Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 5
Forks, Misteriosa Forks




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Capítulo 5 – Foks, Misteriosa Forks

Pov's Bella:

         A primeira aula que tive foi Cálculo, e tive a oportunidade de me sentar ao lado de Ang, que também fazia essa aula comigo. O professor fez-nos apresentar na frente de todos. Pode parecer ridículo a você, mas eu não tinha idéia do que ele queria dizer quando disse isso.

         Angela, para minha sorte – e provavelmente vendo minha situação -, falou primeiro: - Bem, sou Angela Weber, tenho dezessete anos e vim de Phoenix.

         Franzi o cenho. Ah. De onde eu viria? Phoenix também? Mas eu definitivamente não tinha esse sotaque. Eu não tinha sotaque nenhum em inglês, francês ou qualquer língua. Ora, no Sol a maioria das pessoas falam latim.

         Como era meu sotaque?

- Sou Annabella Summer – respirei internamente, quase tinha falado Bella Kathleen – e também tenho dezessete anos.

         Felizmente, após essa tortura e olhares curiosos, nos sentamos no final da sala. Nas duas aulas seguintes (História geral, com Lucy, e Espanhol, sozinha) eu não precisei ir lá à frente e repetir o meu mico.

         Em compensação, em Espanhol sentou uma garota do meu lado. Ela era alguns centímetros mais alta que eu, seus cabelos eram claros, assim como seus olhos. Ela se apresentou como Jéssica Stanley.

- Então, você veio de Phoenix – Jéssica comentou como quem não quer nada -, mas você não parece alguém que pega muito sol.

         Pensa, Bella, pensa. O que você aprendeu em geografia com seus professores particulares? Argh, por que diabos geografia ajudaria agora? Tá, calma, respira. Pensa em ciências, Bella, pensa em ciências...

- Ah. É que eu... É que eu nasci na Inglaterra e minha pele é muito branca, não posso tomar muito sol, de qualquer forma. Foi ótimo ter me mudado para cá, na realidade – e sorri tão falsa quanto a menina.

         Ótimo ter me mudado para aqui? De onde eu tirei isso? A pior mentira que já contei. O lugar onde mais chove e menos tem sol em todos os Estados Unidos. Ah, meu amado Sol... Ficarei sem ele durante algum tempo...

         E Inglaterra, fala sério, Inglaterra? Eu realmente tenho que praticar contar mentiras. Bom, é bom eu falar minha história logo para meus amigos, antes que eles espalhem que somos todos de Ohio, ou algo do tipo (Lucy possivelmente faria isso. Ela é uma pessoinha muito impressionante, acredite).

         Quando deu o intervalo para o almoço, Jéssica me ofereceu para sentar-me na sua mesa. Eu "educadamente" recusei. Ah, tá. Como se eu fosse ficar do lado da garota fofoqueira no meu primeiro dia de aula. Não sou estúpida, não mesmo.

         Na porta do refeitório Lucy me esperava e fiquei contente com isso, pois, novamente, eu não tinha a menor idéia do que fazer. E minha "melhor amiga" parecia divertida com o fato – pois é, né? Amigo é pra essas coisas.

- Ria da desgraça alheia, Lucy – eu murmurava num tom tão baixo que só ela escutaria – mas, quando formos treinar, não peça por perdão.

         Minha amiga ficou quieta, mas ainda sorria para mim.

         Acabei por pegar uma tigela com espaguete – me pergunto por que servem isso na escola -, uma maçã e uma lata com limonada. Sentamos-nos numa mesa razoavelmente afastada, com alguns olhares de curiosos nos seguindo. Ai, ai. Cidades pequenas.

         Ben e Ang chegaram alguns minutos depois, de mãos dadas, o que fez alguns os olhar torto, como se namorados que morava juntos não pudesse existir. Pessoas estúpidas e hipócritas.

         Afinal, meus amigos são o melhor tipo de pessoa que você pode encontrar. Gentis, amáveis, leais, sinceros, honestos e tudo bom que você consiga imaginar. Por que os humanos julgam tanto as pessoas assim, quando não enxergam a si mesmos?

         O refeitório pareceu parar para mim quando os vampiros-que-eu-não-sei-se-são-vampiros-mesmo entraram. Todos desfilavam no seu andar, até mesmo o maior e musculoso era elegante e leve. Uma total antítese.

