Deixe o Amor Nascer. escrita por Kira Urashima


Capítulo 14
Convites




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CAPÍTULO 14 (Convites)

Depois do cappuccino e do frapê de café, doces de coco, uma tortinha de morango, muitos olhares e conversas mescladas de sorrisos e indiretas, a hora mostrou-se tardia para dos dois. Conversaram sobre diversos assuntos, entre eles, falaram sobre família, animais de estimação, sobre ficar doente e tomar remédio, sobre alergias. A essa altura, Kurama já tinha reparado que o tornozelo de Botan inchara. As unhas dela, um pouco compridas, foram instrumento para que coçasse a superfície e deixassem a pele descamando e sensível.

–Como eu ia saber que era alérgica a picada de insetos? – reclamou aborrecida enquanto passava uma espécie de pasta escura que Kurama providenciara. Tinha um cheiro horrível, impossível de disfarçar com qualquer perfume. A guia esperava que o odor desagradável fosse embora assim que tomasse um bom banho.

–O cheiro não é muito bom, eu sei, mas garanto que vai afastar outros problemas desse tipo!

–Não tenho dúvidas! - ela respondeu, limpando as mãos com o guardanapo, a expressão contorcida ainda – Pelo menos não é nada para tomar, se fosse eu preferiria ficar com a alergia!

–O amargo antecede o doce, para sarar, às vezes é preciso doer... Minha mãe sempre falava isso quando criança, na hora de tomar algum remédio.

–Tá bom, “papai...” – resmungou, num impulso sussurrado, para si mesma; a sensação gosmenta do bálsamo incomodando sua pele, assim como o cheiro azedo.

–Você fica engraçadinha quando é contrariada... – Kurama provocou, notando-a enrubescer; ela ficou sem graça com a observação, fazendo o jovem rir. Ele soltou um charmoso “estou brincando...” e, levantando-se, foi pagar a conta. A guia manteve-se sentada na cadeira, preocupada em ter desagradado o rapaz com o que dissera, mas ela não entendia como ele parecia não se importar nas várias vezes que Botan deixava seus impulsos ditarem as palavras; sempre tinha um sorriso para entregar-lhe e deixá-la sem reação.

Caminharam até o parque onde haviam almoçado. Era um bonito cenário: o anoitecer, o céu de um cinza claro, com tons mais escuros manchados de alaranjado; as luzes da rua já estavam acesas. Nenhum deles tinha reparado como a hora passara voando, nem parecia que tinham conversado tanto. Na verdade, o tempo mostrava-se curto e apertado para tudo que ainda poderiam fazer, essa era a sensação.

Alguns pingos grossos, de repente, precipitaram-se do céu. No susto, ambos se olharam-se e correram, a água caindo rápida e forte sobre eles. O toldo da farmácia da esquina poderia servir como teto para uma despedida decente.

–Não é possível controlar nada... – o pensamento alastrou-se na mente do rapaz ruivo. Que fiasco tinha sido aquele dia! Estranhamente, ele riu, no começo, um riso comedido, sendo substituído depois por uma gargalhada sincera e contagiante.

–Kurama? ... – a guia não conseguia entender aquela reação. No íntimo, esperava que ela não fosse o motivo das risadas, afinal, agora que estava encharcada qualquer coisa atraente que pudesse haver nela, havia ido embora, levada pela água que escorria por todo seu corpo.

Mas, ele entendia. Ironicamente, o temível estrategista do Makai, o cérebro dos ladrões youkais viu seus planos irem por água abaixo, perdidos em situações cômicas demais para serem trágicas. Sentiu o riso voltar à garganta ao lembra-se de tudo: o passeio no jardim deveria ter sido perfeito, porém o beijo que quase trocaram foi interrompido pelo escandaloso curador do parque. Foram expulsos da estufa de uma maneira intimidadora.

O almoço no jardim, regado a bons momentos e shows de mágica, também teve a participação de um cachorro turbulento, crianças chorando e, o resultado desse conjunto foi uma calça suja de sorvete de chocolate; sem contar o assédio de mulheres insistentes. Botan fora picada por algum bichinho e apresentou uma reação alérgica. A chuva veio sem avisar e eles estavam ensopados.

