Learning To Be a Bitch escrita por JuliaTenorio


Capítulo 2
Eu escolho virar a boneca Barbie




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Por que estou me sentindo tão exposta? É a mini saia que eu nunca usei na vida? A blusa de renda que faz cócegas? O casaco de caxemira ousado demais para mim? Ou talvez a maquiagem que está embelezando meu rosto? Pode ter certeza, são todos. Suspiro e inspiro tentando me acalmar.

Já contei todos os detalhes – imagináveis – de como era minha vida em Seattle para minha prima que eu não vejo dês dos meus dois anos, alias pelo que parece ela é mais popular do que uma pessoa da minha família poderia ser considerando o número de ligações que ela já recebeu hoje. Bom, eu sorri mostrando meus dentes brancos - graças a muitas horas de escovação, enxaguante bucal e fio dental - e joguei meus cabelos para trás contando como mudar está sendo difícil, mas que tenho certeza que farei muitos amigos, já que deixei vários na minha cidade natal. Para todos os efeitos, sei dançar muito bem, adoro comprar roupas, tinha um namorado lindo e fui a capitã das lideres de torcida.

Acho que isso funcionou já que ela sorriu para mim, segurou em minha mão e me puxou pelo estacionamento até o lindo conversível dela – eu trabalhava seis horas por dia e não recebia dinheiro que daria nem para comprar o espelho retrovisor daquele carro – Miranda pareceu gostar de verdade de mim, ela é realmente bonita eu devo disser, tinha os cabelos negros caindo em cachos bonitos até sua cintura e se vestia delicadamente bem, nada como as garotas da minha antiga escola.

Eu realmente me acalmei ao pensar que tudo sairia bem, Miranda disse que me ajudaria em tudo para me socializar no novo colégio por que ela sabia como era difícil ser aluna nova - ela podia ver pelas garotas que eram zoadas por algumas de suas amigas - mas eu disse que isso não aconteceria comigo, afinal, eu não era uma garota qualquer, eu era a ex-chefe do grupo teatral, mas claro que eu não disse isso, eu apenas sorri novamente jogando meu cabelo para trás – por que realmente parecia que os caras gostavam de garotas que faziam isso – e disse que era a chefe das lideres de torcida, mas que estava cansada da pressão sobre mim por ser a melhor e por isso decidir passar uns tempos em Austin no Texas.

Graças a Deus, deu certo, ou eu já estava considerando em voltar para casa e me dedicar a ter a maior coleção de unicórnios My Little Pony.

Agora estou penteando meus cabelos enquanto me olho no espelho do quarto de visitas, onde ficarei durante aqueles três meses, sentada na minha mais nova cama apenas de toalha, muito atordoada com o que estou vivendo para me trocar. Mamãe já havia me ligado, ela mesma achara minha idéia absurda, mas disse que se era o que eu queria e como eu não estava fazendo nada de errado – ela não sabe da parte sobre se passar por outra pessoa – ela me deixaria ir, papai só levantou a cabeça do jornal, levantou a sobrancelha e balançou a cabeça quando eu dei a noticia, acho que ele realmente não sabia do que eu estava falando, mas do mesmo jeito, agora eu estou aqui.

Michael também havia me ligado, Michael Yew é meu melhor amigo que sempre fazia meu par romântico nas peças do colégio, lembro que alguns anos atrás ele era quase dois palmos mais baixo do que eu, mas anos depois ele chegou até a passar de mim, de qualquer jeito, Michael têm uma personalidade que compensa sua altura. Ele disse que se lê-se Meg Cabot, eu estaria em uma situação igual a qualquer um dos personagens dela. Eu apenas ri quando ele disse isso, apertando sua bochecha e dizendo para ele não se esquecer que tinha uma namorada hiper tímida e ciumenta atrás dele e parar de me irritar.

Ouso três batidinhas na porta, digo um pode entrar e a cabeça de Miranda aparece na fresta, ela sorri e empurra mais a porta entrando no quarto.

-Estava me perguntando se você não queria sair com a gente, sabe... Eu e minhas amigas, vão ter garotos lá também.

Levantei uma sobrancelha rindo.

-Eu nunca perco uma festa – não, eu sempre perdia, na verdade, nunca era convidada – Então, vamos para onde?

Miranda abriu ainda mais seu sorriso e apertou seus ombros.

-Luke Castellan está dando uma festa de fim de férias, vai ser bem divertido, Connor deve passar a umas seis horas para nós pegar.

-To dentro.

