Deixe o Amor Nascer. escrita por Kira Urashima


Capítulo 3
Reencontros




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– O QUÊ? O YUSUKE FOI RAPTADO?

Botan não podia acreditar no que estava ouvindo. Será que tratava-se do mesmo Yusuke que ela conhecia? Vencedor do torneio das trevas, detetive sobrenatural, valentão e bom de briga? Quem teria conseguido capturá-lo já que seria muito mais fácil ele raptar alguém? Inacreditável era pouco pra descrever a surpresa dessa notícia e a angústia que se apoderou do seu coração.

Passaram-se apenas algumas semanas desde que a turma tinha voltado para o Ningenkai e tudo parecia muito calmo até aquele momento. Foi então que Koema recebeu um aviso muito estranho: uma movimentação suspeita estava acontecendo no mundo dos homens e esta não estava sendo realizada por nenhum tipo de monstro.

O detetive sobrenatural precisava agir para investigar o caso o mais rápido possível, porém, essa informação nem teve tempo de chegar ao conhecimento dele. Uma armadilha foi montada e Yusuke caiu nela. Não havia qualquer pista sobre a identidade do raptor, apenas um bilhete ameaçador e claro: "Compareçam às 23h na mansão Yogigem. Podem levar quantas pessoas quiserem, mas fazemos questão da presença de Kuwabara, Kurama e Hiei. Se não cumprirem a nossa exigência, não garantimos a vida de Yusuke."

Medo brotou na mente da guia. O simples fato de seu amigo ser feito refém já era o suficiente para desesperá-la e, se não bastasse isso, o inimigo estava muito bem informado sobre a existência dos outros integrantes do time Urameshi. Como isso era possível? A única coisa que ela sentia era o gosto metálico do pânico a escorrer pela garganta. Um descuido e todos estavam dentro de uma desconhecida e perigosa cilada, e não havia tempo para mais nada. As horas corriam.

Sem demora, ela e Kuwabara puseram-se a caminho da escola Meiou, onde Kurama estudava.

Kurama...Iria reencontrá-lo, infelizmente, em circunstâncias tão adversas. Uma alegria estranhamente imprópria disputava espaço com a tensão dos fatos atuais. Sentia-se um pouco culpada, mas se não fosse esse ocorrido, que motivos relevantes poderiam levá-la a ter esse encontro? Seu coração estava tão acelerado quanto os passos que ela dava pelos corredores do colégio à procura do jovem ruivo. A mente mantinha-se agitada pelas recordações das semanas anteriores:

Desde a final do torneio das trevas, Kurama não lhe saía da cabeça, não importava o esforço que fizesse. O controle de seus pensamentos parecia inviável e ela se pegava frequentemente concentrada naqueles olhos verdes.

Nessa época, viu-se tomada por uma curiosidade enorme em saber coisas sobre a vida dele e, graças ao trabalho como guia espiritual, os detalhes não contados poderiam ser descobertos, pois ela tinha acesso a informações confidenciais. Botan não pensou duas vezes para agir quando teve oportunidade de vasculhar os arquivos do Renkai.

Numa tarde, ela entrou na biblioteca principal dando a desculpa que iria consultar sentenças dos youkais da classe D a pedido de Koema. Lá, encontrou dois livros, um do lado do outro: Kurama Youko e Shuichi Minamino. Optou pelo 2º: queria conhecer sua infância.

Acomodou-se no chão perto da estante, abriu o livro e ficou a par de muitas coisas, entre elas o quanto Shiori ficava admirada com a habilidade e amor que Shuichi demonstrava para com as plantas. O fruto desse sentimento impulsionou-o a cultivar um jardim nos fundos da casa em que moravam. Além das inúmeras rosas, o jovenzinho plantou uma cerejeira, que recebia atenção toda especial e veio a se tornar um refúgio. O menino ruivo adorava passar horas e mais horas entre suas flores.

Shuichi era uma criança acima da média em tudo e a forma como era amoroso com sua mãe, estando sempre ao lado dela, ajudando-a nas tarefas domésticas e em cada detalhe cotidiano sem que ela precisasse pedir, o tornava simplesmente incrível.

