Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 13
Adeus às ilusões


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas! Há quanto tempo! Como estão? Se existe algo que toma nosso tempo é a monografia. Quem inventou isso foi o demo, só pode! Hoje vocês irão acompanhar o último capítulo da primeira parte, onde acontecem várias coisas com a nossa burrinha querida. Aproveitem!



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Isabella Swan POV

       Fazia poucos dias para os feriados de fim de ano e, mesmo estando doente e debilitado por conta das sessões de radioterapia, Phillip insistia que decorássemos a casa com enfeites natalinos. Eu não dava muita importância para o Natal, já que minha mãe e eu nunca comemoramos o feriado mesmo. Sempre trabalhamos nos jantares que os Cullen organizavam em Hertford. Lembro-me de um Natal em que Rosalie ganhou várias bonecas e minha mãe havia me dado uma boneca de pano, com cabelos vermelhos de lã e olhos verdes de botão. Não entendia muito bem o motivo de aquela garota gostar mais de um trapo de pano que era minha boneca do que as bonecas caríssimas que os barões haviam lhe dado. Mas se Phillip insistia que deveríamos comemorar o feriado pela primeira vez juntos, não via nenhum problema nisso.

       Eu sentia que Phillip fazia todas essas coisas para tentar compensar os dias que não teve com a família, durante muitos anos, desestruturada devido às suas próprias faltas. Quando passei a morar com Phillip há poucos dias, ele havia me dito que preparara um quarto na casa que havia comprado recentemente desde quando foi conversar comigo na segunda vez. O quarto era bonito, totalmente diferente do quarto que eu ficava no apartamento de Alice, mas era mais parecido com o quarto do sonho que tive: as paredes eram pintadas em tons de Pink e lilás, decorado com móveis das mesmas cores. Parecia um quarto de menininha com bichos de pelúcia e enfeites, mas eu gostei.

         Nesses últimos dias, Alice e Jake sempre me visitavam na casa de Phillip. Alice me contava que estava tendo problemas com a parte jurídica da grife e a construção de um ateliê na Rua Oxford.  

-Isso é o que dá querer dar uma de independente e resolver as coisas do próprio jeito... – comentou Alice enquanto tomávamos um chá.

-Mas pelo menos está fazendo o que quer, Allie... Veja por um lado bom. – falei, tentando animá-la – Pelo menos não está mais aturando as suas aulas de Leitura e Interpretação de Textos que você mesma dizia que eram chatas.

-Tinha um lado bom nessas aulas chatas.

-E qual era?

-O auditório ficava bem do lado do campo de rúgbi. – suspirou – A aula era bem na hora do treino...

-Sua devassa! Precisa arrumar um namorado.

-Agora não... Não quero ter mais preocupações.

-Se você diz...

-Falando em namoros, como andam as coisas com o Jacob?

-Ah... Está indo bem. – respondi, dando um meio-sorriso.

      Na verdade, não estava indo nada bem...

-Poxa, Bella... Sabe o quanto eu gosto de você e que te quero muito. – ele reclamava – Por que se faz de difícil?

         Estávamos discutindo sobre o fato de não ceder às investidas de Jacob. Pelo amor de Deus! Eu já havia explicado a minha situação para Jake. Era cedo demais para isso.

-Não é questão de me fazer difícil. O fato é que não estou mais morando com Alice e esta é a casa do meu avô. Portanto, tenho de cumprir as regras dele. Se ele quer que você fique aqui no meu quarto com a porta aberta, é assim que tem de ser. Não vou desobedecê-lo.

         Não deixava de ser uma verdade...

-Eu sei, mas não é só isso...

-E o que é então?! – já estava ficando irritada com aquilo.

-Dá a entender que você pensa que eu vou te largar assim que te levar para a cama. Não é assim. Eu te amo, Bella!

-Não devia dizer uma coisa dessas... Não tão precipitadamente.

-Mas é o que sinto, ora. Não percebe isso? – perguntou demonstrando desespero.

-Jacob, eu gosto de você. De verdade, mas ainda é cedo para tudo isso. Estamos há pouco tempo juntos. Entenda isso, por favor.

-Claro... – disse ele me abraçando.

      A verdade é que eu não me sentia preparada para transar com Jake. Para ser sincera, às vezes, quando beijava Jake, eu sentia que beijava Edward. Eu me sentia mal por enganá-lo daquela maneira.

[...]

-Fico feliz por vocês dois, Bella... – afirmou Alice.

-Obrigada, Allie. Não sabe o quanto Jake me faz bem.

    Meu Deus! Até Alice eu estava enganando! Por quanto tempo eu iria esconder isso deles?

    Na véspera do Natal, Alice, Jake, Zafrina e eu estávamos arrumando a mesa para a ceia de Natal. Phillip disse para Alice que ela poderia chamar os pais para cearem conosco se quisesse. Na verdade, a ideia tinha sido minha, já que eu havia comentado que seria um pouco chato comemorarmos o feriado com Jake apenas. Até que foi bom! Todos jantaram juntos e conversaram, eu ganhei presentes de Alice, de Jake e do meu avô.  No final da noite, os pais de Alice foram para casa. Pedi para que ela e Jake ficassem para dormir na casa de meu avô e sairmos no dia seguinte. No entanto, nada saiu como planejei.

        Phillip teve uma piora em seu estado de saúde e teve de ser internado às pressas na clínica onde ele estava se tratando. O passeio que nos faríamos foi cancelado e Alice voltou para a casa do meu avô para pegar as minhas roupas, enquanto eu ficava na clínica com Jacob.

      Meu Deus! Por que quando está tudo bem, sempre vem algo para mudar tudo? Minha relação com Phillip estava se normalizando. Nós conversávamos sempre, ele propunha que eu fizesse cursos que ajudassem na minha educação... Ele já havia falado com o diretor de Malborough para conseguir uma vaga para que eu voltasse a estudar logo após os feriados. Phillip estava fazendo tudo para que o nosso convívio se tornasse mais agradável. E agora isso... Eu confesso que estava com medo do que poderia acontecer com ele. Não tinha ideia de quanto o meu avô estava tão mal a ponto de voltar a ser internado. Não queria perde-lo como perdi os meus pais.

     Eu estava deitada no pequeno sofá do quarto onde meu avô fora instalado, tentando cochilar, mas sem sucesso. Pedi que Alice e Jake voltassem para casa; não queria incomodá-los com aquela situação. Eles já haviam feito tanto por mim...

-Isabella...? – perguntou Phillip quando acordou.

-Phillip! – fui para perto dele – Como está se sentindo?

-Não queria estar aqui tão cedo, mas estou bem. Eu quem deveria perguntar se você está bem.

-Não se preocupe comigo. O sofá não é tão desconfortável. – disse tentando sorrir.

-Desculpe ter estragado seus planos, Isabella... Eu prometo que...

-Está tudo bem, vovô. O que mais quero agora é que o senhor fique bom logo.

          Phillip pareceu surpreso ao me ouvir chamá-lo de avô. Confesso que eu também me senti assim. Mas se estávamos nos dando bem, por que eu não poderia chamá-lo dessa maneira?

-E eu também... Não aguento ficar em hospital. Volte a dormir. Eu vou ler um pouco.

          Alguns dias depois, o médico que cuidava do caso do meu avô, deu-lhe alta para que este continuasse o tratamento em casa.

-Então quer dizer que não há chances de melhora para o caso dele, doutor? – perguntei, quando me chamou ao seu consultório para conversar.

-Infelizmente não, Isabella. Phillip não responde mais nenhum tratamento; seu avô descobriu a doença muito tarde e não pudemos retirar o tumor antes que se espalhasse... As sessões de radioterapia foram apenas uma forma de prolongar o tempo de vida dele. Eu sei que desculpas não ajudarão em nada, mas quero que saiba que sinto muito, Isabella.

