Amor por Contrato escrita por pandorabox240


Capítulo 11
Aprendendo a viver (pt. 2)


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas bonitas! Há quanto tempo? Desde o ano passado que não nos vemos, mas aqui estou. Aproveitem!



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Capítulo 11: Aprendendo a viver (pt. 2)

Isabella Swan POV

          Depois dias de alguns dias, passeando pela cidade, levando Jacob a pontos turísticos de Londres, voltei a minha rotina de procurar emprego. Se bem que preferia ficar um pouco mais com Alice e Jake. Era tão bom estar perto deles! Eu até me sentia mais próxima de Jake. Ele me contava sempre das suas paixões, que eram o cinema e a música. Ficávamos horas falando sobre filmes. Até fomos ao cinema juntos: eu, ele e Alice.  No entanto, eu deveria voltar à minha realidade...

[...]

         Ainda me sentia um pouco zonza naquela tarde. Havia acabado de acordar à tardinha, depois de perambular pela cidade toda atrás de emprego. Nenhum lugar me aceitava! Que droga! Essa rotina já estava me cansando. Levantei-me da cama e fui até a cozinha beber água. Estava tudo escuro e não conseguia enxergar nada. Fui tateando as paredes até acender a luz, quando vi um facho de luz azul vindo da sala. Fui andando devagar até descobrir o que era. Alice e Jake haviam saído e disseram que iria demorar quando cheguei em casa, então achei que estivesse sozinha. Quando acendi a luz da sala, vi Jake, sentado no sofá da sala, com os olhos vidrados no notebook. Credo, o cara nem se mexeu!

-Jake? – perguntei, indo para perto dele.

-Ah, você me assustou desse jeito! Nem percebi que você estava aqui! – falou com a mão ao peito.

-Também... Está tão concentrado com esse notebook que nem percebeu nada! – falei, rindo.

-Desculpa... É que eu estava trabalhando em um projeto novo. Fico muito concentrado quando me envolvo assim.

-Ah tá. – disse, sentando-me ao lado dele no sofá. – Em que trabalha mesmo?

-Sou designer gráfico. Tenho uma empresa que cria logotipos para empresas, anúncios e revistas eletrônicas. – respondeu. Por que ele me falava disso de forma tão estranha? Gaguejava mais do que eu quando ficava nervosa...

-Ah, isso parece ser bacana! Mas o que está fazendo agora? Desculpe-me, eu sou tão curiosa...

-Não tem problema. – disse ele sorrindo – Na verdade, estou tentando desenvolver o logotipo da grife da Alice. Foi por causa disso que vim para cá e também por que queria revê-la, já que eu estava por perto. Quando estiver pronto, eu mostro a vocês.

-Tudo bem... Vou ver um pouco de televisão. Incomoda-se?

-Não. Nenhum pouco. Pode ver.

-Okay.               

          Liguei a televisão em um canal de variedades. Deveria ter ficado no quarto, quando vi a matéria que seria exibida. A matéria falava sobre os noivados do neto da Rainha com uma plebeia e de Edward e Rosalie, que já estavam com os preparativos a todo vapor, uma vez que o matrimônio seria realizado logo no começo da primavera, no mês de março. Por que Edward se mostrava tão abatido nos vídeos em que aparecia? Não era isso o que ele mais queria?

-Quem são esses? – perguntou Jake – Há dias que passa matérias nesse canal falando sobre esse cara e a noiva...

-São membros da nobreza que não fazem nada da vida para ganhar dinheiro... – respondi, olhando para as imagens do casal na televisão. Não deixava de ser uma verdade.

-Assim como todos os outros, não é?

-Exato. – concordei, rindo.

         Percebi que ele estava me observando. Isso era tão estranho... Por mais que eu me sentisse amiga de Jacob, ainda não tinha tanta intimidade com ele.

-Tem alguma coisa errada em mim? Por que olha tanto?

-Ah, não... Não é nada... Esquece. Vou voltar ao meu trabalho.

-Tudo bem...

         Algumas horas depois, Alice chegou da rua, se desfazendo do cachecol e do casaco 7/8 e nos viu na sala rindo de qualquer besteira que passasse na televisão.

-Olá, pessoas! Do que tanto riem? – perguntou.

-Nada demais. – respondeu Jake.

-É... Estamos comentando das pessoas. – falei.

 -Ah... Tá. Bacana... – disse, olhando para mim com um sorriso divertido.

       Eu já entendia o motivo dela me olhar desse jeito. Alice iria se ver comigo.

-Alice, eu já falei mil vezes! Tira isso da tua cabeça! – reclamei com ela quando estávamos em meu quarto – Eu sequer gosto do Jacob.

-Mas por quê? Eu fiquei olhando para vocês e vi que formam um casal bonito, ora... – disse, deitada na minha cama com os pés na parede.

-Alice, meu primeiro relacionamento foi traumático... Não quero ter nada agora. Gosto de ficar desse jeito...

-Sozinha? Sei... Isabella eu não estou falando de casamento nem nada disso. Só estou falando que você deveria aproveitar, esquecer Edward e seguir em frente...

-Seria ótimo se eu pudesse esquecê-lo...  Eu penso nele quase sempre. É difícil, entende?

-Sim, eu entendo... Entendo muito bem disso. Mas pensa no que eu te falei... Sempre é bom conhecer e se relacionar com outras pessoas. Além disso, eu desejo muito que você seja feliz.

-Vou pensar no que disse...

-Ótimo. Eu vou me deitar. Terei um dia cheio amanhã. – disse, se levantando da cama – Boa noite, Bella!

-Boa noite, Alice! – disse, me deitando na cama, deixando o abajur ligado.

             Alice saiu do quarto e fechou a porta, logo em seguida. Passei a refletir melhor sobre o que Alix falou. Talvez eu devesse mesmo recomeçar a minha vida amorosa e parar de pensar em Edward. Ele está lá, feliz da vida, prestes a se casar com Rosalie e eu aqui, chorando e perdendo o meu precioso tempo. É... Talvez eu devesse fazer isso mesmo...

