Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 20
(II) De repente é amor


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Sei que faz um bom tempo que não posto e sequer avisei, mas é que aconteceram alguns problemas pessoais e que me fizeram perder a inspiração e a vontade de escrever. Mas aqui estou eu de volta.



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Isabella Swan POV

Quase uma semana se passou depois daquela conversa que tive com Edward. Confesso que isso estava me afetando: eu mal saía de casa, a minha concentração para os estudos só piorava e eu não queria receber ninguém em minha casa. Quase. Alice e Jasper sempre apareciam para falar comigo e tentavam me convencer a sair.

-Izzy – disse Alice usando o apelido que Emmett usava – Sei que é bom curtir a fossa comendo Guylian[1] e ouvindo Adele, mas ficar dias assim não é bom para você. Precisa sair.

Estávamos na varanda da minha casa, tomando o chá das cinco; a única vez que tive vontade de sair de casa.

-Como é que vou sair sabendo que vou encontrar Edward em qualquer lugar? – reclamei – Eu não quero vê-lo.

-É só não frequentar os mesmos lugares que ele frequenta. Além disso, neste sábado tem a festa de Felicity Evans, aquela adolescente que tem mil e uma qualidades.

-Mil e uma qualidades? – perguntei, passando geleia de amora na torrada.

-É, ela é boa em hipismo, nado sincronizado, arco e flecha e outros esportes, fala sete idiomas com fluência, notas altas no colégio... Tem apenas quinze anos! – dizia, enumerando nos dedos – E ela nos convidou para a festa de aniversário dela! Acredita que ela pediu para os pais chamarem uma boy band da Irlanda apenas para se apresentarem na festa!

-Os pais dessa garota devem ser podres de ricos!

-É claro que são! São ricos, são nobres também. Esqueceu-se que você falou com eles em uma festa que a Rainha promoveu?

-É tanta gente para lembrar o nome... Mas nós podemos ir a essa festa fazer uma social. Senão daqui a pouco, a imprensa inventa que morri ou que estou internada em uma clínica de reabilitação, o que é bem pior!

-Nossa como você é exagerada!

-Mas é sério! Não se lembra do dia de lançamento da Serenity? Quase inventaram que eu entrei em coma alcoólico por ter bebido!

-É verdade... Uma festa neste final de semana significa compras e mais compras!

-Fala sério, Allie! Tenho inúmeros vestidos que você fez para mim e sequer usei. Um deles terá de servir.

-Tudo bem...

No sábado, estava aparando as pontas do cabelo, para depois fazer cachos neles no salão quando senti o meu celular vibrando na bolsa. Peguei o meu iPhone decorado com o case do porco do Angry Birds e vi um torpedo de Emmett:

“Você vai para a festa da Evans hoje? Estou sendo intimado por Georgina a ir!”

Ri por conta da mensagem e respondi:

“Pobre garoto! Eu prometo que te faço companhia nessa festa... J

Alguns minutos depois, Emmett retornava com a seguinte mensagem:

“Valeu o dia! Nós nos encontramos lá! Alice e Jasper também vão?”

Ele não sabia?

“Eles vão sim! Não está sabendo?”

Nem precisei esperar tanto; Emmett logo me respondeu:

“Não, não sabia. Aliás, sabia. Mas eu queria ter a certeza. Ao que parece, Rosalie também foi convidada”.

Era só o que me faltava! Ter de ser gentil com ela? Ainda mais no estado em que eu me encontro? Não mesmo!

“Tudo bem. Nós nos vemos lá.”

[...]

-Não entendo o motivo para tanto drama, Bella. – disse Alice, enquanto íamos para a casa dos Evans – Rosalie nem deve ficar tanto tempo conversando conosco.

-Ainda assim...

-Acredito que você deveria esquecer isso por um momento, pelo menos. – afirmou Jasper - Não é bom deixar de aproveitar momentos alegres com os amigos para ficar remoendo coisas que aconteceram. Sei que ainda tem raiva de Rosalie, mas não pode deixar de se divertir por causa dela. Mas esse sou eu, e posso estar errado. Ou não. A cabeça é sua. Faça o que achar melhor.

-É um belo conselho, Jasper. – eu falei, sorrindo.

-Não foi nada.

 Nós chegamos à casa dos Evans um pouco depois. Assim que entramos na residência, já havia pessoas do lado de fora conversando e dançando. Um mordomo nos guiou do hall de entrada até o salão de festas dos Evans. Alice, Jasper e eu adentramos no salão juntos e quando nos viram, muitos deles pararam de fazer o que estavam fazendo para nos cumprimentar.

-Credo! Isso parece a entrada da protagonista naqueles filmes americanos para adolescentes! – comentei.

-Percebeu isso também? – perguntou Alice, rindo.

-Achei que fosse apenas eu a me sentir estranho. – comentou Jasper.

Alice e eu ríamos discretamente enquanto Jasper nos mandava parar. Estávamos indo falar com a anfitriã da festa e os pais dela, mas antes de falarmos com os Evans, algo me chamou a atenção.

Pude ver Edward conversando e rindo com as irmãs. Não podia acreditar nisso! Era coincidência demais! Meu olhar se encontrou com o dele e quase me vi hipnotizada por aqueles olhos novamente. Edward me encarava como se quisesse me devorar ali mesmo.

-O que foi? – perguntou Alice.

-Edward está aqui.

-Nossa!

-Quem está aqui? – perguntou Jasper.

-Edward. – respondi.

-Ele está te perseguindo ou algo do tipo?

-Não, nem penso assim... Deve ser coincidência demais.

Virei o rosto para encarar Edward, que encaminhava as irmãs para outro lugar.

-Boa noite, senhoritas Alice e Isabella! – dizia a aniversariante – Boa noite, senhor Jasper! Sejam bem-vindos a minha festa!

-Olha, que linda! – comentei – Obrigada, senhorita Felicity! Desejo-te os meus sinceros parabéns! Boa noite, senhor e senhora Evans!

Alice, Jasper e eu passamos um bom tempo conversando com os donos da residência. Logo depois, resolvemos andar pela festa e encontramos Emmett.

-Vocês demoraram! Achei que não viessem! – reclamou, abraçando Alice e dando um beijo na minha bochecha – Olá, Jasper! – cumprimentou-o.

-O pobre garoto ficou triste por que pensou que ficaria sozinho na festa. – brinquei, apertando a bochecha de Emmett.

-Isso é sério, Emmett? – perguntou Jasper, rindo.

-Claro que não! – respondeu – É invenção da Izzy!

-Aham... Sei... Não fui eu quem mandou mensagens para mim mesma hoje à tarde.

-Sinal de que você tem distúrbios de múltiplas personalidades e fica mandando SMS para as outras personalidades! – afirmou – Izzy 1 manda para a Izzy  2: Oie! ;)!

Alice e Jasper começaram a rir.

