Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 3
Cafofo Real


Notas iniciais do capítulo

Para quem estava em dúvida: Bella é realmente o nome dela, não é nenhum apelido.

Princesa Bella Kathleen do Sol - bom, ela não tem sobrenome, por ser, obviamente, a princesa. E, quem leu, sabe que ela está FINGINDO ser uma humana com um nome - falso - de Annabella Summer.

Seu nome é simplesmente Bella.

Entendido? Legal.

Bjinhos! =D



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Capítulo 3 – Cafofo Real

Pov's Bella:

         O carro estava indo tão rápido pela estrada que nem mesmo sacolejava. Era uma estradinha de paralelepípedo no meio da floresta que dava para nossa casa. Discreta, mas visível até mesmo a olhos humanos.

         Distante o suficiente para treinarmos se quiséssemos, mas, felizmente, a casa não era nenhum bangalô. Estava mais para uma mansão, na realidade. Era simplesmente linda, magnífica. Com certeza um pouco exagerada, afinal, era uma cidadezinha pequena e não queríamos chamar atenção, mas tenho certeza que meus pais – que falaram com meus amigos – pediram algo do tipo. Eles queriam máxima proteção e comodidade.

         A mansão era incrível, entre o moderno e o antigo ela conseguia ser perfeita e, dando uma volta rápida nela, reparei numa piscina – isso!

- Que tal o nosso cafofo? – perguntou Ben, jogando-se em uma das espreguiçadeiras que tinha perto da piscina.

- É... É linda – eu sorri, olhando tudo em volta com olhos brilhantes.

         Lucy apareceu de repente, sorrindo para mim: - Angela achou que você não ia gostar quando compramos, mas eu te conheço desde que me comuniquei telepaticamente com seu feto.

         Ergui uma sobrancelha. De fato, quando nasci Lucy já era minha amiga, mas isso era exagero. Angela apareceu calmamente, revirando os olhos, então, para ajudá-la, falei:

- Bom, é realmente um pouco exagerado... – o queixo de Lucy trincou indignado – mas depois de viver no palácio do Sol todos esses anos, você se acostuma.

         Vi as duas sorrirem para mim, e Ben levantou da espreguiçadeira – Bella, você realmente sabe fazer alguém parar de brigar.

         Eu sorri e tombei docemente a cabeça para o lado: - Fazer o quê? É o meu jeitinho.

- Ah, menina, eu conheço teu jeito e não é essa doçura – Lucy exclamou sabiamente – seu jeito é rebelde, rebelde, posso fazer o que quiser, o mundo que se ferre, ié, ié, ié – ela cantou num tom que parecia rock.

- Não sou assim – respondi negando com a cabeça – me preocupo com meu reino e todos nele, talvez eu seja um pouco teimosa e mal criada... Até irônica, mas rebelde não.

- Um pouco? – minha melhor amiga ironizou e eu sorri inocentemente.

- Bom, aprendi com a melhor – e passei o braço por seus ombros, vendo-a corar.

         Todos nós rimos.          Era bom finalmente relaxar um pouco, afastar o clima tenso que vem cobrindo castelo há alguns anos.

- Bom – sentei preguiçosamente na beira da piscina, tirando os sapatos e os mergulhando na água – como é a escola? É legal?

- Você nunca foi para uma não é? – Angela imitou meus gestos, também mergulhando os pés na piscina. Entretanto, assim que tirou os sapatos, estes sumiram, e tenho certeza que reapareceram em seu quarto. Pois é, Angela é uma Bruxa.

         Abaixei a cabeça. Não, nunca fora. No Sol havia várias escolas, algumas simples, mas a maioria, mágicas. Havia escolas somente para Transformos, escolas somente para Bruxos, escolas somente para Fadas do Bosque (uma espécie um tanto rara no Sol). Existiam escolas para todos, para todas as espécies.

         Mas eu nunca fora numa dessas. Minha educação era em casa, sozinha. Claro que eu tinha amigos no Reino, entretanto nunca fui uma criança exatamente normal... Ainda mais quando as pessoas insistem em chamar-me de Princesa – ora, meu nome é Bella Kathleen, não, Princesa.