A escola era um capítulo totalmente a parte: o garoto era brilhante. Além de excelente aluno, era tão agradável e simpático que se tornava, com facilidade, o mais popular por onde passava. E era amigo, companheiro... Botan se perdeu nos relatos dos colegas que ele ajudou em alguma dificuldade, que ouviu nos momentos de tristeza. Shuichi ajudava no que podia (e ele parecia poder tudo). Sem contar, é claro, o quanto encantava as meninas. Kurama vivia cercado de admiradoras e isso, várias vezes, causava inveja em seus colegas, entretanto, ele era muito humilde: não maltratava ninguém, nem se aproveitava das pessoas.

Por causa de tudo isso, crescia dentro da guia uma admiração cada vez maior pelo rapaz de olhos verdes. Ela sentia-se feliz, enlaçada pela personalidade tão marcante de Shuichi, que não deixava de ser a de Kurama.

Estava absorta em seus devaneios quando uma voz esguaniçada berrou:

–KURAMA! KURAMAAA! APAREÇA! – Kuwabara gritava pelas dependências da escola, chamando a atenção de todos e deixando Botan visivelmente embaraçada:

–Fala baixo, fala baixo, que coisa! – pediu a garota, ansiando para que aquela busca acabasse logo ou eles seriam expulsos do local sem terem cumprido seu objetivo. Consultando o relógio em seu punho, o nervosismo ficou ainda maior, todavia, não superou o que ela sentiu vendo o amigo, sem a menor cerimônia ou educação, dar um pontapé na porta do laboratório, derrubando-a com um estrondo.

–‘Té que enfim achamos você, Kurama! - a voz de Kuwabara continuava alta, parecia não dar a mínima para os olhares de reprovação e susto que recebia dos outros estudantes que também estavam ali; diferentemente de Botan, que estava muito corada: de vergonha pela atitude do amigo e, claro, por cruzar seus olhos com os do belo jovem de cabelos vermelhos e jaleco branco.

Ele pareceu desconcertado:

–Me chame de Minamino, Kuwabara! As pessoas não me conhecem por Kurama...– cochichou, enquanto seus colegas de classe demonstravam não estar entendendo nada. Seria alguma daquelas pegadinhas de programas de TV ou deveriam telefonar para o hospício mais próximo e providenciar que aquele louco de uniforme azul fosse levado imediatamente para lá?

Ignorando totalmente os outros rapazes que estavam presentes e as gafes cometidas, Kuwabara continuou:

–Ô, Kurama, você precisa saber o que aconteceu e também temos que achar aquele baixinho insuportável do Hiei porque a conversa é séria! – falou saindo com pressa, sendo seguido por Botan. Como não havia outro jeito, Kurama despiu-se do jaleco e saiu o mais rápido possível, antes que o enchessem de perguntas que ele não poderia responder.

– Afinal de contas... O que é “kurama”? – a dúvida pairava no laboratório.

O trio reuniu-se no parque que ficava a duas quadras da escola Meiou e, lá, Botan e Kuwabara contaram tudo que sabiam sobre o caso: o rapto, o convite à mansão e a condição de comparecimento dos quatro lutadores. A guia também relatou os eventos atípicos que estavam ocorrendo no Ningenkai. Kurama escutava tudo com atenção e ia montando um quebra-cabeça mental com as peças que tinha. Lembrou-se do quão esquisito ele achou ver um inseto das trevas em ponto de picar uma de suas colegas de classe. De acordo com seus conhecimentos, isso só seria possível caso houvesse aumento de energia maligna no mundo dos homens e, pelo que Botan contara, era exatamente o que estava acontecendo. Agora, como conseguiram sequestrar Yusuke era novidade.

–Você não sabe onde está o Hiei? – perguntou Kuwabara.

–Não sei e não temos muito tempo para procurá-lo... – Kurama respondeu pensativo, tentando achar uma maneira de contatar o amigo.

De repente, a guia abriu a maleta que carregava e retirou o¹apito Itako, um dos vários instrumentos auxiliares na rotina do detetive sobrenatural e, com ele, conseguiram localizar o ²youkai de fogo, que descansava em uma das árvores do parque.

Encontrá-lo até que não tinha sido difícil. O difícil foi tentar convencê-lo a ajudar Yusuke, pois Hiei, além de estar mais mal-humorado do que nunca, não estava nenhum pouco interessado em ocupar seu tempo com essa missão. Não havia qualquer palavra que o induzisse, até que Botan resolveu falar.

