Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 6
Sonhe com meus olhos


Notas iniciais do capítulo

Bom, dando umas explicações:

— Lucy Yellow realmente conheceu os Cullen quando era criança e em Forks mesmo. (veja capítulo "Bichinhos" de Little Princess)

— Não, Lucy não é prima de verdade de Bella, foi somente uma mentirinha na história dos "amigos emancipados".

Sei que está tudo confuso, mas é que são muitos detalhes que pareciam inúteis em LP, mas são importantes em LP II.
Com o tempo vocês vão entender tudo, mas, até lá, sugiro que perguntem nos comentários o que você não entenderam e se não comprometer a história, poderei contar.

Beijinhos, Emmy =D



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Capítulo 6 – Sonhe com meus olhos

Pov's Bella:

         Uma menina estava deitada em uma cama. Seus cabelos claros espalhavam-se maravilhosamente pelo travesseiro. Ela era pequena, bem pequena.

         Seus olhos estavam fechados e um homem ao seu lado parecia velar seu sono. O homem era jovem, de cabelos loiros e olhos dourados. Por algum motivo, vi um instinto paternal em seu olhar para a menina.

         Alguns segundos depois, a menina abriu os olhos. Eram assustadoramente vermelhos vivos. Vampira. Mas... Era uma criança?

- Olá – o homem loiro disse hesitante.

         Mas a menina não respondeu. Levantou-se mais rápido do que um humano poderia fazer, e olhou para seus pés, provavelmente tentando entender como fizera isso. Foi até um espelho que eu tinha no armário e olhou-se.

         Sua reação natural ao ver seus olhos vermelhos foi colocar as mãos sobre a boca para conter o grito e olhar-se mais de perto, como se para checar se era verdade.

         Ela virou-se lentamente para o homem loiro.

- O que aconteceu comigo? – e o homem suspirou, parecendo editar em sua cabeça, parecendo indeciso sobre, bem, tudo.

- Eu te encontrei na floresta, gritando, então, te trouxe para minha casa... – o homem parou de falar por alguns instantes e decidiu-se por continuar: - Quem fez isso com você?

         A garota franziu o cenho, por alguns segundos parecendo confusa.

- Eles apareceram de repente. Mataram meus pais, eles fizeram isso comigo. Jane e Alec, esses são seus nomes – por algum motivo inexplicável a mim, um calafrio percorreu minha espinha.

         Sei que Jane e Alec eram nomes familiares. Com certeza de algum vampiro ou caçador da Lua, a questão era qual ou de onde essas pessoas eram.

- O que eu me tornei? – a menina perguntou.

- Uma vampira – o homem loiro foi direto.

         Senti pena por essa garoinha. Não sei, mas por que eu tinha a impressão de já tê-la visto em algum lugar? Tão familiar...

- Qual seu nome, garotinha? – o loiro indagou – Quantos anos você tem?

- Sou Isabella, eu era Swan... mas sem meus pais aqui... – ela começou a soluçar baixinho.

         E eu vi as imagens ficarem nebulosas para mim.

         Eu tinha acordado arfante.

         Isabella Swan. Isabella Cullen.

         Era por isso que seu rosto era familiar, ela era a menininha vampira que eu andara sonhando há um bom tempo. Nunca tinha sonhado tão nitidamente com ela. Mas... Bom, acho que já sei o motivo de algo.

         Cullen.

         Esse nome me causava arrepios. E, ora, se ela era Cullen e existiam Cullens na minha escola – ainda mais sendo vampiros como ela – eles só podiam ser da mesma família. Não é como se eu trombasse com Cullens vampiros a qualquer esquina.

         No entanto... No entanto o que essa Isabella tinha haver com os Cullen? Sei pelos meus sonhos que ela se tornou Cullen, então provavelmente era do clã.

         Franzi a testa. O homem loiro também tinha olhos dourados. Mas Isabella era aparentemente recém-nascida com seus olhos vermelhos vividos. Ah. Odeio não saber e ultimamente eu não ando sabendo muitas coisas. Decepcionante não entender.

         Meus sonhos andavam ficando tão estranhos... Recentemente venho sonhando somente com essa menina e minha irmã Ever. Eu sei: você tem uma irmã? Não. Eu tinha. Não sabia dela, descobri somente há alguns meses quando tive meu primeiro sonho com ela.