Ela sorriu e então saiu do meu quarto. Nossa, eu estou morta, completamente cansada e incapacitada de mentir mais, por Deus, como fui me meter nisso? Mentir para minha prima super fofa e minha família é uma coisa, mas para pessoas de uma escola inteira? Essa idéia está começando a me assustar.

Mas agora tenho outra coisa para me concentrar, minha roupa, afinal, no livro que eu havia lido há alguns meses atrás falava que ser popular também é isso, saber se vestir, mas o problema é que eu não sou lá a rainha da moda. Me visto normalmente apenas com uma calça, uma camisa básica com frases engraçadas e uma jaqueta por cima, e agora? Vou fazer o que? Certo Katie, basta você pegar um vestido da sua mala, vesti-lo e passar uma maquiagem legal. Argh, pelo menos eu sou magra.

Sempre peguei bons papeis: Julieta, Cleópatra, Madalena e até Princesa Leia. Michael dizia que era por eu ser bonita, nunca achei isso realmente, sempre achei que era por eu ser talentosa, mas aos aplausos das pessoas, realmente, eu era apenas uma garota bonita mesmo. Na verdade, sou bem parecida com Miranda, pelo menos com essas roupas e com a maquiagem, tenho um cabelo castanho claro, não muito longo, mas vai até um pouco além dos meus ombros em alguns cachos, minha pele é realmente muito clara, o que chega a ser chato às vezes considerando que agora estou no Texas, tenho um corpo razoável graças aos meus esforços, uma atriz não pode ser gorda não é? E todos concordam que eu realmente pareço uma boneca.

Mas nada disso aumenta o fato de eu não me achar realmente bonita, por que, fala sério, se eu fosse bonita os caras olhariam para mim, e alô! Nenhum olha! Só na minha imaginação eu quero disser.

Coloquei um vestido simples, mas bonito, curto, preto e com belas estampas de flores, coloquei sapatilhas que combinavam com a cor do vestido e um casaco branco e fofo por cima da roupa, agora eu podia dizer que eu realmente parecia uma boneca.

-Katie?

Ouvi Miranda me chamar abrindo a porta do quarto, ela estava bem arrumada em um vestido vermelho curto.

-Desculpe, me perdi em pensamentos.

Ela acenou afirmativamente e seguiu até a janela do meu quarto suspirando e olhando além dela.

-Ele fica tão lindo sem aquela jaqueta horrorosa do time de futebol americano...

Sussurrou Miranda mordendo o lábio inferior, fui até ela e dei um chega para lá olhando para a janela, no gramado, um garoto esperava encostado no capô do carro falando ao telefone, ele parecia estar se divertindo.

-Muito lindo mesmo, realmente você tem bom gosto.

Ela riu olhando para mim, analisou minha roupa e logo depois suspirou.

-Você vai gostar do Connor – esse era o nome do namorado hilário dela – acho que dali ele é um dos únicos que se salva, não se impressione com as garotas, elas podem ser um pouco arrogantes às vezes.

Ri alto me virando para pegar minha bolsa.

-Já estou acostumada com arrogância, fofinha.

“Fofinha”? Dês de quando aquela palavra estava sendo pronunciada em minha boca? Miranda sorriu - ela era legal, um pouco bobinha, mas bem legal - e me puxou pela mão até o andar de baixo. Antes de abrir a porta ela se virou para mim, suas bochechas ficando momentaneamente rosadas.

-Katie, eu só queria dizer que estou feliz por você não ser uma maluca ou alguma coisa assim.

Entendi aquilo como um elogio, então joguei meus cabelos para trás e sorri reluzente, pelo menos eu achava que era reluzente.

-Que bonitinha!

Ela corou um pouco, mas então abriu a porta e correu até o namorado se jogando nos braços dele, eles deram um longo beijo, três minutos eu contei mentalmente, então se soltaram e Connor olhou para mim. Miranda estava certa, Connor tinha exatamente aquele típico olhar de criança travessa e era bastante bonito devo disser, céus, é impressão minha ou estou começando a conhecer apenas pessoas extremamente bonitas? Esse é o mundo popular ou eles são um bando de vampiros sugadores de sangue?  

Connor tem cabelos meio loiros bastante bagunçados ou são bem ondulados, não sei dizer, não consegui ver seus olhos direito graças ao cabelo, mas eu posso apostar que são azuis, ele sorriu para mim, ainda segurando a namorada pela cintura. Segui até eles esperando entrarem no carro, Connor levantou as sobrancelhas se soltando da namorada e logo os dois entraram.