            No dia seguinte, acordei um pouco mais cedo que o previsto e fui tomar café. Alice e Jake permaneciam dormindo e preparei o meu café, tentando ser a mais silenciosa possível. Mas ao que parece alguém acordou com o barulho que fiz. Alice e Jake surgiram na porta da cozinha, ainda sonolentos.

-Bom dia, Bella! – disse Alice, pegando as xícaras e pires no armário – Bella, eu te falei várias vezes que não precisa fazer isso...

-Bom dia, Alice! Não reclama que eu sei que você diz que adora quando faço comida aqui. E a propósito... Bom dia, Jake!

-Bom dia, Bella! Isso é verdade, Alice?

-Lógico! Isabella é uma excelente cozinheira! – Jake olhou para mim, como se perguntasse e eu confirmei. É claro que Alice falava aquilo apenas para deixar Jake mais encantado.

-Mas é só por hoje. Sabe que não gosto de ficar sem fazer nada.

-Entendi... Mas mudando totalmente de assunto, gente...

-O que foi? – perguntei.

-Estava pensando em passar esse final de semana fora da cidade. Preciso descansar um pouco dessa rotina. Aluguei um chalé em Kent e vamos para lá nessa sexta.

-Tudo bem... Eu fico no seu apartamento enquanto vocês viajam.

-Que negócio de ficar em apartamento, Bella! – comentou Jake – Você vai conosco!

-O quê?! Como assim?

-Ora, como assim... Você vai conosco, ué! – reclamou Alice – É melhor que irmos passear por essa cidade todo o final de semana.

-Se você diz, eu vou.

           Os dois comemoraram. Eu sabia que a pequena viagem era uma manobra de Alice de me juntar a Jacob. Quero ver o que vai acontecer nessa viagem...

-Garanto que você gostar muito de lá. – disse Alice, guardando as roupas em uma mala – É muito bonito.

-Eu imagino que sim... E imagino também o motivo dessa viagem...

-Você precisa espairecer a mente, além disso... Tem estado muito cansada por conta do que tem feito nesses últimos dias.

-Sabe bem o motivo. Preciso de emprego para ganhar dinheiro para me manter e voltar a estudar.

-Sabe que posso te ajudar com isso. – falou Alice constrangida - Não posso pagar um colégio como Malborough, mas posso te colocar em outra escola mais barata.

-Deixe-me tentar... Eu não quero mais ter de depender e ficar devendo a ninguém.

-Eu entendo... Bom...  – Alice voltou ao ânimo de antes - Ainda tenho muita coisa para arrumar! Tenho que colocar meus casacos! Vou lhe emprestar alguns! Deixe-me ver o que posso colocar mais...

-Alice, nós vamos apenas passar o final de semana! – falei, rindo – E, pelo que soube, a cidade de Kent não faz tanto frio assim.

-Eu sei, mas não posso me esquecer de nada. Tenho de estar preparada a tudo!

         Depois de colocar várias e várias malas de Alice no porta-malas de seu Porsche amarelo, nós viajamos a cidade de Maidstone em Kent na sexta após o café da manhã. Eu nunca havia saído da cidade a não ser em excursões pelo colégio em que não aproveitava nada. Essa viagem seria ótima para mim! Durante a viagem, Alice nos fazia rir de qualquer coisa que ela falava e das coisas que via na estrada. Em menos de duas horas, chegamos ao chalé que havia sido alugado para nós. Jake nos ajudou com as malas e fomos nos instalando nos quartos que haviam. Logo depois, fomos conhecer o resto da casa e Alice insistiu em tirar fotos minhas e de Jake quando menos queríamos.

         À tarde, nós fomos tirar fotos no Mote Park, um dos pontos turísticos da cidade, situado perto do chalé que alugamos.  Eu andava pelo parque, olhando a paisagem, enquanto Alice e Jake estavam um pouco mais atrás, conversando. Não entendia o que conversavam, pois falavam baixo. Continuei a caminhar e parei perto de um lago. Estava distraída, olhando a paisagem naquele dia ameno, se comparado ao tempo em Londres, quando alguém tocou em meu ombro. Virei-me para ver quem era e vi Jacob.

-Ah, você me assustou! – reclamei - Onde está Alice?

-Voltou para o chalé. – respondeu, olhando para o lago - E eu achando que ela não se cansava...

-Também não. – afirmei, rindo.

-Está gostando da viagem?

-Claro! Eu nunca havia saído da cidade para uma viagem como essas.

-Não?

-Não, apenas viajei em excursões da escola e não aproveitava nada.

-Ah sim...

        De repente, ouvi o obturador da máquina fotográfica que ele tinha nas mãos, disparar. Ele havia me fotografado? Eu não gostava nenhum pouco de fotografias. Sempre achei que a minha imagem apareceria bizarra.

-Mas o que...? – tentei tirar a câmera das mãos dele, em vão – Como pode tirar uma fotografia minha assim, desse jeito, sem a minha permissão?

-Ora, Bella... E eu podia deixar de te fotografar? – perguntou, afastando-se de mim - Está bonita com o cabelo avermelhado!

-Sério?! E você acha que acredito nisso? Devolve a câmera para eu apagar a foto!

-Não vou deixar você apagar. Está bonita. Sabe que te acho bonita. Desde o dia em que nos conhecemos no aeroporto.

      Encarei-o com descrença. Eu poderia dar um jeito de excluir a foto depois.

-Finjo que acredito... – disse, voltando a caminhar pela trilha que havia ido.

-Mas é sério, Isabella. – comentou, logo atrás de mim – Não sei como não percebe.

-Não percebo o quê...? – virei-me para encará-lo. O que ele iria me dizer?

-Que me interessei em você desde que a vi pela primeira vez. – respondeu. E quando menos imaginei, ele me confessou a verdade...

-Que piada, Jake! Isso é uma brincadeira de péssimo gosto!

-Não é nenhuma brincadeira, Isabella... Eu gosto de você... De verdade... – confirmou, aproximando-se mais de mim.

-Olha, Jake, eu... Talvez isso seja uma conclusão precipitada e...

-Tudo bem, eu entendo... Desculpe-me por ter sido tão apressado... Eu vou voltar para o chalé. – concluiu, nervoso.

-Jake, espera!

