A Marca escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 8
Cemitério (James)


Notas iniciais do capítulo

capítulo novo, reasons why I smile :)



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Londres, Inglaterra:

Acordei sem lembrar de ter dormido. Estava deitado no chão do meu quarto de hotel, com algumas garrafas de cerveja a minha volta. Me virei, sem levantar. Vi dois pés descalços no banheiro da suíte. Peguei uma das garrafas e levantei lentamente, por conta da tontura. Devagar, fui ao banheiro, pronto para atacar o invasor…

–Oi, James! Que bom que você acordou! Eu estou indo agora. - disse o invasor, uma garota loira que não vestia nada além de roupa íntima e uma camisa minha, a invasora me beijou - Tenho que ir agora. - disse, tirando minha camisa, desviei o olhar, numa tentativa de ser no mínimo um pouco educado, mas acabei não resistindo, voltei o olhar a loira a minha frente. Ela estava vestindo uma blusa vermelha, depois, pegou um short jeans pendurado na cabeceira da cama e o vestiu - Ah, e você me deve 50 libras pelas bebidas. - a garota abriu minha carteira e tirou o dinheiro - Não me ligue. Aliás, não me procure. - dizendo isso, ela saiu do meu quarto, sem fechar a porta.

Saí e fiquei a observando até o elevador chegar e ela partir. Um senhor, hopedado no quarto em frente ao meu, abriu a porta de se apartamento e ficou me encarando com uma espécie de raiva no olhar. Raiva e nojo. Uma senhora apareceu atrás dele, me olhando com reprovação.

–Esses jovens de hoje… - disse o velho, voltando para dentro do quarto.

–Tão barulhentos… - disse sua mulher, seguindo-o.

O elevador chegou e a loira partiu. Voltei pro meu quarto.

–O que aconteceu aqui…?

Eu estava confuso… Eu tinha deixado uma garota pagar as bebidas? Como eu pude ser tão besta. Dei mais uma observada no quarto. Aparentemente, eu havia perdido a melhor noite da minha vida. Finalmente soltei a garrafa de cerveja que ainda segurava e a chutei.

–Merda de álcool… - resmunguei.

Tomei um banho e desci para uma caminhada.

Andei sem rumo pelas ruas de Londres, quando dei por mim, estava em um cemitério, em frente a uma lápide.

Aqui Jaz – o nome do falecido estava apagado.

Olhei em volta, nos fundos do cemitério, havia uma floresta. Senti uma corrente de ar fria passar por mim. A marca começou a arder, muito mais do que no dia em que apareceu. Fiquei tonto, minha visão escureceu.

Estava escuro e embaçado. Uma jovem de cabelos vermelhos corria, desesperada. Estava chovendo. A garota entrou num beco. Dois olhos vermelhos a encararam, ferozes. Senti o sangue parar de correr pelas minhas veias, meu corpo gelar. Então tudo escureceu de vez, como se nunca fosse voltar.

–Ahn… Por que tem um morto fora do túmulo? - ouvi alguém dizer.

–Eu te falei, menina! Te falei que não era uma boa vir no cemitério a essa hora! Aposto que ele tava andando por aí! É um zumbi, Lisa! Zum-bi! - uma outra voz, essa masculina.

Abri os olhos.

–Zumbi? Onde? - minha voz estava muito rouca. As duas crianças na minha frente gritaram e correram. Fugindo de mim.

De pé, percebi que já era noite. Olhei no meu relógio. era 9 da noite. Há exatamente 12 horas antes eu havia entrado no cemitério. Olhei novamente para a floresta e então para o chão. Balancei a cabeça. Olhei para a lápide sem o nome do defunto. E ri. Ri daquilo tudo. Eu havia desmaiado e assustado criancinhas, fazendo-as pensar que eu era um zumbi. Mas, no fundo, eu sabia que a risada não era porque achei engraçado, era de nervoso. Voltei para o hotel e fui para o restaurante. Jantei como um animal que acabou de sair da hibernação.

Acabando de jantar, fui pegar o elevador para voltar pro meu quarto. Depois de 12 horas desmaiado, eu não iria dormir, mas talvez valesse a pena trocar de roupa pra ir curtir um pouco, ou talvez pesquisar sobre a marca.

Entrei no elevador de cabeça baixa, quando a porta se fechou, alguém riu e disse:

–Dessa vez você vai me ouvir. - levantei o olhar, era a incompetente que tinha esbarrado em mim no dia anterior.