         Meus pais ficaram visivelmente tristes quando lhes perguntei se era verdade, então me contentei com a resposta de que sim e que aquela mulher forte que minha mãe sempre contara em histórias de ninar, aquela mulher que se sacrificara para parar Primeira Guerra dos Astros, era minha irmã morta. Ever Solace.

         Não sei, mas desde então um sentimento de... Culpa vem me cobrindo. Eu vi através dos sonhos que eu e Ever não somos exatamente parecidas – ainda bem, meus pais ficavam tristes somente com a menção de seu nome -, mas as semelhanças estão lá e fico me perguntando como meus pais ainda me olham na cara. Aliás, como sempre me olharam sendo eu tão... Assim?

         Suspirei irritada. Ah, tudo tão confuso, estressante, tão...

- Se ficar frustrada demais vai ter espinhas – Ben brincou, jogando-se ao meu lado no enorme sofá da sala. Olhei em volta e percebi que tinha sido aqui que eu adormecera após terminar meus deveres de casa.

- Nem brinque com isso – eu fingi-me desesperada. E lancei-lhe um sorriso – então, correu bastante?

         Ele se espreguiçou e colocou os pés em cima da mesinha de centro – revirei os olhos a isso – e disse: - Foi muito bom correr novamente.

         Antes que você pergunte, Ben é um Transformo e sua forma animal é a de um leopardo. Claro que, como todo Transformo, ele é maior do que um animal normal. Seria tipo... Um leopardo do tamanho de um cavalo, ou um urso. Muito feroz, hm?

- Nossa, você faz parecer tão nostálgico – comentei sorridente.

- Que foi? Não corro há alguns dias... é bom exercitar os músculos, eles podem atrofiar, não é? – Ben brincou comigo, fazendo-me deitar a cabeça em seu colo.

         Relaxei aos carinhos do meu padrinho. Não fique surpreso novamente. Ben e Ang são meus padrinhos de nascimento. Nunca soube direito quantos anos eles têm – claro que, sendo do Sol, são imortais, mas vivem na Terra há um bom tempo.

         Eles brincam a toda hora que viram a Guerra Civil aqui no país, mas também viram coisas antes disso. Eu só posso deduzir – estão na Terra há um bom tempo. Mas meus padrinhos também me falam que moraram meio século no Sol, até se apaixonarem e virem para cá.

         Angela foi umas das Bruxas aprendiz de minha mãe – ou seja, muito poderosa. Tornou-se amiga intima da família, então às vezes ela e Ben passavam no Sol. Quando nasci eles passaram, e viraram meus padrinhos – os melhores do mundo.

         Lucy nessa época já estava com eles, e veio junto. Por isso ela zoa tanto comigo – vou repetir: amigos são para essas coisas. Tirar com sua cara e dar uma voadora em quem te magoar. Eu amo os meus muito.

         Fechei os olhos por alguns instantes, refletindo. Quando abri vi que Ben tinha a cabeça tombada para trás, apoiada no sofá.

- Padrinho – eu chamei. Quase nunca o chamo assim, em geral quando o faço, ele sabe que algo "pesado" vem, então ele me olhou – você e a madrinha... – hesitei, mas decidi-me por continuar – conheceram a Ever?

         Vi como ele ficou cauteloso, tentando não ferir meus sentimentos. Desde que soube de minha irmã venho ficado meio... Estranha sobre isso.

- Não, infelizmente não tive a chance de conhecer Ever. Não sou tão velho assim, sabia? – ele tentou amenizar o clima tenso, vendo meu rosto tristonho, Ben acariciou minha bochecha delicadamente – Não fique triste, querida, sei que ela foi como você é: uma garota adorável e forte. E muito, muito perigosa.

         Ri fraquinho com a última parte. Eu com certeza poderia contar com ele para me animar nesses momentos em que eu ficava tosca.

         De repente a porta da frente foi aberta e Ang e Lucy passaram com sacolas de compras nos braços. Arregalei os olhos:

- Quando foi que saíram para as compras?

- Ah, Belleen – bufei com o apelido – você estava tão morta aí no sofá que nós fomos e, adivinha? Trouxemos um cachecol mara, e uma saia... – Lucy desatou a falar.

         Rolei os olhos para minha amiga e segui Angela, que ia em direção a cozinha indo fazer a janta.

- Ei! Não quer ouvir cada detalhe? – ouvi Lucy chiar que eu a tinha ignorado e ri. Seus passos foram falsamente indignados quando pisaram duros na escada.