        Jacob sinalizou que havia encerrado o assunto e foi embora do parque, me deixando sozinha. O que ele queria que eu fizesse? Que eu correspondesse ao que ele sente apenas por que ele se declarou para mim? Isso é culpa de certas pessoas de olhos verdes que ainda insistem em povoar a minha mente. Droga!

        Voltei para o chalé e não encontrei ninguém na sala de estar ou na cozinha. Deviam estar em seus quartos descansando. Melhor assim. Esse passeio me deixou cansada.

        Estava assistindo televisão no quarto, quando Alice apareceu, perguntando:

-O que aconteceu no passeio depois que fui embora?

-Nada demais... Caminhei até o lago, vi Jake, conversamos, ele disse que gostava de mim... – respondi normalmente, como se estivesse lendo uma lista de compras.

-O quê?! Ele disse isso mesmo? – perguntou, deitando-se na cama ao meu lado – E o que você disse a ele?

-Nada... Jake não me deixou responder... Queria que eu desse a resposta para ele, mas acho que a resposta que eu iria dar, não era a resposta que ele queria ouvir. E ele me pegou de surpresa! Não imaginava que ele fosse me falar isso!

-Era uma coisa que nós já sabíamos. – enfatizou.

-Não era, Alice. Era apenas uma desconfiança. A confirmação só veio agora. O que eu faço depois dessa?

-Bom... Eu diria para você ficar com ele e ver no que dá. Mas a decisão é sua...

-Eu já deveria saber disso...

[...]

      No dia seguinte, fiquei apenas no quarto e não saí do chalé. Pensei até demais sobre a conversa que tive com Jake e ainda não tinha do que fazer. Parecia tudo tão complicado... No último dia da viagem, Alice nos fez ir a um passeio em grupo ao castelo Leeds. Jake mal falava conosco e se mantinha afastado do grupo. Eu olhava para Jake, tentando falar com ele, mas nem me via. Eu precisava conversar com ele sobre o que havia acontecido no dia em que chegamos aqui. Entramos em um cômodo em que o guia explicava a todos as obras de arte que havia ali e o estilo de arquitetura do cômodo. Deixei Alice prestando atenção na explicação do guia e fui tentar resolver esta situação.

-Preciso falar com você sobre o que aconteceu anteontem. – afirmei, quando me aproximei dele.

-Claro! – disse, olhando para o panfleto da excursão – Pode falar!

-Melhor conversarmos em outro lugar...

-Tudo bem...

       Saímos do cômodo e passamos andar pelos corredores do castelo.

-Se quiser já pode falar, Isabella... – comentou.

-Não sei bem como conversar sobre isso. Não sou muito experiente nesse tipo de coisa.

-Ah entendo...

-Por isso eu quero que entenda o motivo de não ter te falado nada quando você disse que gostava de mim. Eu ainda estava tentando absorver as informações que me passaram, precisava entender a situação... Você me pegou de surpresa.

-Peço que me perdoe por isso, não foi a minha intenção. Eu só não sabia como falar isso a você.

-Hum...

-Eu realmente gostaria de tentar algo bom com você, Isabella – disse. As mesmas palavras que Edward usou...

        Quer saber? Para que lembrar-se dele? Edward que se dane nesse momento!

-É mesmo?

-É... – respondeu, sorrindo – Eu gosto de você.

        Aproximei-me de Jake e toquei o seu rosto. Parecia estar com febre de tão quente que estava. Jake enlaçou-me pela cintura com as duas mãos, enquanto eu deslizava as minhas mãos por seus braços fortes e me encarou antes de colocar seus lábios sobre os meus. Gemi quando Jake aprofundou mais o beijo, fazendo-me ficar sem fôlego.

[...]

-Então quer dizer que vocês estão mesmo juntos? – perguntou Alice, bebendo chá.

       Já fazia uns dois dias que nós havíamos voltado de viagem e só hoje eu tive tempo de conversar com Alice sobre o assunto.

-Sim! Jake me faz bem e acredito que isso possa dar certo...

-Mas é claro que pode dar certo. Jake é uma ótima pessoa e vocês se dão muito bem...

-É... Pode ser...

         Não vou negar em dizer que não penso mais em Edward. Era óbvio que, quando eu me encontrava sozinha, pensava em Edward. Mas espero que isso não mais aconteça, uma vez que pretendo levar o que tenho com Jacob mais a sério.

       Jacob chegou ao apartamento, depois de ter ido se encontrar com alguns amigos que moravam na cidade.

-Olá, garotas! – disse entrando na sala – Olá, Allie! Olá linda! – deu-me um selinho.

-Eu vou voltar ao meu trabalho e deixar o casal mais a vontade. – disse Alice, sorrindo maliciosamente, enquanto olhava para Jake, que ria também.

       Jacob ajoelhou-se a minha frente e comentou:

-Mal via a hora de te ver... Nem nos vimos hoje.

-Tive de sair cedo para procurar emprego. Sabe disso. –respondi, enquanto ele beijava as minhas mãos.

-Eu sei... Mas que eu queria ter te visto hoje pela manhã. – falou, com os olhos suplicantes. Parecia um cachorrinho.

         É tão bobinho, pensei... Aproximei-me dele e o beijei mais uma vez. Jacob levantou-se e me levou pelas mãos até o sofá e lá ficamos abraçados, conversando amenidades, rindo de qualquer coisa que ele dizia.

        Jacob se mostrava uma ótima pessoa para comigo, totalmente gentil e romântico. Quando saíamos juntos, Jacob se mostrava um completo cavalheiro: abria a porta do carro para mim, comprava qualquer coisa que visse somente para me agradar, me mimava ainda mais com presentes, como um colar de pérolas que me deu como presente adiantado de Natal. Eu gostava do que Jacob fazia para mim e de sua companhia. Mas será que eu poderia corresponder ao que ele sentia por mim algum dia? Ou será que vou continuar usando-o com um mero passatempo para esquecer Edward? Eu me sentia mal em todas as vezes que via meu relacionamento com Jacob dessa forma... Eu odiava pensar assim. Infelizmente, era a verdade.

         Havia acordado um pouco mais tarde naquela quarta-feira e estava tomando o café com Alice e Jacob. Estávamos tentando descobrir de Jacob como seria o logotipo da grife de Alice, e ele insistia que veríamos apenas quando o trabalho estivesse concluído. Foi aí que ouvimos a campainha tocar.

