosos de Hermione, que, esparramada pela cama de casal de seu quarto, precisava ler e reler algumas frases para conseguir compreendê-las. A verdade é que Ronald a acostumara mal. Leitura, que antes era o seu maior hábito e hobby, acabara sendo deixada de lado por causa dos mimos e carinhos e qualquer-outra-coisa que Ron quisesse fazer ou lhe dar.
Se antes Ron tinha ciúmes dos livros, agora os livros tinham ciúmes de Ron.
Hermione deu um sorriso pequeno, afastando o pensamento ao escutar um grito vindo do corredor. Um grito... Que mais parecia um rugido de um leão. Revirou os olhos e voltou à página anterior, por ter se esquecido por completo do conteúdo. Não era capaz se focar e por mais que quisesse se irritar para depois jogar a culpa em cima do marido, não conseguiria devido às risadas exageradamente altas dos filhos que, entre uma gargalhada ou outra, gritavam: "foge do leão, foge do leão!"... Em seguida outro rugido ecoava por debaixo do vão da porta.

— Sinto cheiro de comida! — Ron dizia, do lado de fora, com uma voz assustadoramente rouca. — Sinto cheiro de carne!
— Você sempre sente cheiro de comida, papai. — foi Rose quem brincou e a castanha não conteve uma risada, fechando o livro por uns segundos para escutar melhor.

— Eu não sou o seu pai... O seu pai foi o meu jantar, agora vocês serão a sobremesa... — outro rugido e mais gargalhadas.
— Por favor, senhor leão, não me coma! Eu ainda sou uma criança... — Hugo implorava, com a voz risonha e chorosa.
— Crianças são o meu prato preferido... — era notável que o ruivo segurava uma gargalhada entre uma fala e outra. — Crianças são doces...
— Na verdade nós não somos. — Rose interrompeu. — Somos azedos. Bem azedos...
— Bem, bem, bem azedos... — o mais novo concordou.
— Eu não me importo. Estou com fome e vou comê-los...

Uma leva de risadas vazou por todo o andar superior da casa, ressoando junto das portas batendo. Já se passavam das dez e meia da noite e não era hora dos pequenos estarem acordados, mesmo levando em conta que o dia seguinte seria sábado. Hermione gostava de que todos acordassem cedo para poderem aproveitar mais tempo juntos, por isso sempre encaixava algum plano que envolvesse apenas os quatro na manhã e, de tarde, ficava em "a ver". Às vezes visitavam Harry e Gina em Godric's Hollow, outras seguiam para Toca e, numa minoria esmagadora de vezes, ficavam em casa.
Era a rotina...
Guardou o livro na gaveta do móvel ao lado da cama e ficou de pé. Por ter diminuído razoavelmente o tamanho do próprio cabelo, Hermione sentiu com os cachos bem modelados roçavam em seu pescoço e em seus ombros, fazendo uma cócega agradável e se espreguiçou, escutando o estralar de seus membros. Vagou para o banheiro, com a intenção de tomar banho calmo, aproveitando que o marido fazia as crianças dormirem, e se perdeu, por muitos minutos, no box e na água quente, tanto que nem percebe que Ron havia voltado para o quarto e ligado a televisão.

Enrolou uma toalha na cabeça, para secar o cabelo, logo após de trajar unicamente uma das camisetas do Chudley Cannon, que se encontrava estirada na maçaneta da porta. Ron não se importaria se ela pegasse aquela peça de roupa emprestada... Na verdade... Sorriu, corando um pouco e procurando a escova de dente sobre a pia. Na verdade ele gostaria de vê-la daquela forma... Sempre que ela mostrava um interesse por Quadribol, por mais que fosse mínimo, ele se colocava radiante. Quando ela resolvia acompanhar o marido e os filhos a um dos jogos, era uma festa pelo resto da semana (ou do mês)... Agradar Ron era fácil demais e, mesmo não gostando muito daquele esporte, ela se fazia de interessada para deixá-lo com um sorriso do tamanho do mundo nos lábios. Ela fazia aquilo porque sabia que ele sentia a mesma coisa que ela quando Ron se aproximava, de mansinho, apoiava a cabeça em uma das pernas dela e pedia para ela recitar um trecho do livro que estava em mãos. Era como entrar em nirvana. Uma felicidade boba, feita por detalhes, singelos detalhes... Todavia, uma felicidade.
Com a camisa laranja-berrante batendo em seus joelhos, abriu a porta do banheiro depois de secar um pouco o cabelo e penteá-lo de forma sutil. Adentrou no quarto sentindo a diferença de temperatura e arrepiando um pouco, não só pelo frio, mas também pelo que viu: Ron arremessado ao contrário na cama, de costas para o teto e com os pés na cabeceira. O torso despido, os cabelos vermelhos bagunçados, as costas sardentas, os braços musculosos, as pernas cobertas somente por uma calça jeans velha e surrada...