–Eu podia jurar que não choveria hoje... – ele falou esboçando ainda os resquícios dos risos – Mas acho que acabo de me enganar!

–Acha? – ela resolveu provocar, já que estava tudo perdido mesmo – Ahhh! – assustou-se com as rajadas fortes que empurravam água pra baixo do toldo, fazendo Kurama rir com gosto.

–Vem cá... – ele puxou-a pra perto, posicionando-se à frente dela, tornando-se um bloqueio contra a chuva inclinada que se intrometia embaixo da cobertura que usavam.

Os olhos verdes puseram-se a analisar, com muito interesse, a figura encolhida à sua frente: o vestido amarelo que a guia trajava colava em seu corpo e seus lábios, levemente arroxeados, demonstravam o quanto ela estava com frio. Botan arrepiava-se dolorosamente ao sentir as rajadas de ar investirem contra sua pele molhada.

O jovem acariciou o queixo dela, alisando seu polegar nos lábios lilases. Ela entreabriu-os, ansiosa demais para conter qualquer pudor. Kurama observava-os imerso em si mesmo, imaginando o gosto que poderia extrair deles. Aproximou-se devagar e encostou, vagarosamente, um beijo na maçã do rosto da garota.

Com algum esforço, afastou-se dela, tomando-lhe a mão esquerda e imprimindo distância entre eles. Recebeu o olhar curioso da guia, que não entendeu a postura do ruivo. Aquela altura, Botan estava esperando que Kurama fosse tentar algo por tudo que já tinha acontecido. Não soube o que pensar quando ele recuou. A insegurança soou seu alarme.

–Precisamos de um bom banho e trocar essas roupas, ou vamos ficar doentes! – o jovem ruivo falou-lhe por telepatia e, sorrindo, beijou-lhe a mão. Ele sabia o que tinha feito e porque e sabia que a garota estava confusa, todavia, já tinha tomada uma decisão. Depois de alguns minutos, a chuva diminuiu seu ritmo, dando lugar para pingos esporádicos que moravam nas folhas de árvores, telhados e calhas das casas. Eles fizeram o caminho de volta. Botan estava de cabeça baixa, o coração acalmando-se, porém em festa.

–Já ouviu aquela música da aranha? – o jovem, de repente, inquiriu.

Ela franziu a testa, estranhando, mas já com cara de riso - Não, como é? - Foi só ouvi-lo começar a contar sobre a chuva que derrubou a pobre aranha que subia pela parede, que a guia desabrochou o sorriso. Não era difícil entender porque estava se apaixonando por Kurama.

Paixão... – seu coração disparou uma milha, grafando, em si mesmo e em letras garrafais, a própria revelação.

–Tem aquela da barata também...

–Ah não! Hahahaha – ela ria sem parar agora, qualquer coisa perto do jovem de cabelos vermelhos era gostosa demais, mesmo sendo tão singela e infantil. Ele era mesmo uma mistura de coisas surpreendentemente adoráveis que estava reservada para poucos.

Enquanto ele pilotava o remo da guia espiritual e cantarolava mais musiquinhas infantis que a faziam rir, ela encostou a cabeça nas costas dele, suspirando profundamente. A voz afinada de Kurama vibrava em seus ouvidos, fazendo seus pensamentos semearem melodias próprias para o “seu” mágico das flores:

–E eu só quero ser amada por você...por você...

Cena 2

Com os sapatos nas mãos, Botan tentava não fazer muito barulho e sujeira no corredor que levava até seu quarto. Pisava devagar, cuidando não despertar a atenção de ninguém. Era a hora do jantar no Renkai, logo, os quartos estavam escuros.

Colocou a mão na maçaneta da porta, girou-a. Um violento tapa foi dado em sem ombro, empurrando-a para dentro do quarto. A guia desequilibrou-se, derrubando os sapatos no chão de madeira. Virou-se, assustada sem conseguir distinguir quem estava ali no quarto com ela.