         Levantei a cabeça e sorri para minha amiga: - Vai ser divertido. Mas, então, como é lá?

         Ben coçou a nuca, envergonhado: - Na verdade não sabemos como essa escola em especifico é.

         Meu queixo caiu.

- Como é? Vocês estão na cidade há um mês... Por favor, não me digam que se matricularam e não foram à escola... – implorei sabendo que não tinha jeito mesmo.

 - Tá bom, não diremos – Lucy respondeu, enquanto brincava com um vaso de plantas, fazendo as flores crescerem. A propósito, Lucy é uma Fada do Bosque. Essa é uma espécie no mínimo interessante. O olfato é aguçado, pois em geral elas vivem nas florestas que o Sol possui. Mas sua rapidez não é muita, porque em quase todos os casos as Fadas do Bosque lutam paradas, usando a natureza ao seu favor.

         Não tinha nada para Lucy usar a seu favor para me impedir de estrangulá-la.

- Pelo amor de Deus, isso chama muita atenção – eu bati o pé, pensando em como tinham sido bobos. Apesar de a situação ter certa graça – Ah, quer saber? Esqueça. Eu provavelmente faria a mesma coisa, mas não deixa de ter sido irresponsável.

- Ah, fica fria, Bellinha, eu tenho décadas de vida, sei o que to fazendo – minha amiga fada me tranqüilizou. Ah, tá. Vamos todos confiar na Fada do Bosque hiperativa e dramática.

         Suspirei e dei um sorriso torto, meus amigos nunca mudariam. Assenti e dei de ombros: - Tanto faz, então. Bom, vou para o meu quarto, quero arrumar minhas coisas, tomar um bom banho e despencar na cama.

- Parece uma boa idéia, Bella, você parece cansada – Ben comentou olhando atentamente para mim.

         Suei frio, mas mantive uma máscara feliz.

- Não se preocupe. Deve ter sido a viagem longa, sabe, do Sol para a Terra, e de Phoenix para Forks é uma grande jornada, certo? – quando vi que ele assentiu, dei um último sorriso antes de me virar e caminhar pela casa.

         Ela era realmente muito grande, e tive que acabar por usar meus poderes para achar meu quarto. Era no final do corredor, com portas duplas. Ai, ai. Não sei por que, mas discretamente Angela ainda me trata como Princesa – detesto isso. Nada contra, é legal e tal, mas... Eu queria ser normal, simplesmente.

         Entrei no quarto e o encarei. Era todo em tons de creme, com uma grande cama king size, portas que davam para um closet – e se for Lucy que o montou, com certeza é algo gigantesco. Não me enganei, assim que abri as portas dos supostos armários vi um closet tão grande que senti tudo girar – e não era aquela vertigem bizarra.

         O banheiro parecia relaxante, com uma grande banheira que parecia tentadora no momento. Mas a cama... Ah, a cama era uma tentação que eu não iria resistir hoje. Tomei um banho quente e rápido no chuveiro, fiz minhas malas aparecerem por magia e se arrumarem nos armários e prateleiras, e cai na cama.

         Estava tão quentinha, macia e cheirosa... Ah, eu amo camas, demais, demais. Principalmente uma como a minha, grande e espaçosa somente para mim.

         Somente para mim... Essa frase, por algum motivo inexplicável, ficou ecoando na minha cabeça, até eu apagar na inconsciência do sono.

        

         Quando acordei na manhã seguinte, a luz do sol batia em meu rosto deliciosamente. Ah. Nada melhor que acordar assim. Espreguicei-me preguiçosamente e me levantei da cama, caminhando em direção ao banheiro.

         Antes mesmo de chegar na porta já tinha tirado a roupa toda. Entrei no chuveiro e deixei a água escorrer por mim, quando começou a ficar fria, rindo, esquentei-a novamente.

         Infelizmente, depois de alguns minutos tive que sair e ir me vestir. Era segunda-feira, e hoje eu teria meu primeiro dia de aula. Eu estava ansiosa. Mas com medo. Feliz. Mas triste. Eu acho que estava sentindo tudo ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo não sentindo nada. Sou tão estranha.

