Remendo escrita por juvsandrade


Capítulo 10
Trasguisse


Notas iniciais do capítulo

Leia escutando The Fray - Look After You.



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Ronald mentiria se dissesse que estava calmo. Ele tinha vinte e um anos e nunca, nos seus outros anos de vida, sentira tão grande turbilhão de sentimentos como naquele momento. Era como se aquele afobamento fosse causado por um furacão interno...

E o desejo dele era pecaminoso.

Sentiu-se ruborizar apenas com o pensamento.

Desviou o olhar das mãos de Hermione, que se moviam em direção à maçaneta da porta do Hotel Trouxa em que ficariam instalados por aquela noite, para destrancá-la com um cartão. Ron perguntou-se em silêncio como um cartão poderia abrir uma porta, porém não criou coragem de repetir a pergunta em voz alta.

Não era hora para aquilo.

— Eu espero que você goste. — ela murmurou, não notando o sentido ambíguo da frase. Ronald corou ainda mais. — Quando eu era pequena, adorava viajar com os meus pais e ficar em Hotéis como esse. — ao entender sobre o que ela se referia, ele balançou a cabeça com força, como se para se penalizar por não ter levado com pureza o significado da antiga frase. — Mas acho que aqui deve ter tudo... Harry me garantiu que teria. Gina até agora deve estar tentando entender o que é um frigobar, mas... — ao perceber que não parava de falar de nervoso, Hermione colocou uma mão em sua boca, onde o batom claro jazia, e mordeu o lábio inferior.

— O que é um frigobar? — antes que um silêncio constrangedor se instalasse, Ron questionou e recebeu uma risada gostosa de sua esposa.

Ele era tão inexperiente quando se tratava de coisas trouxas...

— É um lugar onde você guarda alimentos e bebidas. — Hermione falou enquanto se deslocava com um pouco de dificuldade graças ao vestido até o aparelho ao qual comentavam. — Você pode fechar a porta, Ron? — perguntou e abriu a porta do frigobar, encontrando as típicas bebidas trouxas para situações como aquela e tragando a saliva, cada segundo mais nervosa. — Isso, por exemplo, é uma bebida trouxa chamadachampagne. É o whisky de dragão dos trouxas. — pegou dois copos de cristal depositados na arquibancada de vidro e implorou para não vacilar quando fosse despejar o líquido nos recipientes.

O olhar de Ron queimava as suas costas.

— Confesso que não é tão bom quanto whisky de fogo, mas é o suficiente para... Brindarmos. — a última palavra saiu em forma de sussurro e ambas as bochechas avermelharam-se na hora. — Você quer experimentar?

Nem ao menos um "sim" fora anunciado. Ron aproximou-se, apenas, tomando o copo que lhe era estendido com delicadeza, sentindo o roçar de dedos e a quentura florescendo em seu intimo.

Hermione estava se esforçando tanto para não erguerem uma muralha naquele momento importante e ele nem ao menos conseguia respirar. Afinal, como ela queria que ele respirasse, quando sabia que somente a proximidade entre eles lhe tirava a concentração? E o ar. E a postura. E o controle. E todo o resto.

— Hermione... — esforçou-se para conseguir falar ou fazer qualquer coisa, pois precisava... Necessitava com urgência ter o olhar amendoado dela sobre o seu. — Eu não me importo se brindaremos com whisky de fogo ou com cham... — parou, pois embolar-se-ia com a palavra. — Ou com essa bebida... — Hermione deu um daqueles sorrisos que tinham o mesmo efeito que a manhã do primeiro dia de verão. — Vamos brindar ao nosso casamento e é isso que importa.

— Um brinde. — ela repetiu, timidamente, escutando o titilar dos copos e o gosto da bebida descendo por sua garganta. Logo em seguida ela abriu a boca, como se para falar alguma coisa, mas antes que pudesse se expressar, sentiu os lábios de Ron sobre os seus de forma delicada, beijando-a com tamanho afago que não houve como não se emocionar.