Feeling your touch all around
Sentindo seu toque por todo lado
Peacefully hearing the sound
pacificamente ouvindo o som
Of silence around us, so glad we found us this way
De silêncio ao nosso redor, tão contente por termos encontrado nós mesmos

Tragou a saliva, tendo a noção de que aquela felicidade que sentia quando o via não eranem um pouco boba.
Na televisão um filme qualquer rodava e os olhos azuis não se despregavam dali (Ron ainda se fissurava com a "mágica" daquele aparelho)... A morena mordeu o lábio inferior, odiando-se por não ter a atenção dele voltada para ela, e sim para um objeto idiota como aquele... Francamente, Hermione, ela se auto-repreendeu. Ciúmes de uma televisão?
Porém... Em algumas ocasiões – para não se dizer todas -, ela realmente sentia falta da atençãocompleta do marido para ela. Seria egoísta dizer aquilo em voz alta, ou até mesmo em confessar para si própria, mas não era culpa dela, no final das contas. Era mais do que óbvio que ela sabia que quando tivessem filhos, teriam que se desdobrar para conseguirem cuidar deles, manter um casamento e trabalhar para colocarem comida na mesa, e com orgulho ela dizia que de fato eles conseguiam fazer tudo aquilo e um pouco mais. Contudo... Com a rotina... Toda aquela rotina... O tempo para eles, só deles, para gastarem com namoricos se tornava quase nulo. E ela sentia falta. Mais falta do que ela conseguiria compreender. Aquele homem era tão perfeito para ela que era compreensível que por não tê-lo periodicamente para ela acabava por deixá-la com uma sensação de vazio, de algo faltando...
Aquela rotina... Era cansativa, de tirar o fôlego, de deixá-la exausta. Acordar, arrumar tudo, levar Hugo no dentista, Rose no balé, Hugo no xadrez, Rose no curso de leitura, Hugo na natação, Rose na aula de artes, voltar para casa, arrumar-se para o trabalho, almoçar, levar Rose para a escola (Ron levava Hugo), ir para o trabalho, trabalhar, voltar do trabalho, trabalhar mais um pouco até a hora de pegar Hugo na escola (Ron pegava Rose), preparar a janta, ajudar as crianças com a lição, fazê-las dormir...

Deu alguns passos até chegar à cama, escutando-o sorrir quando subiu na mesma de joelhos e em seguida deixou o corpo pender sobre o dele. O corpo de Hermione não cobriu nem de longe o corpo de Ron; praticamente dos joelhos para baixo ficaram descobertos e ela não se irritou porque gostava da sensação de parecer tão pequena perto dele. Uma coisa que havia aprendido a gostar com o tempo fora aquilo... Por ser bem menor, Ron normalmente a tratava como uma boneca de porcelana prestes a quebrar a qualquer segundo. Sorriu sozinha, cruzando os braços logo abaixo do pescoço dele e pousando a cabeça naquela curvatura, deslizando os lábios perigosamente pelo ombro dele até chegar ao nódulo de uma orelha.

