Deixe o Amor Nascer. escrita por Kira Urashima


Capítulo 4
Ações e reações.




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Amanheceu na mansão Yogigem. Logo depois de fazerem um rápido lanche, a mestra Genkai dividiu a turma em dois grupos: Yusuke, Kido e Yanagisawa, iriam com ela a procura de suspeitos ou de alguém que tivesse alguma informação sobre as pessoas que estava à frente do projeto do túnel e Kaito, Kuwabara e Botan iriam com Kurama procurar onde se encontrava a exata localização do buraco.

Por um momento, a guia achou estranho que ela não tivesse ficado no grupo de Yusuke, afinal, ele era o detetive sobrenatural e ela, sua ajudante, mas essa sensação passou rápido. Na verdade, ela estava gostando muito de estar no mesmo grupo que Kurama e poder passar mais tempo ao lado dele, mesmo que não trocassem muitas palavras. Ao lado do ruivo, nada parecia complicado e ela sentia-se mais segura.

–Vamos depressa, o tempo é curto e temos muito trabalho a fazer – a mestra deu a ordem e os dois grupos se dividiram.

Caminhar pelas ruas de Mushiori e ver a cidade lotada de insetos sobrenaturais trouxe certa nostalgia para Botan: ela lembrou-se de quando, munida por um bastão de beisebol e aerossol, corria para matar esses mesmos insetos que a flauta de Suzaku havia invocado. Foram dias terríveis aqueles, principalmente quando os humanos eram picados e ficavam completamente loucos e malvados. Com toda certeza o número de insetos de agora nem se comparava com os daquele dia, infelizmente.

–Ai que horror! Não dá nem pra andar sossegada na rua! – a guia estapeava o ar tentando afastar os insetos das trevas. Pelo menos, esses não estavam picando ninguém.

–Ah, mas que droga, eu não estou vendo nada! Kurama me responde o que tá acontecendo hein? Ainda tem alguém nos seguindo? – Kuwabara questionou.

–Foi embora a uns três quarteirões atrás, mas devo concordar que a quantidade de insetos aumentou bastante – respondeu o ruivo – isso quer dizer que algo está pra acontecer.

Nesse momento, um grande estrondo se ouviu e o céu ficou iluminado. Todos olharam pra cima e, exceto Kuwabara, puderam constatar que se tratava do brilho do leigan de Yusuke.

–Ahhhh, o que foi isso, alguém me explica? – Kuwabara pediu, suando frio.

–Yusuke usou o leigan, deve estar em perigo! – a guia constatou aflita.

–Parece que o tiro veio do hospital – Kaito calculou.

–Vamos pra lá agora! – Kurama deu voz de comando e instintivamente, pegou no braço de Botan quando começou a correr, puxando-a pra mais perto.

A guia soltou um gritinho de surpresa por causa disso, fazendo com que Kuwabara e Kaito olhassem pra ela.

–Que foi Botan, 'tá tudo bem? – Kuwabara questionou enquanto ele e Kaito examinavam a cena: Kurama com a mão esquerda do antebraço de uma Botan muito vermelha e levemente ofegante.

–,'Tá acontecendo alguma coisa que não sabemos? – Kaito indagou com ironia na voz, mirando o colega ruivo com certa provocação.

Dando-se conta da situação, o jovem rapidamente soltou o braço da guia:

–Não está acontecendo nada – respondeu Kurama e virando pra Botan disse um rápido e frio:

–Desculpa, não quis te assustar.

A guia pareceu incomodada com a frieza na voz dele e só conseguiu acenar com a cabeça em sinal afirmativo de que estava tudo bem. Claro que Kurama não podia entender aquela reação, nem Kuwabara e muito menos Kaito. Como ela iria explicar que só de ouvir a voz do rapaz de olhos verdes sentia o corpo todo tremer? O que dizer então de sentir a mão dele no seu braço? Aquilo a pegou desprevenida oras!

–Podemos ir? – Kuwabara chamou e todos voltaram a correr em direção do hospital.

–Por que será que ela tinha que se assustar e corar daquele jeito? – a frase veio de repente nos pensamentos de Kurama. Não gostava de chamar a atenção e de certa forma, sua atitude foi um impulso: ele não tinha o hábito de sair pegando no braço das meninas, mesmo numa situação de perigo e mesmo que fossem amigos, contudo, pareceu tão natural naquele momento, eles eram um grupo e Botan era a única garota, ele se preocupava com ela, isso era normal não era?