— Eu sei como você está se sentindo... — o seu marido lhe sussurrou na beirada de seu ouvido, com a tonalidade de confissão. — Eu estou igual... — fechando os olhos e perdendo-se nos braços de Ron, o corpo de Hermione apaziguou... Os seus sentimentos, não. — Eu reconheço que estou assustado, amedrontado, curioso, que não quero lhe causar nenhum mal e quero que esse seja um momento para se recordar... E eu não sei o que fazer... — Hermione tremeu, querendo repetir aquelas palavras, falar que se encontrava no mesmo estado... Todavia, o conforto do corpo de Ron era tão grande que ela se embriagava com o calor, não tendo forças para raciocinar com complexidade. — Hermione eu nunca sei o que fazer quando estou perto de você...

Os braços nus dela ganharam vida, subindo pelo corpo de Ron sem impedimentos, pousando nos ombros com autoridade a transportando-o para si. Os olhos azuis tragavam-na mais fundo, com fúria, como se quisessem mesclá-la a sua essência. Como se quisessem afogar os olhos castanhos naquele mar hialino.

Hermione se perderia; se deixaria afundar, pois sabia que enquanto aquele olhar pertencesse a ela e a mais ninguém, tudo ficaria bem.

— Eu nunca consigo pensar direito quando estou perto de você... — foi a vez dela assumir, deixando com que os seus lábios também concebessem autonomia e deslizassem pela face salpicada de sardas de seu marido. —Mas eu sei que você não me causará nenhum mal... Eu sei que esse será um momento que eu guardarei para sempre em meu coração... — escutou como ele rangia os dentes. Viu como ele fechava os olhos com força. Sentiu como ele lhe apertava; prendia-lhe. E não conseguiu evitar um sorriso. — E eu acho que você deve me beijar... Sim, eu acho que você deve fazer isso...

Quando Ron cumpriu o ordenado, Hermione apertou os olhos sentindo seu corpo inteiro se contorcer em uma onda poderosa de prazer e algo mais que naquele instante não tinha definição... Franziu as sobrancelhas sentindo como o corpo dele se juntava ao seu em um abraço. Ele estava quente, seu hálito era doce, e seu coração como o dela batia de forma apressada... Sua respiração parecia surgir de forma natural e o calor de seu coração lhe transmitia a sensação de o mesmo estar se enchendo de algo, algo que ela também não sabia definir o que era... Fechou os olhos levando as mãos sobre o peito de Ron, que deu um passo para trás. Ela voltou a abrir os olhos e ele pareceu se acalmar, como se somente olhando nos olhos dela pudesse encontrar a calma...

— Ron... — com extrema calmaria, as pontas dos dedos de Hermione percorreram cada poro da face de Ronald, como se quisesse decorá-la. Para ela, era como tocar uma pintura rara; algo surreal. E ardia-lhe. Queimava-lhe os dedos de forma assustadora aquela pele, todavia, por nada no mundo ela deixaria de tocá-lo. Contornou com o polegar os lábios tão bem feitos, quentes e avermelhados, observando cada traço marcante e sutil daquela face, para então abrir um sorriso trêmulo e reluzente antes de finalizar: — Eu amo você.

E distribuiu alguns beijos pelas maças do rosto avermelhadas dele, afastando-se sem brusquidão para depois orientar os próprios dedos aos botões que capturavam o seu delgado corpo no vestido branco. O ar fugiu de seus pulmões e o controle de suas pernas teve o mesmo fim. O movimento era hesitante, extravagante e singelo, mas Hermione seguiu desabotoando, botão por botão, sem jeito, até sentir Ron aproximar-se outra vez. As mãos dele tomaram o lugar das dela, aceitando o compromisso de afastá-la do pano que a cobria, e a necessidade de apoiar-se sobre o corpo dele se instalou. Encontrava-se fraca, desnorteada e rendidadevido ao momento. Devido ao friccionar dos dedos dele contra a sua pele.

O último botão foi aberto e o vestido deslizou como uma pétala de rosa até deparar-se com o chão e por ali ficar perdido pelo resto da noite.

