Deixe o Amor Nascer. escrita por Kira Urashima


Capítulo 2
Volta pra casa




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O relógio do saguão marcava 8h11 quando uma esbaforida garota de cabelos azuis chegou correndo perto do grupo de jovens que se encontrava no meio do salão.

–Tinha que ser a dona Botan, né! – disparou Yusuke, exibindo um semblante notável de sono.

–Hunf, olha só quem fala, "Sr Durmo Três Dias Sem Parar" – revidou, vermelha pela corrida e também de vergonha pelo atraso.

–Droga, eu não devia ter enrolado tanto pra dormir... – pensou a garota – Bem hoje que Kurama pediu pra que ninguém se atrasasse... – lembrando-se da razão da sua noite mal dormida.

–Estão todos aqui? – indagou o rapaz de cabelos ruivos.

–Só faltava a Botan mesmo, podemos ir? – respondeu Keiko.

–Se bem que nem precisávamos esperar por ela. Com aquele remo, ela podia muito bem ir voando atrás do navio, né não? hahahahaha! – o detetive zombou da amiga.

–Sem graça! – Botan irritou-se.

Kurama consultou o relógio em seu pulso e apressou a todos:

– Então vamos logo, eles não costumam esperar muito e já estamos atrasados.

–Ah, Kurama, mas nós somos o time vencedor! Devemos ter algumas regalias, né?– falou Kuwabara, bocejando – Eles não podem ir embora sem a gente!

–Seria bom Kuwabara, mas a última coisa que temos aqui nesta ilha são regalias! – Kurama sorriu, finalizando o assunto.

Botan chegou perto de Keiko e cochichou:

–Por que não me acordou, hein?

–Eu tentei, mas depois de quase ter ganhado um safanão eu desisti. Achei que o despertador faria melhor esse papel – respondeu pegando sua mala.

–Ótimo –pensou a guia – menos 20 pontos.

–Disse alguma coisa? – a pergunta de Keiko pegou Botan tão de surpresa, que ela realmente achou que a amiga lera seu pensamento.

–Eu? Nada! – respondeu vermelha.

–Viu só, Botan? Pare já com esses pensamentos idiotas! Chega! – puniu-se mentalmente.

–Tá tudo bem com você, Botan? Desde ontem sua cara não está muito boa... Suas costas voltaram a doer? –perguntou, percebendo a preocupação no rosto da amiga.

–Hã? Ah, as costas... Estão doendo um pouco, sim! - mentiu, meio nervosa.

–Melhor você tomar alguma coisa, então, não é bom viajar assim. Vou falar como Kurama...- Keiko já apressava o passo para alcançar o ruivo quando Botan deu um puxão no braço dela.

–NÃO! – a voz saiu mais forte do que ela gostaria, fazendo com que todos parassem de andar e olhassem pra ela.

–Que que houve, Botan? Pra que essa gritaria, algum bicho te mordeu, minha filha? – perguntou Yusuke meio mal humorado.

–Você está bem Botan? – Yukina aproximou-se, colocando a mão na testa da amiga, avaliando se a mesma apresentava febre ou outro sinal de doença.

–Não é nada gente, não se preocupem! Hahahahaha! – a guia lançou mão de uma risada pra despistar.

–Como nada? Agora há pouco você disse que a dor nas costas tinha voltado – “entregou” Keiko sem qualquer cerimônia, cruzando os braços.

–Você quer um chá, Botan? – foi a vez de Kurama perguntar, notando que a guia ficava cada vez mais vermelha – Não é bom viajar com dor.

–Não, não precisa Kurama,’ brigada! – respondeu – a Keiko exagerou um pouco, é uma dorzinha de nada. Já, já passa! – fez sua melhor expressão de animada, torcendo para que aqueles olhos verdes parassem de olhar pra ela.

–COMO É QUE É? VAMÔ’ EMBORA, MINHA GENTE! – berrou Yusuke lá de fora.

Todos olharam para o detetive, antes de o jovem ruivo continuar:

–Tudo bem então, mas qualquer coisa avisa, ‘tá? – sorriu gentil pra Botan.

Envergonhada, a guia respondeu:

–‘Tá bom! Valeu!

–VAMOS EMBORA, GALERA! DEIXA A BOTAN AÍ SE ELA FICAR ENROLANDO! – gritou o detetive, mais uma vez.

–PARA DE GRITAR, YUSUKE! DEIXA DE SER MAL EDUCADO! – falou Keiko em alto e bom som.

–Como se você não estivesse gritando... – resmungou Shizuka sacando um cigarro.

–Ah, me deixa, Shizuka! - e virando pra Botan – já que você ‘tá bem, me ajuda aqui com essa mala.