-Tão engraçadinho...  – debochei.

Emmett continuava a brincar comigo, fazendo Alice e Jasper rirem.

-Oi, gente! – Rosalie apareceu de repente.

Nós nos assustamos ao vê-la. Emmett, que estava próximo a mim, continuou do meu lado, mas parecia não ter gostado de ter visto a loira.

-Olá, Rosalie! – cumprimentei-a – Como está?

-Eu vou bem, obrigada. Olá, Alice! Olá, Jasper! Como estão?

-Oi, Rosie! – falou Alice, sorrindo – Estamos bem. Obrigada por perguntar.

Jasper e Emmett cumprimentaram Rosalie e logo depois, ela passou a nos encarar, espantada com a situação: viu Emmett pegando no meu ombro. O que foi agora, Rose? Está com ciúmes do pé-rapado que você odiava falar?, pensei, enquanto ela olhava para nós.

-Eu vou indo... – disse, simplesmente.

-Acredito que alguém ficou enciumado. – comentou Alice – O que pensa disso, Emmett?

-Não acho que tenho de pensar sobre o que aconteceu. – respondeu – Além do mais, Alice, você não tem motivos para tocar em assuntos como este. Eu vou atrás de algo para beber.

Emmett saiu andando por entre as pessoas, chegando a esbarrar em algumas delas.

-Mas Emmett... – pediu Alice – Não foi por mal.

-Calma, Alice! – falei – Eu vou falar com ele...

Saí procurando Emmett por todos os lugares da propriedade dos Evans, mas onde ele teria se metido? Continuei a procurá-lo pelos jardins quando me esbarrei em alguém, que quase sujou os meus Louboutin com vinho.

-Você não olha por onde anda? – gritei, olhando para os meus sapatos impecáveis – Quer jogar cinco mil libras no lixo?

-Perdoe-me, mas eu não vi você!

-É só olhar para frente, seu retardado! – quando vi quem era – Ah, tinha de ser você mesmo. O que faz aqui, Edward? – perguntei, já irritada.

-Acredito que o mesmo que você, senhorita Swan. – respondeu com escarninho.

-Não, não o mesmo. O que quero saber é por que você está aqui nessa festa?

-Bom, não é apenas você que é conhecida da Evans e foi convidada. Minhas irmãs são as melhores amigas dela.

-Não entendo o motivo de Felicity Evans convidar a gentalha para vir à festa dela. Pessoas falsas e mentirosas deveriam ser escorraçadas daqui.

-E pessoas que interpretam as coisas errado, que têm a mente limitada para entender certas coisas também.

Estava odiando a maneira como ele falava.

-Não é a questão de interpretar errado, meu querido. É como já dizia aquele ditado latino: “Contra fatos, não há argumentos”.

-Se você acredita nisso...

-Melhor que acreditar em testemunhos de enganadores. – cortei-o, dando um sorriso sardônico.

Edward me encarava, furioso.

-Mas o que faz aqui? Está me perseguindo, é? Ou você não tem mais o que fazer?

-Não. Estou procurando as minhas irmãs que sumiram pela festa. Não posso deixá-las sozinhas.

Até acreditaria que ele viesse mesmo a me perseguir. Aquela coisa típica de dramalhões mexicanos... Quebrei a cara!

-Então vou deixar você com o seu mais novo trabalho de babá de adolescente. Com licença!

-Isabella, por favor, espera...

-O que é?

-Queria poder conversar contigo...

-Já está conversando.

-Não, Isabella, eu queria conversar sobre nós. Há muita coisa que...

-Já conversamos sobre isso e deixou esta situação bem pior. Se me dá licença...

-Isabella... – disse, agarrando-me pelo braço.

-Não temos mais nada para falar... Agora, solte o meu braço.

Edward me encarava, o rosto tão próximo ao meu... Confesso que não queria que ele me soltasse.

-Por favor, me solte. – falei, a voz quase falhando.

-Tudo bem... – disse, soltando o meu braço.

Afastei-me de Edward, tremendo e com o coração aos pulos. Senti-lo tão perto assim, ainda me deixava balançada...

Voltei a procurar por Emmett pela casa e o encontrei bebendo no bar.

-Até que enfim te encontrei! – disse, juntando-me a ele – Emmett presta atenção! A Alice não quis falar por mal. Ela só estava brincando...

-Eu sei, mas... – disse ele, dando um gole na bebida que estava bebendo.

-Mas o que?

-Não gostei de ter visto Rosalie. É ridículo, é patético! Eu ainda fico abalado quando fico perto dela. Quando Alice perguntou aquilo, eu respondi daquela maneira por que estava me sentindo mal com a situação.

-Entendo...

-Não queria te falar essas coisas...  Sinto-me péssimo falando sobre Rosalie.

-Tudo bem... É assim mesmo. Acabei de trombar com Edward no jardim.

-Como assim?

-Ah, esquece. Não temos razões para falarmos deles. Deveríamos ir atrás de Alice e Jasper e aproveitar o resto da festa.

-Tem razão! – disse Emmett, levantando-se do bar – Vamos atrás deles. Eu peço desculpas a Alix.

-Tudo bem...

Mandei uma mensagem de texto para Alice, perguntando onde ela estava. Ela me respondeu, dizendo que estava do lado de fora, nos jardins, vendo a apresentação da boy band, perto do palco. Quando chegamos à frente do palco montado para a banda, vi Alice se acabando de dançar com um copo de bebida na mão e tentando convencer Jasper a dançar também.

-Emmett! Isabella! – disse, quando nos viu – Até que enfim nos vimos de novo!

Percebi que ela estava um pouco alta por causa da bebida e nos abraçou.

-Emmett, me desculpa por ter falado aquilo. –disse, fazendo cara de choro – Não foi a minha intenção!

-Allie, está tudo bem! Eu não fiquei chateado.

-Oba! – disse, abraçando-o – Vamos nos divertir!

Alice puxou Emmett para dançar e olhei para Jasper, que disse:

-Não me pergunte como ela ficou assim em pouco tempo. Quando percebi, ela já estava assim!

Jasper e eu observamos Alice dançar com Emmett, que apenas ria. Aproveitei que os garotos do The Wanted cantavam uma música mais dançante para dançar com Jasper.

-Hey, me deixa dançar com o Jasper! – reclamou Alice, que bebia ainda mais – Nem dancei com ele!

Nós três rimos da situação.

Pude ver as irmãs de Edward arrastando-o para frente do palco, um pouco próximo de onde estávamos. Um pouco mais atrás estava Rosalie conversando com algumas amigas. Tive uma ideia...

-Emmett, vamos dançar! – disse, arrastando para um local onde o casal de traidores pudesse nos ver.

-Como é?

-Vamos dançar! – disse simplesmente.

-Já entendi o motivo! – Emmett falou, colocando as mãos na minha cintura e ficando mais perto.