         Sentei-me à mesa e observei Ang pegar os ingredientes para cozinhar. Eu não tinha a mínima idéia do que ela estava fazendo, mas parecia divertido. Nunca tive saco para sentar na cozinha e observar o chef Armani cozinhar, entretanto, o que ele me dizia todos esses anos – "A cozinha é minha amiga, nela eu posso apreciar todos os sabores da vida" – parecia verdade.

- Ang, por que você não usa magia para cozinha tudo isso? – indaguei curiosa. Claro que parecia divertido, mas trabalhoso. Não seria mais fácil simplesmente mexer as mãos e tudo ficar pronto?

- Ah, Bella, eu sou de uma época em que a mulher e as criadas cuidavam da casa, dos filhos e da cozinha. Acho bom ficar me distraindo com os ingredientes e tudo o mais, mesmo nessa guerraiada todo – ela riu para mim, num sorriso amigável e maravilhoso.

         Dei um sorriso de canto de boca. Acho que somente eu era preguiçosa então. Eu simplesmente faria comida congelada aparecer com minha magia na minha parte Bruxa e a esquentaria com meus poderes de Sangue Real do Sol.

         Levantei-me da mesa: - Bom, enquanto a lasanha – sim, adivinhei o que ela estava fazendo – não fica pronta, vou para o meu quarto ver se aprovo aquela banheira.

         Angela riu de mim, achando graça no meu jeito de dizer "vou tomar um banho relaxante".

         Entretanto, antes que pudesse chegar à soleira da cozinha que dava para uma saleta, tudo girou a minha volta e eu apaguei.

         Acordei o que parecia uma eternidade depois, com alguém acariciando meus cabelos. Senti vontade de fechar os olhos e cair na inconsciência de novo, estava tão bom... Mas não pareceu o certo, então abri os olhos e encontrei o rosto sorridente – e surpreendentemente severo – de Lucy na minha frente.

 - Bella! – ela quase gritou histérica quando me viu acordada.

         Eu ia sentar, mas ela me impediu, forçando meu corpo a encostar-me nos travesseiros. Rapidamente olhei em volta, eu estava no meu quarto, alguém provavelmente me levara quando apaguei.

- O que... O que aconteceu? – pergunta boba a minha. Eu tinha desmaiado, obvio.

- Bom... Angela disse que você estava andando quando simplesmente ficou branca e desmaiou – Lucy explicou e ralhou comigo: - Não andou tomando vitaminas o suficiente? Ou não comeu? Não dormiu? Não quero ver minha amiga desmaiando por aí, dona Bella.

         Sorri fraquinho. Ela ainda era doida, mesmo brigando comigo.

- Que horas são? – perguntei. Eu realmente tinha que colocar um relógio aqui. Olhei pela janela, era claro lá fora, apesar de, nenhuma surpresa, o sol ser fraco. Meu doce Sol...

- Dez e meia da manhã de quarta – Lucy disse, levantando da cama e indo para meu closet.

         Fiz menção de levantar, mas minha amiga ouviu e me obrigou a deitar novamente.

- Vocês me deixaram faltar dois dias? – surtei. Tá. Sei que a escola é chata, mas numa cidade tão pequena qualquer coisa pode atrair atenção para os alunos novos.

- Sim, Bella, deixamos – Lucy disse entediada, trazendo do meu closet uma calça de moletom branca e uma regata azul.

         Enquanto vestia, reclamei: - Por que fizeram isso? Podiam ter me acordado.

- Bem, não parecia uma boa opção. Na terça Ang ficou aqui cuidando de você, caso você piorasse, mas hoje a convenci a ir que eu cuidaria de você. Ela estava tipo a tia Renée piradinha – Lucy deu uma risadinha.

         Ai, ai. Uma vez Lucy, sempre Lucy. Minha amiga tem eternos dezoito anos, mas sempre chamou minha mãe de tia Renée, como aquelas amigas indo na casa uma da outra. Acho que ela fazia disso uma espécie de tradição. Minha mãe nunca ligou, parecia até mesmo contente com a coisa toda.

- Tá, mas isso ainda não é motivo para me deixar aqui... Somente por que não parecia uma boa opção? – continuei reclamando.

         Lucy me olhou assim que terminei de por a blusa: - Bella é porque você não viu seu rosto, suas feições... Você estava com uma cara horrível.

