Little Princess Ii escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 2
Sensações




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Capítulo 2 – Sensações

(2010)

Pov's Bella:

         Encarei com ansiedade a janela de meu avião. Afinal, por que aquela ponte para eu vir a Terra não podia ser diretamente em Seattle, tinha que ser em Phoenix? Houve todo um trabalho de pegar um avião. Nada contra humanos, eles são realmente legais e, levando em conta que minha aparência é de uma – e estou prestes a fingir ser uma -, não posso xingá-los, mas... Não poderiam ter inventando bagulhos mais rápidos?

         Não. Eu não estou louca. Avião não é exatamente o meio de transporte mais rápido do Sol. Ainda mais levando em conta que os únicos aviões no Reino são os jatinhos da realeza. Todos os seres mágicos andam, e no Sol há seres mágicos.

         O homem na cadeira ao lado roncou e eu soltei um muxoxo frustrada. Quando a aeromoça passou do meu lado discretamente chamei sua atenção.

- Deseja algo? – se ela soubesse quem sou não falaria assim. Em geral não sou mimada, essa história de poder realmente não subiu a minha cabeça, mas eu não conseguia não ficar indignada com essa história de Terra e tal.

- Ah, sim... – não chamaria você se não desejasse, retruquei mentalmente – Posso mudar de assento?

- Sinto muito, Srta. isso não será possível – ela falou dando-me um olhar repreendedor. Qual é? Ela não devia ser muitos anos mais velha que eu.

         Tenho eternos quinze anos, a aeromoça não pode ser tão velha assim – se bem que aquelas ruguinhas é fogo, hein? Bom, não importa realmente. Eu estava na primeira classe, isso significava que eu tinha pagado mais caro, logo, tinha mais direitos, né?

         O mundo humano era tãããããão estranho.

         Atenção, passageiros: estaremos pousando dentro de alguns minutos, a voz do piloto anunciou ao avião todos e eu senti que poderia cantar de felicidade – eu não tinha pagado tão caro pra ficar do lado dessa orca que roncava!

         Respirei fundo. Calma, Bella, você está se estressando demais... Eu tinha dito que ser princesa não havia subido a minha cabeça? A idiotice subiu a minha cabeça! Realmente, eu tenho que parar de ser tão cruel afinal, quem sou eu? Bella do Sol, ou aquele principezinho mimado da Lua, Demétrio?

         Após aquela coisa chata do avião no pouso, peguei minha bagagem, uma única mochila cheia de isopor. Qual era o sentido de levar as coisas de verdade quando, ao chegar a casa, eu poderia simplesmente fazer tudo aparecer num passe de mágica? – certamente minha mãe ser Bruxa trouxe umas vantagens.

         Passei reto pela esteira com as malas maiores, aquela história de fazer tudo aparecer de repente. No relativamente grande aeroporto de Seattle, não achei quem eu esperava. Ai, ai. Várias pessoas se abraçavam pelo reencontro, ou passavam apressadas para não perderem seus vôos.

         Estava encostada a uma pilastra quando uma tontura me atingiu. Apoiei a mão e fechei levemente os olhos, tentando não chamar atenção a minha pessoa. Felizmente, minhas preces foram ouvidas: alguns segundos depois eu estava bem, ainda de pé e sem ninguém olhando por mais que alguns milésimos de segundo.

         Alguns instantes depois vi chegar pela rua principal do aeroporto um carro. Isso era normal, quer dizer, tirando o fato de que o carro era um porshe amarelo canário.

         As pessoas que desceram do carro eram no mínimo perfeitas. Duas mulheres e um homem. O homem era alto – dei um sorriso torto pensando que, mesmo eu não sendo mais criança, ainda era mínima perto dele. Tinha cabelos pretos e caiam elegantemente pela sua testa. Os olhos castanhos eram extrovertidos e alegres. De mãos dadas com ele, estava uma mulher.

         Ela era relativamente alta. Incrivelmente linda. Seus cabelos, também pretos, caiam lisos até o meio das costas, e estavam presos num rabo de cavalo relaxado. Os olhos mel estavam atrás de lentes transparentes de um óculos elegante.

         E, por fim, a outra mulher. Esta sorriu animadamente para mim, praticamente quicando enquanto corria em minha direção. Lucy tinha cabelos loiros compridos e que caiam em ondas pelas costas. Seus olhos castanhos eram animadíssimos e acolhedores. Minha amiga era alta, magra, linda de causar inveja.

         Benjamin Cheney, Angela Weber e Lucinda Yellow. Meus melhores amigos no universo inteirinho.

         Senti o impacto do corpo de Lucy contra o meu poucos segundos depois e, como se já não bastasse estarem atraindo atenção pelo carro e pela beleza, ela fez questão de gritar:

- Bellinha! Ah, Bellinha! Senti tanto sua falta, amiga, você não tem noção! – discreta. Muito discreta.

         Angela parou do meu lado e, menos escandalosa e dramática, me deu um abraço apertado.

- Ainda usando esses óculos horrorosos, Ang? – eu ri junto com ela.

- Eles escondem meus olhos, foram encantados para isso. Até parece que você não sabe que são mágicos.

- Eles escondem quem você realmente é. Uma pessoa bela e gentil – eu retruquei sussurrante e ela agradeceu num sorriso.     

