A Marca escrita por Sweet Nightmares


Capítulo 12
Morte (James)


Notas iniciais do capítulo

oi!aproveitem! ^^



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Acordei sozinho. Era uma sensação diferente...

Eu tinha apostado todas as minhas fichas que a Rebeca não resistiria ao meu charme... É, mas, pelo visto, ela não tá afim de mim ou...

–Eu não sou lésbica! – ela gritou e bateu a porta na minha cara.

–Então por que você não...? – perguntei pra porta. Ela abriu e respondeu:

–Porque não, porque você não faz meu tipo, você é galinha, cafajeste e...

–Tá, já humilhou demais. Ah, a gente tem que encontrar o velho daqui à... Vinte e nove minutos.

–Ah... Sobre isso...

–O quê?

–Eu não vou.

–Como assim não vai? – Marie disse vindo pelo corredor.

–Eu... Eu tô passando mal. – ela não estava com cara de quem passava mal.

–Fala a verdade. – falei.

–Tá, é que ouvi o Pablo falando com alguém no telefone, e pela conversa, ele iria “eliminar” a gente. – ela fez aspas no ar.

–É verdade? – Marie perguntou e ela assentiu.

–E agora? – indaguei.

–Eliminando ou não, ele sabe de mais coisas que nós, precisamos ir até lá, somos três, ele é um. – disse por fim Marie.

–É, mas e se ele não estiver sozinho? – Rebeca retrucou.

–Aí a gente se fode. – concluí. Mesmo com a minha brilhante conclusão, resolvemos ir.

Estávamos saindo do hotel quando percebi que Rebeca ainda parecia meio tensa.

–Calma, nerdzinha, eu tô aqui pra te proteger. – ela me olhou com os olhos cerrados.

–Cala a boca, cowboy, se eu depender de você, eu vou morrer, porque você vai ficar dormindo.

–Mas, talvez, nerdzinha, você não tenha me convencido ainda com aquele papo de ajuda.

–Hã? – Marie estava confusa. – Espera... Não. Mentira! Vocês ficaram ontem? – ela perguntou.

–Hã? Não! – Rebeca contestou. – Não, de jeito nenhum!

–Na verdade... – comecei, mas levei um soco fraco no braço. Olhei pro lado e vi Rebeca segurando a mão dolorida com a qual tinha me “socado”.

–Seu idiota! – reclamou. Eu ri.

–Ele ia falar alguma coisa e você o socou... – Marie disse pensativa – Suspeito...

Rebeca saiu enfurecida do hotel e a seguimos. Fomos até o endereço que constava no bilhete. Chegando ao nosso destino, batemos na porta.

–Entrem. – disse Pablo.

O local era confortável. Não muito grande, não muito pequeno. O piso e os móveis eram de madeira cor de mogno e as paredes eram brancas. Com apenas um cômodo - além do banheiro -, mas um cômodo espaçoso. Havia um sofá vermelho de frente para a lareira. No fundo do apartamento, havia uma janela e na frente da mesma, uma mesa, com um notebook fechado, um porta-lápis e outras coisas de escritório. Havia também algumas estantes repletas de livros e uns vasos de plantas enfeitando o local.

–Sentem-se, por favor. – disse ele – Vão querer beber alguma coisa?

–Ah, eu aceito um... – comecei a dizer, mas recebi um olhar repreensivo de Rebeca e Marie – Nada. Não quero nada, obrigado. Comi muito no café da manhã.

–Certo...

Fez-se um silêncio.

–Você nos deve explicações, lembra? Por isso estamos aqui. – disse Rebecca, cruzando os braços.

–Ok... – Pablo respirou fundo - Há muito tempo atrás, uma jovem mulher estava grávida de seu marido, um soldado que acabou por morrer na guerra. A criança nasceu e a jovem conheceu outro cara, pelo qual se apaixonou e com quem se casou. Depois de um ano, o homem começou a beber e tornou-se agressivo, assim batendo na mulher. Preocupada com sua criança, com medo que o homem pudesse machucá-la, a moça colocou a criança em um cesto, largando-o num rio e esperando que ele fosse algum dia encontrado por alguém...

Sua sorte foi que a criança foi encontrada por uma índia de uma tribo que morava às margens daquele rio. Ela cuidou dele como se fosse seu próprio e o ensinou os costumes da tribo, rituais e sua linguagem. Certa vez, ele resolveu registrar tais rituais em um livro, na linguagem do povo, claro. Havia um ritual em especial, criado após uma guerra que matou muitos da tribo. Tal ritual foi desenvolvido para tornar algum dos indígenas o mais forte de todos, invencível, garantindo a sobrevivência da tribo. Porém...

A próxima coisa que eu ouvi foi o barulho de vidro quebrando e a respiração de Pablo de maneira sufocada. Ele havia levado um tiro.

Pablo levou as mãos até a barriga, tocando a área atingida. Depois afastou as mãos e as fitou por uns instantes. Estavam cobertas de sangue. Marie correu até ele, deitando-o levemente no chão.

–Pablo, fique comigo. Não feche seus olhos. Fique conosco, por favor... – disse Marie, entre lágrimas. Sentei-me a seu lado.

–Achem o livro. – ele disse com a voz sufocada – Marie... – ele colocou a mão suja de sangue na bochecha dela - ... Te amo, filha... – depois de dizer isso, seus olhos se fecharam, ele estava morto.

Mais um barulho de vidro quebrando seguido pelo de um vaso de planta quebrando. Outro tiro.

–Marie, James! Rápido! – chamou-nos Rebeca.

Jogaram mais alguma coisa na casa. Algo que apitava.

–Caralho! Eles jogaram uma bomba! – gritei.

–Rápido! – gritaram elas, me puxando pelo braço.

Tivemos sorte por ter tido tempo de nos afastar da casa o suficiente para não sermos atingidos pela explosão. Observamos de longe o fogo se estender pelo local.

Marie me abraçou e chorou em meu ombro.

–Ele era meu pai... – disse entre soluços – Meu pai! Meu verdadeiro pai!

Olhei ao redor de onde estávamos. Nada. Não havia nada lá. Apenas a pequena casinha de Pablo que mais parecia um escritório e o carro do mesmo, também numa distância segura da explosão.

–James, você dirige? – perguntou a mexicana.

–Sim.

–Ótimo. Convenientemente, as chaves do carro de Pablo estão dentro do carro, que está aberto. – ela suspirou – Algo me diz que ele já sabia que seria necessário para nós fugir.

Entramos no carro e saímos de lá, indo diretamente para o hotel.



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Notas finais do capítulo

e aí? reviews?tchau.