Miranda logo começou uma conversa sobre a viagem que Annabeth Chase, uma amiga dela pelo que parece, havia feito durante as férias de verão. Entrei na conversa falando sobre como no Texas as coisas eram diferentes.

Então logo nós três estávamos entrando na festa, mesmo que minha mente simplesmente não estivesse ali.

Seguimos pela porta de entrada, a casa de estilo vitoriana totalmente branca estava iluminada por luzes fluorescentes e a música agitada tocava a tona. Revirei meus olhos ao notar vários garotos com garrafas e garrafas dos mais variados tipos de bebidas atrás de nós três. Vislumbrei um cara parado a porta da casa que com toda a certeza deveria estar a mais de um copo de bebida.

- Bem-vindos! – disse ele sorridente – Façam de conta que estão em casa, mas controlem-se! – ele pediu olhando para o grupo de garotos que logo empurraram ele para dentro da casa.

-Percy, sempre fingindo que é o dono da festa.

Disse Connor ainda abraçado a Miranda. Levantei uma sobrancelha quando nós entramos na casa e nós aproximamos de um garoto parado a porta.

Um garoto muito lindo parado a porta.

Ele era realmente muito parecido com Connor, por que Miranda não me disse que ele tinha um irmão gêmeo? Só que esse não parecia tão ligado a esportes e muitos mais, sei lá, sombrio. Misterioso seria a palavra certa, os cabelos eram bem mais arrumados que os de Connor e ele usava uma jaqueta de couro que em outros caras eu diria que não ficaria tão bem. Certifiquei-me de que não estava de boca aberta e voltei a minha posição de “eu sempre vou ser bem melhor que você, otário”.

-Estou me sentindo dentro de Barrados no Baile – O gêmeo de Connor disse e logo após suspirou. – Pensei que você não fosse de acordo a festas com álcool e drogas à vontade, Miranda. Mas vendo você aqui na minha frente muda toda a minha concepção...

-Cala a boca Travis.

Ela disse parecendo irritada, mas mesmo assim rindo. Espera ai... Drogas? Ele estava brincando não é? Me diz que ele estava brincando! Então ele tirou os olhos do casal e me fitou levantando a sobrancelha, como se eu fosse uma alucinação ou um E.T, não sei disser. Um unicórnio talvez.

- Quem é a sua amiga?

- Essa é a Katie – disse Miranda em um tom animado – A prima que eu falei.

- A aluna nova? – Disse Travis parecendo se divertir – Boa sorte.

Levantei meu ombro deixado meus cabelos balançarem.

-Acho que quem devia pedir boa sorte é você para não me fazer revirar os olhos agora– então fiz exatamente o que eu disse, revirei os olhos – Ah, acho que você perdeu sua chance.

Virei de costas olhando para Miranda como se dissesse “pode voltar a se agarrar com seu namorado”.

-Acho que você levou um fora, Travis.

Ainda consegui ouvir de longe, caminhei pelo gramado da casa, parando perto da piscina. Você deve estar se perguntando: se eu achei o cara tão lindo por que eu dei um fora nele? Primeiro, ele me desafiou, segundo... Sei lá, eu não gostei dele. Ódio a segunda vista sabe?

Caminhei pela multidão, era fácil por que eu era pequena e conseguia me desviar fácil, sabe, esse é o legal de ser baixinha, as baixinhas são sempre ágeis. Fui até a mesa de bebidas, pegando uma cor de laranja que tinha cheiro de refrigerante e sentando na beira da piscina colocando meus pés debaixo d’água.

-Está perdida?

Escutei uma voz atrás de mim, me virei para ver um garoto sorrindo. Ele parecia engraçado, tipo aqueles caras que você encontra quando quebra uma perna e vai no hospital enfaixar, aqueles médicos bonitões loiros com cara de astro das capas de revista.

-Apenas tentando não ser sufocada pela quantidade de pessoas – sorri – Sou Katie.

Ele sorriu passando a mão pelos cabelos, então se sentou ao meu lado na beira da piscina.

-Will. Por que está sozinha?

-Opção - claro, eu apenas não conhecia ninguém, mas ele não precisa saber disso... – E você?

-Estou com meu amigo. Ele foi buscar mais vodka. – Will respondeu, apontando para uma garrafa vazia. Ao ver a minha expressão, se apressou em dizer – Calma, não a bebemos sozinhos. Tinham mais duas pessoas com a gente.

-Claro.

Disse rindo.

-O que? É verdade!

Ri mais uma vez e me deitei, deixando meus cabelos se espalharem pela grama úmida.