Como se alguém perfurasse os seus pulmões com uma agulha, Hermione sentiu como esses eram esvaziados e como suas costelas eram comprimidas com força pelo temor. A brisa refrescante se debateu contra o corpo semi-nu, mas ela sabia muito bem que não era por frio que encontrava-se arrepiada. Era por aquele olhar benevolente que a admirava e, contraditoriamente, agasalhava-a. Empurrando o pedaço de pano inerte no chão com um dos pés, Hermione não cedeu e permaneceu com o queixo apoiado no pescoço, encarando um ponto perdido no assoalho como se esperasse que um buraco se abrisse para engoli-la. Mas ela não sabia... Não, Hermione não sabia que se por acaso um buraco surgisse por ali, Ron não deixaria que ela caísse. Ron não deixaria que ela saísse de seus braços por nenhum motivo existente. Achegou-se dela, erguendo-lhe o rosto com alguns dedos, forçando-a a deixar de lado aquela tortura de não mirá-lo... Olhos nos olhos. Merlin...

— Você é perfeita... — e, sem deixá-la responder, tomou-lhe a boca em um beijo não semelhante aos outros meigos, serenos...

A sensação era incrível, macia, ardente, profunda... Hermione entreabriu a boca para receber a língua dele com prontidão. Acostumara-se com os gestos de Ron e gostava de saber como responder aos carinhos dele. Era algo que eles, durante aqueles anos, haviam aprendido juntos. Ron, por exemplo, conhecia até então poucos pontos sensíveis de sua mulher, mas sabia que se a tocasse logo atrás do pescoço, conseguiria amansá-la e colocá-la a ronronar. E Hermione sabia muito bem que quando deixava as suas mãos se perderem naquele emaranhado de fios berne, os olhos de seu marido se fechavam com força e as sobrancelhas se cruzavam. Prontamente fizeram o que já conheciam, pretendendo logo descobrir o que não sabiam.

A boca de Ron procurou o pescoço de Hermione ao mesmo tempo em que as mãos dela seguravam-lhe os cabelos. O corpo varonil prensou o corpo delicado contra a parede, escutando um arfar rouco soando entre as quatro paredes e sentindo, então, toda a sanidade se esvaindo ao lado do controle. Com pressa regressou aos lábios dela, sentindo como as miúdas mãos de Hermione despiam-no de maneira desastrada da primeira peça de roupa. O paletó e a gravata caíram no esquecimento. Não satisfeitos, os dedos vagarosos dela embrenhavam-se entre os botões da blusa de linho de Ron, afligindo-o da mesma forma como ele fizera a pouco com ela. Relando num pedaço de pele da barriga dele antes de desapertar um outro botão até por fim abrir-lhe a blusa por completo, sem tirá-la, deixando-a ali para contrastar com o corpo de seu homem...

Oh, Merlin, como suportariam todo aquele calor?

Era como queimar entra as brasas do fogo mais intenso...

Era a entrega, era a entrega mútua de dois corações acontecendo de forma tão quente como o desejo.

— Quarto... — foi o que ela conseguiu murmurar, calando-se quando teve os dentes de Ron raspando em um de seus ombros, mordendo o lóbulo de sua orelha direita, sussurrando algo incompreensível...

O silêncio absoluto se fez por alguns instantes... Somente com as batidas alucinantes de dois corações que pareciam ter adquirido áudio. Em um piscar de olhos, as palmas firmes das mãos de Ron desceram a procura das costas dos joelhos de Hermione, segurando-os, forçando-os a subirem e enlaçarem as pernas por cima de sua cintura... E a dona das pernas estremeceu. O contato que se estabeleceu entre os corpos era tão surreal que ambos pensaram que poderiam desfalecer a qualquer segundo. Como se não bastasse, as mãos de Ron tornaram a subir, mas separaram-se no meio do caminho. Uma aferrou-se nas costas dela, trombando com os fechos da lingerie fina e a outra se ocupou em segurar-lhe uma das pernas, tendo a certeza absoluta de que não a deixaria desprender-se em momento algum.

Assim que os pés de Ron começaram a levá-los de forma automática até o quarto, Hermione notou que seu corpo tornava-se cada vez mais úmido. Podia sentir as gotículas salgadas de suor caindo por sua nuca, traçando um caminho de queda livre até onde quisessem ir... E sentia que o seu marido transpirava de forma igual. Quente... A boca dele prendendo a sua em mais um beijo, as mãos se perdendo, os cantos sendo descobertos... Entre dentes um barulho estranho ficou preso, que após alguns segundos revelaria ser um gemido, e novamente Ron questionou-se por quanto tempo mais agüentaria. Nunca conseguiria adivinhar o efeito que aquele som causaria em seu corpo até escutá-lo... Era como jogar carne aos lobos... Despertava-lhe instintos primitivos, desejos desconhecidos, uma loucura não característica... Tudo tão quente...

