Learning To Be a Bitch escrita por JuliaTenorio


Capítulo 3
Pego uma carona com o lobo mal




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/150494/chapter/3

Eu sou uma princesa, todas as garotas são, mesmo que vivam em minúsculos sótãos velhos, mesmo que vistam trapos, mesmo que não sejam bonitas, novas ou inteligentes, mesmo que estejam vomitando de bêbadas em seu banheiro, elas continuam a ser princesas.

Certo?

Não. Por que eu não estou me sentindo nenhum pouco princesa nesse momento. Para falar a verdade, me sinto uma verdadeira Fiona depois de ser transformada em ogra. Acho que ninguém nunca vomitou tanto quanto eu na vida, já tomei mais de duas pílulas para passar a dor de cabeça e de nada adiantou.

Ser atriz é um saco. Agora vou ter que sair do banheiro com um sorriso no rosto e fingir que não estou com o pé na cova de tanta ressaca, por que Miranda bebeu tanto quanto eu e não parece estar nenhum pouco mal.

Costume, isso é puro costume.

Limpei minha boca e escovei os dentes, tenho que me vestir e estar pronta para o primeiro dia de aula, Miranda me disse que todos vão estar do mesmo jeito, Connor mesmo havia bebido todas e ligado para ela durante a madrugada dizendo que precisava da namorada para sobreviver a ressaca do dia seguinte.

Perguntei-me se tia Héstia sabia dessas ligações.

Fiz o máximo para não mostrar meu estado de zumbi avançado, coloquei uma blusa branca, uma saia xadrez que ia até minha cintura, um casaquinho fino branco e sapatilhas vermelhas.

Miranda disse que eu estava singela. O que Diabos quer dizer singela?

Fomos no carro dela até o colégio, ele era um tanto longe de casa, mas tive certeza que eu iria me acostumar. Miranda disse que eu deveria ir até a diretoria pegar meu horário de aulas, logo fiz isso e tive a decepção de notar que minha primeira aula era latim. Apesar de ser do clube de teatro nunca me dei muito bem com latim, principalmente pelo fato do professor simplesmente me odiar dês de que eu havia sido a pequena sereia na quarta serie. Nunca entendi por que.

Sentei em uma cadeira no meio da sala, eu sempre me sentava na frente, mas ninguém importante parecia se sentar a frente.

Senti alguém se sentar ao meu lado, cantarolando um musiquinha terrível e fora de sintonia. Até eu que fora expulsa do coral da igreja pela minha avó, não era tão ruim assim. Tentei não parecer mais revoltada quando notei que era o irmão louco de Connor Stoll e deixei se passar pelos menos dez minutos da aula de latim em puro silêncio.

-Algum problema, Gardner? – Ele perguntou quando eu bufei baixinho.

-Há dezenas de cadeiras vazias na sala, e ainda assim você optar por sentar-se à  que está logo ao meu lado. Como se sua presença não fosse ruim o suficiente, você está cantarolando horrivelmente fora de sintonia pelos últimos dez minutos. – eu posso matar ele agora? - Então, sim, Stoll, eu acredito que há um problema, e é você.

-Você acha que eu estou cantando fora de sintonia?

-De tudo que eu falei, você realmente só escutou isso?

Ele acenou com a mão, como se não tivesse importancia.

-Oh, não, eu ouvi você, estou apenas escolhendo ignorar o resto.

Ah, obrigada docinho.

-É isso mesmo? Bem, eu sugiro que você tome o que eu disse em consideração ou eu vou arrajar uma maneira de você acabar morto da proxima vez que sentar ao meu lado.

-Ah, linguá afiada. Do jeito que eu gosto. – ele sorriu zombadeiro.

-Estou avisando, Stoll.

Suspirei para tentar manter minha calma e o evitei pelo resto da aula. Quando ela acabou, peguei minhas coisas e passei direto por ele, procurando pelo pátio do colégio e avistando rápidamente Miranda sentada em uma mesa com mais duas garotas, logo andei até elas.