-E quando ele voltará para casa? – perguntei, sem encará-lo.

-Amanhã mesmo, o seu avô pode retomar o tratamento em casa.

-Tudo bem...

       Saí do consultório em direção ao quarto onde Phillip estava. Com certeza, ele já deveria saber de seu estado de saúde ou não saberia como contar isto a ele. Andava a passos lentos, sem ânimo algum... Phillip iria morrer e eu ficaria sozinha mais uma vez sem a minha família. Por que acontecem desgraças assim comigo? Logo quando estava tudo bem na minha vida, sempre acontecia algo para desestruturá-la novamente. Já estava me cansando disso...

-Onde você estava, Isabella? – perguntou Phillip, quando entrei no quarto.

-Estava falando com o médico. O senhor volta para casa amanhã. – respondi, sorrindo.

-Que maravilha! Podemos retomar aquela partida de xadrez em que eu quase ganhei!

-Que história é essa? Não foi isso que vi! Ainda me lembro de que a sua última jogada foi um roque maior.

-Você pensa que engana a quem com essa história? Deixe-me só voltar para casa e vamos começar outra partida.

-Se o senhor diz isso...

        No dia seguinte, Phillip voltou para casa sendo bem recebido por Alice, Jake e Zafrina. Eu havia contratado a enfermeira que cuidou de meu avô no hospital para cuidar dele em casa. Nós já a conhecíamos e seria melhor do que realizar várias entrevistas, tentando encontrar uma enfermeira decente e confiável. O que seria inviável de realizar em tão pouco tempo.

-Eu tenho mesmo de comer esta porcaria de sopa? – perguntou Phillip à enfermeira.

    Já estávamos no penúltimo dia do ano; os dias haviam se passado depressa demais. Eu estava no quarto ao lado trocando de roupa, enquanto ouvia a discussão.

-Senhor Phillip, por favor, coma a sopa. Faz parte da sua dieta e a senhorita Isabella mandou que a seguisse à risca.

-Não quero isso. Pode trazer outra coisa.

     Saí do meu quarto e fui até o quarto de Phillip, reclamando:

-Vovô, pelo amor de Deus! Faça o que a enfermeira está pedindo, por favor.

-Mas Isabella, eu não quero isso! É horrível! Até água tem mais sabor do que isto!

-Senhora White, deixe que eu assumo daqui. – falei, sentando-me na cama ao lado de Phillip.

        A enfermeira saiu do quarto, agradecendo mentalmente.

-Pelo amor de Deus, Phillip! Parece até que estou falando com uma criança.

-Mas isso é horrível! Mande Zafrina fazer outra coisa!

-Não, Phillip. Temos de seguir o que o médico mandou.

-Se a senhora diz... O que posso fazer?

-Comer tudo. – respondi.

     Phillip riu e se pôs a comer a sopa. Eu estava assistindo televisão, sentada na cama enquanto meu avô olhava a rua pela janela.

-É engraçado como o tempo passa rápido. Um dia desses, eu criando coragem para encontrar você e a sua mãe e hoje estamos aqui. Como eu queria que todos estivessem aqui conosco...

-É verdade, Phillip. É uma pena que os meus pais não estejam mais entre nós, mas veja por um lado bom: estamos bem, não brigamos mais... Isso é o que importa.

-É... Talvez tenha razão, criança.

        O repórter do telejornal da nova emissora de televisão anunciava a queima de fogos de artificio que, costumeiramente seria na London Eye, teria vinte minutos de duração.

-Nossa, deve ser lindo! – comentei, olhando para a televisão – Eu nunca vi antes.

-Por que não vamos para lá amanhã?

-Podemos mesmo?!

-Claro! Chame Alice e o seu namoradinho, o Jacob. Garanto que eles irão gostar.

-Ah, claro! Vou chamá-los sim! – mas eu não gostava mesmo quando ouvia esse termo: namorado.

-Ótimo!

-Será a melhor virada de ano! – disse, abraçando-o.

             No dia seguinte, o que era para ser um momento feliz de confraternização entre as famílias e de desejar coisas boas para o ano que estava chegando, não foi exatamente como eu queria. Phillip piorou novamente e foi levado às pressas para o mesmo hospital onde se internara pela última vez. Parece até que eu já sabia o que iria acontecer... Estava esperando no corredor do hospital com Alice e Jake, quando o médico responsável veio me dar a trágica notícia: Phillip havia morrido e eu estava só mais uma vez.

[...]

- Nem sei o que fazer agora.  – disse à Alice e Jake – Se não fosse por vocês... Eu não tenho a mínima coragem para cuidar dos detalhes do enterro de Phillip. Foi ruim uma vez e não quero passar por isso novamente.

-Sabe que eu sou sua amiga e quero te ajudar em tudo. – comentou Alice.

-É, Bella, não se preocupe quanto a isso. – afirmou Jake.

         Estávamos em meu quarto, enquanto eu me via na obrigação de realizar os preparativos para o enterro, mas não tinha a menor vontade de organizar o funeral. Ainda mais quando apareceram várias pessoas dizendo serem parentes de Phillip. Era só o que me faltava aguentar bajulação de gente desconhecida que, aparentemente, era gentil comigo. Eu não entendo os motivos dessa gente dar as caras apenas agora. Por que não foram visitar Phillip no hospital?

         Durante o velório, uma mulher morena alta, de olhos azuis e corpo esguio, aparentando ter mais de quarenta anos, que dizia ser a minha prima, era filha de um irmão de Phillip. A mulher veio me cumprimentar, prestando condolências e fingindo chorar. É claro que não choraria para não estragar as inúmeras aplicações de Botox.

-Quero que saiba, Isabella Marie, que agora mais do que nunca, somos uma família. E famílias devem permanecer unidas... – dizia Charlotte. – Momentos assim também servem para unir as pessoas... Quero saiba que posso ser para você uma irmã mais velha. Quando tiver qualquer tipo de problema, é só me chamar que lhe ajudo.

     Deu-me vontade de dizer: “Já tenho a quem posso considerar uma irmã. Ela se chama Alice e está do meu lado sempre”.

-Claro... – respondi, sem humor.

        Olhei para Alice, que suspirou, demonstrando enfado. Jake estava do meu lado, me abraçando. Não entendia o motivo até ver o filho de Charlotte, que Alice reconheceu ser Michael Newton, um playboy incorrigível que sempre estampava as capas dos tabloides por sua fama de arruaceiro, me observando o tempo inteiro. Que horror!

         Após o enterro, enquanto tentava entrar no carro para voltar para casa, eu tinha de aturar meus “queridos parentes” buzinando no meu ouvido, falando que poderíamos nos ver mais. Como se eu tivesse estímulo para ver essa gente outra vez. Para falar a verdade, eu não tinha mais estímulo para nada. Só pensava em dormir profundamente para depois pensar no que faria a partir de então. Onde eu iria morar? E com quem Zafrina ficaria? Ela perderia o emprego?

           No dia seguinte, fui acordada por Zafrina, dizendo que os advogados do meu falecido avô estavam na sala a minha espera. Escovei os dentes, pus qualquer roupa e fui ao encontro deles. Eram dois senhores de meia-idade, muito bem vestidos que se encontravam na sala de estar. Um deles falava ao celular, desligando assim que eu entrei na sala e o outro olhava os quadros na parede.

-Bom dia! Queiram sentar-se, por favor. – falei – Os senhores desejam algo? Água, café ou chá?

-Traga-me um chá, por favor. – respondeu o primeiro.

-Para mim também, por favor. – disse o segundo.

-Traga-me três chás, Zafrina, por favor. – pedi. Zafrina assentiu e saiu da sala.

-A que devo a visita do senhor Alexander e do senhor Thomas aqui? – perguntei.