Ri.

–O que você quer, incompetente?

Ela revirou os olhos.

–O que você sabe sobre a marca.

Fiquei tenso.

–Que marca?

–A do seu pescoço.

–É uma tatuagem. - ela me encarou de maneira intimadadora, comecei a me sentir desconfortável - Por que você se importa?

Ela tirou sua munhequeira branca com o desenho de uma estrela e me mostrou, em seu pulso, uma marca igual a minha.

–Você…

–Tenho a marca. É.

Suspirei.

–Infelizmente, não sei muito.

–Estamos quites.

–Sério mesmo? Então… Pra que eram aqueles livros?

–Ah, pra pesquisar sobre a marca.

–Não obteve sucesso, pelo visto…

–Não consegui sair da primeira página do primeiro livro, só comecei a ler os livros de noite, pois dormi quando voltei da rua aquela hora que esbarrei com você, mas foi um erro deixar pra ler de noite…

–Por quê?

–Parece que meu vizinho de cima tirou a noite pra se divertir, mas ele e a garota eram muito barulhentos… Eu não conseguia pensar. Era de certa forma… Desconfortável. Me admira que você não tenha ouvido.

–Ah… - desviei o olhar. Considerando as minhas condições daquela manhã, tal vizinho provavelmente era eu.

–Espera um pouco… era… Era você?!

–Quê?! Não! Claro que não! - ela começou a rir histericamente - Qual a graça?

–Nada, cowboy.

–Cowboy…?

Ela riu mais ainda.

–Palavras dela.

–Dela quem? - pensei um pouco - Ah… Sério mesmo? Cowboy?

–Cara, você tava bêbado ou coisa do tipo? Como você não lembra?

–Bêbado.

–Ah… - ela riu um pouco mais. O elevador parou no andar dela.

–Com licença, vou tentar ter algum progresso na pesquisa…

–Espera!

–Que foi?

–Posso… Tentar ajudar?

Ela pensou um pouco.

–Claro.

Saí de elevador e a segui até seu quarto.

–Afinal, qual seu nome, cowboy?

–Não me chama de cowboy. James Stevens.

–Prazer, Rebeca Cortez.

Só podia ser sacanagem. Mais uma mexicana na minha vida? Já não basta o Miguel?

–Mexicana? - perguntei, me sentindo o maior otário do mundo. Porque estava óbvio, pelo sobrenome, que ela era mexicana.

–Não, brasileira.

Ok, eu sou o maior otário do mundo.

Entramos em sua suíte.

Era o céu de tão arrumada comparada a minha. Senti vergonha e nojo de mim mesmo, estava me sentindo o Miguel.

–Nossa…

–O quê?

–É tão… Limpo.

–Novidade pra você? Quero dizer, limpeza. Sei como é, tenho um amigo que vive com o quarto bagunçado. - ela olhou pra mim. - Lucas também tem olhos azul esverdeados. - disse.

–Verde azulados. - corrigi.

–Qual a grande diferença? - perguntei.

–Não sei. Mas tem diferença.

Ela revirou os olhos. Vi um caderno aberto em cima da sua cama. Li o que estava escrito na página aberta.

No momento que o jato de água gelada do chuveiro caiu diretamente em cima da marca, a região doeu miseravelmente, gritei. Minha visão escureceu. Tive uma espécie de visão.

Estava escuro e embaçado. Havia uma jovem ruiva correndo, desesperada. Chovia. A jovem entrou num beco, dois olhos vermelhos a encararam, ferozes.

Então eu acordei. Não entendi bem o que aquilo significava.”

Eu também vi. - falei.

–O quê?

–A ruiva. Os olhos vermelhos. Eu vi. Hoje mais cedo, eu estava andando por aí e fui parar num cemitério. Olhei para os fundos do cemitério, senti um calafrio, desmaiei e vi.

Ela me olhou assustada. Nós dois tocamos nossas marcas, pelos seus olhos vi que ela sentia o mesmo que eu naquele momento.

Medo. Do que quer que fosse.



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Notas finais do capítulo

e aí? o que acharam?mandem reviews com sua opinião ^-^
Comunicado:Talvez hoje a noite/amanhã de madrugada eu poste o próximo capítulo, mas, provavelmente, o capítulo depois do próximo só sai sábado ou domingo que vem, pois minha semana inteira está comprometida. Se der eu venho aqui postar capítulo novo.Beijos.Att. Raquel/SweetNightmares