— Cama...

Ron deu um sorriso. Nem naquelas horas Hermione deixava de ser um pouco mandona... E, ainda sorrindo, depositou-a sentada onde ela pedira com zelo, abaixando-se rapidamente na frente dela para retirar todos os sapatos. Os seus foram atirados em qualquer espaço, sem cuidado algum... Já os dela, incumbiu-se com mais atenção, colocando as sandálias da mesma cor do vestido ao lado da cama, perto da escrivaninha onde jaziam algumas velas acesas. Hermione não deixava de se maravilhar com os gestos de Ron, comovendo-se de forma perturbadora ao ver como ele lhe tratava. Estava sendo tão melhor do que ela imaginara... Esperou com que ele terminasse de tirar-lhe outra peça para então se ajoelhar na cama, bem próxima da beirada para não criar uma distância entre eles (o que não era admissível), desnudou-o da blusa por completo, tendo a visão absoluta do torso de Ron e tragou a saliva escassa. Mesmo tendo-o visto outras vezes daquela forma, nunca havia visto-o daquela maneira. Os cabelos inteiramente bagunçados, os lábios cheios, as orelhas vermelhas, as mãos trêmulas, os ombros levemente suados, os olhos negros...

Não suportou mais a espera.

Suas mãos inexperientes se encontraram com a fivela do cinto da calça social de Ron, arrastando-o para si, tentando soltar aquele empecilho... E ele fez igual. Buscou o laço que prendia o corpete e o desfez com pressa, enquanto sentia a calça escorrendo por suas pernas.

— Ron...

Ele deixou de sorrir, com o momento tornando-se denso demais para fazê-lo. O corpete caiu sobre o lençol da cama e o sutiã levou o mesmo fim. Impulsivamente os braços de Hermione cobriram-lhe os seios, temerosos. Ron nada disse, mas com o ato vindo dela, notou que a insegurança não existia somente por sua parte. Apoiou um único joelho na cama, localizando-o entre as pernas dela e inclinou o corpo. Uma mão descansou sobre a coxa de sua esposa, a outra subiu para soltar os fios de cabelos amendoados do penteado já meio despenteado. A cascata marrom caiu sobre os ombros dela e roçaram ingenuamente no torso de Ron, deixando-o tonto com aquela sensação.

Era mesmo real?

Com fascínio o corpo dele empurrou o dela para trás, descendo as mãos pelas costas nuas e hora ou outra enroscando nos cachos macios. Os lábios volveram ao pescoço, correndo com suavidade por cada centímetro, beijando-a com meiguice a pequena cicatriz que a tornava ainda mais única e diferente e especial e maravilhosa... E viu como os seus carinhos a amansavam, como os braços que seguiam a cobrir-lhe aquela região caiam devagar, como o corpo dela voltava a responder aos estímulos...

— Ron...

Novamente ela sussurrou o nome dele de forma rouca, perversamente pura e sensual, e ele questionou-se mais uma vez se agüentaria. Era a mulher de sua vida que estava entre os seus braços, aninhando-se, encaixando-se, soprando o seu nome... Merlin precisava lhe dar forças...

Enfim as costas de Hermione se defrontaram com o colchão. Os cachos se amalgamaram com os travesseiros, fazendo um contraste bonito entre o marrom e o branco. A boca cinabre e cheia semi-aberta fez com que a respiração desassossegada dela golpeasse o rosto de Ron e arrancasse o que lhe sobrava de estabilidade física e mental. Merlin! Ele franziu a testa, erguendo-se levemente, apoiando o corpo em um cotovelo, subindo a mão para que pudesse acariciar aquele rosto, tendo a certeza de que não era uma miragem. Hermione virou o rosto para poder beijar a mão dele e puxou-o de um jeito autônomo; sem pensar, resultando no corpo dele tombando sobre o seu em um baque leve, exercendo compressão por fim entre os seios descobertos e o torso cálido...

— Ron...

— Hermione...