-Em sua nova casa, a senhorita quer dizer. – falou o senhor Alexander.

-Como assim? Não entendi o que o senhor falou.

-Senhorita Isabella, nós viemos aqui para tratar do testamento que Phillip deixou para você. – afirmou o senhor Thomas.

-Testamento? – perguntei, chocada – Phillip não me falou nada de testamento. Em momento algum.

-Phillip fez esse testamento um mês antes de morrer deixando todos os seus bens para a única beneficiada: você. – respondeu Alexander, retirando de sua pasta um pacote em papel pardo com o testamento.

        Ainda assustada, peguei o documento das mãos do advogado e comecei a ler. Não podia acreditar! Phillip estava me passando além do título de nobreza, todas as suas propriedades bem como a casa que eu estava em Notting Hill e sua residência em Surrey. Fora os títulos e as propriedades, Phillip tinha 10% das ações do Arsenal e o dinheiro guardado em um cofre no banco.

-Eu estou milionária...? – perguntei a mim mesma – Isto é impossível!

-Não é não. – falou Thomas – Se puder ver na última página, há a assinatura do senhor Phillip autenticando tudo. Ele acreditava que a senhorita era a única pessoa adequada para se tornar o herdeiro.

-Meu Deus!

-No entanto, a senhorita poderá apenas administrar toda a herança quando completar dezoito anos. Seu aniversário é no mês de setembro? – falou Alexander.

-Sim...

-Ou quando decidir se casar... – continuou Thomas.

-Enquanto isso, a senhorita terá de pedir autorização...

           Eu não ouvia mais nada do que o advogado falava, olhava para os papeis do documento, ainda sem entender nada. O que eu faria com todo esse dinheiro?

[...]

-Então quer dizer que você é a única herdeira dos Swan? – perguntou Alice.

      Havia chamado Alice e Jake para conversar sobre o assunto que ainda me deixava atemorizada. Eu estava deitada no sofá da sala de estar, olhando para o teto, enquanto os outros dois liam uma cópia do testamento de Phillip.

-De tudo! Títulos de nobreza, propriedades, dinheiro e até ações do Arsenal! – respondi.

-Espera aí! Então quer dizer que você é agora um membro da nobreza? – perguntou Jake.

-É, mas... Eu não sei o que fazer. Isso não me importa muito agora. Inicialmente eu quero voltar a estudar. Não posso me acomodar só por que estou rica agora.

-Sendo assim... Você é quem manda em tudo agora.  – comentou Alice.

-Não, os advogados do Phillip me explicaram que só posso mexer no dinheiro sem pedir nenhuma autorização a partir dos dezoito anos. Ao que parece, eles são os meus tutores.

-Mas pelo menos você voltará a estudar, Bella. – afirmou Jake – Não é o que queria?

-É sim! Quando passar o feriado, vou falar com o gestor de Malborough para realizar minha matrícula. – respondi - Phillip já havia falado com ele.

-Phillip tinha se tornado uma ótima pessoa em seus últimos dias, não é? – perguntou Alice – Ele estava mesmo disposto a melhorar a sua vida.

-Era... Tudo o que ele fazia era para compensar os erros dele. Mesmo tendo passado pouco tempo com o meu avô, eu vou sentir falta da companhia dele. – comentei, pesarosa.

-Bom... Esse papo nostalgia está nos deixando tristes, Bella. Não é legal ficar assim. – Jake se pôs a falar.

-Tudo bem... Eu vou tentar...

         De repente, Zafrina apareceu na porta da sala dizendo que havia uma pessoa que queria falar comigo.

-E quem é? – perguntei.

-Ele se identificou como James Dwyer. – respondeu a senhora – Devo dizer para ele sair?

-Dwyer? – perguntei a mim mesma.

-Dwyer não é o sobrenome de solteira de sua mãe? – perguntou Alice.

-Era... Mas com tantos Dwyer na Inglaterra... Eu não sei o que fazer.

-O que digo a ele, senhorita Isabella? – perguntou Zafrina.

-Vai deixar um desconhecido entrar na sua casa? – Jake quis saber – Simplesmente?

-Eu não sei! Vocês fazem perguntas demais! – comentei, irritada – Zafrina deixe o homem entrar! Quero ver o que ele vai falar!

-Está bem. – disse, saindo da sala.

-Eu vou ficar aqui do seu lado se acontecer algo. – disse Jake.

-Não vai acontecer nada, não se preocupe. – disse, tentando tranquiliza-lo.

-É, Jake... Não se afobe. – falou Alice.

-É por aqui, senhor Dwyer. – disse Zafrina, encaminhando o homem de cabelos raspados à sala de estar.

-Boa tarde, senhorita Isabella Swan. – disse o homem, me cumprimentando e cumprimentando a Alice e Jake – Eu me chamo James Dwyer e me desculpe a intromissão.

           James Dwyer não aparentava ser tão velho, mas não era da mesma faixa etária de Edward. Era um homem bonito para a sua idade. Tinha os cabelos raspados, a pele pálida e uns olhos verdes que achei familiares.

-Mais uma vez, perdoe-me pela intromissão, mas serei breve. – falou James.

         Mas ao invés de falar pouco, o homem falou muito, sem cansar. Falou pelos cotovelos até! Dizia que era irmão de Renée e que havia perdido o contato com ela, quando os dois foram separados por uma assistente social que levou James para um orfanato. Dizia também que havia demorado muito para me encontrar e que estava feliz em me ver, uma vez que eu era a única parente que ele conhecia. James havia me mostrado uma foto dos dois juntos, quando eram novos e que para garantir que era mesmo meu parente, se submeteria a realizar exames de DNA para comprovar. No entanto, a semelhança entre os dois era absurda! James possuía os mesmos olhos verdes que minha mãe tinha.

-Eu não vou mentir que não gostei nenhum pouco dele. – comentou Alice enquanto jantávamos – Tem uma aparência estranha...

-E eu não sei? Ele me olhava de maneira esquisita... – disse.

-O que vai fazer? – perguntou Jake.

-Sinceramente eu não sei... – e continuei comendo.

           Alice e Jake pediram para dormir na casa comigo; diziam que não queriam me deixar sozinha. Coloquei-os em dois dos quartos de hóspedes e fui para o meu. Antes de dormir, fiquei pensando nos acontecimentos de hoje. A herança de Phillip e o aparecimento desse homem que diz ser meu tio, tudo no mesmo dia... Porém, o que ocupava mais a minha mente era o fato de James ter aparecido. O que eu faria? Ele poderia ser qualquer pessoa se passando por um parente meu e tentar me enganar, como já vi acontecer pela televisão. Mas eu sentia que ele era da minha família... Tinha o mesmo jeito de falar, de se portar e os mesmos olhos de Renée. Era incrível como eles se pareciam muito!

        Dias depois, resolvi dar um jeito nesta situação. Havia marcado com James a realização de exames que comprovassem o nosso parentesco. Estávamos na fila de espera, quando vieram com o resultado do exame. Não foi surpresa para mim, quando o resultado deu positivo: James era meu tio.  

[...]

     Janeiro ia avançando e quanto mais os dias passavam, mais parecia que o frio não iria diminuir. James havia se mudado para a minha casa em Notting Hill, mostrando-se o mais prestativo possível na casa. Ele havia se prontificado a me ajudar em outras coisas, como o fato de me ajudar com a matrícula no colégio em que eu iria estudar. Na prática, ele havia se tornado o meu tutor. No entanto, Alice desconfiava das atitudes do meu tio e Jacob concordava com o que a fadinha achava. Confesso que ainda tinha minhas dúvidas quanto à índole do meu tio, mas ele se mostrava tão bom para mim... “Você é uma pessoa boa, Isabella. O seu único defeito é acreditar demais nas pessoas”, disse Renée uma vez. Ah, como eu queria que minha mãe estivesse aqui para me ajudar e me dar conselhos. Tanta falta que eu sentia dela agora...  Tanto que eu precisava dela... Essa solidão estava acabando comigo...