-Mas quem será tão cedo? – perguntou Alice.

        Continuamos a conversar na cozinha quando Alice voltou logo após alguns minutos.

-Tem um homem querendo falar com você, Bella. – afirmou – Ele não quis me dizer quem era, apenas disse que conhece você.

-Um homem quer falar comigo, você não o conhece e ainda o deixa entrar?

-Lógico que não o deixei entrar! Ele está na porta esperando por você.

-Qualquer coisa, estamos aqui, Bella. – comentou Jacob.

-Está tudo bem. Não deve ser nada. – falei, saindo da cozinha.

        Quando cheguei à sala e vi aquele homem parado à porta, eu o reconheci. Era o homem que estava hospedado na casa dos Cullen; era o senhor Phillip, mas o que diabos ele estava fazendo aqui no apartamento de Alice? E o que ele queria falar comigo?

-Bom dia, senhor Phillip! – cumprimentei-o.

-Bom dia, senhorita Isabella. – respondeu, polido – Como tem passado?

-Bem... Mas o que o senhor veio falar comigo? Por favor, entre.

     O velho homem entrou no apartamento e sentou-se no sofá, dizendo:

-Eu sei que deveria ter-lhe falado sobre isso há mais tempo, mas era necessário que chegasse a hora certa para contar.

-E o que seria, senhor Phillip? Eu não faço a menor ideia.

-Há alguns anos, eu deixei de ter contato com alguém da minha família que amava demais. Essa pessoa era o meu filho, quem eu havia dado as costas quando mais precisava de mim e não acreditava nele. Admito que tenha sido por minha causa que destruí a minha família, mas acredito que nunca é tarde para o arrependimento.

     Mas o que aquele homem estava dizendo? O que eu tinha a ver com aquilo?

-Creio que devo contar um pouco melhor esta história, Isabella, para que possa entendê-la.

-Mas é claro. Não entendo os motivos de você vir até aqui me contar sobre seus problemas familiares.

-O nome do meu filho era Charles Phillip Swan. Pouco tempo atrás, descobri que ele era casado legalmente com Renée Adele Swan. Seu nome de solteira era Dwyer. Os dois tiveram uma filha, Isabella Marie Swan, nascida a 13 de setembro de 1993.

-Meu pai...? Então quer dizer que o senhor é o meu avô? Eu não posso acreditar nisso! A família de meu pai nunca mostrou o desejo de ter contato comigo antes, quanto mais agora! Por que isso?

-Garanto-lhe que isso não é nenhuma mentira. Este exame de DNA atesta que você é a minha neta. – disse, mostrando-me a pasta de um laboratório de análises clínicas. Os exames apresentavam o resultado positivo.

-Mas como o senhor...? Ah, lembrei...

       Antes de sair da casa dos Cullen, eu havia me cortado com a faca. O senhor Phillip havia se aproveitado disso para provar que não estava cometendo nenhum engano quando me encontrou.

-Lamento que nós tenhamos nos conhecido em um momento tão ruim. – comentou – Eu gostaria de ter encontrado sua mãe a tempo de resolver alguns problemas não resolvidos entre nós. Cortei as relações com meu filho assim que ele e sua mãe resolveram morar juntos.

-E quais seriam? E por que veio me procurar tanto tempo depois? Por que deu as costas a minha mãe quando ela mais precisava? Não sabe o que passamos durante todos esses anos...

-Peço humildemente que preste atenção na história que tenho a contar. Charles estava estudando História em Oxford quando disse que havia encontrado uma garota, com quem estava namorando. Acreditava que Charles estava namorando uma moça de família nobre e então convidei os dois para passarem o feriado da Páscoa em minha residência em Surrey e...

-E qual seria o problema se a minha mãe não fosse de família nobre? – perguntei, irada – Ah, já entendi...

-Isabella, se você me deixar explicar... Talvez possa entender...

-Não tem o que explicar nada, senhor Phillip. Eu já entendi muito bem os motivos que minha mãe tinha para não ter contato com o senhor. Eu já deveria saber disso há muito tempo! – gritei, indo até a porta.

         Alice e Jake vieram da cozinha, correndo e sem entender nada.

-O que acontece aqui, Isabella? – perguntou Jake – Quem é esse sujeito?

-Não é nada... Este homem está indo embora agora. – falei, ao abrir a porta.

-Isabella, estou tentando reparar esta situação... Entenda que foi difícil para eu vencer o orgulho e ir atrás da família do meu Charlie.

-Eu não quero saber, senhor Phillip. Vá viver a sua vida e esqueça-se de que eu existo!

-Isabella, entenda que eu quero apenas solucionar a situação da nossa família.

-Deveria ter resolvido essa situação há muito tempo. Se nos dá licença...

      O velho Swan foi saindo pela porta e disse:

-Quero que entenda que não te peço o perdão, Isabella, por que sei que isso eu não terei jamais. Eu quero apenas conversar para tentar uma conciliação...

-Adeus, senhor Phillip! – disse, fechando a porta.

-O que aconteceu aqui que não entendi nada? – perguntou Alice.

-Este homem que acabou de sair era Phillip Swan, meu avô.

-Espera aí! Avô?! – a baixinha comentou – Você nunca me disse que tinha um avô!

-Nem eu sabia... – afirmei, desabando no sofá.

-E como ele soube que você estava morando aqui? – perguntou Jake, sentando-se ao meu lado.

-E eu vou saber...? Eu o vi em Hertford, quando ainda trabalhava para os Cullen! Só de pensar que ele não concordou com o relacionamento dos meus pais por que a minha mãe era pobre, já me dá uma revolta tão grande! E ainda se acha no direito de vir aqui, falar comigo, achando que tem vários motivos para que eu entenda a besteira que ele fez!

-Infelizmente é assim mesmo, Isabella... – comentou Alice – Já deveria entender isso.

-Hum...  Depois dessa, eu não tenho mais ânimo para deixar currículos nas empresas hoje. Eu vou voltar para o quarto. Podem sair sem mim.

-Não, Bella. Eu resolvo os meus problemas outro dia. – afirmou Jake – Eu te faço companhia.

