Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 16
Bolo


Notas iniciais do capítulo

Leia escutando Elton John - Your Song.



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— Rose, querida, não se apóie na cadeira dessa forma porque você pode cair! — Hermione bronqueou com a pequena garotinha de um ano e dois meses.

Ela deu um sorriso salpicado pelas sardas. E os cachos vermelho-acastanhados balançaram de um lado para o outro, mesmo presos na maria-chiquinha. O vestidinho verde se encontrava sujo de chocolate e os lábios em forma de coração, também.

Hermione quis tirar uma foto daquela cena linda, mas se fosse procurar a máquina, o bolo no forno acabaria queimando...

... E ela não pedira um dia de folga no emprego para simplesmente deixar o bolo queimar.

Se bem que ela sabia que, mesmo se o bolo virasse pó, Ron comeria.

A fome de seu marido não era daquele planeta.

— Bolo papi! — Rose bateu palmas animadamente, recebendo um beijo na ponta do nariz da mãe e sorrindo abertamente por causa daquele gesto. — Papi 'sário!

— Isso, querida, hoje é aniversário do papai! — Hermione sorriu para a filha, guardando o livro de receita e as outras coisas esparramadas pelo balcão. — Vamos comer o bolo que fizemos para ele e depois vamos para a Toca, comemorar. O que você acha?

— Toca! — Rose repetiu sorridente. — 'esta papi!

— O que, querida? — a mãe coruja perguntou, olhando nos olhos azuis da filha. — Ah, você quer dizer que o papai vai ter uma festa, lá na Toca? — Rose confirmou e sorriu mais um pouco. — Você acha que o seu pai vai gostar do bolo?

— Si!

— Espero que sim também!

O apito do despertador soou e Hermione se apressou para tirar o bolo do forno. Rose, no cadeirão, de fato quase caiu da cadeira ao tentar acompanhar todos os passos da mãe. Nill, a elfa doméstica (que recebia remuneração pelo trabalho e também tinha férias) apareceu no exato momento e socorreu a garotinha, segurando o cadeirão e recebendo uma risada sapeca da menina.

— A senhora Weasley precisa de alguma ajuda? — Nill perguntou, ganhando uma espécie de "cafuné" de Rose. — O bolo ficou muito bom, senhora.

— Obrigada, Nill. Cozinha nunca foi o meu forte, mas acho que dessa vez eu me superei. — Hermione trocou um sorriso com a elfa e limpou as mãos no avental. — E não precisa se preocupar com nada por hoje, Nill. Vamos para a Toca daqui a pouco. Você deve tirar o resto do dia de folga... — ela falava enquanto enfeitava o bolo com a cobertura e confeitos.

O que sobrou da cobertura se perdeu na boca e no vestido de Rose.

— A senhora não precisa de mim para mais nada nessa noite, senhora Weasley? Quer que eu dê um banho na senhorita Rose? — quando terminou de falar, Rose estendeu a colher cheia de chocolate para a elfa, oferecendo um pouco de seu doce.

Hermione sorriu e as orelhas de Nill encolheram, envergonhada.

— Pode ir, Nill. Vou guardar um pedaço de bolo para você.

— Obrigada senhora Weasley. — agradecida, Nill quase fez uma reverência, porém retesou o movimento ao receber um olhar feio de Hermione. — Boa noite, senhorita Rose.

— 'au Ni! — Rose disse entretida demais com o chocolate.

E, ao mesmo tempo em que Nill sumia diante dos olhos das duas, a fogueira, na sala, crepitava e o aniversariante aparecia por ali.

— Acho que o seu pai chegou.

— PAPI! — Rose berrou, deixando a colher perdida em qualquer cantou e se mexendo sem parar no cadeirão, querendo sair para ver o pai. — Papi adê?

— Calma Rose, o papai já está vindo! — a mãe lhe sorriu, tirando o avental e limpando rapidamente a boca da filha no mesmo. Em seguida pegou-a no colo e esperou Ron adentrar pela cozinha, seguindo ou o cheiro do bolo, ou a voz da filha.

— PAPI! — a menina praticamente se jogou nos braços do pai assim que o viu. — anhabeins! — deduziram que "anhabeins" era igual a parabéns.

— Cadê o abraço e o beijo de parabéns do papai, Rose? — recebeu o que pediu. Um abraço apertado e beijos melados por todo o rosto. Ron morreu de rir do jeito da filha.

— Senti! — Rose cantarolou, apontando para o bolo, dizendo que aquele era um presente. — Seu...

— Você e a mamãe fizeram um bolo para mim? — os olhos de Ron enfim encontraram os sorridentes da esposa.

Aproximou-se com jeito, da forma costumeira, tendo o rosto envolto pelas duas mãos de Hermione, que comprimiram as bochechas dele de forma carinhosa, para então receber um beijo adorável nos lábios. Rose soltou uma risadinha.