–Não fiz nada demais. – ponderou. Olhando de canto de olho pra Botan, percebeu que ela corria de cabeça baixa.

Um rápido ¹flashback passou na mente de Kurama e ele recordou-se das palavras de Shizuka, dizendo que ele mexia com a guia e a lembrança desses fatos causou um incômodo nele, principalmente pelo comentário de Kaito minutos atrás, cheio de insinuações.

A visão do hospital trouxe-o à realidade. Definitivamente, aqueles pensamentos não tinham o menor cabimento naquele momento. Devia se concentrar no que realmente estava acontecendo.

–Notaram como está muito silencioso aqui? Isso não é normal...- Kurama esquadrinhava o prédio com os olhos verdes muito atentos.

–Um hospital tem que ser silencioso ué – Kuwabara argumentou.

Kaito deu uma risada debochada:

–Como você é ingênuo, Kuwabara! Se o leigan veio mesmo daqui, isso aqui deveria estar muito agitado e não quieto, entendeu?

–Ora, mas que arrogância, tá me chamando de burro é? – agarrou o moreno pelo colarinho.

–Dá pra vocês pararem com isso!– a guia interrompeu a agitação em tom de ordem e olhando o prédio: – Bom, vamos ter que tomar muito cuidado pra entrar.

–Não – Kurama disse firmemente fazendo com que os outros três olhassem pra ele – Eu vou entrar. Melhor ficarem aqui de alerta.

–Mas você não pode entrar lá sozinho, é perigoso! – sem pensar muito, a guia tocou de leve no braço de Kurama que apenas olhou pro gesto dela. Botan engoliu seco e retirou a mão, colocando-a em seguida na boca, num sinal claro de ansiedade. Aquele olhar não era o que ela costumava ver no ruivo.

–Tá vendo Botan, se você não fosse tão atrapalhada... Kurama se zangou com você quando estavam vindo pra cá. Burra! – Botan puniu-se mentalmente e suspirou.

–Botan está certa é perigoso Kurama, nós vamos também! – Kuwabara confirmou.

–Kuwabara, você está sem energia espiritual e pode se tornar uma presa fácil pro inimigo. Kaito não tem experiência com esse tipo de confronto e a Botan... – ao falar o nome, o ruivo olhou pra garota de cabelos azuis que estava nitidamente nervosa, olhando o chão.

–Enfim, não quero que ninguém se machuque. – concluiu – por favor, fiquem aqui.

–Mas... - a guia ainda arriscou contrariar, porém Kurama olhou sério pra ela de forma que ela se calou. Aqueles olhos verdes geralmente tão calmos estavam tensos naquele momento e aquilo a incomodou muito, principalmente porque ela tinha certeza que o deixara irritado. E isso era algo que ela nunca quis fazer.

–Kurama está certo Botan – Kaito interviu e aproximou-se da guia, colocando a mãos em seu ombro – pode ser perigoso e não podemos correr o risco de atrapalhar nos expondo. Vamos ficar – finalizou, olhando-a de forma carinhosa, o que fez com que Botan sentisse um desconforto estranho.

–Ela já entendeu, ô nerdinho! – Kuwabara deu um empurrão no moreno afastando-o da guia. - Está bem, nós vamos ficar e você Kurama fique de olho nesses carinhas, eles não são fáceis hein! – o amigo advertiu.

–Vou tomar cuidado – Kurama respondeu, virando as costas e correndo para o hospital.

Botan suspirou profundamente e colocou a mão esquerda no local onde Kurama agarrara seu braço momentos atrás. Era como se ela pudesse sentir a pressão da mão dele na sua pele. A garota tomou coragem e falou por telepatia:

–Me desculpa, não quis te irritar... Toma cuidado...– e mordeu o lábio, nervosa.

O ruivo não respondeu.

Cena 2

Assim que alcançou a cobertura do prédio, uma voz de mulher invadiu os ouvidos de Kurama, fazendo com que ele se apressasse a entrar no hospital. Alguém possivelmente estava em perigo.

