Learning To Be a Bitch escrita por JuliaTenorio


Capítulo 24
Bailes... E tudo que vier com eles!


Notas iniciais do capítulo

O capitulo é grande, então, tomem fôlego!



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Bailes são maravilhosos. A melhor coisa que o homem já inventou.

Bailes em filmes são melhores ainda.

Eu sou completamente apaixonada por bailes. Dançar, se divertir, cantar, conhecer gente nova, beber, ouvir as melhores bandas, tudo isso é maravilhoso. Mas o que mais me fascina é a atuação entre os personagens.

Mas o baile que está prestes a acontecer não é em nenhum filme, muito menos em um seriado.

Sai do banho, o ar quente deixava o banheiro com um toque um tanto mágico, seja pelo fato dos produtos de quase todos os tipos em cima do balcão quanto ao cheiro equivocado de hidratantes de morango a perfumes dos mais variados cheiros, Miranda parecia achar que o baile de primavera era como o natal.

Ela só não esperava o bom velhinho.

Esperei Miranda terminar de fazer minhas unhas para eu poder me sentar na cama, relembrando o quando havíamos nos aproximado nessas semanas, Miranda apesar de muitas vezes estar sempre atrás de alguém – como Annabeth por exemplo – era uma pessoa excelente, era doce, engraçada, simpática e estava séria no momento em que todos precisavam. Só era um pouco inocente às vezes, até demais, se quer saber.

Não com Connor é claro, mas isso já é outra historia.

Já tomada banho, peguei o secador e fui até a frente do espelho, no quarto de Miranda, o espelho era pelo menos duas vezes maior e me fazia olhar mais atentamente para minha própria imagem, como se eu mesma fosse só uma ilusão. Na realidade eu não tinha uma grande idéia de como usar meu cabelo, solto? Preso? Transado? Nunca fui boa com essas coisas. Talvez eu o deixasse solto, meu cabelo não era tão lindo e bem cuidado quanto o de Miranda, mas por sorte eu havia herdado o cabelo da melhor parte da família. Claro que ele era mais claro que o de Miranda - que era quase tão negro quanto a noite - mas ela logo havia providenciado, há alguns dias atrás, pega pela onda californiana, de colocar alguma mexas claras no cabelo, deixando-a com um aspecto adulto.

Já o meu era simplesmente castanho claro, quase se tornando castanho chocolate. Ele era liso no começo e descia em cachos no final quase que instantaneamente. Não era tão trabalhoso assim.

Fiquei mais alguns segundos olhando para o espelho até Miranda aparecer de roupão atrás de mim.

- Deixe solto.

Ela disse sorrindo, sorri de volta e deixei minha mão cair pelos meus cabelos.

- Seu cabelo fica lindo solto. Não prenda.

-Ah, obrigada, Miranda. Eu não vou prender. – percebi que ao dizer isso minha voz levava uma pontinha de decepção.

Ela logo saiu de trás de mim, como se com um toque houvesse se lembrado de alguma coisa. Dei de ombros e sai para meu quarto, atrás do vestido passado e limpo em cima da minha cama. Ainda sem intenção de ser chamada para o baile, Miranda havia me obrigado a comprar o vestido em uma loja em Los Angeles, ele era um tanto carro, mas o cartão do meu pai estava lá para isso e ele disse para eu usar em caso de necessidade, bem, isso era uma necessidade, certo?

Vesti, vendo que ele realmente ficava bem em mim, mesmo sendo curso, sorri comigo mesma e peguei minhas sandálias, eram relativamente altas e eu quase tive uma queda de pressão quando fiquei em cima delas. Realmente, eu não sou Audrey Hepburn, muito menos a bonequinha de luxo.

A verdade é que eu estava nervosa, não de minhas mãos estarem suando, ou estar prestes a ter uma sincope. Eu simplesmente estava nervosa. Era o primeiro baile da minha vida. Certo, você deve estar pensando, uma garota de dezessete anos nunca foi a um baile? Bem, eu sempre fui excluída, nunca tive uma misera chance de me chamarem e até agora, não muita. Nem ao menos Michael queria ir comigo, afinal, ele tinha seu próprio par e eu? Estava fadada a passar o sábado a noite em casa assistindo Dawson’s Creek e comendo sorvete. Por sorte mamãe se sentaria ao meu lado e comeria comigo, papai faria uma piada por eu estar engordando com tanto sorvete e mamãe riria.

