Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 4
O destino me odeia


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo é dedicado à todos que comentaram e à todos que esperavam os Cullen ansiosamente.



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Capítulo 4 – O destino me odeia

(Casa dos Cullen)

Pov's Edward:

- Pare de ser irritante, Emmett, eu não vou comer isso – irritei-me, espantando com um tapa o pão que ele esfregava em meu rosto.

- Não, não – Emmett me contradisse. Jasper, ao seu lado, balançava a cabeça em concordância – nós apostamos, você perdeu. Tem que comer. Não é uma opção.

- Pare você de ser irritante e marica, Edinho – Rosalie zombou – come logo essa bosta e vamos para a escola, antes que nos atrasemos.

         Revirei os olhos e, numa mordida, acabei com o pão. Aquilo desceu asquerosamente pela minha goela. Poderia ser pior? Eu acho que não.

- Há, há, há – Emmett e Jasper riam histericamente, parecendo duas Alices – a cara dele foi hilária.

         Ignorei totalmente, cruzando os braços e indo em direção ao meu volvo prateado – ah, o melhor carro que já tive.

- Ora, pare de ser assim fechado, Edward – Alice cantarolou em seu tom alegre, enquanto sentava no banco do passageiro do volvo. Os outros três ainda riam histéricos no andar de cima, distraídos demais para perceberem que já os esperávamos no carro.

- É difícil – retruquei, olhando em outra direção.

         O ser humano tem um senso engraçado. Ele sempre tenta espantar lembranças e pensamentos ruins. Mas eu não sou um humano, e minha mente insiste em trazer lembranças daquele dia. Não sei. Dói inimaginavelmente, entretanto, por algum motivo, eu continuo pensando.

         Extremamente masoquista, eu. Todavia, eu não queria mesmo esquecê-la, muito menos fingir que aqueles melhores anos de minha existência não existiram. Todos sabem que vampiros só têm um companheiro para a eternidade. Eu não tenho mais a minha.

         Bella.

- Vai logo, Edward – Rosalie – quem mais? – reclamou do banco de trás, sentada ao lado de Emmett.

         Despertei, pensando em como eu nem mesmo notei que eles tinham entrado no carro. Durante o caminho eles conversavam e contavam piadinhas, ignorando completamente a dor que se passava em suas mentes – mas eu ouvia. Eu sempre ouvia.

         Eu sempre tinha que ouvir a minha dor própria e de todos os outros oito vampiros na casa. Era uma tortura. Uma tortura diária, e que eu não podia simplesmente ignorar. Então aprendi a conviver com ela.

         Parei o carro na típica vaga do estacionamento, ainda faltavam uns bons minutos para as aulas começarem, então Jasper e Emmett encostaram-se ao carro, e Alice e Rosalie começaram a tagarelar sobre assuntos como shopping e coisas que definitivamente não ligo. Não mesmo.

         Jéssica Stanley passou do meu lado com pensamentos pervertidos. Incrível. Estamos aqui há quase dois anos e ela ainda pensa em mim – e em Mike Newton. Ela acha o quê? Que eu deveria sentir-me honrado por estar em sua lista? Mal Jéssica sabe que eu tenho meu próprio amor realmente eterno.

         Lauren Mallory conseguia ser mais mente poluída que aquela outra barang... Bom, garota – ou quase isso. Na realidade, as meninas de hoje em dia, em sua maioria, só pensam em roupas para serem melhores que as outras, terem namorados melhores que as das outras, sapatos melhore... Ah. Já entendeu. Encontrar uma menina que realmente pense nessa cidade é uma coisa rara.

- Ed, mano, para de ficar sério assim, tá me assustando – Emmett falou para mim.

         Revirei os olhos. O meu irmão mais velho é mesmo o ser mais impressionante que já passou pelo meu século de vida.

- De repente é a gororoba que ele comeu voltando! – Jasper falou balançando as mãos com ansiedade.

         Ambos começaram a pensar em uma torcida invisível, torcendo para eu vomitar ali na frente de todos. Que apoio.

         Eu estava bem, tentando não ficar revirando os olhos constantemente aos meus irmãos, quando aconteceu. Ouvi pneus cantando silenciosamente no estacionamento, parando do outro lado do mesmo. Era um carro novo, moderno e preto reluzente.

         Rosalie resmungou algo sobre seu carro – uma Ferrari vermelha – ser melhor. Alice disse consigo mesma que não tinha previsto nenhum aluno novo. Isso, sim, me fez olhar para ela confuso, que deu de ombros, prestando mais atenção ao carro.

         Primeiro desceu do banco de trás um homem – bom, um garoto se você pensar na minha idade. Era tão alto quanto Emmett ou Corin. Tinha cabelos pretos e olhos castanhos escuros. Do outro lado do carro, mas ainda atrás, saiu uma garota. De cabelos também pretos e olhos castanhos, que estavam escondidos atrás de lentes, de um óculos, transparentes – por algum motivo, o óculos foi a primeira coisa que me chamou a atenção nela.

         A garota que saiu pelo banco do passageiro me parecia estranhamente familiar, mas eu não conseguia me recordar de onde. Era alta, deslumbrante e parecia honesta – diferente das fofoqueiras daqui. Seus olhos castanhos eram acolhedores e divertidos, e, muito, mas muito familiares. Seu rosto, seus cabelos loiros, tudo pareci familiar.

         A que desceu do bando do motorista me fez perder a linha de raciocínio por alguns segundos – o que é um longo tempo para um vampiro.