Posteriormente, os medos se extinguiram. Não havia nada errado no que estavam fazendo... Pensaram juntos, em silêncio. Sem contar que haviam esperado tanto, tanto, tanto tempo...

Ron conseguiu vencer o auto-controle. Suas mãos desceram, percorrendo a barriga de Hermione, contornando-lhe as costelas com as pontas dos dedos, indo de encontro aos seios... Parando por ali, sentindo a textura, descobrindo-a de apreensões... Revestiu a boca dela sem cessar o movimento de suas mãos, sentindo-a remexer-se por debaixo do seu corpo, arfar em sua boca, pôr-se tresloucada... E gostou do que sentiu.

— Você é o que eu vejo de mais belo em minha vida. — as palavras de Ron geraram lágrimas translúcidas nos olhos de Hermione e as mesmas foram secas pela boca do seu causador.

As visões tornaram-se distorcidas. As imagens passavam pelos olhos como borrões. Não existia nada ao redor, somente eles e mais nada. O mundo inteiro e todo o mundo concentrado nos dois corpos que se apertavam, confundiam, veneravam, estimulavam, desejavam... Perdida, Hermione estirou os braços, prendendo-os nas costas de seu marido e deixando com que as suas ralas unhas percorressem toda a extensão daquela parte, arranhando-o superficialmente e ouvindo os ofegos que aquele movimento gerava na beirada de seu ouvido. Acompanhou-o no som.

— Sente? — ela perguntou, sem fôlego, repetindo as mesmas frases que ele lhe confidenciara durante a valsa do casamento. Uniu as testas, como ele fizera, e beijou-lhe rapidamente na beirada da boca, sentindo as mãos dele comprimindo a carne de suas pernas, traindo-se por alguns segundos ao perder a linha do raciocínio. — É assim que é... — observou-o fechar os olhos e sorrir com fragilidade. Os dedos se misturando com o tecido de sua peça íntima levando-a para baixo, despojando-a completamente de vestes... Sorriu com fragilidade também antes de continuar: — E eu prometo que será para sempre.

— Para sempre... — Ron repetiu e tremeluziu ao passo que Hermione sorria, assentindo e o olhando de forma estranha, despertando nele sensações ainda mais estranhas.

Ela jogou aquele sorriso tétrico. Perfeitamente formulado sobre os lábios borrados de batom. Geometricamente localizado. Arquitetado para estar ali – como estava; calorosamente convidativo – como parecia. Ron não resistiu. Beijou-a nos lábios com paixão. De forma inconsciente ela o segurou pelo braço, erguendo-se para beijá-lo novamente, demorando-se com os seus lábios por cima dos dele, como se... Como se... Não sabia. Então, sem ter muita noção das conseqüências, beijou-o nos ombros, respirando com cada vez mais dificuldade, colando-se a ele como se necessitasse daquilo para sobreviver, engalfinhando-se no corpo de seu marido, causando aquela deliciosa fricção de peles...

— Ron...

Ele não lhe respondeu daquela vez. Simplesmente a puxou pelas coxas, trazendo-a mais para perto de si, colando suas intimidades, deixando-os em uma posição bastante intima e confortável. A magia que clareava o quarto tornou-se mais intensa, assim como a respiração de Hermione, que encontrava-se assustada pelo prazer, assustada por estar tão entregue quando não sabia o que fazer, onde tocar, o que falar... Gemeu ao sentir aquelas mãos voltarem a tocar seus seios. Impulsivamente tentou fechar as pernas e contorcer o corpo, mas os joelhos dele não permitiram, permaneciam ali firmes, cravados no colchão, impedindo que ela fizesse qualquer movimento. Assim, cada pequena parte de seu corpo reagiu de forma ainda mais intensa. Outro gemido fugiu do controle de Hermione, soando como poesia aos ouvidos dele e atirando madeira ao fogo.