-Não precisa. Eu quero ficar sozinha. – disse, indo para o quarto.

-Mas, Bella...

        Fui para o quarto sem dar ouvidos ao apelo de Jacob, tranquei a porta e me joguei na cama. Tudo o que eu mais queria agora era ficar sozinha para refletir sobre o que aconteceu. Agora entendia que tudo era questão de dinheiro... O noivado de Edward e Rosalie, a desgraça que aconteceu aos meus pais... Tudo era questão de dinheiro!

       Fiquei por horas, deitada naquela cama, olhando para o teto, quando decidi arrumar o quarto. Estava arrumando o guarda-roupa e vi algumas roupas que eram da minha mãe. Sentia tanta falta dela... No meio daquelas roupas, vi um caderno velho com a letra de Renée. E ela tinha um diário? Como nunca vi essas coisas antes? Como não vi isso quando peguei as roupas dela no dia em que fui embora de Hertford?

       Folheei algumas páginas e decidir ler o que ela tinha escrito sobre o tal jantar na residência do meu avô.

    16 de abril de 1992

      Finalmente Charlie me convenceu a conhecer a sua família que mora em Surrey. Os pais dele nos convidaram para passar o feriado da Páscoa na residência dos Swan. Confesso que estou com muito medo de ser apresentada à família de Charlie como a sua namorada. Charlie vem de uma família rica e eu... Sou apenas uma divorciada vendedora de roupas, tentando uma vaga impossível na Royal Academy of Dramatic Art. O que os pais dele vão achar de mim? Será que vão gostar e não descobrirão a minha situação? Estou tão nervosa que nem sei se vou me portar direito na frente deles... Que Deus me ajude com isso! Não sei o que faria se Charlie se decepcionasse comigo...

      Virei mais uma página do diário e vi anotações do que teria acontecido nessa viagem que os meus pais foram.

    20 de abril de 1992

    Que Deus me ajude a esquecer do dia de ontem, por que foi o pior dia da minha vida! Se houvesse uma situação que demonstrasse o que seria o inferno, foi aquele jantar! A princípio, quando chegamos a enorme residência dos Swan em Surrey, foi tudo às mil maravilhas. Conheci a mãe de Charlie, Anne-Marie, uma senhora bonita que me tratou muito bem. Um doce de pessoa! Mas o pai dele, Phillip Swan, mostrou ser a pior pessoa que conheci em meus 22 anos! Tudo começou quando ele veio me perguntar o que eu fazia da vida. Respondi que trabalhava vendendo roupas em uma loja de departamentos em Oxford e que concorria a uma vaga para estudar teatro na Royal Academy of Dramatic Art. Ele me elogiava, mas eu sentia que Phillip desdenhava do que eu fazia. Eu estava começando a me sentir mal. Aqueles velhos amigos dele todos me olhavam de uma forma estranha e as mulheres então...? Parecia que eu estava vestida como uma prostituta ou algo parecido, pois cochichavam sempre que olhavam para mim! Meu Deus, eu fiz de um tudo para comprar roupas melhores e tentar me portar bem para essas madames olharem dessa maneira para mim?! A hora do jantar foi a pior parte... Eu não fazia a menor ideia de como usar os talheres. Charlie estava ao meu lado, mas eu só piorava as coisas. Todos olhavam, rindo dos meus erros e Charlie me olhava como se dissesse que o pesadelo já estava acabando... Mas não. Parece que tudo só tinha a piorar! Depois do jantar, eu estava saindo da suíte em que dividia com Charlie, quando senti alguém me segurar pelo braço. Era um dos senhores que estavam conversando com o senhor Phillip. Educadamente, pedi que ele me soltasse, mas acredito que não entendeu o que falei. O homem me falava coisas obscenas, horríveis, achando que eu era mesmo uma vagabunda! E ainda tentou me agarrar! O velho Swan viu a nojeira que o amigo fez e não moveu nenhuma palha para me ajudar. Consegui me soltar do tal homem e saí correndo da casa; Charlie vinha atrás de mim sem entender nada e gritando, pedindo para que eu parasse. Ele me alcançou, não consegui dizer nada, apenas fiquei abraçada a Charlie, chorando e ele me consolava, dizendo que tudo era culpa dele, que não devia ter feito aquilo, que nunca mais veríamos os pais dele... Por que Phillip permitiu que fizessem isso comigo? E por que a senhora Anne-Marie se mostrou tão omissa?

13 de maio de 1992

   Alguns dias depois da Páscoa, Charles veio me contar que Phillip viera falar com ele sobre o nosso relacionamento. Ele me contou que o seu pai disse coisas horríveis sobre a minha pessoa e que iria cortar a mesada e as propriedades que Charlie possuía. Phillip deu uma semana para que Charlie mudasse de ideia e este se mostrou irredutível mesmo com a possibilidade de não termos como nos manter e pelo fato de Phillip ter falado a Charlie que descobriu a minha condição. “Como você quer que eu e sua mãe aceitemos isso, meu filho? Casar-se com uma mulher que já foi casada?”, foi o que Phillip falou. Se ele soubesse os meus motivos por ter me casado com William Palmer aos 15 anos... William era um rapaz de boa índole, três anos mais velho que eu e havia estudado comigo quando ainda morava em Devon. Era isso e ter a minha emancipação ou ir para o orfanato depois da morte da minha mãe e do sumiço do meu irmão mais novo, James. Se aquele velho desprezível me ouvisse, se soubesse o que realmente aconteceu, talvez entenderia e parasse de inventar coisas ruins ao meu respeito. Eu sequer morei com Palmer, quanto mais dormir com ele! Mas não! Phillip quer que Charlie se case com uma mulher que seja da aristocracia, bonita e solteira. Qualidades que eu não tenho.

27 de maio de 1992

    Charlie e eu nos casamos no civil há pouco mais de uma semana. Viver-se-íamos juntos a partir de agora, então teria de ser tudo nos conformes. Passamos a morar em Hertfordshire e alugamos um pequeno apartamento com um quarto, uma sala, uma cozinha e um banheiro minúsculo. Era o máximo que podíamos pagar, uma vez que eu tinha acabado de conseguir um emprego em uma loja aqui perto e Charlie trabalha informalmente como revisor de textos em uma editora. Que Deus me dê forças para contornar esta atribulação...