         Ela tinha cabelos caramelos que desciam encaracolados até um pouco acima da cintura. Eram brilhantes e me deu uma vontade esquisita de mexê-los entre meus dedos, senti-los. Tinham uma cor tão incomum, viva. Seus olhos eram chocantes. Desafiadores, mas ainda sim carinhosos. Do mais lindo azul céu, eles me encararam por alguns instantes, antes de desviarem. Sua pele era da mais linda porcelana e suas bochechas rosadas eram como seus cabelos, deram-me uma vontade de encostar meus dedos.

         Suas feições eram como as da menina loira: familiares. Muito familiares. Ou talvez assustadoramente familiares.

         Não percebi que a encarava até ela ir embora, com os seus amigos ou família, não sei. A questão que de sua mente só vinha um vazio profundo veio-me somente depois que ela saiu e me tirou de seu encanto.

- Humpf. Com certeza não é mais bonita que eu – ouvi Rosalie murmurar para si mesma.

- Estranho – eu comentei na velocidade vampiresca para os meus irmãos e irmãs – não consigo ler a mente de nenhum deles.

- E eu não consigo ver o futuro de nenhum deles – Alice disse frustrada.

- Oba – Emmett estalou os dedos, como quem diz "briga, briga, briga" – eu estava precisando de diversão.

- Não pode simplesmente chegar lá e lutar com eles, provavelmente são somente humanos estranhos – Jasper comentou.

         Bom, de fato tinha algo estranho naquela garota de olhos azuis misteriosos. Mas que ela era bonita er... Parei meu pensamento completamente. O que eu estava dizendo, pensando, o que for? Eu amo Isabella Cullen, viva ou morta. Ela é a razão da minha existência.

- Bem, o sinal vai tocar daqui a pouco – Alice disse em seu tom de quem tinha mesmo visto o que dizia – então é melhor simplesmente irmos para nossas salas e deixarmos para ver o que são, ou melhor, quem são aquelas pessoas depois.

         Todos concordaram e se retiraram para suas próprias aulas, mas, por algum motivo inexplicável, meus pensamentos pelo resto do dia só conseguiam voltar aquele grupo – mais especificamente àquela garota.

Pov's Bella:

         Quando estacionei o carro, vi que meus amigos saiam dramaticamente devagar. Rolei os olhos para eles, eles gostam mesmo de causar impacto, não? Bom, que assim seja. Se estou na chuva, é para me molhar.

         Fui a última a sair do carro. Lucy, do outro lado do carro, olhava lentamente para alguns, causando aquela sensação de inveja nas meninas e paixão platônica nos caras. Fala sério! Ela tem décadas de vida e ainda faz isso? Tudo bem que eu também não tenho a idade que condiz minha aparência, mas... Ah, esqueça. Lucy é Lucy, não tente mudá-la.

         Meus olhos percorreram rapidamente o local. Era uma escola pequena, afinal. Porém era uma escola, e isso bastava. Fazia-me sentir normal o suficiente, sem história de princesa e o que mais você quiser dizer.

         Quando minha vista bateu neles, foi impossível não franzir o cenho.

         Eram cinco. Todos absurda e inumanamente lindos, maravilhosos e todas as palavras que sejam sinônimos de "bonitos" que você consiga imaginar.

         Dos três garotos, um era grande – musculoso como um levantador de peso -, com cabelo escuro e encaracolado. O outro era alto, mais magro, mas ainda musculoso. Seu cabelo possuía cachos loiros desarrumados. E o último era mais juvenil do que os outros, que poderiam estar na faculdade ou mesmo serem professores ao invés de alunos.

         Ele tinha cabelos bronze elegantemente desarrumados, e olhos dourados que me encararam com algo que não sei definir. Admiração? Nojo? Receio? Confusão? Era um olhar tão vago, tão indecifrável.

         As outras duas pessoas eram mulheres. A mais alta era maravilhosa, daquelas mulheres que fazem você se sentir mal somente por estar no mesmo lugar que ela. Seus cabelos dourados desciam gentilmente pelas costas, e seus olhos, eu defini bem, traziam um sentimento desgostoso.

         A mais baixa me fez pensar em uma fada, daquelas de livros de histórias infantis. Mas é claro que é tolice pensar isso, pois Lucy é uma Fada – do Bosque, ainda por cima – e não tem orelhas pontudas nem nada do tipo. Entretanto essa garota parecia muito com uma. De cabelos pretos curtos e espetados para todas as direções.

         Eles não se pareciam em nada, mas ao mesmo tempo pareciam. Era uma coisa esquisita. Tinham cada um suas características e feições, mas tinham as semelhanças. Olhos dourados, pele pálida, beleza inimaginável...

         E, logo de cara – depois de tantos anos na guerra -, notei o que eram: vampiros. Vampiros, aqui em Forks, no finzinho do mundo.  No entanto, também não pareciam vampiros, porque tinham olhos dourados. O que eles eram?

         Desviei os olhos rapidamente, entreolhando-me com Lucy, que tinha certa expressão de choque no rosto. Ela provavelmente não sabia deles de verdade – quando perguntei se havia algum inimigo e meus amigos disseram que não, não estavam mentindo. Eles realmente pareciam surpresos. Toquei levemente seu braço e ela pareceu despertar de um transe.

- Vamos – chamei-a, indicando que Ang e Ben já caminhavam em direção a secretaria, para pegarmos nossos horários.

         Ela balançou a cabeça, assumindo novamente seu ar sempre sorridente e tirando o sério. Lucy cantarolou "If you're happy and you know it" durante todo o caminho para a secretaria.

         Porém, enquanto seguia meus amigos pela escada, não pude me impedir de olhar para trás e ver aquela família novamente. Eram estranhos. Quase tão estranhos quanto eu.

         Suspirei internamente. Ah. E eu que pensava que vir para o "menor" lugar na Terra não me traria problemas e somente, somente, a solução para a guerra.

         Cara... Como eu estava enganada.


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