Todo o equilíbrio de Hermione esvaiu-se por ralo abaixo quando tomou consciência do local onde uma mão de Ron encontrava-se. Ele percebeu que as coxas dela se entreabriam e sua mão, movendo-se lentamente, teve contato com o ponto mais especial do corpo daquela mulher, sentindo-a suspirando com tão pouco e comprimindo os lábios, abafando um suspiro. Um sorriso pequeno surgiu em sua boca enquanto o incêndio regressava a ser causado em seu intimo. Ela era sua e confiava nele... Para sempre, ela prometera. Dedilhou ternamente àquela parte apreciável, cerrando os olhos igualmente a ela ao notar o efeito que lhe causava fornecer prazer àquela mulher. Mantendo a calma que já lhe falhava, Ron cobriu-lhe o íntimo com ousadia e curiosidade, sentindo outro sorriso se formar em sua boca assim que escutou um gemido, seguido pela pronunciação de seu nome de maneira abafada. "Ron", ela disse depois de uma fração de minutos. "Mais", ela pedia.

Hermione não conseguia compreender nunca como arranjara ousadia o suficiente para pedir algo como aquilo que ele estava lhe dando. Sua consciência a abominava por ser tão fraca e não conseguir resistir aos instintos de seu corpo, porém, a cada menear de dedos, algo que lhe fazia não sentir a falta de controle borbulhava no seu interior. Era como se, pouco a pouco, ela se aproximasse do inalcançável. Seu corpo era dele, reagia por ele e necessitava dele... Ele embargou assim que notou uma das pernas dela cercando-lhe a cintura, anulando qualquer requisito de espaço entre eles. Notou que ela estava tão entregue em seus braços que por um segundo o sorriso que ainda permanecia posto em seus lábios transformara-se de encantado a extasiado. Contudo, quando os dedos dela lhe tocaram o pescoço com ternura e quando ela apoiou a testa em seu ombro, Ron fraquejou, parando de acariciá-la e sentindo os ofegos da mesma percorrendo por seu torso. Assim sendo, com o término do carinho, Hermione sentiu o corpo se curvando, insinuando-se para ele, involuntariamente.

Incontrolável, involuntário, inimaginável, inevitável...

Hermione se perguntou em silêncio se um dia recobraria a sanidade e, pela primeira vez em anos, não soube responder a si mesma. Esqueceu do que pensava, até mesmo como se pensar no instante que os lábios de Ron cercaram o seu pescoço mais uma vez para então traçar um caminho de beijos suaves ao encontro dos seios dela que desciam e subiam conforme a respiração oscilante. Tragou a saliva, endireitou-se como pode no colchão, orientou as mãos em direção a última peça que ele levava no corpo e prendeu um grito entre dentes ao mesmo tempo em que imergia naquele poço de reações... Tudo isso e ele se prolongava com os beijos naquela região sensível para roubar-lhe o ar já insuficiente. O atrito excessivo das unhas de Hermione nas costas dele indubitavelmente deixaria marcas, todavia, eles não precisavam dessas, ou de provas ou de novas promessas: a verdade é que pertenciam um ao outro e aquela certeza era o suficiente.

Com os corações batendo em uníssono, viram-se nus de roupas e medos, deitados na mesma cama e entregando um ao outro em uma bandeja de ouro tudo o que tinham para oferecer... E o que eles possuíam não era pouco.

Ron levou-a até o meio da cama, deixando-a entre os travesseiros na posição mais confortável que poderia ter. Acariciou-a por toda a longitude de suas pernas, recebendo em troca beijos em seu pescoço, mordidas nos lóbulos de suas orelhas, ofegos quentes... E percebeu que se ele precisasse esperar mais um minuto que fosse, estouraria. Seu corpo doía tamanho o desejo de tê-la por completo.

— Hermione...? — seus olhos procuraram-na com pressa e acharam-na prontamente. Quis formular uma pergunta, ver se estava tudo bem, se ela se encontrava pronta...

Contudo, a resposta que veio dela não necessitou de letras ou quaisquer coisa semelhante. Ela lhe sorriu de olhos fechados, tão cândida e rendida aos seus encantos que a emoção transbordou pelo corpo de Ron. Sentiu-se arrepiar ao mesmo em tempo que lhe retribuía o sorriso esplendoroso e se viu arfando quando sentiu a leve pressão que as pernas dela faziam contra a sua intimidade. Pôs-se a reagir, a abarcar-lhe pelos quadris, a juntar as peles e os suores...