Minha vida sempre foi assim.

Se você chama dançar em cima de uma mesa vestido de bolinho de carne de estranho, não me diga o que minha quarta foi. Quando eu estava simplesmente sentada em uma cadeira vendo a aula de educação física passar, já que fui expulsa das lideres de torcida, uma bola bateu na minha cabeça, me fazendo cair para trás, eu estava um tanto distraída nesse momento.

Foi então que fiquei momentaneamente irritada e peguei a bola para acertar quem havia jogado, a menos que fosse Clarisse, então eu sairia correndo. Mas por azar ou força do destino, Jake Mason me olhava enquanto passava as mãos pelos cabelos, ele me olhava estranho, acho que pelos dois rabos de cavalo em minha cabeça. Desci as arquibancadas e joguei a bola para Jason.

-Sabe, garotas gostam de garotos que sabem ser sutis.

Eu disse, não querendo testá-lo, apenas esperando que ele risse de mim e desse meia volta.

-Vou me lembrar disso.

Sorri batendo as mãos e me virei novamente para subir as arquibancadas.

-Katie – ele me chamou atrapalhando minha subida – Com quem você vai ao baile?

Coloquei a mão em meu queixo fingindo pensar.

-Não decidi ainda, por quê?

-Você gostaria de ir comigo? - ele perguntou parecendo sem jeito, por minuto sorri alegremente, então me lembrei que não devia demonstrar tanto interesse.

-Claro, por que não?

Foi quando Jake saiu sorrindo de perto de mim que veio em minha memória a maldita aposta com Travis, então, meu desespero. Passei o resto do dia fingindo que nada havia acontecido, mas ter uma prima como Miranda não ajudava em muita coisa, horas depois as garotas estavam buzinando em meu ouvido tudo sobre Jake.

Mais para falar a verdade, eu não via nada demais nele, nem elas por sinal. Ele era bonito sim, quem poderia negar? Um pouco alto e forte demais para uma garota como eu, mas ainda assim bonito. Tentei não me pegar comparando-o a Travis nesse momento.

Tentei desviar de todos os pensamentos quando escutei meu celular tocando e corri para atendê-lo, era Jake e ele queria por sinal, que eu descesse.

Bem, ele não iria nem ao menos entrar? Por que afinal, é isso que acontece em bailes, não? O garoto vai até a casa da garota, conversa com seus pais e a leva sorrindo para uma bela limusine, ou quem sabe, um carro mesmo. Mas pelo contrario, passei direto por meus tios que estavam muito animados assistindo Two and half men e vi Jake parado dentro de seu carro, arregalei os olhos ao notar o carro, para falar a verdade, o notei na hora, era baixo, roxo e tinha chamas desenhadas em seus lados, me perguntei se eu não iria queimar se entrasse lá dentro.

Jake falava ao telefone, não me dando muita atenção, então meu sonho de princesa foi pelos ares e eu entrei como uma reles mortal no lanças chamas, quer dizer, carro. A música que tocava me fez quase pular do assento, algo entre Metallica e qualquer banda com nomes não apreciativos. Escondi minhas mãos em meu rosto fingindo que eu não teria que aturar aquilo por muito tempo.

Afinal, ele era só meu acompanhante, poderíamos levar isso só como uma carona. Mas veja bem, Jake era o melhor amigo de Charles Beckendorf, o namorado de Silena, e os dois nutriam uma paixão estranha por tudo que tivesse haver com carros. Não me era de se esperar que ele vinhece com um carro comum. Quando Jake finalmente desligou o telefone olhou para mim, com uma cara que eu tive vontade de bater na cara dele, ele me olhava como se eu fosse o doce mais delicioso da loja e ele estivesse pronto para comer.

O que era relativamente pervertido.

-Você está muito gostosa, Katie.

Certo, gostosa, ele não poderia disser simplesmente que eu estou bonita? Foi tão grosso que nem me dei ao trabalho de dizer “obrigada”.

Então ele seguiu dirigindo me fazendo recostar-me ao banco e esperar o tempo passar. Que passasse logo pelo menos.

Os minutos que se seguem foram tortura pura e não devem ser revelados para não causar uma revirada de estomago e uma saída reflexiva de comida pela boca. Sem querer fazer eufemismo.

Tiramos a foto para entrar no baile e eu logo estava sendo abandonada por Jake que preferia ir conversar com Lou Ellen, que era metade do meu tamanho a continuar comigo. Dei de ombros, ele era irritante claro, mas ficar sozinha naquele baile aos olhos de raposa da Drew não era minha primeira intenção.