Cena 2

Kurama ainda se perguntava como aquela garota atrapalhada e impulsiva pôde demonstrar tanta astúcia num momento em que não se esperava nada dela. Com certeza, esse lado da guia despertou admiração e surpresa, principalmente nele.

Hiei estava se esquivando habilmente das tentativas de ser persuadido a participar do resgate de Yusuke, até que um argumento quebrou a barreira imposta pelo demônio de fogo. Uma proposta foi feita de maneira muito inteligente e ela oferecia ao youkai algo que lhe era muito valioso: sua liberdade.

Mesmo tendo ajudado o time Urameshi no torneio das trevas e no resgate de Yukina, Hiei ainda tinha dívidas com o ³Renkai pelos crimes que cometera. Estava sob o julgamento do mundo espiritual e aguardando sentença. Não podia voltar ao *Makai, tendo acesso apenas ao Ningenkai, ainda por cima, sendo acompanhado em cada passo que desse.

Botan, tendo conhecimento dos fatos, prometeu a ele que, se os ajudasse a salvar o detetive, estaria livre do julgamento do mundo espiritual e poderia voltar para sua terra. Ele não teria mais nenhuma conta para prestar. Isso soou muito atraente para Hiei:

–Se realmente eu for absolvido, aceito a oferta...

Agora, o youkai estava a caminho da mansão junto com eles. Pontos para Botan, contudo, algo estava incomodando muito o jovem ruivo: como a garota pretendia cumprir sua parte do trato?

Ela era apenas uma guia espiritual, não tinha autoridade pra absolver ou condenar ninguém. Como então poderia livrar o amigo das sanções do Renkai apenas por ele ter feito uma “boa ação”? Até porque, essa não seria a primeira e já estava provado que **Enma Daioh não se comovia com esse tipo de coisa.

Não tinha como negar que a guia fora muito corajosa, se expondo daquela maneira, prometendo algo que não tinha a menor certeza de que poderia realizar e tudo pra salvar Yusuke. Talvez, ela não tivesse realmente refletido em suas palavras e esperava que o youkai logo esquecesse do pacto, entretanto, Kurama conhecia Hiei e sabia que, certamente, ele iria cobrar o cumprimento do trato e não reagiria bem caso Botan voltasse atrás.

Todos esses pensamentos deixavam-no intranquilo, temendo pela segurança da guia e, somado a isso, o fato de estarem num lugar completamente desconhecido, sem terem nenhum norte pra se orientar e ela estar ali também, o incomodava demais. Por mais intrigante que fosse a situação em que estavam envolvidos, de um jeito ou de outro, achariam uma forma de superá-la, porém, ao olhar para a guia, notava-se uma diferença gritante. Ela era muito mais frágil do que eles.

Kuwabara, a princípio não quis que a garota entrasse com eles na mansão, mas Kurama discordou, dizendo que a ajuda dela era importante.

–Tome cuidado... –pediu, sentindo-se totalmente desconfortável. Não queria que Botan se machucasse, mas, naquele momento, era melhor que ela estivesse junto deles. Assim, poderiam, ao menos, protegê-la.

Os episódios que se seguiram naquela casa foram marcantes para os quatro. Cada acontecimento estava muito longe de uma batalha convencional. Ali, não era permitido usar a força ou qualquer golpe, apenas as palavras tinham poder. Habilidade mental era requerida e, com isso, Hiei, Kuwabara e Botan foram presos, não por não serem inteligentes, antes, afoitos. Se não fosse pela estratégia e paciência de Kurama, eles não teriam conseguido avançar até o quarto onde Yusuke se encontrava.

Depois de passarem por um estranho jogo onde o detetive tinha por objetivo adivinhar qual de seus companheiros era o impostor, o rapaz loiro de olhos estreitos que mantinha o detetive em cativeiro apresentou o responsável pela trama toda:


–MESTRA GENKAI?

Cena 3

Dá pra explicar o que 'tá acontecendo, sua velha maluca? – Yusuke perguntou mostrando irritação.

–Eu queria que sentissem na pele não somente o poder, mas também a força desse território.