         Havia lido mais algumas páginas do diário de Renée que contavam sobre o meu nascimento e o período que ela havia começado a trabalhar para os barões. Agora entendia o motivo dela não me contar nada sobre a família do meu pai... Que vergonha!  Por mais que Phillip tenha todo o dinheiro do mundo, eu não quero manter contato com ele! Só de pensar que ele permitiu uma sacanagem dessas a minha mãe... Dá-me asco só de pensar nisso! Não tem a menor condição de tentar uma conciliação com este homem! Ele acabou com a felicidade dos meus pais quando deixou isso acontecer! Mas eu só queria entender por que Renée não contou nada do passado dela, que havia se casado antes, toda essa briga com o meu avô. Por que ela não me disse nada? Parecia até que ela não confiava em mim o suficiente para me contar. Ou então, deveria ter muita vergonha do que passou. De qualquer forma, eu entenderia se ela tivesse me contado...

Edward Masen POV

     O mês de novembro terminava e tudo ficava mais frio. Minha vida continuava uma merda! Eu não aguentava mais nada! Não aguentava mais as reclamações na Eton College e as pressões por parte da minha querida noiva para acelerar os preparativos do noivado. Já não estava mais rápido que o normal? Eu não estava com essa pressa toda para casar! Por mim, esse noivado poderia durar anos ou até mesmo acabar de uma vez por todas!

     Estava na casa de Elizabeth em um sábado à tarde, quando ouvi Kate e Claire entrarem em casa e uma delas bateu a porta com força. As duas haviam saído com a minha mãe, Esme e Rosalie para a prova dos vestidos de dama de honra. O que poderia ter acontecido de tão ruim nesse passeio?

-Sua adorável noiva, Edward, tem sérios problemas mentais! – comentou Kate – Precisa de um tratamento de choque!

-Por quê? O que aconteceu? – perguntei, sem encará-la, enquanto zapeava os canais da televisão – O que Rosalie fez com você?

-Ela é louca! – comentou Claire – Quer mandar em tudo! Quando não é isso, ela muda de opinião como quem muda de roupa! Eu não quero aguentar uma cunhada com transtorno bipolar! Eu hein!

-Fora que aconteceu algo desagradável lá na estilista pessoal de Esme... – falou a minha mãe, entrando no cômodo.

      O que a mulher iria falar? Ultimamente, Elizabeth estava se dedicando mais a falar mal de qualquer coisa...

-E o que aconteceu lá?

-A garota quase desmaiou na frente de todos, enquanto tiravam as medidas para o vestido. Foi uma vergonha! Ainda diz que está gorda! Vê se pode?

-O problema é dela. Deixa-a resolver isso sozinha. A senhora não tem mais o que fazer mãe? Para de dar importância à vida alheia! – reclamei, olhando pela televisão.

     Para que eu fui falar? Elizabeth começou a reclamar, dizendo que eu deveria dar mais atenção a Rosalie, que poderia estar doente, entre coisas mais... Não que eu não quisesse falar com Rosalie sobre isso, ela não iria me dar ouvidos mesmo, então não desperdiçaria meu precioso tempo com isso.

        Lembrei-me de que iria ver Rosalie hoje à noite. Só de pensar nisso, já me dava uma empolgação imensa... A mesma empolgação do homem quando descobre que a sogra intrometida vai morar com ele e a esposa.

       Nós nos encontramos em Hertford, onde ela mal tocou no prato quando jantamos com os pais dela. Não posso deixar de dizer que este encontro foi maçante. O mesmo assunto de sempre, os mesmos comentários de sempre... Nada mudava. Com Isabella, era totalmente diferente. Ela sempre queria conversar sobre coisas diferentes, como os filmes que víamos juntos. Havia prometido que a esqueceria, mas eu nunca fui bom em cumprir promessas. Acabei descobrindo, por alto quando ouvi umas das empregadas falando, que Isabella havia se demitido e não sabiam para onde ela teria ido. Bem que eu queria saber onde ela estava, ao menos, para vê-la. Mas eu não sabia de ninguém que pudesse ter notícias de Isabella.

      Após o jantar, tive de ficar e conversar com Rosalie. Meu Deus! Eu teria de aguentar isso todos os dias?

-Edward, querido, você dramatiza demais as coisas. – comentou Vicky – Deveria tentar a carreira como ator.

-Mas é serio! – retruquei – Já pressinto que esse casamento vai esfriar de vez logo no primeiro dia. Será um tédio...

-Sei que vou parecer um disco de vinil arranhado, mas... – afirmou Ben – Foi você quem quis assim!

-E você vai lembrar-se disso para sempre, não é?

-Nem sempre... Apenas quando você reclamar da sua vida. Coisa que você fez sempre. – disse, rindo de mim.

       Suspirei, demonstrando enfado. Vicky nos arrastou para ir ao parque, uma vez que o tempo em Londres estava ameno. Mais uma vez, o encontro entre amigos serviu para que eu lamentasse da minha vida para alguém.

-O que eu faço? – perguntei a mim mesmo.

-Cancele o noivado, ora... – comentou Ben – Assim terá a sua carta de alforria, Spartacus.

-Não dá... Eu firmei um compromisso com Rosalie. Não posso fazer isso com ela.

-Mas acontece que você assinou um contrato com o pai dela e não vai precisar se casar com ele, Edward. – comentou Vicky – Além disso, você vai enganar a Rosalie também, além de si mesmo? Pelo que vi essa lamentação toda não é só por causa disso. É também por causa de uma pessoa acolá que não preciso falar o nome...

-Mas Vicky... Não é bem assim...

-Lógico que é. Edward, é melhor fazer isto a se lamentar a vida toda... Haverá uma hora em que estará saturado e...

-Eu entendi... Eu vou ver o que posso fazer quanto a isso...

-Até que enfim! – Ben agradeceu.

      Nós ficamos em Regent Park até quase o anoitecer. Não posso deixar de dizer que fiquei refletindo sobre o que Vicky comentou. Mas não podia simplesmente cancelar tudo... Eu deveria pensar em tudo o que poderia acontecer comigo e com a minha família depois que tomasse essa decisão.