         Acabei vestindo uma calça jeans preta, com uma blusa bege super fofa e um casaco justinho branco. Uma bota alta de salto preta e voi lé: estava prontinha. Eu fiquei contente ao me olhar no espelho e ver o resultado, no Sol nunca posso usar essas roupas. Somente longos vestidos e jóias demais.

         Desci cantarolando as escadas e encontrei Angela cozinhando panquecas na bonita cozinha.

- Bom dia, Ang – cumprimentei-a, enquanto pegava um pouco suco que tinha na jarra.

- Bom dia, Bella – ela sorriu e depositou um prato com algumas panquecas na minha frente.

         Corei: - Ah, não precisava, Ang... Não quero te incomodar tão cedo.

         Ela sorriu, e colocou três pratos com panquecas na mesa. O dela próprio estava vazio, mas os outros dois estavam com uma torre quase caindo.

         Vendo meu olhar explicou: - Ben sendo um Transformo come demais, e Lucy, por algum motivo, gosta muito de panquecas.

         Nós duas rimos, e eu repeti:

- Sério, Ang. Não cozinhe para mim.

- Ora, Bella, não tem problema. Eu adoro cozinhar e, além do mais, você disse que não sabe fritar nem ovo, não é? – quando assenti, ela continuou: - Mas seria estranho se soubesse você sempre teve alguém para cozinhar para você.

- Ah... Certo – sei que Angela não queria me magoar com o comentário, então lhe dei meu melhor sorriso e peguei o mel, jogando-o em cima da minha comida e a devorando.

         Lucy e Ben chegaram no meio da refeição. A primeira, como sempre, contente e o segundo sonolento. Quando viram a comida terminaram-na antes mesmo de mim, que tinha começado antes. Angela não estava brincando.

- Bom, Bella temos uma coisa para te dar e, antes que você reclame – ela se adiantou sorridente, puxando minha mão para uma porta – é um presente de seus pais, então, se quiser reclamar sobre ganhar algo, fale com eles.

         Ela abriu a porta e eu vi uma garagem. O porshe amarelo canário estava lá ("É meu" explicou Lucy), ao lado de uma caminhonete verde escura e reluzente ("Do Ben, mas eu acho tão feia", "Eu ouvi isso, Lucy!") e, por último, tinha um pano cobrindo algo grande.

         Quando minha amiga tirou o pano vi o carro da minha vida. Um Maserati Gran Turismo preto me encarava como se tivesse um sorriso – talvez fosse o meu sorriso.

         Saltitei e bati palminhas, dando gritinhos dignos de Lucy: - Ah, nem acredito! Um carro, só para mim... – acariciei o capo do meu carro.

         Angela chegou rindo e explicou: - Bom, sabemos que você tem eternos quinze anos, se bem que você já tem quinze há algum tempo, mas aqui você vai fingir ter dezessete. E tem que ter seu carro certo.

- Do contrário, com quem iríamos para a escola? – Ben completou sorridente.

         Abracei todos eles, e depois entrei rápido no meu carro: - Ah, bebê, eu te adorei – meus amigos que entraram logo em seguida riram de minha fala.

- Todos estamos no segundo ano também, Bella, com nossas aparência não há problema algum nisso – Lucy disse do meu lado. – Então, não precisa ficar histérica por que pensou que não ia ficar comigo.

- Ah, Lucy... Eu não estava histérica por isso, é que eu amei, amei, amei, amei, amei meu carro – eu devolvi na mesma moeda a modéstia dela.

         Seu queixo caiu e ela cruzou os braços, fazendo um biquinho falso.

         Rimos e eu continuei dirigindo para a escola.

         Ah, eu não estava no Sol, não estava com meus pais. Estava na Terra pela guerra que estava acontecendo, ajudando meu Reino, mas a sensação de liberdade era a melhor coisa que eu senti minha vida toda.

         Mas eu devia saber, mesmo naquela hora ótima, que a liberdade não é eterna.

         E nunca seria.


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