        Em um dia, estava em casa com Zafrina apenas, olhando os horários das aulas em Malborough, quando Alice veio me visitar.

-Você já contratou um detetive para investigar a vida do James? – perguntou.

-Ainda não tive tempo para isso... – respondi – Vou assim que puder. Alice, por favor...

-Isabella, isso é sério... Está certo que ele é da sua família. Mas é um completo desconhecido, não sabemos nada dele... Por que sua mãe nunca lhe falou dele?

-Minha mãe não me falava muita coisa, se você quer saber. Ela não gostava de falar do passado dela.

-James pode ser seu tio, mas ainda assim, ele é um completo desconhecido. Não sabemos de nada dele depois que foi mandado para o orfanato.

-Dê-me alguns dias para que eu possa encontrar alguém decente para saber do passado dele.

-Tudo bem... Que folheto é esse que você tem?

-É um folheto com os horários das aulas no colégio. Consegui na Internet. James me prometeu que iria fazer a minha matrícula, mas até agora nada...

-Ele está enrolando para fazer a matrícula ou ele não sabe que o período recesso já está acabando?

-Vai saber.

-Bella, agora que você tem oportunidades vai deixar passar isso?

-O que quer que eu faça? James está me ajudando em muitas coisas. Não vou mentir que tenho vergonha de insistir que ele faça isso logo...

-Pois não deveria ter vergonha. Presta atenção, Bella! O homem mora aqui de favor, não trabalha e ainda faz corpo mole para te ajudar?! – reclamou.

-Vou ver o que eu faço. Ainda hoje eu resolvo isso.

          Falando no diabo, Zafrina foi atender a porta e vi James entrar.

-Assim espero. Desculpa falar dessa maneira contigo... – comentou Alice.

-Não, está tudo bem.

-Eu já vou indo. Tenho de resolver algumas pendências ainda. – disse, cumprimentando-me.

-Mande um abraço para o Jake.

-Vou mandar. Falando nele, Jake ainda não me entregou o projeto gráfico da grife. Isso é o que dá namorar demais e esquecer-se do trabalho!

-A culpa não é minha. – comentei, rindo.

-Sei...

      Alice saiu da casa e continuei a olhar os horários. Poucos minutos depois, ela telefonou para o meu celular:

-Menina, me explica que carro lindo é esse na tua casa?

-Fala Alice, isso tudo é saudade?

-Não é nada disso que quero falar. Explica-me o que um Jaguar está fazendo bem em frente a sua casa?

-Que história é essa, Alice?

-Venha para a janela olhar isso.

        Fui até a janela e vi um carro esportivo de cor azul-celeste estacionado em frente a minha casa. Já estava imaginando de quem seria...

-É do James. Ele comprou e vai me ensinar a dirigir. Não é legal? – menti.

-Tudo bem. Eu já vou indo. Até mais!

-Até! – disse, desligando o celular.

      Como ele compra um carro sem me avisar? E com que dinheiro? Com o meu é que não poderia ser. James iria se ver comigo...

      Estávamos jantando quando resolvi conversar com James sobre o assunto que havia falado com Alice naquela tarde.

-James, eu queria que o senhor fizesse uma coisa por mim. – pedi.

-Pode falar, Isabella. – disse, enquanto comia.

-O recesso estudantil já está acabando e quero saber quando o senhor vai me matricular em Malborough.

-Isabella, tenha calma. – respondeu – Eu quero mesmo te ajudar, mas para isso, tenho de pedir autorização aos advogados do seu avô para retirar dinheiro, o que faz demorar ainda mais.

-Eu sei, mas insista nisso! Eu quero voltar logo a estudar. Sabe muito bem disso.

-Isabella, não se preocupe. – o homem de voz de rouca afirmou – Eu vou dar um jeito nisso. Espere até o fim da semana.

-Assim espero...

-Prometo que você voltará logo a estudar.

      No entanto, James não cumpriu o prometido e quase eu não o encontrava para lhe cobrar. Ele sempre saía sem avisar. Para onde ele ia?

     Insatisfeita com essa situação, eu fui até um detetive antes de me encontrar com Jacob em um bistrô.

-Garanto-lhe, com absoluta certeza, que terei resultados completos sobre o seu tio em três semanas. – dizia o detetive.

-Senhor Miller, eu necessito que o senhor comece as investigações o mais rápido possível. E quero ter esses resultados o mais rápido possível também! Eu o contratei esperando receber um serviço mais ágil em troca.

-Mas senhorita Isabella, isso toma muito tempo e...

-Pois então eu vou atrás de outro detetive que pode até ser mais rápido que o senhor! Enquanto que está aqui perdendo tempo inventando desculpas esfarrapadas, outro já poderia estar no encalço de James Dwyer!

        Senti que o homem estremeceu de medo. Será o jeito que falei com ele?! Nossa!

-Quanto a isso não se preocupe, senhorita Isabella, já mandarei alguém da minha equipe para descobrir o que James Dwyer faz.

-É a melhor decisão que o senhor tomou desde quando cheguei aqui.

        Alguns dias se passaram: não via James pela casa e se o via, ele se mostrava evasivo e inventava desculpas para não permanecer muito tempo e conversar comigo. O que ele aprontava? Não dava para saber... As investigações do detetive que contratei andavam a passos de tartaruga. Ao que parece, eu teria de insistir ainda mais o senhor Miller para ele me mostrar os resultados.

          Havia prometido a Alice e a Jake que iria fazer um almoço para eles e Zafrina foi ao supermercado comprar o restante dos ingredientes para o espaguete com abobrinha e camarão que eu estava preparando. Ouvi a porta se abrir e me dei conta de que poderia ser James entrando na casa. Saí da cozinha e fui ter uma conversa com ele.

-James. – disse, quando fui até o quarto em que ele estava instalado.

-Ah, Isabella... Você aqui... Aconteceu alguma coisa? – perguntou. Ele parecia assustado... Por que será?

-Não... Nada demais... Eu quero apenas saber o motivo de... O que o senhor está fazendo?

         James estava jogando as suas roupas de qualquer jeito em uma mala.

-Para onde o senhor vai? – perguntei, cruzando os braços.

-Eu tenho de resolver umas pendências em Devon. Devo ficar fora por alguns dias.

-Vai viajar?!

-Volto logo. Eu prometo. – disse, fechando a mala.

-Antes que o senhor resolva sair sem me dar nenhuma explicação, eu quero ter uma conversa com o senhor! – falei, raivosa.

-E o que seria, Isabella?!

-E o que seria? Ainda pergunta? Não percebe o que faz comigo? Há dias que me promete me ajudar e até hoje nada! Sabe bem que não posso realizar nenhuma movimentação no meu dinheiro sem autorização! O senhor disse que me ajudaria com a matrícula do colégio, mas até hoje só me fez enrolar!

-Isabella, entenda que isso demora muito... Eu já lhe expliquei antes...

-Talvez se o senhor se esforçasse mais, esse problema já teria sido solucionado. Não trabalha, não faz nada, tem tempo de sobra para me ajudar...

-Peço perdão por isso, Isabella. – disse James, parecendo impaciente. E eu me importava com isso? Quem estava fula da vida era eu! – Prometo que faço a matrícula para você assim que voltar de viagem. Seja paciente...

-Quando voltar de viagem?! Não mesmo! Eu quero isso para ontem! Entendeu? ONTEM!  O senhor já me enrolou demais!

-Isabella, por favor...

-Por favor, uma ova! Já fui boazinha demais com o senhor! Mora aqui de graça, não faz nada e quando faz é sem o meu conhecimento e a minha autorização! Por acaso pensa que não sei que comprou o Jaguar no meu nome?