-E qual é? – perguntei, ficando de costas para Emmett, roçando o meu corpo no dele.

-Você nos arrastou para esse lugar para que o Edward e a Rosalie nos vejam dançando e se mordam de ciúmes! Poxa Izzy, essa estratégia é mais antiga que as calçolas da Rainha!

-E o que tem? Pelo menos está dando certo! Os dois estão com raiva!

-Diabinha! – disse-me ao pé do ouvido.

-Isso não é nada demais! Estamos apenas dançando!

-Mas não como os outros, Izzy!

-Para de reclamar e aproveita! – falei, rindo.

[...]

-Bella, o que era aquilo? – perguntou Alice – Você dançando com Emmett parecia mais uma representação sexual do que uma dança normal!

Nós estávamos voltando para Notting Hill. Pedi para Alice e Jasper dormirem na minha casa, uma vez que iriamos comparecer a um amistoso de futebol. Como acionista do Arsenal, deveria me mostrar uma torcedora do time pelo menos uma vez na vida. No entanto, eu não era muito fã de esportes de contato.

-Alix, não exagera! – falou Jasper – Você bebeu um pouco mais do que deveria.

-Mon cher[2], não me repreenda! Nem bebi tanto assim!

-Jasper está certo. – afirmei – Mas não deixa de ser verdade o seu comentário, Alice.

-Sério?!

-Edward veio falar comigo novamente. Eu não lhe dei ouvidos, mas ainda assim fico abalada com a presença dele. Tive raiva por conta disto e resolvi fazer raiva a ele também.

-Usando o Emmett?

-Não foi bem usar. Eu não diria isso. Rosalie ficou se mordendo de ciúmes também. – comentei, rindo.

-Eu deveria ter me lembrado disso... Mas você disse que falou com Edward. O que ele lhe falou?

-Nada demais... Queria conversar.

-Sobre o que? – perguntou Jasper.

-Retomar aquela conversa que tivemos há alguns dias...

-Acredito que você deveria conversar com ele.

-Não! Não Jasper! Sem chances...

-Por que não?

-Deixa Jasper, Bella tem os motivos dela. – pediu Alice.

-Mas por quê?

-Por que eu me lembro de tudo o que ele me fez. Por mais que Edward venha conversar explicando, pedindo perdão, não me anima a ideia. Eu não acreditaria, entende? Portanto, é melhor deixar como estar...

-Se você acredita nisso...

-É a melhor opção.

Passei a olhar as ruas de Londres através da janela do carro. Era evidente que eu não perderia o meu precioso tempo ouvindo a conversa mole de Edward. Por que Jasper ainda insistia nisso?

Pela manhã, estava me arrumando para assistir ao jogo quando ouvi a campainha tocar, seguida de gritos afetados de Alice. O que teria acontecido? Quando desci a sala, vi Alice e Zafrina conversando em torno da mesa.

-Como são lindas! Melhor deixar a Bella abrir o cartão. – comentou Alice.

-Que cartão? – perguntei.

Na mesa da sala de jantar, vi um enorme ramalhete com as mais variadas flores do campo.

-Chegou isso agora a pouco, senhorita Isabella. – disse Zafrina.

-Quem mandou as flores?

-O rapaz da floricultura não disse quem mandou.

-Abre o cartão, Bella! – pediu Alice.

-Tenha calma! – disse, procurando o cartão no ramalhete.

No pequeno cartão que veio junto com as flores havia a seguinte mensagem:

Não tenho medo de mostrar meus sentimentos

E de fazer coisas imprudentes,

Pois acredito que o que não se mostra, não se sente.

Coisa que talvez surpreenda muito a você,

Pois os seus sentimentos são tão guardados

Que parecem não existir realmente.

EAM

Não precisava de mais nada para saber quem tinha mandado as flores. A mesma letra! A mesma assinatura que ele usava quando me deu os livros! O ramalhete era um pedido de desculpas de Edward!

-Bella, está me ouvindo? – perguntou Alice.

-O que? – deixei cair o cartão.

-Quem te mandou as flores?

-O que acontece aqui? – perguntou Jasper, aparecendo na sala – Para quem são essas flores?

-Foi a Bella quem recebeu Jazz.

-São lindas mesmo! Mas quem te deu?

-Edward. – disse friamente – Zafrina joga isso fora.

-Mas o que...? Você não percebe que flores do campo é um pedido de desculpas? – Alice reclamou.

-Pode ser o pedido de desculpas do Papa, mas eu não quero isso! Zafrina jogue fora.

-Bella sabe o que quero dizer sobre isso, não é? – comentou Jasper.

-Sei, mas eu não quero ouvir.

-Nesse caso, cancelamos a ida ao jogo? – perguntou Alice.

-Não. Nós vamos. Preciso me distrair.

[...]

-O que? Masen te mandou flores? – perguntou Emmett, de olho no jogo.

Estávamos no camarote do Emirates Stadium, vendo o amistoso do Arsenal contra o Manchester United. Emmett era um grande torcedor dos Red Devils, apesar de ter aceitado o meu convite para ver o amistoso.

-Como assim flores, Izzy? – perguntou me encarando – O que ele quer dessa vez?

-Alice falou que flores do campo é uma forma de pedido de desculpas.

-E é. Meu pai deu quando brigou com a minha mãe. Faz tempo.

-Sendo assim... Ele quer pedir desculpas pelo que fez.

-E você vai aceitar?

-Não mesmo. Mandei devolver à floricultura. Por que pergunta isso, Emmett? Você deveria ser o maior entusiasta para que eu não ficasse com Edward! Não sou a irmã que você gosta de cuidar?

-Claro que é Izzy! Eu perguntei por perguntar! Não foi a minha intenção fazer com que você pensasse o contrário.

-Tudo bem... Eu só espero que isso não aconteça mais.

-Obrigado pelo convite, Izzy!

-Ah, não foi nada...

-Eu queria torcer pelo Manchester United como se deve. Sabe que estou aqui me segurando para não falar mal do juiz.

-Por mim tudo bem. O problema é o presidente que está logo ali. – disse, acenando para o dirigente do time.

-E você me diz isso agora?

 -Sim, meu querido.

-Mas só uma coisa...

-O que?

-Onde estão a Alice e o Jasper?

-Boa pergunta. Estavam aqui... Sumiram! – respondi, olhando ao redor.

Mal terminei de dizer isso e vi o casal reaparecer no camarote: Alice estava com o rosto afogueado e Jasper com os cabelos bagunçados.

-Como está indo a partida? – perguntou Alice, ofegante.

-Bem... – respondi, sem entender – Onde vocês estavam?

-Nós? – perguntou Jasper.

-É. Vocês. – respondeu Emmett – Bom, não precisa responder... Acho que já entendi.

-Seus pervertidos! Poderiam esperar para chegar a casa pelo menos? – perguntei.