— Feliz aniversário. — ela lhe desejou, recebendo um meio-abraço e mais um beijo.

— Tem como não ser um feliz aniversário? — Ron perguntou, puxando uma cadeira, ainda com Rose no colo, para se sentar. — Estou com as duas mulheres da minha vida, vou comer um bolo delicioso e depois serei paparicado na Toca. — Hermione revirou os olhos divertida. — Eu adoro o meu aniversário.

— Papi bolo! — em tom mandão, Rose avisou que não queria mais conversa, e sim que queria experimentar a gostosura.

— Sua filha realmente puxou o seu apetite. — sussurrando na beirada do marido, Hermione sorriu ao se afastar para pegar talheres e pratos.

— Não foi só isso que ela herdou do paizão, não é, pequena? — o patriarca apertou as bochechas róseas da garotinha, recebendo risadas deliciosas que ecoaram pela cozinha e fizeram os pais babões sorrirem ao vento. — Fale para a mamãe que você herdou várias outras coisas minhas!

— Você jura? — brincalhona, Hermione respondeu: — Eu nem tinha reparado que a sua filha é ruiva, tem olhos azuis, sardas e é um pouco desastrada.

— Eu não sou desastrado! — Ron retorquiu, arqueando as sobrancelhas e ganhando mais um beijo da filha. — Fale para a mamãe que eu não sou desastrado e nem você, Rose...

— Papi n'um... — a menininha fez uma careta. — Bolo!

— Ok, apetite, aqui está o bolo para o seu pai cortar.

A pequena ruiva foi para o colo da mãe temporariamente durante o parabéns e, na hora de fazer o pedido, Rose bateu um pezinho na vela, derrubando-a e fazendo um pouco de lambança. Hermione abafou uma risada e olhou para Ron como se dissesse: ela puxou o jeito desastrado de alguém...

E, com certeza, dela não era.

— O que eu posso pedir? — levando a mão ao queixo, fingindo-se de pensativo, Ron mirou a mulher e a filha pelo rabo dos olhos e tendo-as sorridentes.

— Binquedu! — abanando as mãozinhas, Rose respondeu.

— Acho que o papai quer outra coisa, querida... — a mãe falou ao mesmo tempo em que mordeu, com leveza, uma bochecha da filha.

Ron olhou mais uma vez para a esposa e para o pequeno presente que ela levava no colo. E sorriu. Sorriu amplamente por saber que adoraria receber um outro pequeno presente como Rose.

Soprou as velas.

Agora bastava esperar nove meses...

Rose foi para o cadeirão, entretida com o enorme pedaço de bolo que ganhara e Hermione, sentada ao lado do marido, apoiou a cabeça em um ombro dele. Nunca, em sua vida, Ron pensou que sua vida tomaria aquele rumo. Estava completando vinte e seis anos, era marido da mulher mais inteligente e perfeita que conhecia e era pai da garotinha mais adorável do mundo. Morava em um sobrado maravilhoso, de tijolos, com as janelas da cor que Hermione escolhera (vinho) e com um jardim que lhe lembrava a sua casa da infância. Era um auror, coisa que, nos tempos de Hogwarts, duvidou que conseguiria ser. E ainda ajudava o seu irmão com uma loja que nunca sonhou conseguir dar conta.

Ele tinha tudo. E um pouco mais.

Assim que enfiou o último pedaço de bolo na boca, Ron levantou com cuidado para não assustar Hermione, que seguia apoiada em seu ombro e, em um puxão, levou-a para perto. Ela apenas arqueou as sobrancelhas outra vez, sem entender o porquê daquele movimento súbito.

Sem mais, sem explicação, sem música, o corpo de Ron simplesmente começou a se mover, de um lado para o outro, com o corpo de Hermione bem junto, guiando-a de forma desajeitada e fazendo-a se perder em risadas graciosas. Não havia uma única batida musical ao fundo, apenas o tintilar da colher de Rose contra o prato, mas, de toda forma, os corpos seguiram dançando vagarosamente. Hermione soltou um sorriso emocionado contra o pescoço de Ron, achando-se boba por ver-se murmurando o trecho de uma música que viera em sua cabeça e recordava-lhe os tempos em que era uma criança e assistia aos seus pais, em momentos bonitos, escutando-a e trocando sorrisos amorosos e cúmplices.

Sentiu-se boba... E perdidamente apaixonada.

— I know it's not much but it's the best I can do, my gift is my song and this one's for you… — Hermione cantou baixo, enquanto sentia Ron sorrir em seu ouvido e girá-la em seguida, rapidamente, para trazê-la outra vez de encontro ao seu abraço.

Aquele era um momento mais que bonito...


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