-Isabella, você não sabe o que diz! – gritou.

-Claro que sei! A partir de agora, se o senhor quiser continuar aqui, vai ser tudo do meu jeito!

       James olhou para mim, parecendo estar com raiva.

-Quase me esqueci disso... – disse, pegando as chaves do Jaguar em cima da mesa de cabeceira – Quero que devolva o carro para a concessionária hoje mesmo! Não quero que faça nada sem o meu consentimento a partir de hoje! Ladrão!

-Quem você pensa que é para falar assim comigo?! – perguntou, aproximando-se de mim. Ele estava furioso! -Ah, garota! Vai se arrepender por isso!

           James veio para cima de mim e me jogou contra a parede. Consegui empurrá-lo e saí do quarto, correndo escada abaixo. Tentei telefonar para a polícia quando cheguei à sala, mas James foi mais rápido e jogou o telefone sem fio para longe. Merda!

-Eu disse que iria se arrepender pelo que fez, Isabella!

         Dito isso, James me agarrou pelo pescoço, me esganando, enquanto eu tentava lutar contra ele.

-James, por favor, para com isso! – pedia, em vão – Pelo amor de Deus, me solta! Por favor! Não faz isso! Para! Para!

       Mas quanto mais eu pedia, mais James me espancava, e continuava a lutar contra ele, tentando dar tapas e arranhões, mas eu não conseguia me livrar dele. Em um dado momento, não sei o que me deu, comecei a gritar pedindo socorro e chamando Edward. Por que eu estava pedindo ajuda a ele?

       De repente, ouvi barulhos na porta da frente, como se alguém quisesse arrombar a porta. James me jogou no chão, tentando fugir e vi Jake correndo para cima dele, disposto a mata-lo. Senti a cabeça doer devido ao baque; Alice apareceu logo depois, dizendo para me manter acordada. Olhei para os olhos cor de âmbar dela e para Jake, aproximando-se de mim, machucado, e apaguei...

Alice Brandon POV

      Estava me arrumando para ir à casa de Isabella naquela tarde. Ela havia me prometido que faria um almoço para eu e Jake e que iria falar o resultado da conversa que teve com James, o tio dela. Sinceramente, eu achava que Isabella não iria falar com James, pois estava dando chances demais para que ele se mostrasse uma pessoa melhor. No entanto, eu não acreditava que ele fosse uma pessoa de bom caráter e sim, um homem que queria se aproveitar da boa vontade da sobrinha.

-Allie, vamos logo! – gritava Jake, da sala – Nós vamos nos atrasar!

-Deixa de ser apressado, Jake! – eu gritei – Bella não vai embora!

-Mas eu quero ir logo vê-la!

-Gente apaixonada é uma coisa... – falei para mim mesma.

      Eu ficava feliz por Bella e Jake ficarem juntos. Os dois pareciam se gostar e Bella parecia estar muito bem, mesmo depois do relacionamento complicado que ela teve com o cafajeste do Edward. Falando no diabo, como estariam os preparativos do casamento entre ele e a Rosalie? Eu nunca ouvi falar mais nada, nem tive tempo de falar com Rosie. Era estranho...

-Já estou pronta... – disse indo para a sala de estar do apartamento.

-Já não era sem tempo! – disse, levantando-se – Mulher demora demais para se arrumar! É só um almoço!

-Jake, deixa de ser chato! Aposto que, se fosse com a Bella, não diria a mesma coisa.

-Claro que diria!

-Sei... – comentei, incrédula – Vamos logo então! – disse, saindo do apartamento.

      Fui dirigindo o Porsche, enquanto conversava com Jake. Em menos de meia hora, já estávamos em frente à casa de Bella. Eu subia os degraus da varanda da casa e Jake falava com a mãe pelo celular, quando ouvimos gritos de socorro vindos de dentro da casa.

-O que está acontecendo lá dentro? – perguntou Jake.

-E eu que vou saber? Abre logo essa porta!

-Está trancada! – dizia ele, forçando a maçaneta e tentando arrombar a porta – Droga! Sai da frente!

-O que?!

      Jacob desceu os degraus correndo e se jogou contra a porta, que se abriu com a batida. Pude ouvir a voz da Bella pedir socorro, chamando Edward. Por que ela foi logo gritar por ele? Meu Deus! Espero que Jake não tenha ouvido isso. Entramos correndo na casa e vimos James atirando Bella ao chão.

-Seu desgraçado! Você vai pagar por isso! – disse Jake, partindo para cima de James.

     Os dois começaram a brigar e eu fui aparar Bella que estava caída no chão.

-Bella, está me ouvindo? Está tudo bem com você?

-Alice, pelo amor de Deus, chama a polícia! O demônio do James está fugindo! – exclamou Jacob, correndo para fora – Droga! Ele saiu com o carro em disparada! Como a Isabella está?

      Isabella nos encarou e desmaiou logo em seguida.

-Bella, acorda! – eu pedia, dando leves tapas no rosto dela – Acorda!

-O que aconteceu? – perguntou, acordando – Cadê o James? Jake, o seu rosto... Está horrível!

-Bella não é nada...

-Como não? Você está com a cara toda inchada! James bateu em você! Vamos à delegacia! Precisamos prestar queixa contra ele.

-Isabella, calma! – dizia – Você bateu a cabeça no chão! Não deve estar pensando direito!

-Não, Alice! Isso é um absurdo! James nos agrediu e me ameaçou! Eu tenho que denunciá-lo! – disse, indo até a porta – Ele não pode simplesmente fugir e não ser punido!

-Tudo bem, nós vamos logo a uma delegacia.

    Chegando ao distrito policial do bairro, nós esperamos mais de duas horas para falar com um delegado e realizar um boletim de ocorrência.

-Quando obtivermos respostas do paradeiro de James Dwyer, nós ligaremos para avisá-la. – disse o delegado.

-E quando essa equipe dará início às buscas? – perguntou Isabella.

-Quando tivermos homens necessários para fazer a vigilância nas fronteiras.

-E isso será logo, não é? – perguntou mais uma vez. Dava para ver que ela estava revoltada com a situação.

-Senhorita Isabella, a senhorita quer mesmo dar palpite no meu trabalho? – perguntou o delegado, já irritado.

-Não, mas o senhor deveria entender que James Dwyer é um homem altamente perigoso! Fez-me ameaças e ainda me agrediu! O senhor não acha que tenho motivos suficientes para desejar a prisão deste homem?

-Não se preocupe quanto a isso, senhorita Isabella, nós vamos tomar todas as atitudes cabíveis para solucionar este problema.

-Assim espero. – disse saindo da sala do delegado.

-Tenha uma boa tarde! – disse Jake.

      Jake e eu fomos atrás de Bella que já estava a nossa espera fora da delegacia, colocando o cachecol.

-É óbvio que ele não vai iniciar logo essas buscas. – comentou – A essa hora James já deve estar bem longe daqui e ninguém faz nada!

-Isabella, tenha calma! – pedia Jake – Vai ficar tudo bem!

-O cacete que vai ficar tudo bem! – reclamou.

      Jake tentou não se irritar com o que Bella falou e resolvi intervir:

-Vamos logo para a sua casa. É o melhor que temos a fazer. Lá nós descansamos e decidimos o que fazer.

-Tudo bem... – ela disse, desanimada.

     Voltamos a casa de Isabella, onde ela foi logo para o quarto dormir. Zafrina estava na sala, assustada por ver os móveis espatifados e fui lhe contando o que aconteceu. Disse a ela também que iria dormir na casa para acompanhar Bella. A noite, quando fui dormir em um dos quartos de hóspedes, Jake pediu para conversar comigo.