-Ah... Não. – respondeu Alice.

-Vocês dois... Sei não. – voltei a olhar o jogo

-Porra! – exclamou Emmett, aflito.

-O que foi Emmett? – perguntou Jasper.

-Gol do United... – respondeu, choramingando.

Nós três começamos a rir e voltamos a ver a partida.

[...]

Nos dias que se seguiram, tentei continuar com a minha rotina normal. No entanto, recebi mais e mais flores vindas da mesma pessoa: Edward. Já perdi as contas de quantas vezes pedi para Zafrina jogar as flores fora. Ou quando pedi para o mesmo entregador levar as flores de volta para a floricultura.

-Não deveria cometer este crime, senhorita Isabella. – comentou Zafrina, depois de despachar a décima entrega do mesmo entregador na semana – São flores tão lindas...

Estava tentando comer uma fatia de bolo de cenoura com cobertura de chocolate, quando Zafrina entrou na sala de jantar, fazendo o comentário.

-Não seja dramática, Zafrina. São apenas flores. Quem mandou essas flores já deveria entender que não quero nada com ele.

-Deveria dar uma chance para ele.

-Até você?! – perguntei, chocada.

-Por que não? O senhor Masen é um homem jovem e bonito. E pelo que pude ver na foto de vocês no jornal, os dois formam um casal bonito.

-Se fosse para uma campanha publicitária, sim. Mas como não é... Melhor deixar do jeito que está.

-Se a senhorita diz...

A campainha tocou e Zafrina foi ver quem era.

-Mais um ramalhete, senhorita Isabella, e olha quem trouxe. – disse Zafrina.

-Bom dia, alegria! – disse Alice, trazendo o ramalhete – Alguém aqui não sabe o significado da palavra desistir, não é?

-Não mesmo. Bom dia, Alice!

-Não é sobre isso que vim falar. Mas de outra coisa.

-E o que é? Quer bolo de cenoura com chocolate? Foi Zafrina quem fez.

-Apenas um pedaço, por favor. Deixe que eu me sirvo.

-Mas sobre o que você veio falar?

-Partida de polo beneficente que o Jasper vai participar. É claro que fomos convidadas.

-Partida de polo? Ah, eu nem me lembrava. Acabei chamando o Emmett para ir, mas ele não vai jogar.

-Ah, que ótimo! Não sei o que faria sozinha no meio daquela gente velha! Quando Jasper me falou, fiquei triste só de pensar...

Enquanto Alice falava, eu olhava para o ramalhete de astromélias que Edward havia mandado. Por quanto tempo ele insistiria nisso?

[...]

Em um domingo de junho, o penúltimo do mês, estava com Alice e Emmett em Euston Park, esperando a partida de polo que Jasper iria participar. Estava tudo indo muito bem, eu brincava e ria com Alice e Emmett, quando a mãe e as irmãs de Edward apareceram para se sentar nas cadeiras ao nosso lado.

-Era só o que me faltava... – comentei com Alice.

-O que foi?

-Olha quem está bem ali. – falei.

-Ah, deixa elas... Devem estar apenas acompanhando o evento.

-Ou não. – comentou Emmett – Olhe quem está vindo a galope.

Quando olhei para o campo, vi Edward com o uniforme do time adversário de Jasper se aproximando do camarote para cumprimentar a mãe e as irmãs. A loira Claire Masen, que vestia um vestido rosa-chá esvoaçante para a alegria dos homens do local, brincava com o cavalo puro-sangue inglês do irmão, enquanto ele reclamava do tamanho do vestido.

-Ah, Edward... Deixa de ser implicante. – comentava a irmã mais velha.

A ruiva olhou ao redor e nos viu.

-Olha Edward, quem está ali! – comentou – Bom dia, lady Swan! Bom dia, senhorita Alice e senhor Emmett!

Nós os cumprimentamos educadamente, enquanto Edward me encarava, quando nos cumprimentou. Para a minha sorte, o chapéu enorme e os óculos com armação de gatinho que eu usava, disfarçaram a minha vergonha.

-Está tudo bem? – perguntou Alice, enquanto Edward voltava ao campo.

-Está sim. Não é por que ele está aqui que vou ficar abalada. – disse, olhando para o campo. A verdade é que eu estava tremendo e com o coração aos pulos.

A partida de polo havia iniciado; o time de Jasper avançava no jogo com maior posse de bola. Enquanto que Alice, Emmett e eu gritávamos torcendo por Jasper, as mulheres Masen gritavam por Edward. Ao que parece, a torcida das mulheres que estavam ao nosso lado deu certo. No meio do terceiro chukka[3], o time de Edward estava vencendo.

-Fui bem no jogo? – perguntou Jasper, quando voltava da partida.

-Claro que foi, mon cher. – dizia Alice – O melhor jogador!

-Ao menos isso... Gostaria de ter vencido a partida.

O time daquela praga em forma de gente havia ganhado a partida. O dinheiro arrecadado com a venda dos ingressos seria doado às instituições de caridade.  Coisa de gente ociosa...

-O importante é que jogou muito bem, Jazz! – comentei – Vencer é o de menos.

-É, a Izzy tem razão. – dizia Emmett.

Enquanto os três conversavam, vi Edward acenando para a minha direção. Não vi mais ninguém atrás de mim. O que ele queria comigo? Que esperasse sentado o momento que eu fosse atrás dele...

-Vamos Bella? – perguntou Alice.

-Oh, sim! – respondi – Claro! Vamos sim!

Saímos de Euston Park logo após o organizador do evento começar o discurso em agradecimento. Mas antes, dei uma última olhada para o camarote onde estávamos para ver se Edward estava lá perto. Estava o lugar mais vazio.

Quando chegamos a Notting Hill, fiquei entretida com as brincadeiras de Alice e Emmett na sala de estar da mansão. Jasper assim como eu, apenas ria. De repente, senti o celular vibrar no bolso do short que eu usava. Era uma mensagem de texto de Edward:

“Vou entender se quer mesmo que eu saia da sua vida de uma vez por todas, mas preciso conversar com você antes disso”.

Como assim ele quer conversar? Já não deixei claro que isso está fora de cogitação ou ele quer que eu desenhe?

“Conversar sobre o que? Acredito termos falado tudo naquele dia no escritório. Não lembra ou quer que eu refresque a sua memória?”.

Alice, Emmett e Jasper conversavam sem me dar atenção. Poucos minutos depois, Edward me mandava outra mensagem:

“Quero tentar esclarecer tudo. Por favor, é a última coisa que te peço. Prometo que não te incomodo mais sobre isso”.

Confesso que, quando li esta mensagem, veio a frustração. Até gostava de alguém tentando me agradar. Uma pessoa que não fosse o meu primo chato. Ele não iria mais me incomodar? Era isso mesmo?