— Amanhã eu quero sair para jantar com você... — murmurou, como se lhe confidenciasse algum segredo. — No final do ano eu quero viajar com você... — beijou-lhe por ali, tendo a certeza de que ele fechava os olhos e se esquecia por total de que a televisão estava ligada. — Eu quero que você desligue a TV... — tornou a sussurrar, abaixando as mãos para tocá-lo superficialmente nas costelas. — Eu quero você...

Ron poderia ter dado uma risada, porque aquilo era realmente engraçado, mas preferiu ficar em silêncio, somente sentindo o arrepiar que percorria todo o seu corpo graças ao mísero contato da boca de sua esposa com a pele de suas costas desnudas. Hermione nunca perguntava: "vamos jantar amanhã?", "vamos viajar no fim do ano?" ou "você pode desligar a TV?"... Hermione afirmava, com segurança na voz. E se ela estava afirmando, naquele momento, que o queria, quem seria ele para reclamar?

— Desligue a TV, querido... — beijando-o no centro das costas e conduzindo as pequenas mãos por todo o comprimento daquele corpo, Hermione voltou a "pedir". — Eu estou com saudades de você...

Bastou um toque no controle-remoto para a imagem sumir completamente da tela. Hermione deu um leve sorriso, pousando a boca em cada pequena sarda espalhada pelos ombros largos de Ron, gostando de escutá-lo respirar com mais dificuldade a cada roçar de lábios e se permitindo intensificar os toques pela lateral do corpo dele.
Sem ter como virar sem fazê-la desequilibrar, ele fechou os olhos, sentindo as carícias em pleno deleite e suspirando entre um toque ou outro. O poder que aquela mulher exercia sobre ele e sobre o seu corpo era de se admirar. Qualquer mísero contato era capaz de causar uma explosão absurda, semelhante a milhares de fogos de artifício estourando de uma única vez. Ele não conseguia entender, e, na verdade, havia até mesmo desistido de compreender como é que Hermione sabia como deixá-lo zonzo daquela forma. Parecia natural – para ela, como se alguém um dia tivesse entregado nas mãos dela um manual de como pô-lo daquela forma. Ela sabia como sorrir, quando sorrir, onde tocar, quando tocar, como beijar, quando beijar... Tão bem, mas tão, tão, tão bem... Engoliu um suspiro desolado quando o corpo dela criou distância com o seu. Rodou na cama, aproveitando a oportunidade sufocante que ela lhe dera e pôs-se a procurá-la com o olhar. Em pé, de varinha na mão, com a camisa laranja embolada entre os joelhos finos, Hermione sussurrava um feitiço para, não só manter a porta fechada, como também para retirar qualquer som que fosse produzido naquele quarto. Ter filhos era ter responsabilidades e precauções... Ron nem mesmo teve tempo de assimilar o fato de que aquela blusa era dele e que ver a esposa com ela era praticamente à realização de uma, tragou a saliva, fantasia. Com outro aceno de varinha as cortinas se fecharam, a luz se apagou e os abajures foram acesos... Em seguida a varinha ficou esquecida em cima do criado mudo para que então Hermione pudesse regressar onde deveria estar... Ao lado de Ron, na cama.

Era engraçado, em certo ponto, não ser mais tomada pelo pudor quando pensava sobre aquilo. Obviamente que seria muito bobo da parte dela seguir corando a cada vez que praticasse o ato em si, todavia, Ron dera algo para ela sem nem ao menos saber... Confiança. Não confiança nele, porque aquilo ela sempre tivera. E sim confiança nela. Confiança nela não só como esposa, mas como mulher e como amante. Por isso não se colocava a enrubescer quando se via nua diante dele, ou quando dava o primeiro passo, como ocorria naquela noite... Eles haviam aprendido, conhecido um ao outro de forma que nenhuma outra pessoa sequer um dia conheceria. Entre lençóis exploraram prazeres e desvendaram segredos. Algo deles, e de ninguém mais. E por que Hermione teria que se envergonhar por gostar? Gostar de ter o marido, o homem de sua vida, tão próximo, de uma forma tão intima, como aquela? Seria louca se o fizesse...
Prendeu uma risadinha entre dentes ao notar que se perdera em pensamentos, parada logo em frente à cama, próxima ao corpo de Ron que seguia deitado. Seria tão atípico se não pensasse um pouco, se não tentasse entender tim-tim por tim-tim o que se ocorria... E seria tão atípico não ceder às mãos firmes do ruivo, que lhe seguraram as canelas, puxando-a para si, fazendo-a bambear e cair sobre ele outra vez, mas com a diferença de que daquela vez poderia olhá-lo diretamente nos olhos...

