- Tem certeza que não quer que eu vá com você, Harry? – perguntou Gina.

- Tenho. Não é que eu não queira que você vá, é só que eu acho que eu devo ir sozinho, já que é a primeira vez que eu vou conhecer a casa que eu vivi com os meus pais.

- Ah, então tudo bem. A casa deve ser bem bonita, não acha?

- Acho que sim. – respondeu ele sorrindo.

- Bem, já que você tem certeza que vai sozinho, eu vou lá ajudar minha mãe com a casa, antes que ela comece a gritar que eu não faço nada.

- Certo. O funcionário do Ministério já deve está chegando. – disse ele e deu um beijo longo em Gina.

- Não vai me trocar por nenhuma atirada em Godric’s Hollow não, hein? – falou ela brincando.

- Pode deixar, Ginevra Ciumenta Weasley. – respondeu Harry rindo.

Ela deu mais um beijinho rápido nele, e entrou em casa.

Harry havia respondido a carta dizendo que poderia ser logo no dia seguinte às 2 horas da tarde. O Ministro então, respondeu com outra carta dizendo que iria mandar um funcionário do Ministério à Toca na hora solicitada. E disse também que, já que a casa é de Harry, ele poderia levar os pertences que quisesse.

Harry já ia se sentando na grama quando ouviu um barulho de alguém aparatando logo atrás dele. Ele virou, e deu de cara com uma figura de roupa formal, porém com a expressão amigável.

- Boa tarde, meu nome é Peter. Suponho que você seja Harry Potter, estou certo?

- Está sim. Muito prazer. – disse Harry esticando a mão.

- O prazer é todo meu. –disse Peter apertando a mão de Harry. – Bem, Kingsley me mandou aqui para te acompanhar até a casa dos seus pais. Está pronto? – perguntou esticando o braço pra Harry.

- Estou. – respondeu colocando a mão no braço de Peter.

Eles aparataram, e pararam em frente a uma casa, que não se parecia nada com a que Harry vira da última vez que esteve em Godric’s Hollow.

O mato em torno da casa tinha sido substituído por um jardim, repleto de margaridas, e algumas árvores pequenas. A casa era branca, com as portas e janelas de madeira escura. Ele já ia entrando quando foi interrompido por Peter.

- Eu vou ficar aqui na porta, qualquer coisa é só me chamar, certo?

- Certo, obrigado. – respondeu Harry entrando na casa.

Ele sorriu ao olhar dentro da casa. As paredes eram brancas, enfeitadas com quadros de pinturas vivas e chamativas. Em um canto da sala tinha uma cozinha americana bonita e espaçosa. No outro lado, tinha uma televisão fixa da parede, que com certeza tinha sido idéia da sua mãe, já que era nascida trouxa. Tinham dois lindos sofás vermelhos, para quem fosse assistir, ou apenas se sentar. E, dos lados da TV, tinham duas prateleiras de vidro repleta de fotografias. Harry deixou escapar uma lágrima quando foi olhar as fotos. Todas, exceto uma, tinha ele. Uma no dia em que nasceu, nos braços da sua mãe, do lado dessa seu pai lhe ensinando a dar os primeiros passos. Eles olhou cada uma e, por último, viu a foto que tinha achado no largo Grimmald, só que desta vez completa, sem rasgo algum.

A única que não tinha ele, era dos seus pais sorrindo e se abraçando. Seu pai com vestes formais, e sua mãe com um lindo vestido branco. Eles sorriu com a foto do casamento dos seus pais e a guardou na mochila que havia trazido para colocar os pertences que gostasse.Ele guardou mais duas fotos,e apesar de Kingsley ter lhe dito que poderia levar o que quisesse, ele achou melhor não levar todas, pois a casa ficaria muito vazia sem elas que, na opinião dele, era o que dava realmente vida ao lugar.

No fundo da sala havia uma escada que dava para o andar de cima da casa. Harry subiu a escada e se deparou com um corredor com quatro portas. Uma delas era o banheiro, que foi a primeira que ele abriu. Ele decidiu abrir uma das últimas. Quando ele entrou, sorriu ao ver um quarto azul claro, com um berço, e brinquedos por toda parte.