“Tudo bem. O que quer esclarecer?”

Dessa vez, Edward demorou a responder a mensagem. Estava escrevendo uma carta ao invés de um SMS?

“Não, resolver problemas assim por mensagens de texto é para os covardes. Eu quero te ver”.

Ele quer me ver? E diz assim curto e grosso?

-Está tudo bem, Bella? – perguntou Jasper.

-Olha isso. – disse, mostrando as mensagens no celular.

-Acredito que você deve vê-lo. – falou simplesmente.

-Como é?

Alice e Emmett continuavam conversando e estavam alheios ao que Jasper falava comigo.

-Vamos à varanda. – dizia.

Segui Jasper até a varanda e este começou a falar:

-Acredito que você deve falar com Edward, sim.

-Mas Jasper...

-Eu sei... Você vai dizer que ocorreram várias coisas entre vocês e que Edward fez muita coisa errada. Mas acredito Bella, que deve conversar com ele para esclarecer tudo o que se passou entre vocês.

-Eu não sei bem, Jasper... Eu não sei como sairia depois de uma conversa com Edward. Acho que ainda teria vontade de matá-lo. – falei, rindo.

-Bom, o fato é que... Ele não prometeu que te deixaria em paz caso vocês conversassem?

-É, mas...

-Mas o que?

-Não sei se quero que ele se afaste de mim. É, vou admitir. Eu ainda o amo. Mesmo com todas as coisas que ele fez, eu não consigo esquecer Edward.

-Acho que imaginei isso. – comentou.

-Pois é... Difícil esquecer quem foi o primeiro homem da sua vida. Em tudo, praticamente.

-Não fique triste. Todos passam por isso. Eu passei quando me separei de María Elena.

-Fala da espanhola que Jake nos falou?

-Sim, essa mesma. Mas aí conheci Alice e tudo mudou... – o rosto dele parecia se iluminar quando tocou o nome da fadinha.

-Hum...

-Bom, o conselho que tenho a lhe dar é conversar com Edward, em um ambiente neutro, com mais calma. Garanto que ficará tudo bem.

-Tudo bem. Eu vou falar com ele.

-Eu vou entrar.

-Vou depois.

Tirei o celular do bolso e digitei a mensagem para Edward:

“Amanhã, às 16 horas, em Hyde Park”.

Edward Masen POV

-Tudo bem se não quiser ir, Edward. – falou Kate – Ficaremos bem na festa.

-É, maninho. – dizia Claire, comendo um pedaço de bolo – Nem se preocupe.

Estávamos tomando café na sala de jantar. Logo depois, eu teria chegar cedo para uma reunião da fábrica, depois de deixar as minhas irmãs no colégio. As duas estavam enrolando para comer e ficaram me perturbando pela festa de aniversário da melhor amiga delas, Felicity Evans.

-Vai acabar com cabelos brancos antes do tempo se continuar preocupando demais. – comentou Elizabeth – E vai se estressar mais com a reunião que terá no dia seguinte após a festa.

-Não, eu vou acompanhá-las mesmo assim. – decidi – Não confio em vocês duas.

Claire fez careta enquanto Catherine bufava de raiva.

-E se apressem se querem mesmo ir de carona para o colégio. Tenho de chegar cedo ao escritório!

-Fala sério! – reclamou Cathy – Depois dizem que eu não como direito.

Estava indo em direção ao colégio das meninas, preso em um engarrafamento, quando Claire comentou:

-Já que vai nos acompanhar no aniversário da Felicity, bem que você poderia nos ajudar a escolher um presente.

-Tudo bem. Eu compro qualquer coisa para Felicity. – falei, olhando para o carro a frente que não saía do lugar.

-Qualquer coisa não, Edward. – retrucou a loira – A garota contratou o The Wanted apenas para tocar no aniversário dela! Essa boy band está na moda!

-Eu sei, Claire. – repliquei – Mas acontece que não estamos no momento de gastarmos muito. Entenda quando eu digo que temos de economizar.

-Tudo bem... Eu entendi...

-Não se preocupem que eu vou comprar algo bom para Felicity. – disse, tentando animar as duas.

-Ouvi dizer que ela convidou a Alice Brandon e o namoradinho dela. – comentou Kate – Eu o acho um fofo.

Isso é coisa que elas falem?

-Você tem um gosto exótico, Catherine! Jasper Whitlock tem a aparência de um desnutrido! É capaz de lady Swan ir também. Ela e a Brandon sempre andam juntas.

-Vocês acham que Isabella estará lá? – perguntei, sem pensar.

-Lógico, maninho! Isabella é simpática, por isso todos querem ser amigos dela e convidá-la para festas.

Seria bom vê-la...

-Bem que poderíamos sair do lugar para chegarmos logo na aula. – comentou Kate.

Os carros a minha frente começaram a se movimentar e finalmente pude deixar minhas irmãs no colégio e ir ao trabalho.

[...]

No dia da festa, Cathy e eu estávamos esperando Claire terminar de se arrumar enquanto nós olhávamos o pingente em formato de clave de sol e de fá que eu havia ajudado a comprar. Era simples, mas Cathy disse que a garota Evans iria gostar, pois gostava muito de música e estava tendo aulas de violoncelo. Minutos depois, Claire descia as escadas para nos apressarmos a sair.

Na festa, nós três conversávamos depois de termos dado o pingente a Felicity. Cathy sempre dava um jeito de escapar de mim para pegar alguma bebida alcoólica. Já a minha irmã mais nova tentava flertar com algum moleque que ela considerava bonito. Eu tentava de um tudo para impedi-las, mas só conseguia rir delas.

Foi aí que ouvi um burburinho no salão onde a maioria estava reunida. Parecia que havia acontecido algo no início do salão; quase todo mundo se dispersou. Pareciam dar espaço para alguém importante passar. Mais importante do que os próprios anfitriões? Quem seria?

-Nossa! – exclamou Claire – Olha como a Isabella Swan está belíssima!

Vi Isabella entrar pelo salão, acompanhada de Alice e Jasper.

-Por isso esse alarde todo? – perguntei.

-Lógico! – continuou a loira – A garota vem linda e maravilhosa, parecendo uma princesa e você não quer que reparem?

-Deixa, Claire! – comentou Cathy – Nosso irmão deve estar babando por ela internamente.

-Não estou. – falei. Na verdade eu queria dizer: “Estou mesmo, e daí?”.

-Se você diz...

-Por quê? Não acredita? – perguntei, rindo.

-Nenhum pouco.

Continuei a rir e olhei ao redor. Isabella passava perto de mim bem no momento em que pus os olhos nela. Vi-a comentando algo com Alice e Jasper e os dois não foram nada discretos ao falar. Pude perceber que Isabella falava sobre mim.

-É, vamos sair daqui... – disse, puxando minhas irmãs.

-Mas por quê? – perguntou Claire.