Ao quebrar uma das janelas do 4º andar, a voz da mulher ficava mais angustiada e ele pode ver duas silhuetas agachadas no chão, se protegendo contra alguma ameaça que estava no ar. Ele reconheceu as mulheres:

–Shizuka! Keiko! Que estão fazendo aqui? – Kurama encontrou as duas quase sendo atacadas por uma espécie diferente de insetos. Usando o seu chicote, destruiu-os facilmente - Que insetos eram esses?

A loira estava bem ofegante, mas se esforçou pra responder:

–Viemos atrás do Piu... ele veio voando pra cá e ficamos preocupadas...ufa! – ela aspirou o ar com força pra poder respirar melhor antes de continuar: - e esses insetos aí transmitem alguma doença estranha... a Keiko foi picada – Shizuka contou enquanto levantava do chão.

–Bom, vamos para algum lugar seguro – disse o ruivo pegando Keiko no colo, que estava impossibilitada de andar – sabe onde os outros estão?

–Encontramos com Genkai e ela ficou no primeiro andar – respondeu a loira – mas não sei de mais ninguém.

Um grande barulho de vidros quebrando se ouviu nos andares abaixo e eles pegaram o elevador e foram pra lá.

Quando chegaram no 1º andar, encontraram Yusuke e o adversário nocauteado do lado de fora. Pela forma como estava vestido, parecia que era médico e como havia perdido os sentidos, o território que tinha ampliado se desfez e todas as pessoas que haviam sido picadas pelos insetos, voltaram ao normal, inclusive Keiko.

–Yusuke! – Kurama chamou do meio do corredor.

–Kurama! como você... Piu! Como veio parar aqui? – Yusuke perguntou enquanto percebia a presença de Shizuka: - Você também Shizuka? Mas... KEIKO? Que raios você tá fazendo aqui menina?

A morena se adiantou:

–Olha aqui Yusuke, fique sabendo que eu estava muito preocupada com você, tá?

–É verdade – Shizuka acrescentou – e nós queremos saber que loucura toda é essa.

Genkai apareceu no corredor depois de pular a janela que estava quebrada e deu ordem para que todos fossem embora depressa, porque logo a polícia estaria ali para averiguar o caso e fatalmente, eles teriam muitas explicações a dar se estivessem presentes.

–Vamos circulando galera, depois eu conto tudo tá, Keiko? – disse Yusuke.

–É BOM MESMO! – a morena saiu pisando duro na frente, carregando Piu no colo.

–Ahhhh, mas que menina chata! – bradou o detetive, já na porta do hospital.

Kurama avistou Kuwabara, Kaito e Botan no hall de entrada do hospital.

–Vocês não deviam estar lá fora? – o ruivo perguntou

–Pois é, mas quando ouvimos o barulhão a Botan não se aguentou e saiu correndo, tivemos que ir atrás dela! – Kuwabara entregou – ainda bem que está tudo resolvido agora!

Kurama olhou pra Botan que estava um pouco sem graça. Kaito aproveitou o momento e aproximou-se dela, colocando, mais uma vez, a mão no ombro da guia:

–Não importa o que digam, a Botan é muito corajosa e sempre vai defender os amigos, mesmo que não saiba como – e sorriu pra guia fazendo com que ela ficasse sem jeito e se desvencilhasse da mão dele:

–Ah que é isso! Hahahaha! Não sou tão corajosa assim! Hahaha! – a guia estava visivelmente sem graça com a atitude do rapaz de óculos e tentou disfarçar com sua habitual risada.

–Olha só as intimidades daquele cara! – Shizuka comentou em voz que só Kurama ouviu – não te incomoda que ele faça isso?

Kurama falou sem olhar pra ela:

–Me incomodo com essa insinuação num momento como esse.

Shizuka deu um tapa no ombro do ruivo e saiu andando com um sorrisinho:

–Ok, não tá mais aqui quem falou – e meteu as mãos nos bolsos, procurando o maço de cigarros.

–Bom, eu vou ficar aqui pra internar o Yanagisawa e o Kido, encontro vocês depois tá? – falou Kaito, olhando especialmente pra Botan que deu um sorrisinho rápido e caminhou até a porta. O que estava acontecendo com o esse Kaito hein? Não estava gostando daqueles olhares que ele estava lhe lançando. Muito menos daquelas mãos que insistiam em pousar no seu ombro.