[...]

        Na semana seguinte, Rosalie me obrigou a acompanhá-la na escolha da decoração da igreja. A promotora do casamento nos mostrava várias opções de cores e flores para a decoração da igreja. Por que Rosalie havia me arrastado para isso, quando ela poderia ter chamado Esme ou Elizabeth? Eu não tinha ideia do que fazer, nem saberia dar opinião do que seria melhor ou não. Rosalie devia se fazer de desentendida, queria me deixar mais aborrecido com essa história de casamento. Não aguentava mais...

       Havíamos ido ao mesmo restaurante de sempre após termos participado da decoração da igreja. Fiquei observando Rosalie comer até mais do que usualmente e resolvi falar:

-Rosalie, eu queria muito te perguntar uma coisa.

-Pode perguntar. O que quer saber? – perguntou, se mostrando empolgada.

-Responda-me com sinceridade... Tem mesmo certeza de que quer se casar comigo?

-Ainda me pergunta isso? Mas é claro que quero me casar com você, Edward. Nós nos gostamos e acredito que podemos levar isso adiante, uma vez que já faz um tempo que nós estamos juntos. Por que esse questionamento logo agora?

-Eu não sei como te falar isso, Rosie. É complicado...

-Pode falar... Não há problema nenhum. Devo começar a te ouvir mais a partir de agora já que iremos nos casar.

-Eu não deveria falar sobre este assunto, dessa maneira e ainda mais neste lugar...

-Agora fiquei curiosa para saber o que é, Edward! Fala.

-Refletindo melhor, eu acredito que este casamento não foi a melhor decisão que nós tomamos.

     Rosalie olhou para mim, em choque, deixando cair o garfo que segurava sobre a mesa. Eu tinha de falar isso algum dia.

-Tem ideia do que fez agora?! Pondo em dúvida todos os nossos sentimentos e todos os planos que fizemos até hoje? – estava tremendo quando completou a pergunta.

        Por sorte, estávamos em uma área reservada do restaurante e não havia ninguém ao nosso lado.

-Rose, eu quero ser bem sincero com você e espero que não se magoe com o que vou falar. Mas eu preciso falar isso. Não vai dar certo. Esse noivado passou a existir apenas por conveniência. Eu não sinto nada por você e acredito que você também não sinta o mesmo por mim.

-Está mentindo... – afirmou sem me encarar – Você deve estar estressado com tudo o que está acontecendo. É só isso. Os preparativos estão acelerados, há pressão dos meus pais, mas é assim mesmo... Garanto que não será mais desse jeito.

-Não é não, Rosalie. Infelizmente não é por isso. Eu juro que não quero te magoar. Acredite em mim. – toquei nas mãos dela – A maior mentira que envolve tudo isso é que achei que poderia gostar de você, de verdade. Mas não consigo...

-Para de me dizer essas coisas... – a voz saía embargada - Por que me diz isso?

-Por que é a verdade... Eu sei que você prefere ao Emmett a mim.

-Como soube...? – perguntou, surpresa.

-Estava estampado para quem quisesse ver, Rosalie.  Entenda que esse noivado foi um grande erro. Perdoe-me por ter dito todas essas coisas e ter feito você passar por essa situação. Eu continuo a repetir que não é essa a minha intenção.

        Rosalie enxugava o rosto com o lenço e olhava para o lado, fazendo com que eu não a visse chorar.

- Claro... Eu já deveria ter entendido tudo desde o início. Deveria ter me atentado logo ao que Alice me falou, mas fui teimosa, nem dei ouvidos... Eu já deveria saber que esse relacionamento não daria certo.

-Agora entende? Perdoe-me mais uma vez por tudo isso. Eu desejo muito que fique bem, que até encontre uma pessoa bem melhor do que eu...

-Edward, está tudo bem... Ninguém vai morrer por causa disso. Além do mais, foi até melhor assim. Eu tenho que ir. – disse, levantando-se da mesa.

       Rosalie saiu do restaurante, me deixando sozinho, olhando a neve cair pela janela na cidade.

-O quê?! – gritou Elizabeth andando de um lado para o outro no quarto – Você quer nos deixar na falência novamente, Edward?  Você tem merda na cabeça? Como pode terminar o noivado com Rosalie? Meu Deus! O que todos irão dizer? O que os Cullen pensarão de nós?

       Já havia voltado para casa e estava ficando tonto de ver Elizabeth andando de um lado para o outro. Sinceramente, eu estava com receio do que os Cullen poderiam pensar sobre o que acontecido, mas isso poderia ser resolvido posteriormente.

-Mãe, deixa de ser dramática e presta atenção! Eu tenho dinheiro agora. Dá para nos mantermos confortavelmente por algum tempo. E deixa que, com os Cullen, eu me resolvo. Eu resolvo todos os nossos problemas!

-Edward, aquele dinheiro dá apenas para a compra das máquinas! Não minta para mim! Isso não irá dar certo...

-Mãe, eu não estou mentindo. Se economizarmos, dá para fazer tudo como planejei antes. Mas eu tenho que ir atrás de lugares mais baratos para comprar as máquinas para a fábrica. Dá para pagarmos as mensalidades do colégio das meninas até o final do ano letivo.

-Tem certeza?

-Absoluta. Se economizarmos, podemos contornar este problema e recomeçar os trabalhos na fábrica. Até mesmo pagar essa dívida que tenho com Carlisle.

-Acha mesmo que consegue?

-Confie em mim. Eu tenho a solução para os nossos problemas, mãe. Eu prometo que nós ficaremos bem. Eu prometo.

-Assim espero...

        Na realidade, eu não tinha a mínima ideia do que iria fazer. Era tudo tão complicado... A partir daquele dia, passei a pesquisar por empresas que vendiam as máquinas por preços mais baratos e também atuavam na indústria têxtil. Algumas delas possuíam escritórios em cidades estadunidenses como, Dallas, Chicago, Seattle, e até mesmo na América do Sul. O dinheiro que eu tinha não daria para arcar com todas as despesas. O que eu iria fazer? Não será tão fácil quanto eu havia imaginado...

[...]

    Naquela mesma semana, havia ido ao apartamento de Ben buscar alguns DVDs que eu havia emprestado a ele e até agora, não me devolveu.