-Quero beber algo.

-Mas tem garçons servindo em todos os lugares. – disse Cathy.

-Quero outra coisa.

-Só quero que não nos faça passar vergonha por causa dela. – comentou.

-Dela quem?

-É perda de tempo falar isso. Bom, eu vou falar com a Felicity. Quer vir comigo, Claire?

-Lógico! Até mais, maninho! – disse Claire, seguindo Catherine – Qualquer coisa, estamos com os nossos celulares.

-E vão me deixar assim? – perguntei, enquanto elas se afastavam.

-Por favor, Edward... Nós viemos nos divertir. – afirmou Kate – Não para aguentar suas dores de cotovelo.

As duas foram se afastando, me deixando sozinho no bar. De início, achei que fosse brincadeira delas. Mas não. Quando me toquei do que estava realmente acontecendo, elas já estavam longe. Resolvi beber algo que peguei com o garçom e fui atrás das meninas.

Fui atrás delas em todos os lugares, mas não as encontrei. A casa não era tão grande assim, onde elas teriam ido? Será que foram aliciadas por alguém que está promovendo uma “festinha particular” com direito a strip-tease e drogas pesadas? Não gosto de imaginar isso... Com as minhas irmãs não!

Fui procurá-las pelos jardins da residência quando me esbarrei com alguém e quase derramei todo o vinho nos sapatos que essa mulher usava. A patricinha iria ficar fula da vida só por causa disso? Foi o que imaginei que iria acontecer quando ela começou a gritar comigo. Espera aí! Eu conheço essa voz!

Aquela parte do jardim estava parcamente iluminada e não enxergava quase nada. Era a Isabella quem estava gritando comigo? Pedi desculpas pelo incidente e ela me reconheceu, passando a me tratar da pior forma possível! Falando comigo em tom de escárnio... Totalmente diferente da antiga Bella que conheci.

Ao invés de sentir ojeriza, a atitude de Bella me fez ter vontade de tê-la ainda mais por perto. Segurei-a pelo braço e a fiz me encarar.

-Não temos mais nada para falar... Agora, solte o meu braço. – ela não pedia, mandava.

Eu continuava olhando para aqueles olhos chocolates, tentando, de uma forma muda, fazê-la mudar de ideia.

-Por favor, me solte. – falou, a voz quase falhando.

-Tudo bem... – Não serviu de nada.

Continuei indo atrás de minhas irmãs pela casa, quando as vi conversando com a anfitriã.

-Onde você estava? – perguntou Claire.

-Eu é que pergunto: onde vocês estavam?

-Tirando fotos com o grupo que vai se apresentar, não é Felicity? – perguntou Kate.

-Lógico! – respondeu a garota – Edward como sempre morrendo de ciúmes de vocês.

-Nunca vai perder esse costume... – comentou Claire.

-Não são ciúmes, Felicity. – falei – É zelo.

-Zelo até demais. Venham comigo. Eu consigo um lugar para vocês bem na frente.

-Só vou para acompanhar vocês.

Felicity nos levou até a parte do jardim que seria o show da boy band e tive de aturar as três dando gritos afetados por causa dos cinco garotos que acenavam para elas. Fiquei olhando ao redor, quando vi Isabella se esfregando em Emmett McCarthy. Espera aí! Era isso mesmo que eu estava vendo?

Os dois riam e enquanto dançavam. Se pelo menos fosse uma dança normal, mas não! Pareciam mais dois animais se acasalando! Tudo bem, ela conseguiu me deixar furioso! E nervoso também! E com ciúmes! Emmett não devia dançar com ela! Era eu quem deveria estar no lugar dele!

Saí de perto das minhas irmãs, indo em direção a casa e fiquei no hall até Catherine e Claire darem por falta. Ou melhor, até o show acabar e ser reencontrado por elas quase dormindo em um sofá.

No dia seguinte, ou melhor, naquela manhã, teria de estar de pé às sete da manhã para uma reunião no escritório da fábrica. Confesso que preferiria estar dormindo a ter de aguentar uma reunião maçante que nem esta. Se bem que não prestava atenção a nada. Eu só me lembrava de Isabella dançando sensualmente com o McCarthy.

-Não sabe o quanto fiquei irado por conta dessa atitude dela, Vicky! – disse ao celular, enquanto almoçava rapidamente em uma lanchonete antes de voltar ao escritório.

-Coitado! Está se mordendo de ciúmes! – comentou, rindo.

-Não é tempo para brincadeiras, Vicky! Estou desesperado! Tenho de fazer algo!

-Chame a atenção dela, ora. Simples assim.

-Como assim?! – perguntei, enquanto tentava desembrulhar o meu sanduíche do Subway.

-Deixa de ser burro, Edward! Faça alguma coisa para chamar a atenção dela! Mande flores com um poema, sei lá! Tente ser romântico!

-Mandar flores com um poema?! – Eu deveria ser um completo retardado para não entender o que Victoria falava.

-É, Edward! Você é formado em Literatura Inglesa, tem de saber de algum autor. Byron, Austen, as irmãs Brontë, Shakespeare...

-Tá, eu entendi... O negócio para tentar chamar a atenção dela é mandar flores com algum poema.

-Isso! Mulheres ficam sensibilizadas ao receber flores. Mande flores do campo, gérberas ou astromélias como pedido de desculpas. Pode mandar lírios se quiser, mas mande lírios orientais. São mais bonitos.

-Flores do campo? Como você sabe disso?

-Não se lembra de quando trabalhei em uma floricultura? A dona me ensinou a escolher o tipo certo para cada ocasião.

-Ah, entendi... Bom, obrigado pela ajuda, Vicky.

-Isso não foi nada! Só uma pequena ajuda para te ajudar a ir pelo caminho certo.

-Se você diz... Eu te ligo para dizer o que aconteceu.

-Tudo bem. Só não sei se vou conseguir atender de novo. Decidiram estender a minha exposição até a próxima semana. Estou meio ocupada aqui...

-Eu te mando uma mensagem de texto então. Até mais! – disse, desligando o celular.

Enquanto comia o sanduíche, eu procurava pelo celular, o endereço de alguma floricultura próxima para ir logo depois do almoço fazer um pedido e mandar a casa de Isabella.

Quando eu estava no escritório, aproveitei um momento livre para ligar para floricultura para saber se eles haviam entregado o ramalhete para Bella.

-Fala da encomenda de flores do campo que entregamos em Clarendon Road? – perguntou a atendente.

-Sim. Eu fiz o pedido um pouco depois de vocês reabrirem a loja. – respondi.

-Foi devolvido.

-O que?! – explodi.

-Foi devolvido, senhor. Uma mulher que trabalha na casa veio pessoalmente deixar aqui na loja.

-Ah, eu entendi...

-Nós podemos fazer a devolução do seu dinheiro neste caso...