-Eu queria te perguntar isso antes de conversar com a Bella, pode ser que eu esteja maluco, ouvindo coisas, não sei... Quero ter a certeza disso antes de fazer um pré-julgamento. – falou em tom baixo.

-Fala logo, Jake! Falando assim, parece uma tragédia grega!

-Antes de entrarmos na casa, antes de vermos o James fazendo o que fez, eu ouvi a Bella chamar por alguém.

       Putz! Ele ouviu!

-O que você ouviu, Jake? – perguntei, tentando me fazer de desentendida.

-Eu a ouvi gritar por um tal de Edward. Quem é esse corno, Alice?

-Deve estar ouvindo coisas, Jake... Vamos dormir que é melhor.

-Não! Eu ouvi! E tenho a certeza de que você ouviu também. Fala quem é esse Edward.

-Você devia ter seguido o que falei antes de se envolver com a Bella. Eu falei que era um problema ficar com ela.

-E o que falou? Não lembro...

-Se tivesse prestado mais atenção quando falei: “Ela acaba de sair de um relacionamento complicado e não quer saber de ninguém”...

-É claro que prestei atenção, mas...

-Mas resolveu se arriscar. Olha, Jacob, eu incentivei o relacionamento de vocês, achando que daria certo, que Isabella poderia gostar de você, mas eu lamento muito. Não sabia!

-Deveria saber já que vocês são tão amigas... Não me vem com esse papo por que você deveria incentivar Bella a me tratar como válvula de escape!

-Mas eu não sabia se por acaso acha isso, ok? Não tire conclusões precipitadas!

        Jake olhava para mim, irado. Mas o que eu podia fazer?

-Jake, eu vou dormir, ok? Vá se deitar também, o teu mal é sono. – disse, fechando a porta na cara dele – Era só o que me faltava...

       No dia seguinte, eu me acordei com os gritos de Isabella vindos de sala de jantar.

-Eu não quero saber se eles estão na Micronésia ou no quinto dos infernos! Você tem de me dar noticias do senhor Thomas e do senhor Alexander! Eles trabalham para mim! Isso é um descaso!

     Parecia estar mais revoltada com a situação. E com razão.

-Ah é? Pois quando seus patrões chegarem de viagem diga a eles que eu os demiti e não quero saber do trabalho deles nunca mais! Ouviu bem?

      Troquei de roupa e desci para tomar café com ela. Quando cheguei a sala de jantar, ela estava olhando para a rua, pensativa.

-Bom dia!

-Ah, bom dia... – respondeu, constrangida – Você me ouviu gritar?

-Ouvi.

-Desculpe-me por ter te acordado.

-Sem problema...

-Como resolvo isso? Quem dizia me ajudar está longe, e para piorar, apoiava o que James fez. Aposto que não fizeram nenhuma objeção quando James começou a gastar o meu dinheiro sem o meu consentimento.

-Calma... Logo isso será resolvido...

-Assim espero...

    Bella passou a se servir de café e torradas e eu fiz o mesmo. Será que eu deveria falar com ela sobre aquele assunto logo? Melhor arriscar...

-Bella, eu queria comentar algo com você.

-E o que seria?

-Ontem, antes de entrarmos na casa, Jake e eu ouvimos você pedir socorro... Nós ouvimos você pedir socorro ao Edward.

-Ah, vocês ouviram?

-Claro! Como não iríamos ouvir! Francamente Bella... O que foi isso?

-Ora o que foi isso? E você pergunta isso para mim? Estava em uma situação de perigo, achando que iria morrer, chamei pela primeira pessoa que me veio à mente.

-Mas por que ele, Bella?!

-Alix, eu não sei! – disse saindo da mesa - Não me perturba com esse assunto! Eu estou aqui cheia de problemas para resolver e você ainda me pergunta por que eu gritei pelo nome do Edward?! Ah, faça-me o favor...

-Tudo bem, me desculpe... Eu só queria entender isso...

-Eu penso nele demais... – respondeu, por fim.

-Como é?!

-Eu ainda penso nele, Alice... Todos os dias. Não há momento algum que eu não me lembre das conversas que tínhamos, da maneira com que ele me tocava... – respondeu, chorando – É horrível, eu sei... Mas tente entender, Edward foi o primeiro homem que amei de verdade e continuo sentindo a mesma coisa por ele.

-Bella, pelo amor de Deus! Você está com o Jake! Você não deveria fazer isso com ele. Jacob é muito melhor que o Edward em várias coisas! Ele te adora, seria capaz de fazer de tudo por você... E você retribui assim?

-E você não acha que me culpo por isso todos os dias? Eu tentei. Eu juro que tentei, mas... Não deu certo. – disse, com uma expressão de assombro no rosto.

-Bella, o que foi?

        Virei-me para olhar o que era e vi Jake, nos encarando, furioso.

-Jake, eu... – falou Isabella.

-Não precisa falar mais nada... Eu já entendi tudo. – falou, saindo porta afora.

-Jake, espera... – o ouvimos bater a porta da frente com força - É tudo culpa minha...

Isabella Swan POV

        Que merda! Ir à delegacia, fazer um boletim de ocorrência e nada foi a mesma coisa! James estava foragido, tendo acesso as minhas senhas do banco e dos cartões de crédito, havia agredido a mim e a Jake e para piorar, me ameaçou! Ainda assim, a polícia não fazia nada. Diziam que iriam iniciar as buscas o mais breve possível e que me deixariam a par de tudo. No entanto, eu acreditava que nada iria se resolver logo e que deveria usar aquele velho truque para conseguir algo: “Você sabe com quem está falando?”. É óbvio que eu não iria conseguir nada dessa maneira. No dia seguinte, tratei de resolver a minha situação com os trastes daqueles advogados.

      A secretária deles dizia que eles foram passar as férias com as famílias em alguma ilha na Micronésia. Por que eles inventaram de tirar férias logo agora?! Nem trabalham! Aposto que o senhor Alexander e o senhor Thomas permitiam que James gastasse meu dinheiro à vontade sem me consultarem nem nada. Só por causa disso, eles não trabalhariam mais para mim!

     Depois de esbravejar com a pobre secretária que não tinha nada a ver com a história, ouvi Alice aparecer na sala de jantar, me cumprimentando. Eu a cumprimentei, constrangida, sem saber onde enfiar a cara. A essa hora, eu já deveria ter acordado a vizinhança inteira com os meus gritos...

-Como resolvo isso? Quem dizia me ajudar está longe, e para piorar, apoiava o que James fez. Aposto que não fizeram nenhuma objeção quando James começou a gastar o meu dinheiro sem o meu consentimento. – disse, cansada.

-Calma... Logo isso será resolvido... – disse, tentando amenizar a situação.

-Assim espero... – suspirei.

    Peguei três torradas para mim e passei geleia de morango para comer com café.

-Bella, eu queria comentar algo com você. – ela falou. Seu tom sério me deu medo!

-E o que seria? – perguntei.

-Ontem, antes de entrarmos na casa, Jake e eu ouvimos você pedir socorro... Nós ouvimos você pedir socorro ao Edward.

-Ah, vocês ouviram? – eu já previa isso.

-Claro! Como não iríamos ouvir! Francamente Bella... O que foi isso? – perguntou, aflita.

-Ora o que foi isso? E você pergunta isso para mim? Estava em uma situação de perigo, achando que iria morrer, chamei pela primeira pessoa que me veio à mente.

      Eu não era a pessoa mais adequada para explicar as minhas atitudes.

-Mas por que ele, Bella?!

-Alix, eu não sei! – disse saindo da mesa - Não me perturba com esse assunto! Eu estou aqui cheia de problemas para resolver e você ainda me pergunta por que eu gritei pelo nome do Edward?! Ah, faça-me o favor...

-Tudo bem, me desculpe... Eu só queria entender isso...