— Olhe para mim... — ele sussurrou, deslizando as mãos por toda a extensão do corpo dela para então estender-lhe os braços finos e entrelaçar suas mãos no alto de sua cabeça. — Vamos, deixe-me ver seus olhos. — outra vez ele pediu e refreou os movimentos no instante em que os olhos castanhos se entreabriram, derrubando outro par de grossas lágrimas. Ele, de imediato, assustou-se, perguntando-se se ela passava mal, se... Mas então a resposta chegou como um murmúrio, baixo, profundo.

Eu amo você...

Ele sorriu, sorriu de uma forma que apenas a fez o achar ainda mais belo, não lhe mostrou os dentes, mas sorriu, piscando de forma lenta, respirando de forma profunda, respondendo à Hermione, de forma silenciosa e profunda que também a amava. Ela assentiu com a cabeça, dizendo que estava preparada. Antes mesmo de o sentir invadir seu corpo apertou as mãos que seguravam as suas. Foi lento, tão lento que fez com o corpo inteiro dela começasse a formigar de uma forma descontrolada. Ele a beijou da forma mais tênue existente. Ela enfim fechou os olhos, mantendo o corpo firme, deixando com que o próprio corpo a guiasse e sentindo-o em toda extensão adentrar em seu corpo de forma profunda. Uma palavra para descrever o ato seria sublime. Existiu uma sensação desagradável por parte dela, todavia, percebendo o incomodo de sua esposa, Ron ergueu uma das pernas dela por trás de seu joelho, escorregando ainda mais adentro, sentindo-a estremecer e gemer uma vez mais. Acompanhou-a naqueles sons que denunciavam o prazer da forma que realmente era. Único. O prazer que sentiam quando estavam unidos daquela forma era completamente, irrevogavelmente, único.

Ele não impingiu nenhuma só vez. Apenas permaneceu ali, conectado completamente a ela, com seu corpo completamente dentro do dela, latejando junto ao dela. Permaneceu assim até que ela deixasse de se contrair com tanta força, até o corpo dela se acostumar com o corpo dele como deveria. Suas mãos se apertaram, suas testas se colaram, seus olhos se miraram com grande intensidade... Com grande companheirismo.
Ela respirava de forma ofegante, relaxando cada vez mais, empurrando daquela forma inconsciente o próprio corpo contra o dele e deixando de sentir aquela ardência desagradável que lhe machucava o cerne.

— Você está bem? — ele perguntou com grande preocupação, limpando o suor excessivo do rosto de Hermione, beijando-lhe os olhos, empurrando levemente de forma automática, fazendo-a arfar e o agarrar com mais força. — Fale comigo, está tudo bem? — ele uma vez mais se moveu, fazendo-a gemer e cravar as unhas em seus ombros.

— Eu quero você...

Ele cerrou o maxilar, agarrando o lençol ao seu lado na cama, aprofundando-se com mais destreza naquele pequeno corpo, tentando controlar o incontrolável. Tremia, tremia de forma tão intensa que seu abdômen se contraia constantemente procurando por um ritmo que não causasse dano a ela e que não o matasse aos poucos.

Precisou manter-se firme.

Empossou-se com calmaria exagerada do pouco que ainda não lhe pertencia daquela mulher, tendo-a por inteiro e sendo dela por total. Deixou rastros de beijos perdidos pelo pescoço, cabelo, rosto, fazendo-a abrir os lábios sem nada dizer, mas dizendo muito. Estabeleceu um ritmo intenso, profundo, só deles... E não parou até que o ato chegasse ao seu apogeu. Não parou, até que em uma investida firme e final, levasse-a junto dele para um mar de sensações que certamente fariam com que eles deixassem por alguns instantes de habitar aquele universo.
E nada mais importava.
E nada mais importava porque ele a amava e aquele sentimento era tão intenso que chegava a ser desesperador. Mesmo com seu corpo palpitando, sentou-se na cama, trazendo-a de encontro ao seu corpo, sentando-a em seu colo para abraçá-la com tanta força que temeu que pudesse machucá-la. Aquele sentimento era insano e deveria ser proibido senti-lo com tamanha intensidade. Deveria ser proibido que um homem amasse daquela uma mulher. O choro explodiu em sua garganta, o fazendo soluçar com intensidade, beijando-a por todos os lados com um sentimento que chegava a ser realmente desesperador.