- Eu descobri quem eles são – Lucy sussurrou para mim, olhando de esguelha para os vampiros. Vi a loira revirar os olhos como se fofocas sobre eles não fossem anormais.

         Então eles nos escutavam mesmo – e prestavam atenção, reparei enquanto olhava discretamente para sua mesa do outro lado do refeitório.

- São os Cullen – minha amiga continuou – a loira é Rosalie Hale, e o maior é Emmett Cullen. Eles estão juntos.

- Pergutinha importante – eu interrompi gentilmente, abrindo minha lata de limonada – como você descobriu isso e por que diabos importa quem eles são?

         Ela rolou os olhos para mim: - Belleen (odeio quando ela mistura meus nomes para me irritar), você sabe que eu tenho meus meios, afinal, eu sou Lucy, certo?

- Ah, claro, esqueci com quem estava falando – eu ironizei.

         Lucy me soprou um beijo antes de continuar: - A baixinha é Alice e o loiro é Jasper Hale. Eles também estão juntos, mas não me surpreendo, quero dizer, moram todos na mesma casa, seria estranho se não ficassem, não é?

         Os vampiros pareceram surpresos com isso, como se nunca tivessem ouvido tal afirmação. Mas eles disfarçaram bem, cada um olhando para uma direção, fingindo não ouvir.

- E o último, de cabelos bronze, é Edward Cullen. Ele é lindo, é claro, mas, aparentemente, nossa amiguinha Jéssica Stanley foi rejeitada por ele há alguns meses – Lucy deu uma risadinha, olhando para Jéssica que conversava com outra garota em uma mesa.

         Angela olhou reprovadora: - Lucinda Yellow deixe de ser tão fofoqueira, você se preocupa demais com a vida dos outros.

         Lucy rapidamente se defendeu: - Ora, estamos protegendo a Princesa, não é? Quero dizer, não podemos deixar ninguém machucá-la, tenho que analisar nossos inimigos.

         Vi que os vampiros ficaram definitivamente confusos com essa afirmação – ah, acostumem-se, eu senti vontade de dizer para eles, Lucy é assim mesmo.

- Lucy, eles podem ouvir, pare de soprar aos sete ventos essas coisas – eu repreendi – além do mais, ninguém aqui está correndo perigo, e eles tampouco parecerem perigosos. Não faça nada impensado.

- Está bem, Srta. Certinha – ela resmungou desanimada. Não é irônico que a mais viciada em moda seja a que mais gosta de lutas.

         Olhei para Ben, ele estava muito quieto.

- O que foi? – eu perguntei para meu amigo e ele me olhou, sorrindo.

- Não é nada, Bella, só que... Bem, não é engraçado que tenhamos vindo justo para essa cidade? – dei um sorriso de canto de boca, quando o sinal bateu.

         Suspirei, pegando minha mochila: - Vejo vocês depois, tenho aula de Biologia agora. Ninguém merece.

- Viu, Bella? Não perdeu nada nesses anos sem vir a escola – Lucy disse risonha, indo para sua própria aula.

         Eu ri internamente de minha amiga, enquanto seguia pelo corredor. Entrei e o professor organizava alguns papéis na sua mesa. Ele me olhou e assinou a caderneta que eu lhe estendia, indicando o único lugar vago para eu sentar: ao lado do vampiro Edward Cullen.

         Ah, mas meu papai do Sol, não é possível que uma pessoa seja tão azarada!

Pov's Edward:

         Sentado sozinho em minha mesa, eu não conseguia parar de pensar em como aquela conversa fora estranha. O modo como eles falavam era quase... Era quase como se soubessem o que éramos. Era provável que eu estivesse paranóico, mas acho que fico assim por que não consigo ler a mente de nenhum dos quatro. E isso me deixa na expectativa do que eles pensam.

         Frustrante, eu diria.

         Um cheiro de flores do campo e dias ensolarados invadiu a sala. A garota nova, Annabella – que para meu enorme azar gostava de ser chamada de Bella – Summer, entrou.

         Seu cheiro coçou na minha garganta, fazendo veneno inundar minha boca. Senti vontade de simplesmente pular e sugar seu sangue, ali na sala mesmo, na frente de todos. Era o melhor cheiro que eu já sentira exalar de um humano. Tentador, delicioso, eu quase podia imaginar seu sangue escorrendo pela minha garganta, descendo enquanto...