-Eu penso nele demais... – respondi, sentindo um nó se formar na garganta.

-Como é?!

-Eu ainda penso nele, Alice... Todos os dias. Não há momento algum que eu não me lembre das conversas que tínhamos, da maneira com que ele me tocava... – respondi, já chorando – É horrível, eu sei... Mas tente entender, Edward foi o primeiro homem que amei de verdade e continuo sentindo a mesma coisa por ele.

-Bella, pelo amor de Deus! Você está com o Jake! Você não deveria fazer isso com ele. Jacob é muito melhor que o Edward em várias coisas! Ele te adora, seria capaz de fazer de tudo por você... E você retribui assim? Fazendo de Jacob o teu estepe?

    Doía-me ainda mais ao ouvir aquilo e me sentia a pior pessoa do mundo.

-E você não acha que me culpo por isso todos os dias? Eu tentei. Eu juro que tentei, mas... Não deu certo.

    De repente, vi Jake aparecer na entrada da sala de estar, me encarando, com fúria no olhar.

-Bella, o que foi? – perguntou Alice, virando-se para ver o que era.

-Jake, eu... – falei.

-Não precisa falar mais nada... Eu já entendi tudo. – falou, saindo porta afora.

-Jake, espera... – o ouvimos bater a porta da frente com força - É tudo culpa minha...

        Sentei-me de qualquer jeito na cadeira da mesa.

-E agora, Alice? – perguntei, chorando ainda mais - Eu não queria que ele ouvisse assim... Eu iria falar de outro jeito.

-Infelizmente não deu para ser assim...

-E para onde ele foi? Ele não pode sair nesse estado... Temos que ir atrás dele.

-Não, Bella... Deixa-o aparecer aqui... Ele está furioso contigo, não vai conversar.

-Tudo bem... Eu vou subir para o meu quarto. Quando Jacob resolver voltar... Eu falo com ele.

-Eu tenho de sair. – afirmou Alice - Resolver as mesmas burocracias de sempre.

-Hum... Eu vou ficar bem sozinha com a Zafrina...

          Algumas horas depois, Zafrina apareceu no meu quarto, dizendo que Jacob queria conversar comigo.

-Eu queria apenas entender o motivo de você não ter me falado isso antes... – afirmou, depois de minutos sem nos falarmos – Por que não conversamos sobre isso? Eu lhe disse que poderíamos ser transparentes em todas as questões no nosso relacionamento...

-Achei que poderia esquecer isso... Eu iria te contar, mas não daquela maneira.

-Ah, claro, iria arrumar uma maneira melhor de me dar um pé na bunda, não é? – questionou, furioso.

-A questão não é essa, Jake... Eu sei que errei, errei feio, mas reconheço isso. E peço desculpas pelo que fiz, mas é que não sabia como lidar com a situação. Entenda quando digo que não queria te fazer mal nenhum. Eu gosto muito de você, Jake.

    Jake começou a encarar o chão e voltou a falar:

-Não da mesma maneira que eu... Olha, eu já tenho que ir.

-Vai para onde?

-Eu vou voltar para Washington. É lá onde moro.

-Vai embora...

-Não diria que é uma viagem sem volta. É mais uma viagem para resolver pendências e refletir sobre isso. É melhor para nós.

-Tudo bem...

-Eu realmente espero que você fique bem.

       Não respondi e o vi entrar em um táxi, rumo ao aeroporto.

[...]

-Então quer dizer que Jake foi mesmo embora? – perguntou Alice.

-Sim, mas ele deixou o pen-drive com o projeto gráfico da Serenity concluído. – respondi.

-Queria ter me despedido dele...

-Ainda me sinto culpada com tudo isso...

-Isso iria acontecer de qualquer maneira.

-Logo quando parecia estar tudo bem, aparece uma desgraça atrás da outra...

-Pensa por outro lado... Coisas assim nos acontecem para mudar a radicalmente a nossa vida. Sabe aquele ditado: “Depois da tempestade, vem a bonança”?

-O que tem?

-Bom... Eu penso dessa maneira. Essas coisas ruins aconteceram para que, em algum momento, num futuro próximo, virão coisas melhores para você. Quem sabe você não resolve logo esse problema do seu tio?

-É... Talvez...

-Não seja tão pessimista, Bella...

-E dá para ter algum ânimo agora? Eu vou para o meu quarto. Quero ficar um pouco sozinha.

       Subi para o meu quarto e voltei a uma rotina parecida com a que tive quando Renée faleceu. Quase não saía do quarto e não tinha ânimo para fazer nada... Alice e Zafrina sempre vinha me fazer companhia, embora as duas tivessem que trabalhar. O detetive Miller me entregara um relatório de, pelo menos, umas duzentas páginas, contendo fotos e um pen-drive com gravações de conversas entre o meu tio e os meus advogados. Os dois faziam um acordo da seguinte forma: James facilitava para que Alexander e Thomas gastassem o meu dinheiro, investindo em outras empresas sem o meu consentimento e James também poderia realizar investimentos, mas não em empresas, e sim, em coisas pessoas, tais como roupas de marcas, sapatos, carros luxuosos...

      Uma vez, ouvi Alice falar com alguém pelo celular, enquanto eu me trocava de roupa para tomar café.

-Ela está bem. Estou dormindo aqui na casa dela. – dizia.

     Com quem ela estava falando sobre mim?

-Está tudo bem mesmo, Esme. Obrigada por se preocupar.

    Alice estava falando com a baronesa?!  Sobre a minha pessoa ainda por cima?

-E como está a Rose? Faz um bom tempo que não nos falamos.

     Alice calou-se por alguns minutos. O que Esme falava tanto? A fadinha estava em choque quando a vi.

-Mas faz tempo que ela está internada? Eu posso visita-la? Ah não? – olhou para mim e fez sinal para que eu esperasse - E quando posso vê-la? Sei... Mas por que vocês não me falaram antes? Sabe que sou a amiga dela. (...) Saiu hoje nos jornais? Eu não vi ainda, vou olhar. Por favor, senhora Esme, me mantenha informada? Até mais!

-O que aconteceu a Rosalie? – perguntei quando Alice desligou o celular.

-Rosalie está internada numa clínica de reabilitação. Ao que parece, ela tomou remédios demais! Remédios para inibir o apetite... Uma vez a vi tomando laxante! Meu Deus, o juízo dessa garota é no pé! – disse, descendo as escadas para a sala de jantar.

-Ah, meu Deus! Desde quando ela está internada? – perguntei, seguindo-a.

-Já faz quase um mês... Esme me contou que foi um pouco depois do término...

-Término de quê?

-Disso. – disse, entregando-me o jornal.

      Em um canto da capa do jornal havia uma nota falando sobre a internação de Rosalie e o término de seu noivado com Edward. Como assim? Por que Edward fez isso com Rosalie? Não parecia ser o que ele mais queria na vida? No entanto, pelo que dizia a notícia, Rosalie era quem encerrara o compromisso com Edward e sofreu uma overdose acidental de remédios. Não acreditava nenhum pouco do que eu lia, mas se tratando de Rosalie que trocava mais de namorado como quem trocava de roupa, não era difícil de imaginar.

-Isso é um absurdo! – comentei – A baronesa falou como ela está?

-Por ora, ela está em observação e não pode receber visitas. Ordens do médico para que ela se recupere rápido.

-Hum...

-Eu estava sem nenhuma notícia de Rosalie, sem poder manter contato com ela e agora isso... Espero que ela se recupere.

-Também espero isso...

       Era óbvio que eu ainda sentia raiva de Rosalie, mas eu não queria ela morresse. Os barões não suportariam perder a única filha.

-Só me pergunto como estará Emmett. Apesar de tudo, ele é louco por Rose.

-E eu que sei?