— Eu lhe machuquei?

— De forma alguma. — ela respondeu, abraçando-o com a mesma intensidade, roçando a ponta do nariz repleto de minúsculas gotículas de suor nos fios de cobre e sorrindo por ali.
— Hermione, isso foi... Foi... Algo tipo... Uau! — ele exclamou enquanto sentia um sorriso brotar em seus lábios para responder ao dela. Com os dizeres dele, Hermione levantou a cabeça para fitá-lo nos olhos e aumentou o sorriu antes de dizer:

— Sempre esse tom de surpresa. — comentou, brincalhona, fazendo com que uma gargalhada de Ron irrompesse pelo quarto.

Hermione era mesmo real?

— Eu gosto disso. — ele falou com meiguice, afagando-lhe o rosto e afastando algumas mechas de cabelo que grudavam nas bochechas coradas dela. — De me surpreender com você... — beijou-a na ponta do nariz, fazendo-a dar uma risada macia.

Logo após a risada se desfazer, ela aninhou-se no abraço dele, pousando a cabeça em um dos ombros e sentindo a fraqueza de seu corpo. O nervosismo, a ansiedade e o seu marido haviam lhe tirado as forças... Notando a sonolência de Hermione, ele levantou-se rapidamente para procurar na mala – que notara a existência apenas no momento em que ficou de pé – algo para ela vestir. Trajou rapidamente a roupa intima que se encontrava perdida por um canto qualquer e abaixou-se para então encontrar uma camisola tão delicada quanto confortável. Escutou Hermione sorrindo da cama, enquanto enrolava-se no lençol, e, virando-se, depositou a peça de roupa nas mãos dela.

— Você quer comer alguma coisa? — ele perguntou, com a preocupação a um ponto elevado de forma a ser palpável. Hermione lhe sorriu, levando os braços ao ar para vestir a peça e negando com a cabeça, de forma que os seus cabelos ondulados mais uma vez caíssem por seus ombros.

— Não... — ela chamou-o com os braços, pedindo para que ele deitasse ao seu lado.

Os olhos de Ron permaneceram sobre o rosto de Hermione durante um tempo muito mais do que indeterminado. Fechou os olhos apenas por um breve segundo, para depois voltar os abrir, ali, sentando naquela cama, ao lado de sua mulher. Estendeu a mão para ajeitar a coberta, tirando-a do mínimo risco de pegar algum vento em seu corpo ainda quente. Seus olhos voltaram a se fechar, sua mão cobriu seu rosto, sua respiração tornou-se mais quente e ritmada. Deitou-se porque ela lhe abraçou pelas costas e levou-o junto até os travesseiros. Porém, o sono se encontrava há quilômetros de distância dele. Ron sentia que mãos levemente trêmulas, e o corpo ainda se encontrava mole, letárgico, em um meio transe pela fúria que o prazer e emoções acumuladas durante tanto tempo havia lhe oferecido...

Sentiu um carinho lânguido em suas costas e aquietou-se assustadoramente. A luz das velas enfraquecia a cada piscar de olhos e o quarto estava banhado em uma sensação de ápice, de satisfação. Hermione quase dormia ao seu lado, com o rosto pousado em seu torso, com uma mão em seu peito e a outra em suas costas, ainda lhe acariciando suavemente...

— Eu estou procurando palavras para agradecê-lo por ter me respeitado, mas não as encontro... — ela murmurou, suspirando antes de prosseguir: — Foi maravilhoso... — soltou mais um suspiro e encolheu-se naqueles braços. — Obrigada...

E Ron responderia, diria que não havia o que ela lhe agradecer, mas antes mesmo de poder se pronunciar, notou-a ressonando. Cobriu com mais certidão ambos os corpos com a coberta, achegou-se dela como pode e fechou os olhos... Tento abri-los, mas não conseguiu. Tentou lutar contra o sono, mas também foi em vão. Adormeceu e sua mão deixou de se mover, a Lua deixou de brilhar, o mundo deixou de girar...

Enquanto estivessem adormecidos, enquanto estivessem juntos estava tudo bem, o mundo não precisava existir, a Lua não precisava brilhar, nada mais... Nada mais precisava fazer algum sentido.


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