-Não! Eu quero encomendar outro tipo de ramalhete para o mesmo endereço, mas peço que não mandem hoje. Amanhã é melhor. Mandem as gérberas que vi.

Isso teria de dar certo algum dia...

-Não vou mentir que não estou nenhum pouco confiante em relação a isso, Vicky. – comentei com ela após o expediente em um bistrô – Ela deve ter ignorado as flores! Isso não vai dar certo!

-Impossível! Você me disse que Isabella gosta de Jane Austen, ela deve ter lido o cartão para saber quem mandou o ramalhete.

-Acho que ela nem se importou...

-Talvez para manter o status de Dama do Gelo.

-Dama do Gelo? O que quer dizer com isso?

-Nada, Edward. Foi um apelido que os tabloides deram a Isabella no início. Bom... Eu gosto de ler esses jornais e revistas como passatempo e li sobre algo no The Sun.

-O que você leu?

-Bom, em uma festa da qual não me lembro agora, alguns rapazes tentaram cortejá-la e saíram praticamente chorando de perto dela. Falavam do jeito frio dela... Gostaria de saber o que ela falou para falar o mesmo quando alguém me der uma cantada idiota.

-Ah... Acho que entendi.

-Acredito que, se você quer mesmo tentar reatar com ela, deve mandar mais flores. Ou partir para outro tipo de atitude. Para chamar a atenção dela.

-Por hora vou continuar com as flores. Não posso partir para algo mais caro. O pingente que tive de comprar para a garota Evans pesou demais no meu bolso.

-Imagino...

Nos dias seguintes, continuei a mandar flores para Isabella de todos os tipos, mas não obtive nenhuma resposta. Ao contrário, a atendente da floricultura sempre me dizia que os pedidos haviam sido devolvidos. Parte deles. Isso era bom. Eu acho. Pelo menos, Isabella ficava com as flores até jogá-las fora.

Na semana seguinte, minha mãe havia comprado ingressos para uma partida de polo beneficente. Coisa de gente rica e ociosa...

-É claro que inscrevi você para a partida. – disse ela, enquanto eu mexia no notebook.

-Não mãe, você não fez uma coisa dessas. – reclamei – Faz tempo que não jogo!

-Fiz sim! Será lindo te ver jogando polo de novo!

-Imagino que sim... – disse, sem ânimo – Adoro quando você faz as coisas sem pedir a minha opinião.

-Não se esqueça de me incluir nesse grupo, Edward. – reclamou Claire, vindo se sentar do meu lado no sofá – Bem que poderia ter me comprado uma roupa mais bonita para ir a este evento, mãe.

-O que Claire mais deseja é chamar a atenção do público masculino e, consequentemente, atrapalhar o jogo. – disse Kate, vindo para a sala.

-Não tem outra coisa para implicar? – perguntou Claire – Implica com o Edward que está apaixonado de novo.

Olhei para Claire, assustado, como se dissesse: “O que você falou, sua louca? Quer morrer?”.

-O Edward gostando de alguém? – perguntou Elizabeth – Que história é essa?

-Nada mãe, nada demais. – respondi.

-O que? Vai dizer que pretende esconder de vez a sua paixão por Isabella Swan? – perguntou Kate.

-Vocês enlouqueceram? Têm ideia do que dizem?

-Isso é verdade, Edward? Você gosta mesmo de Lady Swan? Vocês estão juntos?

-Não, mãe. Isso tudo é invenção das meninas. Mesmo que estivéssemos juntos, já estariam sabendo.

-Mas vocês formariam um casal tão bonito! Eu vi nas fotos da festa em Surrey.

-Engraçado que você reclamou quando falei que a mãe dela era uma empregada. Agora quer me empurrar para a Swan. Muito bem, mãe.

-Não, Edward. Não pense assim de sua mãe.

-Se você diz...

Se Elizabeth descobrisse que é mesmo verdade? E se ela descobrisse que eu terminei com Rosalie por causa de Isabella? O que ela faria?

[...]

No domingo de manhã, já estávamos em Euston Park para a partida de polo. Minha mãe e minhas irmãs já deviam estar acomodadas no camarote, enquanto eu vestia o uniforme do time no vestiário com mais três homens, que também faziam parte do time. Quando saí do vestiário para ir às baias, atrás do puro-sangue inglês que havia alugado, vi Jasper Whitlock conversando com alguém do time adversário. Será que...? Ela não deve ter vindo.

Fui às baias para levar o puro-sangue inglês até o campo, para ver onde minha família estava acomodada. Quando consegui encontrá-las, vi que estavam sentadas bem ao lado de Isabella, Alice e Emmett. Era coincidência demais.

Fui a galope em direção ao camarote e eu ficava mais nervoso quando vi Isabella olhando para mim. Aproximei-me do camarote e Claire veio brincar com o cavalo. O indecente vestido que ela me pediu para comprar era muito curto e para piorar... O vestido subia com a menor brisa que aparecesse! Os homens que passavam só faltavam quebrar o pescoço para olhar e torcer para que o vestido se levantasse! Pervertidos!

-Está curto! Eu deveria ter ido com você para comprar algo mais decente. – comentei.

-Menos, Edward. – falou Claire – Você não falou nada quando cheguei com esse vestido em casa.

-É, Edward... Deixa de ser implicante... – falou Kate, arrumando os óculos vintage que usava.

A ruiva olhava ao redor e olhou para quem eu tentava não olhar a todo instante.

-Olha Edward, quem está ali! – comentou – Bom dia, senhorita Swan! Bom dia, senhorita Alice e senhor Emmett!

Os três nos cumprimentaram e Elizabeth decidiu ficar de pé para falar com Isabella, enquanto eu a cumprimentava formalmente. Queria que ela não falasse de mim ou inventasse algo para Bella sobre sermos um casal.

Por Deus! Eu não conseguia deixar de encará-la, mas não conseguia sequer falar com Isabella direito. Queria dizer que precisava conversar com ela, mas não naquele momento com a minha família e os amigos dela do lado, então voltei para o campo.

A partida estava prestes a se iniciar; os juízes do jogo explicavam as posições dos jogadores dos dois times. Jasper me cumprimentou e eu retribuí. Eu era o segundo atacante do time, de um jeito ou de outro, teria de chamar a atenção de Isabella nesta partida.

O jogo se iniciou e tentávamos a todo custo nos manter com a posse da bola para marcar um ponto quando esta atravessasse a baliza. Mesmo depois de anos sem jogar, eu sentia que estava indo bem. Até consegui marcar um ponto! Devia ser por conta da torcida que as meninas faziam e dediquei-o a elas.

Ao final da partida, o time em que eu participava ganhou, de virada a partir do terceiro chukka. Estava comemorando com os companheiros de time, quando vi minha mãe e minhas irmãs no campo e fui falar com elas.

-Não disse que jogaria bem, meu querido? – comentou Elizabeth – Foi o melhor!