— No que você está pensando? — ele lhe questionou, com a voz rouca lhe arrepiando os pêlos da nuca. Sentiu os dedos dele se infiltrando pelos seus cachos, puxando-os para trás de uma maneira delicada, que a fez sorrir antes de responder:
— Eu sempre estou pensando em você...

Find me, here in your arms
Me ache, aqui em seus braços
Now I'm wondering where you've always been
Agora eu estou perguntando onde você sempre esteve

A resposta de Hermione fez com que ele sorrisse com vontade, prensando com ainda mais firmeza as coxas despidas dela contra os dedos longos de suas mãos e inclinando as costas e a cabeça para frente para permitir o toque dos lábios dele no pescoço dela. Um gemido baixo e controlado saiu como um ronronado da boca da morena e aquele singelo barulho fez com que o descontrole tomasse conta de Ron. Sem pedir permissão – e sabendo que não precisava – tampou a boca dela com a própria e escorregou as mãos por todos os cantos do corpo mignon que permanecia sentado em seu colo.
Todas às vezes era aquilo: exploravam-se como se não se conhecessem.
Acariciavam-se de forma carnal, com os dedos dançando sobre os poros e com as línguas tragando os gostos. As mãos não cessavam, não se cansavam. Ardiam em contato com a pele. Queimavam por sentirem aquelas sensações. Fornicavam intimamente, ansiando um contato mais severo... Porque tinha que ser daquela forma. Necessário era sentir a presença um do outro, em todos os momentos e situações. Os toquesdeveriam ser daquela maneira, porque eram marca, eram prova. Cravado em seus corações, em seus olhos, em suas veias. Ron de Hermione; Hermione de Ron. Como deveria ser...
Com uma das pernas que envolviam a cintura dele, ela começou a tentar abaixar-lhe a calça, tendo um pouco de dificuldade, mas logo escorregando uma mão para auxiliar. Aproveitava para apalpá-lo, apertar-lhe a carne entre os dedos com a coragem que somente ele lhe dava. Não se importava em manusear ou refrear seus movimentos quando estava com ele. Aquela confiança...

Blindly, I came to you
Cegamente, eu vim a você
Knowing you'd breathe new life from within
Sabendo que você respirou uma nova vida pra dentro

Ron sabia que deveria ser pecado desejar tanto uma mulher como ele desejava por Hermione... Mas que se danasse. Que ele queimasse nas chamas do Inferno depois que consumasse o ato, depois que a amasse da forma que quisesse, de todas as formas, de todos os jeitos... Que queimasse! Porque tê-la nos braços era o suficiente para resumir a sua existência inteira... Depois... Ele nunca se importava com o depois... Não quando os lábios de Hermione desciam por seu pescoço, mordiam-lhe a clavícula, sopravam-lhe palavras... Não... Ele não se importava.

Can't get enough of you
Não consigo ter o suficiente de você

Houve uma hora em que Ron soltou-lhe os lábios e enroscou o queixo em um de seus ombros. A barba rala raspando em seu pescoço fez com que outro gemido fugisse de seu controle e o máximo que ela conseguiu fazer, naquele instante, foi arranhar um bom pedaço das costas dele, escutando-o arfar com tal movimento e tornar a beijá-la com mais intensidade. Empurrando a camiseta laranja para cima, mas sem ousar tirá-la, as mãos de Ron ocuparam a pele nua da esposa, alisando-lhe com os dedos a barriga, contornando-lhe o umbigo, tocando-lhe nos seios... E tudo a extasiava; colocava-a perdida, entregue, rendida... E o cheiro almiscarado da pele de Ron adentrava-lhe as narinas, perdia-se por seu corpo, corria por suas veias... E ele era tão... Merlin, ele era tão dela! O corpo dele encaixava-se ao seu, as mãos dele tinham o formato ideal para segurar-lhe as nádegas, os seios, as mãos... A pele dele era quente, era morna, era fria... Áspera, macia... Sentido o peito arfar, Hermione depositou uma mordida logo abaixo do pescoço dele e o afastou com as mãos trêmulas.