–Tudo bem Kaito, até mais – Kurama se despediu e caminhou até a porta também, pensando em uma razão pra Kaito estar agindo daquela maneira.

–Ele está muito estranho. Primeiro aquela insinuação antes de chegarmos ao hospital, depois essa proximidade de Botan, o que será que ele está pretendendo?

– Minamino! – a voz de Kaito fez o ruivo se virar antes de cruzar a porta do hospital. Os outros já estavam do lado de fora.

–O que é Kaito? – a voz saiu mais áspera do que ele esperava

–Me faz um favor? – e soltou um sorrisinho malicioso – fica de olho na Botan na minha ausência? Sabe como ela é impulsiva e não quero que ela se machuque – arrematou o moreno – e ela parece te respeitar bastante, pode ser?

O ruivo franziu o cenho e saiu. Ainda conseguiu ouvir Kaito chamando-o de novo. Aquilo o pegou de surpresa. Que pedido era aquele, ainda mais vindo de Kaito? O que ele estava querendo?

–Te provocar é claro – Shizuka disparou da calçada enquanto tragava o cigarro.

Kurama olhou pra ela incrédulo. Ela escutara o que Kaito dissera? Sem dúvida, estava todo mundo muito estranho hoje.

–Quem quer provocar o que hein, maninha? – Kuwabara se intrometeu na conversa.

–Eu é que quero provocar um soco na sua cara se continuar se metendo em assuntos que não são da sua conta – a loira fitou o irmão séria.

–Ah como você é grossa! Eu hein! – Kuwabara saiu pisando duro.

–Vem pra cá Kuwabara, o medo que você tem da sua irmã chega a dar vergonha – Botan falou caindo na risada, fazendo com que o amigo fosse alvo das piadas de Yusuke e Keiko.

Kurama e Shizuka caminhavam mais atrás quando a loira continuou o assunto de antes:

–Se eu fosse você não me preocuparia com essa conversinha mole que o quatro olhos falou, afinal mesmo que ele queira alguma coisa com ela, não tem a mínima chance – e soprou a fumaça pra cima.

O ruivo estava sério e olhando pra frente. Aquela conversa toda estava começando a tirar-lhe a calma, o que era difícil de acontecer:

–Não estou preocupado com nada Shizuka – respondeu meio seco.

A loira continuou como se não tivesse ouvido a resposta do ruivo:

–De qualquer forma, eu acho mesmo que ele falou aquilo pra te provocar, ver qual é a de vocês – Shizuka arrematou, colocando as mãos no bolso.

Kurama suspirou fundo. Tinha que admitir que Shizuka era muito atrevida.

–Vai ficar calado? –a loira cutucou.

–Desculpa Shizuka, mas não estou com cabeça para esses assuntos, tem coisas sérias acontecendo – o rapaz não se preocupou muito em demonstrar calma.

–Pelo jeito ele conseguiu te irritar mesmo... – a loira respondeu despreocupadamente e tragou o cigarro.

Kurama se calou, decidido a ficar em silêncio. Não era de se irritar com facilidade, porém aquele assunto sem pé nem cabeça e tão repentino, mexeu com ele. E ele não sabia por quê.

Alguns passos à frente, o vento soprava no rosto de uma pensativa garota de cabelos azuis:

– O que será que eles estão conversando? – a guia estava alheia às piadinhas dos amigos e tentava escutar alguma coisa do que Kurama e Shizuka conversavam. Não sabia explicar bem: gostava de Shizuka, eram amigas, mas a proximidade que ela parecia ter com Kurama a incomodava, principalmente a facilidade com que ela tinha de puxar assunto com ele, coisa que Botan nunca conseguia fazer.

–Ai que droga! Não e hora de pensar nessas coisas Botan! – procurou se concentrar no que Keiko estava falando, mas a única coisa que vinha na sua cabeça eram os olhos de Kurama, sérios, como ela não tinha visto antes. E sentiu-se culpada por isso, e ao mesmo tempo, o ciúmes alfinetou seu peito porque quem estava desfrutando daquele olhar era Shizuka.