A guia pegou a alça sem falar mais nada enquanto pensou:

–Menos 200 pontos – a ideia veio mais rápido do que a vontade de detê-la, fazendo-a suspirar alto.

E foram para o cais.


Cena 2

A viagem correu sem grandes problemas, apesar de algumas discussões sem importância ocorrerem, como “porque esse baixinho miserável tem que se meter quando eu falo com a minha Yukininha?” e “diga pra esse imbecil sair da minha frente se não quiser ser fatiado em pedaços tão pequenos como o cérebro dele.”. De resto, cada um curtiu a volta pra casa como quis: conversando, dormindo, comendo, apreciando o mar...

Botan procurou ficar afastada de Kurama o máximo possível. Depois daquele alvoroço que tomou sua mente na noite passada e dos constrangimentos no hotel, ela resolveu que não deixaria mais aquilo acontecer. Tinha que ser mais centrada, mais pé-no-chão. Não queria dar margem para continuar com aqueles pensamentos descabidos envolvendo Kurama.

–Bonito ele é... Mas, é só um AMIGO!– dizia pra si mesma.

O rapaz de cabelos vermelhos - por sua vez - estava calmo. A preocupação que sentia por causa de um possível sentimento da parte de Botan passou. Ela estava bastante alegre e não parecia nem um pouco afetada pela presença dele. Mesmo tendo ficado corada no hall do hotel quando ele falou com ela, não significava nada.

–Deve ter ficado com vergonha por ter chamado atenção daquele jeito – concluiu Kurama, lembrando o quanto a guia era atrapalhada em certas situações. Provavelmente, Shizuka tinha exagerado:

Os dois encontraram-se na entrada do hotel. Kurama tinha ido dar uma volta na praia e Shizuka estava perto da porta, fumando.

–Perdido? –perguntou a loira, dando uma baforada para cima.

–Não, fui dar uma volta na praia. Depois de um dia inteiro de cama, minhas pernas estavam reclamando. – respondeu sorrindo.

–Imagino, mas também você ficou mal depois daquela luta, precisava descansar.

–Verdade, foi uma luta complicada – Kurama mirava o mar.

–Ficamos bem preocupados, principalmente Botan, ela chorou muito na arquibancada – Shizuka falou enquanto dava mais um trago.

–Ela é bastante sensível e se preocupa com todo mundo.

–Você entendeu o que eu disse –falou com certa malícia na voz.

Kurama virou-se para ela um pouco surpreso:

–Entendi? – indagou com certa curiosidade.

–Ah, Kurama, você é bastante esperto, não faça tipo – Shizuka comentou despreocupadamente, soprando a fumaça do cigarro – já deve ter percebido que Botan está gostando de você.

O comentário pegou o ruivo de surpresa:

–Botan? Ela disse isso?

Shizuka deu um meio sorriso:

–Não precisou me dizer, eu pesquei... Ela te olha de um jeito diferente.

Foi a vez de Kurama sorrir:

–É impressão sua, Shizuka. Botan nunca olhou pra mim com outros olhos. Se tivesse olhado, eu teria percebido – ponderou.

Shizuka tragou o cigarro pela última vez:

–Acha que sabe tudo, Raposa? –alfinetou – Talvez nem ela mesmo tenha se dado conta, mas você mexe com ela, pode ter certeza.

–E por que está me falando isso? – os olhos verdes voltaram a fitar o mar.

A irmã de Kuwabara sorriu maliciosamente antes de dizer:

–Por que acho que você é melhor nessas coisas do que ela.

Kurama riu:

–Esses cigarros não estão te fazendo bem, Shizuka!

–Está certo, Raposa... - sorriu calmamente enquanto jogava o cigarro no chão, apagando-o - depois não diga que não sabia de nada.

Kurama olhou para as meninas. Estavam numa roda, conversando animadamente; Botan era a que mais sorria, os olhos cor de rosa brilhando de divertimento. Kuwabara e a mestra juntavam-se ao grupo.

–Com certeza Shizuka se enganou – finalmente concluiu, procurando afastar da cabeça os pensamentos, afinal, se conhecia um pouco a índole da irmã de Kuwabara, sabia que ela tinha prazer em colocar lenha na fogueira, mesmo que não existisse uma.

–Chega mais, Kurama! Vamos acabar com aquele clube da Luluzinha! – chamou Yusuke, segurando uma lata de refrigerante na mão – essa mulherada fala mais que a boca, vô te contar viu!

O ruivo riu e acompanhou o amigo. Logo estariam em casa, voltariam aos seus afazeres e tudo estaria em seu lugar de novo. Pelo menos era isso que Kurama queria, e ele tinha certeza de que seria assim. Botan também tinha.

Talvez tivessem muita certeza cedo demais...


Continua...



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