Perdendo o contato que tinha com a esposa, Ron tombou no colchão, tendo a visão perfeita do corpo dela coberto somente por aquele pano laranja familiar e tragando a saliva em absurdo por ter aquele prazer. Os cabelos curtos balançavam por cima dos ombros dela e alguns fios castanhos se prendiam nos lábios inchados e vermelhos, arrancando a sanidade que lhe restava, tanto que nem ao menos soube quando havia conseguido retirar a peça intima do corpo dela. Só teve a noção de que ela se encontrava sem quando os seus dedos lhe cobriram a parte intima de forma automática, ouvindo um gemido sufocado ecoando entre as quatro paredes e se deleitando com o prazer que causava em sua esposa com tão pouco. Moveu com vagar os dedos, instigando-a, pondo-a irritada por tamanha calmaria... E segurou uma risada, colocando a mão desocupada em cima da nuca dela, trazendo-a para perto de seu rosto, relando os narizes e beijando-a de surpresa no momento em que reforçou a carícia ousada.
Encurralada, perdida entre gotas de suor, deliciada com os movimentos mansos que Ron lhe proporcionava, Hermione sentiu o peito arfar ainda mais, subindo e descendo, subindo e descendo, subindo e... Mordeu o lábio inferior, não tendo noção de quanta força colocava em seus dentes. O acanhamento que possuía sempre estava no intervalo, dando-lhe coragem para fazer o que quisesse fazer, para realizar as suas maiores vontades sem pudor. De forma meio desengonçada friccionou lentamente o corpinho ardente em chamas contra o corpo tão maior do marido, descendo uma mão pelo tórax dele até tocar por cima da mão dele que lhe entregava prazer em uma bandeja de ouro, guiando-a mais profundamente, instigando-a a desbravar-lhe cada canto... E sentiu como os dedos dele tremiam em seu intimo.

Sentiu como eles saudavam aquele território, como se satisfaziam em apossá-los outra vez, como se sentiam bem marcando a posse... Sentiu em sua corrente sanguínea como aquela elevação de grau gerava um borbulhar em cada célula de seu corpo. E queria gritar... Tanto...
Precisou se esforçar para conseguir afastá-lo antes que não conseguisse mais. Ron tornou a deitar na cama e ela se apressou a tirar a última peça de roupa para então poder, enfim, admirar mais uma vez cada detalhe que tanto lhe agradava daquele corpo masculino. Os encantos de Ron começavam pelo ralo cabelo vermelho, depois seguiam para as sobrancelhas não tão grossas e nem tão finas, com uma pequena cicatriz na ponta da direita... Seguiam para os olhos que naquele instante se encontravam em uma mescla de azul e preto. A boca chamativa, os lábios finos... O queixo redondo, as maças do rosto pequenas... O rosto tão de homem, mas com alguns traços tão de menino... Os ombros largos com marcas de unhas, os bíceps trabalhados, as demais cicatrizes, as mãos grandes, os dedos longos... O tórax esculpido, a escassa pelugem abaixo do umbigo, acompanhando as entradas para a masculinidade dele que se encontrava tão viva entre as pernas torneadas e musculosas daquele corpo que Hermione já conhecia perfeitamente bem, mas que não se cansava de visualizar hora que fosse...
Praguejou quando reduziu a distância criada por ela ao se sentar nas pernas dele, em um local estratégico, sentindo as intimidades próximas o suficiente para um gemido soar da boca de ambos.