    De repente, lembrei-me de algo que me aconteceu: no dia da festa de noivado de Rosalie, Emmett havia se cortado e eu fiz um curativo na mão que estava machucada. “Fico te devendo uma. Se precisar de mim, este é o endereço do meu escritório em Londres”.

-O que foi, Bella? – perguntou Alice, quando viu minha cara de espanto.

-Já sei quem pode me ajudar!

-Ajudar em que?

-Ajudar no problema do meu dinheiro! Emmett McCarthy pode me ajudar.

-Como assim o Emmett McCarthy vai te ajudar?!

-No dia da festa de noivado da Rosie, foi ele quem quebrou uma das taças. Não sei se você lembra que fizeram o maior alarde por causa disso, mas eu lembro! Eu vi! Ele tinha ferido a mão! Eu fiz um curativo nele e ele disse que me ajudaria em qualquer coisa!

-Qualquer coisa?

-Sim! Eu só preciso descobrir o endereço do escritório dele!

-Eu sei onde é, posso te levar lá. É perto do escritório do Carlisle. Mas será que ele vai lembrar-se disso e te ajudar?

-Eu espero que sim!

-Então me deixa terminar de tomar o meu café que te levo lá no escritório do Emmett!

-Obrigada, Alice! Nem sei como te retribuir.

-Nem precisa. Eu só quero que isso se resolva logo.

-Deus te ouça!

       Esperei Alice se trocar de roupa e logo depois, saímos em direção ao lugar em que Emmett trabalhava. Passamos quase uma hora enfrentando um engarrafamento infernal para chegar a Saracen Street. Quando entramos no escritório da Mc Carthy and Associates Law Firm uma recepcionista loira com cara de “Estou trabalhando aqui apenas por que não achei um emprego melhor”. Bem que ela podia ser mais gentil.

-Bom dia, estou procurando por Emmett McCarthy. – disse.

-A senhorita tem hora marcada com ele? – perguntou a recepcionista.

-Não, mas...

-Então não pode falar com ele. Apenas se tiver marcado horário.

-Podemos voltar outra hora. – disse Alice.

-Não tem problema. Eu espero. – falei, tentando parecer ser firme.

-O senhor Emmett não se encontra no escritório neste momento. Ele só chega a partir das nove horas. Aconselho à senhorita vir em outro horário.

-Já disse que não me importo em esperar. – disse, indo me sentar na poltrona – Alice, se quiser voltar para casa, pode ir.

-Fico com você aqui.

       De repente, a porta se abriu e vimos Emmett entrar, falando ao celular. Como ele era lindo!

-Ele veio, Alice! – exclamei, baixinho.

-Sim! Ele está lindo com esse terno Armani!

-Bom dia, senhorita Jane. – falou à recepcionista – E como está a minha agenda?

-Bom... Temos reunião as 10 e 30 com o senhor Mitchell. Às duas horas tem o caso Martin para ver a situação da hipoteca dele...

-Tudo bem... – disse, indo para a sala dele.

     Eu a encarei, esperando que ela falasse algo para o patrão senão...

-E ah... Senhor Emmett...

-O que foi, Jane?

-As senhoritas...

-Isabella Swan. – disse, me levantando.

-Alice Brandon.

-Alice, Izzy! – ele me chamou de Izzy? – Muito bom ver vocês! Como estão?

-Eu estou bem, Emmett. Como vão seus pais? – perguntou Alice.

-Estão muito bem, graças a Deus! Mas por que vocês vieram até aqui? Poderiam falar comigo pelo celular.

-Eu queria falar pessoalmente com você, Emmett. – falei – Preciso muito de sua ajuda. Se não quiser me receber, eu entenderei, posso voltar outro dia...

-Sem problema nenhum. Eu tenho uma hora e meia para não fazer nada. Vem comigo.

-Eu fico aqui esperando, Bella. – falou Alice.

-Tudo bem...

       Entrei na sala com Emmett; este pediu que eu me sentasse na cadeira a sua frente, enquanto guardava as suas coisas. Na verdade, não era bem guardar. Jogava a bolsa tiracolo de qualquer jeito no armário que havia na sala e pegou um pacote de Doritos de dentro. Abriu a embalagem e começou a comer.

-Quer um pouquinho? – perguntou, me oferecendo.

-Não, obrigada. – Ele comia isso pela manhã? Ele não sabe que isso faz um mal medonho?

-Então, Izzy... Em que posso te ajudar?

-Você já sabe que sou a única herdeira da fortuna do meu avô.

-Sim, eu vi a notícia no jornal.

-No entanto, eu não sou autorizada a mexer neste dinheiro. Para isso, eu preciso completar dezoito anos ou iniciar com um processo de emancipação o mais rápido possível. Esse é o meu problema. Os advogados do meu avô foram coniventes com o que o meu tio e tutor, James Dwyer, fez.

-E o que ele fez?

-Eles faziam acordos sem o meu conhecimento. Por exemplo, James apareceu lá em casa uma vez com um Jaguar recém-comprado sem o consentimento. Do outro lado, James deixava com que os advogados pudessem realizar investimentos em empresas e ficar com a maior parte dos lucros, enquanto eu teria de esperar até o mês de setembro para fazer movimentações na minha conta bancária.

-Mas isso é um absurdo! Izzy, você deveria ter denunciado isso antes!

-E você não acha que já fiz isso, Emmett? James me agrediu e me fez ameaças, mas a polícia não me deu o menor crédito. Por favor, me ajude com isso. Eu não posso lhe pagar. Não agora, mas assim que eu colocar as mãos no dinheiro, a primeira coisa que farei é pagar pelos seus serviços.

-Izzy, isso não é necessário. Eu prometi que iria lhe ajudar.

-Mas não posso aceitar isso, Emmett. Eu prometo que lhe pago o quanto for necessário.

-Izzy, eu já lhe disse... Não há dinheiro no mundo que pague o que quero.

-E o que você quer? Ah, já entendi. Não precisa me dizer... Eu entendo a sua situação.

-Tudo bem... Izzy, eu vou lhe ajudar. Não precisa me dar nada em troca.

-Faz isso mesmo por mim?

-Faço. Eu prometi. O que eu vou fazer é... Eu vou me tornar o seu novo consultor jurídico.  Você não se emancipará logo. O processo demora, precisa de várias análises para que o juiz entenda que você já tem condições plenas para cuidar de si.

-Sabia que seria assim...

-Mas não se preocupe quanto a isso. Você poderá mexer em seu dinheiro sem pedir a minha autorização. Para todos os efeitos, serei o seu novo tutor até o dia que comemorar dezoito anos.

-Entendi... Eu só queria que encontrasse o crápula do James e colocasse atrás das grades. O que ele fez a mim e a Jacob não tem perdão.

-Eu vou fazer o que estiver ao meu alcance para isso...

-Obrigada mesmo, Emmett. Você é um homem bom.

      Ele me lançou um sorriso e agradeci mais uma vez pela ajuda. Saí da sala e encontrei Alice na recepção, folheando uma revista.

-Vamos? – perguntei.

-Já terminou?

-Sim!

-Foi rápido. E aí? Emmett vai te ajudar? – perguntou enquanto saíamos do escritório.

-Sim, ele me disse que vai trabalhar o mais rápido possível neste caso.

-Emmett é mesmo uma ótima pessoa! Que bom que vai dar tudo certo!

-É sim!

       Alice estava mesmo certa quanto ao ditado que havia dito para mim. Depois da tempestade, vem a bonança. A minha vida estava entrando nos eixos pouco a pouco e eu poderia dizer que estava me sentindo bem com isso. Confesso que estava com medo do futuro, mas eu não deixaria as coisas simplesmente acontecerem. Eu seria a senhora da minha vida.

FIM DO CAPÍTULO 13 


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