-Não exagera mãe. Se eu fui bem no jogo é por causa das meninas que fizeram o favor de torcer!

-Na verdade, Claire se tornou a maior fã do defensor do seu time, mas insisti que ela se juntasse a mim no coro: “Vai Edward!”. – falou Kate.

-Cathy! Sua indiscreta!

-Já entendi... Deixando de lado as paixões platônicas da minha irmã mais nova predileta, por que não almoçamos em algum lugar?

-Excelente ideia, Edward! Podemos ir ao Babylon... – afirmou Elizabeth.

Enquanto as três debatiam qual restaurante ir, eu tentava falar com Isabella por meio de códigos, quando os amigos dela não me viram. Tentei dizer que queria conversar com ela, mas a garota me encarou, carrancuda.

-Vamos logo, Edward! – dizia Claire.

Deixa para outro dia...

-Eu já vou!

Fui com a minha família ao Babylon at the Roof Gardens, um restaurante perto da nossa casa. As meninas comentavam sobre qualquer coisa com a minha mãe, mas quem disse que eu prestava atenção? Eu só conseguia olhar para o número do celular de Isabella no visor do meu BlackBerry.

Resolvi mandar-lhe uma mensagem de texto, pedindo para conversar. Minutos depois, recebi a resposta de Isabella, nada amistosa:

“Conversar sobre o que? Acredito termos falado tudo naquele dia no escritório. Não lembra ou quer que eu refresque a sua memória?”.

Logo entendi o motivo do apelido que deram a ela. Não dei à mínima e mandei outra mensagem a ela:

“Quero tentar esclarecer tudo. Por favor, é a última coisa que te peço. Prometo que não te incomodo mais sobre isso”.

Bom, eu não queria falar isso. A ideia de me afastar de Isabella me deixava mal, mas acredito que era a única maneira de conseguir falar com ela.

E quando achei que não obteria mais nenhuma resposta dela, Isabella me mandou a seguinte mensagem:

“Amanhã, às 16 horas, em Hyde Park”.

Foi a melhor resposta que pude receber dela. Poderíamos conversar e quem sabe... Ficar juntos.

[...]

Dei um jeito de sair do trabalho mais cedo e fiquei esperando por Isabella na entrada do parque. Esperava que, desta vez, nada de ruim acontecesse com ela.

Estava ouvindo música pelo celular e olhando para o céu quando percebi alguém vir. Baixei os olhos quando vi quem eu queria: Isabella vinha atravessando a rua, usando um vestido com estampas de flores que se moldava as suas curvas. Sorri quando ela veio até a minha direção e permaneceu séria. Isso seria difícil do que imaginei...

-Olá, Isabella! Como está?

-Não tenho muito tempo. Vamos começar isso logo. – disse, entrando no parque. O apelido não veio à toa.

-Tudo bem... Eu sei que já é a terceira vez em que tento conversar contigo sobre o mesmo assunto, sobre as mesmas coisas... – eu falava enquanto caminhava com Isabella – Mas eu precisava disso. Isabella eu sei que errei, que o culpado por todos os seus problemas sou eu, mas quero que saiba que estou arrependido por tudo que te fiz de errado e que te incomodei com aquelas flores por que foi a única forma que encontrei de demonstrar o meu arrependimento e o quanto gosto de você.

-E você acha que acredito no que diz?! – perguntou, parando de uma vez.

-Não, mas... Gostaria que acreditasse... Que eu estou sendo sincero... Quando eu disse, no ano passado, que iria resolver a nossa situação, era verdade. Eu havia falado com o gerente do meu banco para solicitar um empréstimo, iria continuar trabalhando na Eton até o meu plano dar certo. É claro que esse plano incluía você.  Mas por obra do destino, nada saiu como planejei.

-E aí veio a parte que todos nós já sabemos... Isso não muda nada, Edward. Nada é como antes. Eu posso gostar de você e...

-O que você falou? – perguntei, aproximando-me dela.

-Não foi nada. Esqueça.

-Não, Isabella... Eu ouvi!

-Você ouviu o que queria ouvir. Não temos mais nada para conversar.

-Não, Isabella! Espera! – disse, segurando a sua mão.

-Por favor, me solte...

-Não vou te soltar. Nem quero.

Envolvi a sua cintura com os meus braços, enquanto ela me batia para se soltar. Segurei o seu rosto com uma das mãos e disse:

-Senti tanta falta disso...

Pressionei os meus lábios nos seus, delicadamente, até que Isabella cedesse. Suas mãos que antes me batiam, agora alisavam os meus braços e pude apertar mais seu corpo contra o meu e beijá-la mais intensamente.

-Pare! – disse Isabella, quando conseguiu se soltar.

-Mas estava tão bom...

-Não! Entenda Edward, nós já conversamos... Você já disse o que tinha a dizer... Não há mais nada para eu fazer aqui... Foi um erro ter vindo.

-Então por que disse que gostava de mim?

-Já disse: você ouviu errado.

-Isabella, eu tenho certeza do que ouvi.

-Mesmo que fosse verdade, isso não daria certo. O que aconteceu antes...

-Como sabe se sequer tentamos?

-Não precisa saber...

-Olha Isabella, eu juro que tentei de um tudo para tentar te reconquistar...  Eu mandei as flores com os cartões, quis tentar algo mais se meu dinheiro permitisse... Eu não sei mais o que fazer para te ter do meu lado novamente! Eu te amo...

Isabella permaneceu com a mesma expressão e se aproximou de mim. Confesso que estava ainda mais nervoso com a situação; não sabia o que ela iria fazer.

Isabella pôs uma das mãos no meu rosto e me deu um selinho.

-Eu também te amo... Mas confesso de que tenho medo. Muito medo.

-Minha Bella... Eu vou fazer de tudo para dar certo. Eu prometo.

-Você já me fez tantas promessas...

-Não se preocupe. Eu vou cumprir. Eu só quero ser feliz contigo.

Abracei-a e fiquei aspirando o cheiro dos seus cabelos. Como senti falta disso... De estar perto dela, de abraçá-la, de beijá-la...

-E agora? – perguntou Bella se afastando – O que acontece?

-Bom... Podemos recomeçar. Podemos voltar a agir como namorados. Eu vou à sua casa ver filmes antigos com pipoca e Nutella... Você vai a minha casa jantar comigo, a minha mãe e as minhas irmãs... Fazer um piquenique no parque... Ir ao cinema... Viajar sozinhos, quem sabe.

Isabella finalmente sorriu e me beijou mais uma vez. Confesso de que não tinha ideia de como isso seria, mas eu me esforçaria para tudo dar certo.

FIM DO CAPÍTULO 6


[1] Marca de chocolate belga.

[2] Trad.: Meu querido.

[3] Tempos de quatro minutos e meio que dividem a partida de polo.  


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