         Vir-me-ei para Ben e – já tínhamos atraído atenção mesmo – pulei em seus braços, abraçando-o pelo pescoço.

- Coleguinha, que saudade a sua! – imitei perfeitamente a voz de Lucy, fazendo Ang e Ben rir, enquanto Lucy revirava os olhos castanhos.

         Desci do colo do meu amigo, ajeitando minha blusa e meu casaco. Não que eu sentisse frio, mas todos os humanos usavam jaquetas grandes, eles provavelmente suspeitariam se descobrissem que eu não sinto nem um terço do frio deles.

         Eu simplesmente não sinto frio. Nunca.

- Como foi o vôo? – Ang perguntou interessada, mas vi um olhar travesso em seus olhos.

- Tire com a cara da Bella, é tão divertido – ironizei os vendo rir –, mas, respondendo a sua pergunta, foi a pior experiência da minha vida. Cruz credo, os humanos acham mesmo que aquele... Troço é rápido?

         A esse ponto já estávamos todos no carro, confortavelmente sentados e indo em alta velocidade em direção à Garfos, digo, Forks (quem dá um nome a esse para uma cidade?). (N/A: Forks = Garfos em inglês).

         Repentinamente assumi um ar sério:

- Como está a situação por aqui? Houve algum ataque?

         Há alguns anos, ataques simplesmente começaram a ocorrer por todo o mundo humano – obviamente, ou seja, a Terra. Os mortais têm certo... Pensamento limitado ao sobrenatural, então somente concluíram que eram terroristas e problemas ecológicos. Quer saber? Antes fosse.

         A realidade era dura e fria: a Guerra dos Astros começava no planeta mais fraco, matando inocentes. O Império da Lua não se preocupava realmente com isso. Ora, eles não se preocupavam nem antes da Guerra – se já existiam Vampiros sugando sangue e Caçadores da Lua a solta.

         Mas o Reino do Sol, o meu reino, de fato se preocupa. Então, talvez seja melhor que isso acabe em breve. E é por esse motivo que vim a esse lugarzinho pequeno e indefeso: para chamar aliados. Ang, Lucy e Ben moram na Terra há alguns anos, a última vez que os vi foi no Sol, há muitos meses atrás, quando decidimos que eu viria.

         Meses de preparação, a Princesa do Sol estava saindo do Sol. Irônico, né? Mas, bem, convenci meus pais de que era poderosa o suficiente para me cuidar e, com meus amigos não teria problema algum. Não mesmo. Além do que era por uma boa causa.

         Entretanto, eles não me deixaram simplesmente me jogar de cara na luta, disseram que eu tinha que planejar tudo, e foi o que fiz durante esse tempo todo – em sigilo da Lua, claro. Treinar, treinar e treinar. Se tornou uma rotina incrivelmente cansativa...

- Papai, papai! – uma garotinha espalhafatosa gritava indo de direção a um grande trono no enorme salão.

         O homem sentado abriu os braços, recebendo de bom grado a menina.

- Olá, Bella – ele cumprimentou.

         A menina, porém, o ignorou completamente, fazendo outra pergunta:

- Por que tenho de treinar tanto? Joe me faz treinar como se não houvesse amanhã! – a menina esticou os braços, tentando mostrar que era muito treino.

         O homem riu, mas seu rosto tinha traços duros de lutas.

- Um dia você entenderá Bella, um dia. Por enquanto, descanse. Hoje você está dispensada do treino, eu mesmo falarei com Joe - o homem falou.

         A menina sorriu e saiu saltitando alegremente do salão...

         Balancei a cabeça, espantando memórias...

         Hoje eu entendo, papai, pensei com determinação, e não gosto. Não gosto nada de meu entendimento. Fechei minhas mãos em punhos, com força, tentando impedir as lágrimas de virem.

         Estava tão focada em mim mesma, que quase pulei de susto quando Ang respondeu a minha pergunta: - Não. Essa região é tranqüila. Nenhum ataque ocorre, ainda bem. Bom, era tranqüila – completou com um olhar brincalhão, virando-se para mim do banco da frente – você e Lucy juntas não é algo seguro, não é mesmo?

         Todos nós rimos. Fiquei contente em ver que ainda poderia contar com meus amigos para não cair na escuridão do medo que a Guerra trazia. No entendo, suspirei internamente, morar em Forks não era exatamente o meu sonho.

- Vocês já estão na cidade há quanto tempo? – indaguei curiosa. É certo que meus amigos moram na Terra há muito tempo, então, ficar em somente um lugar não era viável, pois os humanos não são idiotas.

- Pouco mais de um mês – Ben respondeu para mim do volante. Ele olhou pelo espelho retrovisor, observando-me – por quê? Já está querendo ir embora?

         Lucy deu sua risadinha alegre, o que me fez girar os olhos em sua direção.

- Antes mesmo de vir eu já queria, Bem, antes mesmo de vir – respondi num suspiro, fazendo-o sorrir de lado.

         Ora, Forks não tinha nada de especial. Era uma cidadezinha pequena num estado pequeno. Mas por que aquele frio na barriga não me abandonava?

         Fechei os olhos, ignorando novamente a tontura que tomou conta de meu corpo.


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