-O irmão do seu namorado é exatamente o que? Um maníaco ou algo do tipo? - Miranda levou os olhos para mim rindo, enquanto as amigas dela me avaliavam - Katie, meu nome é Katie. Agora você pode me responder Miranda?

Miranda indicou que eu sentasse, sentei e as amigas dela sorriram estranhamente para mim. É, realmente, Miranda é a mais simpática delas.

-Travis pode parecer um pouco estranho no inicio.

-Coloca estranho nisso, por que eu tenho quase certeza que ele está me perseguindo.

Não que eu fosse perseguida muitas vezes, só uma vez por um gordinho do clube de xadrez que queria sair comigo. Não, eu não sai com ele ok? Se for isso que você está pensando...

-Você está falando do Travis Stoll? O Travis Stoll?

A garota de cabelos loiros e olhos cinzas perguntou, olhei para ela, mudando minha atenção.

-É.

-Ele não é esquisito, ele é... – ela suspirou, céus, ela suspirou? – ele é perfeito.

-Simplesmente perfeito.

Concordou a garota de cabelos ruivos e roupas estranhas, ela usava um laço no cabelo, uma calça meio rasgada e uma blusa manchada com varias cores de tintas, tipo feita em casa.

-Ele é o chefe do clube teatral Katie, ele é tipo um Tom Cruise do Austin High School.

Levantei minha sobrancelha assombrada, como assim? Então era assim? No meu colégio garotos do clube teatral eram tratados como gays e aqui são tratados como estrelas de cinema? Isso não é justo! Nenhum pouco! E como assim ele é um aspirante a ator? Eu me identifico com atores...

Mas pode ter certeza, eu não me identifiquei nenhum pouco com ele.

-Vocês só podem tá brincando. No meu colégio dávamos outro nome para os otários do clube teatral.

Eu acabei de chamar meus amigos de Otários?

-Não é só por ele ser do grupo teatral, Katie – disse a garota de cabelos loiros, pelo menos ela já havia decorado meu nome – ele é lindo, misterioso e... Romântico.

-Romântico? Ele não pareceu nenhum pouco romântico quando ficou cantarolando músicas ridículas e se sentou ao meu lado.

A garota de cabelos ruivos arregalou os olhos pondo a mão na boca, pelo visto ela era sim apaixonada por ele. Céus, quem em sã consciência pode acreditar no fato daquele garoto ser pelo menos... Legal?

-Katie, eu realmente duvidava que você fosse um tipo de garota popular, mas depois de Travis Stoll se sentar ao seu lado, meu amor, você pode se juntar a gente nas lideres de torcida.

Disse a garota loira e Miranda revirou os olhos. Afinal, a primeira aula nunca iria começar? É, eu realmente acho que estou faltando aula. Céus.

-Obrigado... Er...

-Annabeth.

Ela disse sorrindo, alias essa garota tem muitos gloss nos lábios.

-Ela é a namorada do Percy, aquele da festa Katie.

Disse Miranda, assenti lembrando-me do garoto bêbado gritando que erramos bem vindos. Será que ele também está de ressaca?

-Mas Rachel sempre está doida para roubar meu namorado.

Ah sim, Rachel, esse era o nome da garota ruiva.

-Pera ai! Eu não quero roubar seu namorado, eu não tenho culpa se ele prefere conversar comigo do que com você. Afinal, foi para mim que ele disse “é fácil conversar com você, Rachel”.

Disse Rachel sorrindo e se gabando, Miranda revirou mais uma vez os olhos e se levantou.

-Devo lhe acompanhar? – Perguntei fitando Miranda. Ela assentiu e eu me levantei, sem nem ao menos olhar para as duas garotas sentadas a mesa.

-Deve. – Miranda disse e acrescentou – Garotas, eu ligo para vocês mais tarde, ok?

Elas assentiram e saímos em direção à entrada para um dos corredores centrais.

-É impressão minha ou você não suporta muito elas?

Perguntei enquanto nós subíamos a escada para o segundo andar, eu não tinha a mínima idéia de para onde estávamos indo, mas continuei fitando a garota que parecia dispersa em seus pensamentos.

