A Marca escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 14
Ilusão (Rebeca)


Notas iniciais do capítulo

hey!



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–Não, eu tô bem. – falei.

–Sério mesmo?

–Sério, Lucas!

–Você não me ligou ontem nem antes de ontem! – brigou.

–Desculpa, esqueci!

–Mas porra, você tinha prometido!

–Foi mal!

Ele respirou fundo.

–Você tá bem mesmo?

–Tô.

–Ótimo... – ele hesitou.

–Lucas, o que você tá escondendo?

–Bem...

–Lucas. Fala.

–Certo... Eu fiz terminei aquele trabalho em grupo e...

–E...?

–Consegui um 10.

–Quê!?

–Um 10. Eu. Pra nós!

Dei um gritinho de empolgação, fiquei meio receosa em deixar o trabalho para Lucas terminar, pois ele era bem experiente em tirar notas abaixo da média. E, pra mim, abaixo de nove já seria motivo de recuperação. Percebi que meu celular tava descarregando.

–Tenho que ir Lucas, tchau.

–Tchau.

–Te amo.

–Te amo mais.

–Mentira, eu te amo mais e pronto! – falei.

–Tá, você ama mais.

Rimos.

–Tchau. – despedi-me.

–Tchau, não morre.

Ri e desliguei.

–Seu namoradinho? – perguntou James.

–Não. – neguei – É meu melhor amigo.

–Ah, eu sempre quis um namorado que se preocupasse comigo! Você tem tanta sorte! – disse Marie.

–Não, ele é meu melhor amigo!

–Ui, a nerdzinha tem namoradinho! – falou James.

–Não tenho! É meu melhor amigo.

–Tá namorando, tá namorando! – eles começaram a gritar batendo palmas.

–Vocês fazem complô contra mim, cara! Sério. Só pode ser!

Eles riram.

–Desculpa, vocês podem me mostrar onde está a graça? Ainda não achei.

Eles riram mais ainda.

A idiotice deles me admirava. Cruzei os braços e encostei a cabeça no vidro do carro.

Estávamos num táxi. Decidimos tirar o dia para um passeio em Londres. Depois de quase ser explodido, é realmente necessário descançar...

Pelo menos eram meus planos até Lucas me ligar surtando e fazer com que Marie e James ficassem me zoando.

Saí do carro desesperada, estávamos em frente ao Olho de Londres. Era simplesmente lindo. Sempre gostei de rodas-gigantes. Sempre achei que elas tinham certo ar de romance... Corri para a fila enquanto James pagava. Marie foi atrás de mim.

–Você é muito safadinha para uma nerd. – disse Marie.

Respirei fundo.

–Não sou nerd. Só sou dedicada aos estudos. – corrigi.

–Tanto faz.

–Mas porque eu sou muito “safadinha”?

–Ué, noite retrasada você ficou com o James, mas você tem um namo...

Eu não fiquei com James! – gritei. – E Lucas não é meu namorado!

–Aham, claro.

Revirei os olhos e dei-lhe as costas, ela riu.

James se aproximou.

–Vai com seu amante e eu arranjo alguém pra ir comigo. – disse Marie, rindo.

–Ele não é meu amante. Ele é podre. – falei.

–Antes eu era galinha e cafajeste, agora sou podre?

–É um galinha cafajeste podre e fedidão. – resumi.

–Fedidão?

–Ele não fede. – disse a francesa – Ele tem cheirinho de perfume masculino... – ela respirou fundo e fechou os olhos – Meu ex-namorado usava esse perfume...

–E o que houve com ele? – perguntou James.

–Caiu de uma montanha-russa.

–Sério?! – exclamou o cafajeste.

–Não. – ela riu – Na verdade ele me traiu... No nosso aniversário de namoro. Aí eu terminei com ele.

–Que James! – disse.

–Hein? Como assim? – perguntou ele.

–Quis dizer que ele é galinha cafajeste, podre e fedidão. – expliquei.

–Por que fedidão?!

–Porque eu acho legal dizer fedidão. – falei.

Estava quase na nossa vez quando um garoto ruivo se aproximou de nós. Ele era fofo. Seus olhos eram castanho-avermelhados, sua pele, clara. Ele vestia uma calça jeans preta e uma camisa azul, onde se podia ler “Video games ruined my life. Good thing I have two extra lifes” (Videogames arruinaram minha vida. Ainda bem que ainda tenho duas vidas extras). Calçava All Stars, seu olhar passou por nós três e parou em mim, sorrindo.

–Oi. – ele disse.

Não respondi. Abaixei o olhar, tímida. Era difícil pra mim falar com estranhos... Talvez Marie e James tenham sido uma estranha exceção.

–Oi! – respondeu James – E tchau, é nossa vez, Rebeca. – James segurou meu braço para me puxar, mas Marie bateu nele.

Nossa vez. – disse, de maneira que ficou claro que eles iriam sem mim.

Um silêncio constrangedor dominou o momento.

–Bem... Parece que agora você está desacompanhada. – ele sorriu.

–É. – minha voz saiu entre cortada. Eu era uma bosta no quesito falar com garotos. Exceto por Lucas... E James, mas só por causa do esbarro e da marca.