- Puxa, obrigada... – ironizei.

- Não é desse jeito que quero dizer. Era mais... Ah, veja – ela me estendeu um espelho pequeno.

         Peguei-o e olhei meu reflexo.

         Minha pele tinha um tom mais pálido do que o normal, parecia um pálido doente, morto. Sob meus olhos havia olheiras profundas e meus próprios olhos nem pareciam tão azuis vivos quanto antes, somente cinza nebuloso. Meus cabelos estavam bagunçados.

         Eu estava com uma dor de garganta desgraçada que a deixava seca e sentia todos os meus músculos doerem quando me mexia.

         Eu estava de fato muito mal.

- Entende agora? – Lucy disse olhando preocupada para mim – Acredite, mas você estava pior ainda. Ficamos preocupados, claro. Até pensamos em chamar um médico, mas como sua temperatura é mais alta que a de um humano normal...

- Não, fizeram bem em não chamar ninguém – concordei. Eu era mais quente que Ben, Lucy ou Angela que também sendo Solares eram quentes.

         Sangue Real do Sol corria pelas minhas veias, minha temperatura normal era de quarenta para cima.

- A idéia de trazer um médico pareceu boa quando sua temperatura desceu drasticamente para 36° graus – Lucy me explicou – depois de algum tempo se estabilizou nos 43° e ficamos mais tranqüilos... Mas ainda é estranho.

         De fato.

         Não contei para Lucy no momento, nem quando meus padrinhos voltaram da escola, mas eu sabia bem por que tinha desmaiado, ou pelo menos, em partes.

         Aquela tontura esquisita que me vem acontecendo há algum tempo, aqueles sonhos, minha fraqueza recente... Eu estava ficando com medo, e se algo estivesse errado comigo?

         Naquela noite, quando me deixaram sozinha novamente para descansar – já que amanhã, eu tinha batido o pé, eu iria a escola -, eu fui até o banheiro e tentei fazer todas as toalhas, sabonetes, shampoos e outras coisas mais, flutuarem por aí.

         Para minha surpresa, isso me trouxe algum esforço. Tive que ser cuidadosa e me empenhar muito em não deixar nada cair, faria um estrondo danado e chamaria atenção dos meus amigos com audição aguçada de sobrenatural.

         Tentei fazer uma pequena chama, para acender as velas aromatizadas que eu tinha próxima a banheira. Meu cenho franziu, também era difícil. Era tão ridículo e confuso. Tudo que eu sempre fiz desde pequena, sem esforço algum... De repente parecia tão complicado.

         Olhei-me no espelho enorme que eu tinha. Certamente minha aparência estava melhor, mas ainda seria necessária uma boa dose de maquiagem amanhã cedo.

         Quando fui dormir, tentei pensar em meu esforço para usar meus poderes por culpa de minha fraqueza recente. Mas eu sabia que era mais que isso.

         Meus poderes estavam sumindo, e eu não sabia por que.

- Bella? – um homem loiro chamou-a preocupadamente, enquanto tocava sua testa. Ei! Era o homem do sonho passado...

         A menina piscou com força e franziu o cenho para o Sol que batia em seu rosto. Ele fazia sua pele brilhar como mil diamantes. Quando ela abriu os olhos, após coçá-los, vi duas poças de um dourado maravilhoso.

         Novamente esse dourado em vampiros. Não faz sentido.

- Por que estão tão estranhos? – a menina, Bella, perguntou. Isabella... Bella... Todas as Isabella's são assim? Isso estava ficando assustador.

         A garota riu: - Foi só uma luta.

         Um homem alto, musculoso e de cabelos curtinhos fez um comentário, risonho: - Uma luta? Você parecia possuída ou algo do tipo. Seus olhos ficaram azuis quase transparentes e o fogo em volta de você era... Assustador – ele fez uma pausa dramática – Me ensina?

         Com surpresa, percebi que aquele era Emmett Cullen. Mas o que diabos ele fazia em meus sonhos?... Ah. Cullen.

         Eu via que em volta da garota, Bella, havia mais pessoas além de Emmett e o homem loiro – um provável Cullen que eu tenho que descobrir o nome para parar de chamá-lo assim. Mas estava tudo embaçado, e eu não conseguia ver seus rostos.

         Quando acordei eu já nem mesmo me lembrava do que havia sonhado.

         Mas tinha certeza que envolvia olhos azuis e dourados.


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