I want to be where you are
Eu quero estar onde você está
In times of need I just want you to stay
Em tempos de necessidade eu só quero que você fique
I leave a note on your car
Eu deixo um recado em seu carro
When I can't find the right words to say
Quando eu não posso achar as palavras certas para dizer

— Hermione... — Ron gemeu entre os dentes, enterrando as duas mãos, uma de cada lado, nos traços do rosto dela, comprimindo-lhe as bochechas e guiando a boca dela de encontro a própria.
— No que você está pensando? — foi a vez dela perguntar, entre beijos e sussurros, mordendo o lábio inferior dele antes de escutar outro gemido.
— Você... Sempre... Hermione... — ele murmurou, com as mãos tremendo e ardendo para poder tocá-la em cada centímetro mais uma vez.

Hermione percebeu e negou com a cabeça. Suas mãos quentes subiram por toda a extensão do peito do marido, fazendo-o contrair o abdômen musculoso, mordendo os próprios lábios, cerrando os punhos enquanto ela sorria, sorria com os olhos e com o canto dos lábios, tendo noção de todo o seu poder, do quanto era bela e o quanto àquela posição a fazia confortável e, de certa forma, poderosa sobre cada movimento. Ron sentiu como ela deitava sobre seu corpo, não completamente, apenas para que suas mãos alcançasse as mãos dele, para então entrelaçar seus dedos.
Ela sorriu de novo, observando como ele contraia o corpo, movimentava as pernas e observava seus seios.
O beijou no pescoço, nos lábios, atrás das orelhas, mantendo seus dedos entrelaçados, seus corpos em um lento movimento que imitava o ato de amor.

— Hermione... — ele a chamou de novo, apertando seus dedos, sentindo o quanto ele ardia de febre e de prazer, o quanto seu corpo suava para acompanhar o suor dela.

Ele fechou os olhos, mordendo seus lábios, sentindo os beijos descerem por seu pescoço, seu peitoral, sua barriga... Tornou a abri-los, respirando com dificuldade, apertando as mãos dela em suas mãos, sabendo que ela sorria cada vez mais...

— Hermione eu não... — novamente calou-se, cerrando os punhos, levantando a cabeça para observar os rastros vermelhos que ela deixava em sua barriga, usando de sua língua e de seus dentes para despertar nele aquele desejo ainda mais intenso e devastador.

Liberou um gemido, quase pedindo para que ela parasse de atormentá-lo daquela forma... Liberou outro gemido controlado, segurando-a pelos cabelos, com seu abdômen contraído, com seus cabelos grudados em sua testa que escorria de suor. Hermione parou, subindo com beijos molhados novamente por seu corpo, acelerada pelas mãos de Ron que a puxaram para cima de seu corpo com rapidez e nenhuma delicadeza.
A desejava tanto que lhe doía a alma e o corpo.
Era uma sensação primitiva, a necessidade crua, a mais antiga e também a mais intensa de a possuir, de se afundar naquele mar sem fim de segredos e prazeres.
Sem mais, Hermione enterrou o rosto na curva do pescoço dele enquanto anulava a barreira de suas intimidades, sentindo como as mãos dele crepitavam em suas pernas, forçando-a a subir, a descer, a impor um ritmo naquela perdição perpétua em que ambos gostavam tanto de viver... Ron a segurou pela cintura, apertando-lhe as coxas, esperando a permissão dela para se movimentar... Mas ela não lhe deu, lhe beijou os lábios, colando suas línguas, para então voltar a sentar-se sobre ele.
Ela estava vermelha pelo prazer, suada, com os cabelos também soltos ao redor de seu rosto tão perfeito. Estava e era tão bela que ele franziu a testa, erguendo-se levemente, apoiando o corpo em um cotovelo, subindo a mão para que pudesse acariciar aquele rosto, tendo a certeza de que não era uma miragem.
Ron não resistiu. Girou-a na cama, aterrando-se mais naquele corpo feminino assim que separou-lhe as pernas. Gemeu em seqüência, acompanhado dela, enquanto a tomava nos braços, beijava-lhe por todo o rosto e movia o quadril de uma forma tão lenta que poderia levá-los a insanidade.