Ele andou até o berço, e novamente não pôde conter as lágrimas. Aquele tinha sido o lugar onde havia vivido com seus pais, onde tinha sido realmente amado por eles. Em cima do berço tinha um brinquedinho que tinha sido enfeitiçado para ficar flutuando. Harry pegou o brinquedinho e o guardou em sua mochila. Ele começou a andar pelo quarto repleto de brinquedos. Em um canto tinha um baú branco com o fecho azul. Ele sentou-se em frente ao baú e o abriu. Dentro havia todo tipo de brinquedo, desde cavalinhos até disco voadores. Ele foi retirando um por um e, no fim do baú, viu a vassourinha que o pai havia dado a ele. Desta vez ele começou a chorar de verdade. Quando se acalmou, ele olhou pra a vassoura e, não sabia porque, mas tinha uma sensação de que deveria guardá-la, pois iria usá-la ainda para alguma coisa.

Depois de colocar os brinquedos de volta ao baú, Harry saiu do quarto fechando a porta atrás dele.

Ele decidiu entrar no quarto em frente ao seu. O quarto era muito parecido com um escritório de trouxas, era repleto de estantes de livros e uma mesa, parecida com mesa para estudos. Em uma fileira de uma das estantes, ele viu um álbum de fotografias e o pegou. Na frente tinha escrito “Álbum de Casamento de Lílian e Tiago Potter”. Ele abriu o álbum e viu lindas fotos do casamento dos seus pais. Quando acabou de olhar, guardou na sua mochila, e olhou o resto do quarto. Ao lado de uma das estantes tinha um baú, um pouco grande, de madeira. Ele abriu, e só havia uma coisa ali dentro: uma tenda. Ele olhou a tenda e rapidamente tirou o álbum dos seus pais da sua mochila e folheou algumas páginas. Era a tenda que havia sido usada no casamento deles.

Ele queria guardar a tenda em sua mochila, mas sabia que não caberia. Então tentou se lembrar do feitiço de extensão que Hermione havia lhe ensinado. Por mais que tentasse não conseguia se lembrar. Já ia guardando a tenda quando lembrou da quantidade de livros que havia ali naquele quarto. Ele então começou a folheá-los, até que finalmente encontrou. Depois de tentar várias vezes, acabou conseguindo, e guardou a tenda na mochila. Ele já ia saindo do quarto quando notou um quadro enorme, na parede dos fundos. O quadro era uma fotografia dele com seus pais. Por um momento ele quis levar aquele quadro também, mas mudou de idéia. Aquele quadro pertencia àquela casa, como as outras fotos, era meio que uma marca da família dele, que ele não faria bem em tirar. Então, depois de dar mais uma olhada no quadro, saiu e foi até o único que ele não havia entrado ainda. O quarto dos seus pais.

Ele entrou no quarto e deu um sorriso. O quarto dos seus pais era lindo. A cama estava forrada com edredons brancos com detalhes azuis, e dos lados haviam duas cômodas. Em outra parede do quarto, havia livros e fotografias, algumas só de Harry, e outras apenas dos pais.

Harry foi para uma das cômodas e começou a abrir as gavetas. Tinham desde escovas para cabelo até roupas. Quando ele terminou de olhar as gavetas viu que tinha mais uma cômoda bem pequena no canto do quarto. De início ele nem ia abrir, mas mudou de idéia. Ele abriu a primeira gaveta, e viu que só havia uma coisa ali dentro. Uma caixinha de veludo azul marinho. Ele pegou a caixinha e a abriu.

Não pôde deixar de sorrir emocionado com o que viu. Tinha duas alianças de ouro, uma mais simples, que com certeza tinha sido a do seu pai, e outra com um brilhante em cima, que tinha sido a da sua mãe.

Mas, de novo ele não pôde segurar as lágrimas com o que viu. Na parte de dentro das duas alianças tinha escrito, com uma caligrafia fina e elegante, apenas três palavras: Até o fim.