-Então quer dizer mesmo que você cancelou tudo com lady Rosalie? – perguntou ele.

-Terminei. – respondi.

-Como assim terminou? E como não vi isso em canto nenhum? – exclamou Ben - Nenhuma matéria nem nada! Nem a seção de entretenimento do Daily Mirror falou nada sobre o assunto!

-A família quis abafar o caso. Simples assim. Mas uma hora ou outra, irão saber. – disse, sentando-me um banco que estava perto do balcão da cozinha.

-Tem falado com ela? – perguntou, pegando cervejas da geladeira.

-Não, não... Não vamos nos tornar amigos. É melhor que seja assim...

-Óbvio, não é? Eu já deveria ter pensado nisso...

-Eu estou pensando no que fazer para arrumar mais dinheiro e resolver os problemas financeiros da minha família.

-Que porra é essa? Vai devolver o dinheiro que o Cullen te deu?

-Foi um empréstimo, Ben. Vou começar a pagar em abril do ano que vem. De qualquer forma, vou ter de arrumar mais grana para comprar as máquinas e ajudar minha família. Não posso deixar minha família na pior enquanto resolvo tudo.

-E o que pretende fazer?

-Bom... Eu pesquisei mais sobre os preços das máquinas e vi há como comprar por preços mais baixos nos Estados Unidos. Além de comprar as máquinas, eu pensei em tentar sociedade com alguma empresa do ramo. Como vou recomeçar do zero?

-Hum... Entendi... E o emprego na Eton? Como fica?

-Eu tenho que largar... Não tem a menor condição de continuar lá. Estou me estressando demais com aqueles moleques e a diretoria reclama muito. Se for para sair de lá, que seja por livre e espontânea vontade. Aí eles me dão o salário do mês seguinte junto com os anos que trabalhei e deve servir por algum tempo.

-Se você acha que é melhor assim...

-É a única solução. E também pensei em me desfazer do Volvo.

-Como é?! – perguntou, após quase se engasgar com a cerveja – Por que vai fazer isso, cara? É o teu carro! Você sempre se gabou que não precisaria andar de ônibus na vida!

-Eu sei, mas tenho de fazer isso. Ou eu saio da Eton e vendo o Volvo ou fico na mesma. Vou ter que ficar fora da cidade por uns tempos, preciso de mais dinheiro para me manter.

-Vai embora?

-Não por muito tempo. É só até ter tudo isso resolvido. Ainda volto pra reclamar da vida com vocês.

-certo... – Ben comentou sem me encarar.

-Não me vai dizer que vai ficar com saudades?

      Ben fez cara feia e comecei a rir dele.

-Vai pensando que é isso mesmo...

       Continuei rindo e cheguei à conclusão que sentiria falta dos meus amigos quando fosse embora mesmo.

       Na semana seguinte, eu já havia vendido o Volvo a uma concessionária de carros usados, que ainda me deram um bom dinheiro. Nesse dia, eu havia solicitado uma reunião com o diretor da Eton College para anunciar a minha demissão e estávamos negociando quanto receberia pelo tempo trabalhado. Não que eu não tivesse gostado de lecionar, mas é que achei que as coisas seriam bem mais fáceis e não teria problemas com os alunos e os pais deles. O que eu poderia fazer se as coisas não se encaminham do jeito que desejamos? Era algo que não havia aprendido ainda... Resta ter paciência...

-Como você me faz uma coisa dessas, meu filho? – perguntava Elizabeth, aos prantos – Abandonar-me assim?!

       Claire, Kate e eu estávamos perto do portão de embarque do aeroporto de Heathrow, no voo que eu tomaria para Chicago, olhando espantados, a cena que Elizabeth fazia no meio de toda aquela multidão. Que mulher mais dramática!

-Mãe, não exagera! – pedia – Mãe! Eu não vou passar tanto tempo fora! Nem vai perceber que eu viajei...

-É, mãe... Não precisa dessa choradeira! – comentou Kate – Edward vai falar conosco pelo Skype. Não é a mesma coisa, mas já ajuda.

-Ainda assim, terei saudades... – continuou – Vocês nem entendem...

-Edward vai fazer muita falta nesse final de ano... – disse Claire, triste – Com quem eu vou implicar dessa vez?

-Prometo que volto logo para ver vocês. – disse, abraçando as três.

-Achou mesmo que ia embora sem despedir de nós? – perguntou Vicky.

-Ela praticamente me arrastou até aqui. – reclamou Ben.

-Mas você veio, ora!

    Fui falar com Ben e Vicky, enquanto minhas irmãs tentavam consolar Elizabeth.

-Achei mesmo que vocês nem viriam até aqui. – comentei.

-E deixar de falar com você antes de ir? – perguntou Vicky – Nem pensar! Tinha de me despedir de você e desejar boa sorte, Edward.

-Obrigado! – disse, abraçando-a.

-Espero que dê tudo certo, cara! – disse Ben, dando-me um aperto de mão.

-Assim espero. Eu prometo que vou tentar falar com vocês sempre.

-Claro, sempre achará alguma coisa do que reclamar! – comentou Vicky e nós três rimos juntos – E como estará sozinho, sempre vai nos ligar!

-Não deixa de ser uma mentira... – concordei, sem encará-la.

       Ouvi a primeira chamada do meu voo e meus amigos entenderam que já era a hora de ir.

-Nós nos vemos no ano que vem. – disse, abraçando os dois.

-Até mais, Edward! – falou Ben.

-Não deixa de manter contato, ok? – avisou Vicky.

-Tudo bem...

     Elizabeth e minhas irmãs vieram falar comigo e me despedi delas antes de seguir para o portão de embarque. Confesso que sentia um pouco de medo por não ter ideia do que iria acontecer pela frente. Mas acredito que essa foi a melhor decisão que já tomei, depois de tudo que fiz até hoje. Agora eu deveria me concentrar em melhorar a vida da família. Talvez, algum dia, quem sabe, quando resolver todas essas questões, eu gostaria de reencontrar Isabella. Ouvi dizer que o tempo ajuda a sanar tudo, talvez as coisas entre nós estejam melhores quando eu voltar.

FIM DO CAPÍTULO 11


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