–E por que toda essa necessidade em conhecer os poderes desses caras, hein? – o detetive questionou com ar esnobe - gastar tempo planejando isso só pra se divertir? Tem mais o que fazer não, Genkai?

–Não fiz isso como um hobby; ou você acha que esse tipo de habilidade é algo normal? – ela inquiriu com o olhar - Vocês quatro são muito fortes, porém se forem atingidos por um método desconhecido, podem cair mortos! Um grande guerreiro não se faz apenas pela força física ou espiritual. É necessário saber adaptar-se quando as estratégias habituais de luta não dão solução ao problema. Não basta apenas velocidade, é preciso inteligência e criatividade para ler a situação e encontrar novas formas para sair dela. Para vencer o inimigo é preciso estar dois ou três passos a frente. Vocês tinham que saber disso.

–Em outras palavras Genkai, tudo não passou de um treino de luxo, não é?

–Mais do que isso, Kurama...há um motivo muito maior por trás: Na cidade de Mushiori está sendo aberto um túnel pra fazer ligação do mundo das trevas com o mundo dos homens e isso está provocando efeitos diretos nos habitantes da cidade, como a demonstração desses novos poderes.

Várias peças do quebra cabeça agora faziam sentido: a estranha movimentação no Ningenkai, os insetos, o poder do território... A influência da energia do Makai era a responsável por tudo isso.

–Um buraco pra fazer ligação entre os dois mundos? - Botan estava em choque com tudo aquilo, assim como Kurama e os outros. Nunca imaginaram que algo assim pudesse acontecer, afinal, o único louco dono dessa ambição era Sakio e, até onde sabiam, ele havia morrido no dia da destruição do estádio onde havia sido o torneio das trevas. Contudo, alguém tinha herdado esse projeto insano e estava colocando-o em prática. Não se tratava mais de um boato, era real. Mas, quem seria essa pessoa?

–Amanhã nos dividiremos em dois grupos para começarmos as investigações. Temos que agir rapidamente e impedir que esse projeto seja concluído – orientou a mestra – Procurem descansar, pois o dia vai ser cheio. E evitem ficar sozinhos!

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Cena 4


O piso da mansão era frio e o relógio contava 3h30 da madrugada. Botan não conseguia dormir com todas aquelas informações na cabeça. Estava com medo do que iriam enfrentar. E se não conseguissem? E se realmente o túnel fosse aberto? Monstros poderiam trafegar livremente pelos dois mundos sem que eles pudessem fazer nada! Sentia-se impotente e queria poder ajudar a seus amigos com algo mais.

–Se ao menos eu não tivesse vacilado quando precisaram de mim... – constatou, pensando no primeiro desafio que enfrentaram, quando a única forma de sair daquele aposento era falar com inteligência e não pronunciar a palavra proibida.– Kurama pôde destruir o inimigo sem usar a força...Tão diferente de mim que, além de não ter nenhum poder, ainda caí facilmente nas mãos deles! – um sentimento de derrota reinava dentro dela.

Kurama também estava na mesma sala que Botan, só que na outra ponta do cômodo. Seus pensamentos impediam a mente de relaxar. Ele também se encontrava muito preocupado com os últimos acontecimentos. Odiava sentir o perigo próximo das pessoas que amava.

Um barulho fez eco na sala vazia, parecia o som de caixas sendo derrubadas.Veio da direção em que a guia estava. O rapaz ruivo aguçou os ouvidos:

–Botan? Está tudo bem? –Kurama chamou-a por telepatia.

Ao mero som daquela voz em sua mente, ela se arrepiou e não pôde conter a surpresa e nem a sinceridade:

Desculpa, eu...Eu não quis incomodar, é que fui esticar a perna e esbarrei na maleta...Desculpa – a voz dela mostrava-se apagada, fraca, embora sentisse as palpitações em seu peito aumentarem consideravelmente.

–Não me incomodou, não se desculpe... – ele não se deu por satisfeito com esse diálogo e, mesmo que ela não tivesse dado abertura para outras falas, ele insistiu:

–Como está se sentindo? – perguntou de maneira delicada, demonstrando cuidado.

–Gostaria de estar melhor... Estou muito preocupada com toda essa situação – respondeu, encolhendo-se.