Ele segurou minha mão e eu fiquei tipo “Que porra é essa?”

O cara e acompanhou até a roda-gigante, sentamos em uma das “cabines” e voltamos ao silêncio constrangedor.

–Me chamo Thomas. – apresentou-se, tentando puxar assunto.

–Legal.

Mais silêncio, ele respirou fundo.

–Você é muito linda. – falou. Me engasguei com minha saliva e comecei a tossir loucamente.

Quando finalmente me recompus, perguntei com a voz mais linda estranha que poderia ter perguntado:

–Eu sou o quê? – minha voz saiu tão fina que doeu minha garganta.

Ele arregalou os olhos como se tivesse acabado de perceber o que disse.

–Eu... Eu só tava tentando te fazer falar... Ahn... – ele abaixou o olhar – Desculpa. Eu devia ter ficado na minha. Mas de longe, vi você com seus amigos e te achei tão... Encantadora. – disse. Abaixei a cabeça, escondendo o rosto com meus cabelos negros e lisos, que iam até a altura do ombro, para esconder que ruborizei com suas palavras. Tirei o óculos e o limpei na camisa, para não precisar encará-lo.

–Bem... – de repente o Olho de Londres parou. Eu e Thomas estávamos bem no topo disso. Olhei para baixo, foi quando me lembrei.

Eu tinha medo de altura.

Estava tão animada pra andar numa roda-gigante que esqueci o meu medo de altura. Cravei as unhas no braço do garoto ao meu lado. Então aconteceu de novo.

Os olhos vermelhos a encaravam ferozmente.

–Você não devia ter deixado isso acontecer... – disse uma voz sombria.

–Não controlo esse tipo de coisa! – respondeu a ruiva, aflita.

–Então não deveria ter nos escondido isso. – o dono dos olhos vermelhos sorriu, mostrando seus dentes brancos. Não era um sorriso de um vampiro, mas ainda assim, era assustador.

–P-por favor... – a ruiva estava chorando.

–Tarde demais.

Voltei à mim. Dessa vez eu não havia desmaiado.

Minha marca ardia incontrolavelmente. O garoto ruivo ao meu lado agora tinha os cabelos pretos e olhos vermelhos. Sua pele era um pouco mais clara, mais pálida. Não vestia as mesmas roupas. Suas vestes foram substituídas por uma calça de moletom e uma camisa branca, larga. Sua aparência de um adolescente de 16 tornou-se a de um jovem na faixa dos 20 anos. Em sua clavícula havia a mesma marca que eu, Marie e James possuíamos.

–Você tem a marca... – minha fala saiu quase muda.

–Me entregue o caderno e tudo fica bem. – ele disse de forma ameaçadora. A cabine em que estávamos balançou.

–O quê?...

–O caderno de Pablo. Me entregue agora. – ele manteve o tom de voz normal, mas a ameaça era evidente. A cabine balançou de novo.

–Não. – neguei. Eu sabia... Senti que estava sendo estúpida. Mas não poderia entregar nossa única chance de saber o que somos para um cara qualquer! Um cara qualquer que provavelmente capaz de me matar com o dedo mindinho, mas isso é detalhe.

–Não seja idiota, garota. Eu tenho ordens e necessidade de te matar. Mas estou lhe dando uma chance. Me dê o caderno e você sobrevive. – a cabine balançou de novo.

Olhei pelo vidro da cabine. Vou morrer, pensei. Tirei o cinto de segurança e, discretamente, coloquei meu dedo sobre um botão capaz de abrir o vidro.

–Não. – neguei novamente.

–Você foi avisada.

Então a cabine se soltou. Estava indo em direção ao chão, para um impacto mortal, mas abri o vidro e pulei. Fechei os olhos, sabendo que, provavelmente, o destino que me aguardava era a morte.

Caí na água e logo nadei para a superfície. Vi a cabine em que eu estava de volta no lugar de antes. No topo da roda-gigante. Um guarda veio na minha direção.

–O que houve? – perguntou.

–A... a cabine. Ela... – eu não sabia explicar o que tinha acontecido.

O guarda me tirou da água e me entregou algo para me secar.Esperei alguns minutos até Marie e James saírem da roda-gigante conversando, tendo sua animação substituída por preocupação ao me verem com um policial.

–Não, eu estou bem, obrigada. – falei, finalmente convencendo o policial, que se afastou.

–O que houve? – perguntou a francesa.

–Dizem eles que eu tentei me suicidar. – respondi, olhando para o Olho de Londres. Thomas não saiu da roda-gigante – Cadê ele?

–Ele quem?

–Thomas. O ruivo que foi falar comigo na fila. – respondi.

–Quem?! – James continuou me encarando estupidamente.

–Ui, mais um! Eu falei que era safadinha! – disse Marie.

Ignorei eles. Estava confusa. O que tinha acabado de acontecer? Como eles não lembravam do garoto? Como a cabine, que ia de encontro com o chão, voltou para o topo da roda-gigante como se nada acontecesse?



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Notas finais do capítulo

Hay!!!!!!ENTÃO... Ontem (05/08) foi meu aniversário ^-^ fiz 14 anos, sabe? se alguém quiser vir falar comigo...mandem reviews please!