Balancei minha cabeça e olhei envolta, ali eu podia ver Annabeth puxando Rachel de uma cadeira para elas irem até o banheiro, me perguntei quem estaria acompanhando as duas, de cara pude ver Luke sentado na mesa em que antes as duas estavam, mas Rachel pareciam ter vindo sozinha, não pude ter certeza.

Com os olhos no chão, tinha medo de cair com aquelas sandálias, segui até a mesa de bebidas, pronta para pegar um copo quando este foi arrancado de minhas mãos sem nem um pingo de sutileza.

-Onde está o cavalheirismo, ein?

Travis olhou para os lados, como se procurando por alguma coisa.

-Ah espera, ela não é minha acompanhante está noite.

-Então, quem seria sua sortuda acompanhante?

Ele levantou uma sobrancelha, como se estivesse prendendo o riso.

-Como você é intrometida Katie Gardner.

Revirei os olhos para poder pegar um copo de ponche, Jake não voltaria nem tão cedo para me oferecer um.

-É melhor a garotinha não exagerar no ponche.

Ele falou no mesmo minuto que eu coloquei o copo vazio na mesa, com um sorrisinho cínico ele piscou para mim.

-Você está falando serio?

Oh não, sabiam que mais cedo ou mais tarde eles batizariam aquele ponche.

-Vá se sentar com seus amigos Katie, aproveite os poucos que têm.

Virei-me, pronta para ir em direção a mesa onde Silena, Beckendorf, Miranda, Connor e mais outros casais conversavam. Mas por força de intuição, ou apenas a fraqueza ao álcool no meu sangue, parei e olhei para trás, sem nem ao menos me virar.

-E você é um deles?

-Claro – A maneira como ele falou aquilo, como se houvesse algo mais fez meu coração quase que ir pelos ares. Abri minha boca para dizer mais alguma coisa, mas Travis apenas me deu as costas e continuou a andar.

Suspirei e continuei a andar indo até a mesa de meu interesse, Connor engolia vários docinhos enquanto Miranda tentava fazê-lo parar de comer.

-Onde está Jake, Katie?

Dei de ombros a pergunta de Silena, ela parecia a Barbie, o cabelo loiro, os olhos claros e o vestido curto e rosa.

-É mais fácil seu namorado saber do que eu.

Beckendorf olhou para mim parando de falar com Chris.

-Estranho, Jake nunca age assim. – É minha popularidade, ele só não queria vir sozinho – Várias garotas queriam ir com ele e Jake escolheu você...

-Para me abandonar segundos depois.

Silena prendeu um risinho, mas eu apenas dei de ombros e procurei um assunto para comentar. Mas não precisei, por que no mesmo momento Percy se sentou a mesa com ninguém menos do que...

− Fico feliz que você tenha aceitado vir ao baile comigo – Thalia disse, assim que se sentaram. Olhei espantada para ela, mas ela apenas me ignorou.

− Você é quem aceitou o meu convite.

− Não se esqueça de que eu o convidei primeiro.

− Não vou esquecer – respondeu Percy pegando a mão de Thalia, olhei a procura de Annabeth, mas não a via em lugar algum.

-Está sozinha Katie? - Thalia de repente pareceu lembrar-se da minha existência e soltou um sorriso falso. Olhando para suas roupas, ela parecia até sóbria.

-Abandonada − eu disse cortando o assunto - aquele ali não é o Will? – perguntei por um momento espantada, o garoto mal havia terminado comigo – E aquela não é...

− Nyssa – respondeu Percy ao ver os dois juntos.

− Eu pensei que ele tivesse vindo com a Rachel!

Vamos ignorar esse fato, Rachel praticamente o havia obrigado a ir com ela, para tentar fazer ciúmes a Percy, mas com Thalia como acompanhante dele, acho que a idéia de Rachel foi por água a baixo.

− Não me pergunte! – disse Percy pondo as mãos na frente de si.

Revirei os olhos me perguntando como Will havia me superado tão rápido, foi quando alguém se jogou do meu lado e consegui ver de canto Jake com uma taça de ponche na mão.

-Ah, eu amo essa música!

Exclamou Silena sorrindo e puxando a mão de Beckendorf, logo os dois estavam dançando uma música lenta na pista de dança, Miranda tirou o doce da boca de Connor – literalmente – e o levou a pista também, por fim, Chris se levantou beijando a mão de Clarisse, fazendo-a bater na cabeça dele, mas os dois também haviam sido contagiados pela onda de casais dançando na pista.