–Realmente é algo sério, mas temos que investigar para termos mais noção do que está acontecendo. Até examinarmos os fatos, não podemos tirar conclusões.

Botan suspirou profundamente e ficou em silêncio, seu coração estava muito angustiado.

–Quer falar sobre isso? – Kurama a encorajou, percebendo que a guia estava precisando desabafar. Botan demorou alguns segundos para romper o silêncio:

–Eu não imaginava que uma coisa dessas pudesse estar acontecendo...hoje foi uma experiência tão tensa, ficamos tão vulneráveis e...– ela hesitou um pouco – eu sinto que mais atrapalhei do que ajudei, queria ter poder pra ser mais útil...- disse desanimadamente.

Ouvir aquilo inquietou Kurama:

–Você é útil,Botan! Por favor, não se sinta incapaz...Lembre-se de que a responsável por convencer Hiei a nos ajudar foi você. – a lembrança daquela cena acendeu a preocupação que o jovem nutria, contudo, não o impediu de ser honesto – Se não fosse pela sua ajuda, o desfecho desta noite poderia ter sido diferente...

–Não teria sido, Kurama... Era só um plano da mestra...Hiei ter aceitado ir conosco foi sorte... – a garota falou desanimadamente, não convencida com o argumento – Me sinto tão fraca... – balbuciou levemente, travando a pronúncia da frase. Ele, no entanto, não deixou de entender o que ela disse.

–Sorte é tudo que não cabe aqui...Ninguém poderia saber que se tratava de um plano...Você agiu com muita inteligência e coragem, o que foi fundamental naquele momento... – fez uma pausa e um pedido – Por favor, não se sinta incapaz porque você é especial do jeito que é...

"Especial". A palavra soou doce na mente da guia como uma carícia e a fez pensar no seu significado.

"Especial", Botan era especial.

Silêncio.

–Kurama? – chamou, receosa.

–Sim?

Obrigada por suas palavras – respondeu, sentindo o sono chegar. De alguma forma que ela não entendia, Kurama tinha mais um poder: o de fazê-la acreditar que tudo ficaria bem. Saber que ele a considerava importante para o grupo reviveu suas forças e a fez querer se doar ainda mais. Ele a acalmava apenas com poucas palavras, e que palavras!

–Não me agradeça, estamos juntos nisso e...Vamos continuar juntos! – Não conseguia compreender muito bem porque, mas não havia gostado de ver a guia desanimada, como se isso não pertencesse a ela. E ainda, desanimada por uma ideia falsa, fruto de preocupações e inseguranças.

"Estamos juntos nisso". Mesmo de olhos fechados, a voz de Kurama ecoava em seus pensamentos, tranquilizando-a dos medos que estava sentindo. Naquele momento, teve a certeza de que ele trazia a ela uma paz que queria sentir sempre.

Enquanto isso, o jovem de olhos verdes pensava em tudo que a guia dissera. Botan podia ser qualquer coisa, menos uma pessoa sem utilidade, fraca, como ela mesma dissera baixinho. Estar sempre com eles, enfrentando todo o tipo de perigo sem recuar, nunca faria alguém fraco. Ter coragem para se expor em benefício de outros, mesmo que fosse prejudicada, era uma qualidade pouco comum e bastante...encantadora.

–Você não é fraca, Botan... – pensou consigo mesmo – E eu quero estar perto para que você não se esqueça disso.

O relógio marcava 4h15.

Continua...







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Notas finais do capítulo

¹apito Itako: acessório auxiliar da maleta de equipamentos do detetive sobrenatual, ou seja, Yusuke Urameshi.
²youkai: "Ser Sobrenatural". É um termo que se refere a qualquer criatura não-humana dotada de inteligência e força geralmente um demônio.
³Renkai: "Mundo Espiritual". Em algumas culturas, acredita-se que, após a morte, o espírito atravessa o Rio Sanzu. Após ter atravessado o Sanzu, as almas entrariam no Shinpan no Mou o Portão de Julgamento, que guarda a entrada do Mundo Espiritual. Ali as pessoas iriam ser julgadas.
*Makai: "Mundo Demoníaco". É o mundo de origem dos youkais.
** Enma Daioh: rei e governante do mundo espiritual. Pai de Koema.