Hearing your voice all around
Ouvindo sua voz por todo lado
The last place we're going is down
O último lugar para onde estamos indo é para baixo

Nenhuma palavra conseguiria definir por exato todo aquele frenesi, aquela nostalgia, aquele êxtase profundo ao qual se jogavam de cabeça... Hermione procurou a boca dele para roubar-lhe um beijo curto e murmurar um mais durante o segundo em que voltava a lhe arranhar nos braços. Inconseqüente e inconsciente como ele. Sorriu, não de uma forma maliciosa, nem ao menos lateralmente – aquele sorriso que sua esposa tanto gostava! -, apenas sorriu quando sentiu as mãozinhas dela em suas costas, pressionando com fora para recebê-lo mais e mais e mais...
E Ron gostava daquilo.
Daquela sensação...
De ter Hermione.
Ele gostava muito daquilo.
Daquele ritmo freneticamente melódico que seus corpos produziam com naturalidade... Daquela forma tão aconchegante que os seus corpos se recebiam... Daquele jeito que os mesmos se reconheciam, moldavam-se, amavam-se...
Ele gostava muito daquilo.
E Hermione também.
Não existia forma de refrear... Não tinha como...
As pernas de Hermione, uma de cada lado, apertando-lhe justamente na cintura e as mãozinhas perdidas, ora no lençol, ora em seu corpo... Como refrear o que sentiam? Os lábios de Ron, beijando-lhe os poros, tragando-lhe o suor... As mãos perdidas pelas pernas, pelo torço, pelos cabelos... Não tinha como... Simplesmente não tinha.

— Ronald... — ela começou e ele a calou como pôde, sentindo seus corpos já suados e mareados.

Voltou a lhe devorar o pescoço, ciente de que necessitava dela, de que necessitava do corpo dela lhe acolhendo, tragando-lhe de forma jamais feita. Ajoelhou na cama, a puxando contra seu corpo, voltando a lhe beijar os lábios trêmulos, adianto ao máximo seu próximos atos.

I'll blindly follow knowing you're leading the way
Eu cegamente a seguirei sabendo que você está conduzindo o caminho

Ele subiu a camiseta que ela trajava para lhe beijar nos seios, os dois, com devida e especial atenção a levando a loucura, acariciando ao mesmo tempo suas pernas, o interior se suas coxas, atrás de seus joelhos. E então não houve forma de resistir... Entrando em órbita assim que uma gora de água caiu de seus olhos, e não de suas têmporas, ele sentiu o corpo fraco, desfalecendo aos poucos. Teve sorte que a esposa parecia lânguida como ele. Deixou a gota de água salgada e única se misturar com o rosto de Hermione, onde uma, duas, três... Muitas lágrimas começavam a brotar, regando-lhe a face e a alma... E fora tudo tão rápido, esperado... Ron se obrigou a movimentar as pernas um pouco mais para então sentir o corpo dela relaxando debaixo do seu; calmo, satisfeito, como o próprio. Aquela felicidade deliciosa inundou mais uma vez os olhos de ambos e, aos poucos, tudo pareceu... Pleno.
Permaneceram na mesma posição.
Imóveis, com suas respirações alucinadas informando que havia sido algo muito mais do que intenso.
Tudo era intenso.
A conexão era intensa.
O encaixe era intenso.
Os sentimentos eram intensos.
Hermione fechou os olhos, relaxando, ajoelhando-se sobre suas coxas, deixando seu corpo cair contra o firme corpo de Ron. Ele a virou, a olhando nos olhos, a segurando com delicadeza em seus braços, tendo consciência de que nem ele conseguia agüentar com o peso de seu corpo.
Era intenso, tão intenso que chegava a ser demais.
Ela fechou os olhos, e com a testa ainda franzida repousou a cabeça sobre o vão entre o pescoço e o obro dele. Ele a enlaçou ainda mais com seus braços, deitando aos pés da cama, a trazendo para cima de seu corpo, puxando do baú acima de sua cabeça a grossa manta que os protegeria do frio que logo surgiria.

You are the will that makes me strong
Você é a vontade que me faz forte
Can't get enough of you
Não consigo estar farto de você


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