         Parei completamente meus pensamentos. A imagem de Carlisle me veio a mente, e seu enorme autocontrole. Bella também me veio à mente. Eles amavam os seres humanos, minha Bella não matava humanos, eu também não matarei nenhum.

         Ela sentou do meu lado. Essa humana em especial não tinha muita sorte. Tinha um cheiro deliciosamente tentador e tinha que se sentar justo ao meu lado, ao lado de um vampiro?

         O Sr. Banner começou a explicar a matéria. Eu não prestei muita atenção, estava ocupado não respirando e tentando não pular nela. Eu não ia matá-la, quase soletrei em minha mente. Não mesmo.

- Olá – ela sorriu para mim, ignorando completamente a aura de "perigoso! Perigoso!" que eu tinha.

         Quando falei, aspirei o máximo de seu cheiro que consegui, talvez se eu o sentisse em excesso essa vontade de matá-la sumisse: - Olá. Desculpe não ter me apresentado antes, mas sou Edward Cullen.

         Ela sorriu: - Imagino que saiba quem sou, estou recebendo muita atenção – ela corou e deu de ombros, como se receber atenção fosse a pior coisa que pudesse acontecer aqui, mesmo que estivesse sentada ao lado de um vampiro, sem saber – sou Annabella, mas me chame de Bella, por favor.

- Não gosta do seu nome? É muito bonito – comentei.

         Não é mais bonito que Bella, mas é menos doloroso. Por que ela podia gostar de algo tipo... Anna? Ann? Annabe? Qualquer coisa, menos Bella.

- Gosto – ela mentiu horrivelmente, fazendo uma careta de desagrado – mas prefiro Bella. Somente Bella.

         Eu não sabia o que doía mais. Minha garganta ardendo por sede ou ouvir isso. Ambas as coisas eram horríveis. A primeira me fazia ter vontade de matar alguém, a segunda partia meu coração em estilhaços.

- Ouvi dizer que você nasceu na Inglaterra, certo? – eu comentei, distanciando-me do assunto "nomes" – Era bom lá?

         Bel... Annabella pareceu precisar de alguns milésimos de segundo para pensar. Era como se editasse algo em sua mente – algo que eu não conseguia ver. Definitivamente frustrante.

- Era frio, mais do que aqui – ela riu baixinho, sem atrair a atenção do professor, que ainda explicava a matéria – mas não posso te contar em detalhes, já que quando tinha três anos meus pais morreram e fui morar com minha tia.

- Ah, sinto muito – eu sentia de verdade, era triste saber que aquela garota alegre tinha sofrido uma perda.

- Eu não – ela murmurou distante daqui e tomando conta do que disse, corou e me olhou – Minha tia era muito boa comigo. Ela se chama Sara Yellow.

         Por algum motivo, eu sentia que tinha de lembrar-me desse nome – que me trazia uma sensação de dejà vù -, mas eu simplesmente tinha uma trava na cabeça.

- Por isso eu e Lucy somos tão amigas, somos primas – Bella sorriu para mim – mas quando a mãe dela teve que viajar pelo mundo a negócios, achamos melhor na ficarmos num lugar tão grande quanto Phoenix, então, nos emancipamos, e aqui estamos.

- Entendo – comentei – e seus outros dois amigos, Angela e Benjamin, não é?

- Sim. Ang e Ben eram nossos amigos lá. São namorados há muito tempo e Angela morava conosco, digo, eu e minha prima, já que não tinha pais, então, acabou que nós quatro nos emancipamos.

         Ela olhou para baixo, ainda sorrindo, mas corando: - Foi uma coisa boa, sabe? Nunca me senti tão livre.

         Senti que o que ela falava ia além da história de emancipação, porém me decidi por ser educado e não perguntar – mesmo me mordendo de curiosidade.

         Nessa ora senti algo revirar-se dentro de mim e enjôo se apoderar. Aquele maldito pão que Emmett me fez comer. O ruim dos vampiros é que eles não podem manter comida humana por muito tempo dentro de si mesmo, e era exatamente o que estava acontecendo.