-Você não vai me levar para dançar? - perguntei cética - É serio que vamos ficar aqui olhando um para a cara do outro?

-É claro que não – ele disse, me fazendo ter um mínimo de esperança - Vou pegar uma bebida.

Grau de esperança: Zero.

Suspirei continuando a olhar a pista de dança, todos, sério, todos dançavam animados, parecia que a banda principal já havia começado a tocar e todos pareciam estar gostando. Coloquei minha cabeça em cima da mesa, apreciando o som, praticamente movendo minha cabeça para um lado e para outro, parecendo uma retardada.

-Aconteceu alguma coisa? – alguém perguntou por trás de mim, virei minha cabeça para ver Travis Stoll atrás de mim.

− Não. Eu estou com essa cara por que fico mais bonita assim.

Um lado de seus lábios se levantou, em um sorriso presunçoso.

-Nessa eu vou ter que discordar – levantei uma sobrancelha – Você fica bem melhor com um sorriso no rosto.

-Isso é uma cantada Stoll?

Ele fixou seu olhar no meu por alguns segundos, para logo depois desviar seu olhar para longe.

-Você quer dançar?

Arregalei meus olhos, surpresa. Essa era a única atitude que eu nunca esperaria de Travis Stoll. Fiquei sem palavras, então meus olhos logo estavam em meus sapatos. Nossa, eles eram tão bonitos!

-Por que eu aceitaria?

Escutei um fio de risada, então uma mão tocar meu queixo e levantar meu rosto.

-Por que eu sou o único te convidando.

Corei ao extremo, mas aceitei a mão estendida. Travis me guiou até a pista de dança, um pequeno sorriso em seu rosto bonito, bonito não, lindo. Por um momento sorri comigo mesma lembrando-me o quanto ele podia parecer encantador se nenhuma palavra saísse de sua boca.

As luzes batiam fortemente contra meus olhos, a fumaça branca já estava começando a me deixar com falta de ar – não sei se graças a Travis ou simplesmente a pura fumaça - e toda a multidão que se aglomerava junto a mim e Travis na pista de dança, estava fazendo uma fobia grande crescer dentro de mim.

Porém, aquele sorriso cínico e aquele jeito apaixonante de falar me fez continuar lá, mesmo querendo ir embora, fugir, voltar para casa, sentar a bunda no meu computador e ver minhas mensagens. Por que, de alguma forma, eu me sentia bem ao seu lado, segura e acima de tudo, por mais estranho que pareça, era como se em seus braços fosse meu lugar, e isso me deixou profundamente assustada.

-E-Eu não... Eu não sei dançar.

Eu disse tentando me desvencilhar de Travis, mas ele me segurava com força me impedindo de sair.

-Uma ex líder de torcida que não sabe dançar?

Desviei meu olhar, minhas bochechas corando. Suas mãos agarraram fortemente em meu quadril e como se estivesse me ensinando, passaram a movimentá-los delicadamente.

- Assim – disse, chegando mais próximo – Não é difícil, não é? – perguntou a centímetros de meu rosto.

- Não... – respondi, mordendo os lábios inferiores.

Fechei meus olhos lentamente e junto a ele comecei a dançar.

-Vamos, Katie, relaxe – ele pediu e meus braços foram em direção ao seu pescoço, enlaçando-o. – “My eyes are no good-blind without her. The way she moves, I never doubt her. When she talks, she somehow creeps into my dreams...”

Ela cantarolou a música que tocava e meus lábios se formaram em um sorriso. Ali, naquele momento, eu estava dançando com Travis Stoll, como se não houvesse mais do que nós dois no mundo.

-Senhoras e senhores - disse uma voz vinda do palco, fazendo eu me soltar de Travis - Vamos anunciar o rei e a rainha do baile deste ano. Para isso vou pedir que o rei e a rainha do ano passado subam ao palco - pediu Silena, nossa querida presidente de turma em seu vestido cor de rosa. Logo estavam Miranda e Connor em cima do palco.

-E este ano a rainha e o rei do baile de primavera serão...

“Há algumas coisas sobre as quais não falamos, melhor continuarmos sem e simplesmente segurar o sorriso.”

The Fray – Never say never


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Ai, tó com sono, como sempre, então, nada de falatorio.