O detetive parou de caminhar e assoviou chamando a atenção dos amigos:

–Galera, o Kuwabara tá chamando todo mundo pra uma reunião na casa dele com uma rodada de pizzas, beleza? – Yusuke falou. Botan aproveitou e olhou pra Kurama. Incrível como ele estava lindo, mesmo tão sério.

–Ei que história é essa? Eu não falei nada, Urameshi! – Kuwabara avançou para o amigo, disposto a tirar satisfação.

–Por mim, sem problemas, estou mesmo querendo saber o que tá acontecendo – Shizuka falou – A casa está vazia, não vai ter nenhum problema se vocês forem.

–Ah que ótimo! Eu também quero saber tudinho! – Keiko emendou.

–Então vamos todos, precisamos mesmo conversar sobre hoje e decidir quais serão os próximos passos – Genkai decidiu.

Antes de todos seguirem para a casa de Kazuma, Botan se pronunciou:

–Ah, eu acho que vou falar com o Sr. Koema, provavelmente ele vai querer algum relatório sobre os últimos acontecimentos, depois eu encontro com vocês.

–Tá bom, mas não vai demorar hein! – Keiko respondeu – odeio comer pizza fria!

–Eu também – emendou Kuwabara.

–Não demoro, prometo! – a guia já se preparava pra subir no remo quando Kurama falou:

–Eu também vou depois, preciso passar em casa pra ver como minha mãe está. Ela já me ligou algumas vezes e não quero que ela fique muito preocupada.

–Mas é um filho exemplar mesmo né! – o detetive falou – pois se fosse a minha mãe, estava pouco ligando em saber se eu morri ou se caiu um raio na minha cabeça! Hahahaha!

–YUSUKE! Não fala assim da sua mãe! - Keiko bronqueou dando uns cascudos no moreno que tentava fugir dela.

–Tudo bem, mas não demorem muito. É necessário que todos estejam presentes nessa reunião – Genkai falou, já caminhando.

A turma continuou andando enquanto Kurama caminhava no sentido oposto e Botan levantava vôo. A guia sentiu uma vontade louca de olhar pra calçada onde Kurama estava. Por um motivo que ele mesmo desconheceu, Kurama teve vontade de olhar pro céu e o fez.

Botan corou ao encontrar os olhos verdes de Kurama que pareciam tão indecifráveis naquele momento.

–Eu não estou bravo com você – a voz do ruivo invadiu a mente da guia que ficou toda arrepiada e corada. Abaixou a cabeça por alguns minutos. Não conseguia olhar pra Kurama por muito tempo sem parecer uma pimenta malagueta.

O ruivo ainda olhava pra ela quando uma rajada de ar soprou forte fazendo com que o remo balançasse e Botan desse um grito de medo. Mais uma vez, estava desprevenida.

–Você está bem? – Kurama indagou enquanto observava a guia tentando se equilibrar de volta.

–Agora estou... quase que eu me esborracho no chão! – respondeu quase roxa de tanta vergonha e concentrando toda sua atenção no remo. Reuniu o pouco de coragem que ainda tinha e conseguiu olhar para o ruivo e dar um sorrisinho sem graça.

Kurama sorriu. Nunca tinha reparado que o rosto de Botan podia ter tantas cores ao mesmo tempo.

–Com certeza você não cairia no chão... eu não ia deixar...- respondeu pra ela e teve a oportunidade de ver mais uma cor naquele rosto: vermelho super escarlate cintilante.

Botan riu nervosa e se apressou em dar meia volta pra continuar indo ao Renkai. O coração aos atropelos martelava seu peito com violência enquanto sentia o vento fresco esfriar seu rosto que estava em chamas.

–Obrigada, Kurama... – mandou uma mensagem telepática.

Ela não viu o meio sorriso que o ruivo deu quando voltou a caminhar.

–Não se atrase... eu também não gosto de comer pizza fria... – respondeu dando meia volta e indo pra casa.

A guia fechou os olhos e deixou a voz de Kurama ressoar em sua mente. Incrível como aquele som tinha o poder de desconcertá-la.

–Ai...o que há comigo?

Continua...


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Notas finais do capítulo

¹flashback: significa voltar rapidamente para algo, em português, mas possui outros significados, depende onde é empregado. Neste caso, flashback é um fato acontecido no passado inserido em um momento atual, através da lembrança da pessoa.



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