         Parece que eu teria de faltar a próxima aula para tirar essa coisa asquerosa de mim.

         Felizmente, o sinal bateu nessa hora. Ou seja, eu estaria livre desse pão ou o que quer que fosse em breve, e eu estava livre de sentir minha queimação na garganta por algum tempo.

         Enquanto saía o mais rápido possível da sala, senti minha garganta arder terrivelmente pelo cheiro da Bella que me invadia e ouvi a mesma sussurrar para si baixinho:

- Misterioso... Por que eles são sempre tão misteriosos? – eu não tinha idéia do que ela estava sussurrando.

Pov's Bella:

         Eu tive muito tempo para analisar meticulosamente minha conversa com o vampiro – ele definitivamente era um, decidi após ver seus olhos pretos piche na sala de aula. Aparentemente estava com sede -, nas aulas de Trigonometria, Inglês e Governo.

         Mas também foi bom quando o sinal do fim da aula tocou e eu pude por alguns minutos esquecer esse assunto. Se eu quisesse pensar em guerra teria ficado no Sol. Claro que estou aqui para conseguir aliados, mas isso não quer dizer que eu tinha que ficar procurando inimigos.

         Quando cheguei no estacionamento reparei como tinha demorado. Meus amigos estavam encostados no carro e a maioria dos carros já tinha ido embora – inclusive o volvo prateado que os vampiros estavam encostados no inicio das aulas.

- Achei que tinha se perdido ou algo do tipo – Lucy brincou.

- Não, só... Só estou pensativa. Conto tudo em casa – falei rapidamente quando vi que Ben ia perguntar "por que".

         O silêncio reinou até o meio do caminho para casa, quando Lucy – sempre – não agüentou mais e o quebrou:

- O que faremos em relação aos Cullen? – ela estava realmente séria.

         Sendo quem era eu esperava que ela fosse perguntar algo do tipo "como foi seu primeiro dia de aula?", entretanto me lembrei que no assunto "guerra" ela ficava seriíssima.

- Por enquanto nada. Não se mostraram agressivos, apesar de termos certeza que são vampiros – falei.

- Bom, veremos – Ben disse, como se estivesse na dúvida de que os Cullen eram pacíficos ou não. Ele estava certo. Até hoje os únicos vampiros pacíficos que encontrei são os três espiões principais do meus pais: Tom, Kath e Mário.     

         São três vampiros legais que conheço desde que nasci. Claro que existem outros espiões, mas não os conheço. E, mesmo sendo legais, ainda tem olhos vermelhos. No entanto, aqueles Cullen tinham olhos dourados, por que será? Mas está provado que quando ficam com sede os olhos ficam pretos... Como quando Edward me encarou... Com sede.

- Gente... Sinto dizer, mas... – Lcu hesitou – há alguns anos, na verdade, quando eu ainda era uma criança crescendo, eu conheci os Cullen.

         Eu quase perdi o controle do carro com tamanha revelação.

- Não fale isso de repente, quer que eu mate a todos nós? – xinguei falsamente brava, tentando tirar o clima tenso que se instalara.

         Lucy suspirou, olhando pela janela enquanto falava: - Foi na década de quarenta, aqui em Forks mesmo... Acho que já passou tempo suficiente para ninguém suspeitar que eles não envelhecem, não é mesmo? – ela riu sem humor, o que não era típico dela.

         Franzi o cenho: - O que foi, Lucy?

- Nada, nada. Só estou divagando em memórias daquela época – ela balançou a cabeça espantando pensamentos e virou para mim – não estou surpresa que eles não me reconheçam. Eu era muito criança na época, eu mudei.

- Mas seu nome não – Angela retrucou – vampiros tem boa memória, deviam saber.

- Bom, talvez estejam tentando espantar memórias ruins daquela época – Lucy sugeriu, voltando a ficar distante.

         Uma tontura tomou conta de mim, porém me forcei a continuar dirigindo como se nada tivesse acontecido. Um riso infantil preencheu minha mente e a imagem de Isabella Cullen – a vampira criança que eu recentemente comecei a ter sonhos – apareceu.

         Por que isso parecia a causa de uma Lucy triste?

         Ah... Que coisa. Essa cidade traz mistérios demais. Talvez eu realmente deva tirar umas férias.

         Ignorei a próxima tontura.


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