-Sabe, a maioria das pessoas se isola quando estão assim. Mas os que sabem aproveitar oportunidades optam por beber.

-Você está dizendo que a bebida vai resolver meus problemas?

Por que amigo, não vai não. Principalmente quando a coitada aqui nunca colocou uma gota de álcool na boca, quer disser, se você não acrescentar a vez em que eu aos três anos de idade bebi acidentalmente um gole de álcool em gel, então sim, nunca coloquei uma gota de álcool na boca.

-Oh, uma garota tão linda quanto você não deve ter tantos problemas.

-Tenho muitos, pode acreditar.

-Então eu sei de uma coisa que pode te fazer esquecê-los.

-Beber?

Eu esperava que ele discordasse e dissesse que me faria esquecer meus problemas me levando até um armário, mas a chance para isso já era bem pequena.

-Exato.

Ele me puxou para me levantar, levando-me rápidamente até o salão da casa, pelo menos ele é bonito... Ele me levou de volta a mesa de bebidas e chamou outro cara, sorri maliciosa e ele me entregou um copo de ponche.

-Isso é puro álcool!

Exclamei quase cuspindo quando bebi o primeiro gole, eu nunca havia bebido na minha vida, Jesus cristo, se eu for para o inferno a culpa não é minha!

-Nunca bebeu, gracinha?

Perguntou o outro cara, eu revirei os olhos e com dificuldade bebi outro gole. Então Will me deu outro copo, e rápidamente eu já estava no terceiro.

-Você está querendo me deixar bêbada?

Will sorriu, tinha uma expressão tão facilmente inocente.

-Ah não, você tem quer estar bem sóbria para o que eu quero fazer.

Epa, ele esta flertando comigo?

-Mesmo? Eu tenho impressão que vou gostar disso.

Foi quando ele se aproximou mais de mim, colocando as mãos na minha cintura. Não Katie, não aceite isso. Bem, ele tem as mãos fortes, sabe, eu não resisto a mãos fortes.

-Will! Não tente se aproveitar da minha prima!

Miranda gritou atrás de mim, então Will se afastou passando a mão pelos cabelos.

-Por que você sempre corta meu barato Miranda?

Ela revirou os olhos, me puxando para longe dele. Por incrível que pareça, ela estava sozinha.

-Não sei, talvez por que você é um idiota Will? – Will bufou, own, ele é tão fofinho que dá vontade de apertar - Vamos Katie. Sério, você está bêbada?

Balancei a cabeça fazendo biquinho.

-Você acha que eu estou?

É, eu realmente estou.

-Pelo menos você é divertida – ela riu - Só não vomite ok?

Desculpa Miranda, mas é o que eu estou prestes a fazer. Segurei minha boca, me certificando de que não vomitaria enquanto Miranda deveria estar tentando achar Connor, mas logo foi parada por uma garota loira que a olhou de cima a baixo e sorriu falsamente.

- Miranda querida! Cadê o Connor?

- Se você me deixar passar eu juro que irei encontrá-lo.

- Hum. E quem é essa garota ai? É a sua prima?

Ei, eu não sou uma garota ai! Vi Miranda acenar e revirar os olhos.

- Olha Drew, sem querer ser chata, mas estamos com um pouquinho de pressa, ok?

- Sim, claro. Não quero atrapalhar.

Ela disse falsamente, jogando os cabelos perfeitos para trás e voltando a andar.

Serio, ela é tão falsa que a Barbie deve estar com inveja.

-Eu odeio essa garota, mas ela também é líder de torcida, sabe? Enfim, ela me odeia e eu a odeio também – então ela voltou a andar - Ela é uma falsa e deve ter ficado morrendo de inveja de me ver com Connor.

Balancei a cabeça fingindo que entendia, meu pai havia dito que era assim que ele fazia com a mamãe, balançava a cabeça aos comentários dela, então ela sorria e abraçava ele dizendo “que bom que você me entende!”, mas o fato é que ele não entendia nada, como eu agora.

-Onde Connor foi se meter? Tomara que não esteja me traindo.

Eu ri, achando que era para eu fazer isso. Então Miranda me olhou confusa e voltou a procurar o namorado.

Droga Katie, você é uma péssima garota bêbada.

“Ela disse que gosta de dançar sozinha porque é uma menina de festa, não se importa com ninguém. Ela está em seu próprio mundo. Amo essa pequena menina festeira”

Party Girl - Mcfly


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Notas finais do capítulo

Como eu sempre digo, reviws são como doces, eu não consigo viver sem eles!



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