-Elas me cansam às vezes, mas isso não vem ao caso.

E eu sabia que aquilo significava “fim de conversa, mocinha”.

As aulas passaram exageradamente rápidas. Suspirando e olhando para meu relógio, que já marcava meio dia e meia, me dirigi ao estacionamento. Miranda havia dito que me encontraria mais tarde, primeiro tinha uns assuntos para resolver na diretoria. Mas eu sabia aquilo era um código para “Hey, vou me agarra com meu namorado em algum armário de vassouras, não me espere”.

Agora estou eu sentada em um banquinho olhando para o estacionamento pensando em uma maneira de voltar para casa, balancei minha cabeça para um lado e para outro tentando raciocinar, talvez se eu ficar virada de cabeça para baixo ajude.

Céus, como eu vou voltar para casa?! Andando? Eu morro no percurso até lá, afinal, nunca fui muito atlética... Será que se eu der em cima do Will ele me dá uma carona? Por que ele foi bem simpático comigo durante as aulas, eu só tive que pedir para ele não tentar me beijar de novo.

Ah, não. Eu não posso acreditar nisso. Por quê? Mas por que, meu Deus? Eu sou alguma amaldiçoada ou algo do tipo? Porque só pode ser isso! Eu estava no meu canto, nem um pouco agasalhada – já que emprestei meu casaco a Miranda - e com uma saia que mais parecia uma toalha de tão curta, e adivinha quem aparece em um jeep perguntando-me se eu queria carona?

- Eu tenho cara de vadia de esquina, Stoll? - só posso ter jogado pedra na cruz mesmo. Ele deu um sorriso malicioso, ah não - Não precisa responder.

Ele riu de mim e se esticou para abrir a porta do passageiro.

-Eu sei que Miranda esta com Connor e pode ter certeza, eles vão demorar.

Bufei me levantando e entrando no carro. Travis sorriu cínico e ligou o carro, logo depois ligando a radio, tocava um cd dos anos 60, Beatles ou algo assim. Jura? Ele tinha mesmo que gostar das mesmas bandas que eu?

-Você não precisa ficar em silêncio.

Ele disse virando uma esquina, afundei-me mais no banco do carro.

-Conversar com você não está incluso no pacote.

Então ele gargalhou, certo, ele gargalhou! O que Diabos de tão engraçado eu fiz para fazê-lo rir? Eu nem sou muito engraçada...

-Você é realmente engraçada Katie - quem deu permissão para ele me chamar de Katie? - É uma pena estar fingindo ser alguém que não é.

Virei-me para ele e bati em seu braço com a maior força que eu tinha, ou seja, não muita, por que nem vermelho ficou.

-Eu não estou fingindo idiota, essa sou eu.

-A garota popular que fica com o quarterback do time de futebol americano? Acho que não.

É, ele está falando de Will.

-Não se intrometa na minha vida. E eu não fiquei com o Will.

Travis olhou para mim cinicamente com um sorrio canino.

-Mas quer ficar.

-Olha quem fala Sr. Eu sou o chefe gostosão do clube teatral e todas garotas querem ficar comigo!

Ele levou a cabeça para trás ainda rindo. O que esse menino tem? Alguma síndrome do riso? É impressão minha ou isso é só comigo? Por que com as outras pessoas ele não parecia achar nada tão engraçado.

É, eu devia ter escolhido o circo ao invés do teatro.

-Do que você me chamou mesmo?

-Não te chamei de nada, Stoll, só cale sua boca, sua voz me irrita.

Coloquei minhas mãos em punhos com raiva, foi quando ele parou na frente da casa de Miranda, pulei do carro e bati com força a porta e depois sai correndo para dentro de casa, mas ainda pude ouvi-lo gritar “você fica encantadora irritada, Gardner”. Garoto estúpido.

Vá em frente e golpeie seus olhos e minta para todo o mundo, para tudo o que você é. Você é apenas uma pequena garota.”

Just a little girl - Trading Yesterday


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu olho nos seus olhos e vejo: você está gostando, e se está gostando, que tal uma reviw, an an?