–Quem é? – perguntou apavorada, sentindo seu braço ser agarrado ferozmente, levantando-a do chão.

–Escute aqui, eu não serei responsável pelas suas burrices, ouviu? - o timbre era rude - Como é egoísta! Acha que essas suas escapadas prejudicam só a você? Não! Prejudicam todos nós!

–Ayame? - indagou, mal reconhecendo a voz da guia espiritual.

–Você é tão estúpida e acha que está acima de todos aqui, não é? Só porque trabalha para Urameshi e o Senhor Koema! – a mulher continuou no automático, não se importando com nada.

–Mas, Ayame... não entendo, todos nós trabalhamos para o Senhor Koema...

–Cala a boca! Sabe do que estou falando! – ela exasperou-se ainda mais - Tinha que ser mesmo... arrogante como só uma humana poderia ser! E ainda se acha muita esperta!– riu sarcasticamente – você é mesmo muito burra se acredita que ninguém percebeu onde estava e com quem!

Medo. Botan engoliu seco, estava com muito medo daquelas palavras e de quem as dizia. Ayame estava muito mudada.

–Youko Kurama...Você mira alto mesmo e muito mal! – ela calou-se por instantes, permitindo que sua frase surtisse o efeito que queria - Se apaixonar por um demônio é uma das piores idiotices que alguém pode fazer!

–Ayame, por favor...eu não quero prejudicar ninguém, muito menos você! Eu não achei que fosse ter problema, eu...eu...me desculpe! – Botan suplicava e confessava - Eu só não posso mais negar o que sinto, eu...

–Tão egoísta... Típico! Só se importa com seus próprios sentimentos! – Ayame tinha raiva de Botan, pois, para ela a fúria do Rei Enma fora potencializa pelas besteiras cometidas pela garota de olhos rosados. Por causa disso, Koema estava sofrendo, estava longe de casa, com aqueles humanos imbecis e ela, ao invés de se portar como uma verdadeira guia espiritual, resolveu piorar ainda mais a situação, passeando em plena luz do dia com o Youko! Se tinha alguma sanidade, perdera toda, só isso era possível para explicar aquele comportamento!

–Ayame, por favor me desculpa...Sei que errei feio, eu não imaginei que as coisas fossem tão sérias assim, eu...por favor, me desculpe! – estancou um pouco - mas eu agradeço por você me avisar, muito obrigada por se importar!

–Pare de me pedir desculpas e pare de me agradecer! Vamos esclarecer uma coisa: eu não sou sua amiga, eu não sua aliada... Só me importo com o meu trabalho e, sinceramente, não quero que as coisas piorem mais ainda por aqui...Além disso, você é a guia espiritual que devia auxiliar o Koema, e se você não faz isso, eu tenho que fazer! Não vou permitir que acabe com a vida dele, ouviu? – avançou contra ela, apertando-lhe o braço com força.

–Eu jamais faria isso, Ayame! – Botan estava espantada com as atitudes da colega, nunca a vira assim!

–Jamais? Se não me falha a memória, me lembro de ter ouvido você dizer, uma vez, que jamais gostaria de um youkai e, olha só você agora... – mirou-a de cima a baixo com desdém - então, por favor, me poupe dessas frases feitas... – soltou-a.

–Ayame...Por favor, me ouve! – ela foi até a porta, sentindo o ar no rosto, pois a outra a fechara com força.


A guia de kimono negro saiu sem dar mais ouvidos para Botan, deixando-a ali, sentada no chão, em choque.


Cena 3
Kurama caminhava devagar, marcando seus passos na calçada encharcada, curtindo os momentos do dia que se findara ao lado dela. Pensando em Botan, o riso formou-se em seu rosto.

–A vida pode ser bem peculiar...- Sempre tinha o controle de tudo, mas, não daquela vez. Tudo que planejara para o encontro com a guia fora frustrado; queria que tivesse sido perfeito e não foi. Entretanto, estava feliz. Apesar de tudo, havia beleza na imperfeição daquele dia.

Lembrou-se do momento do adeus, lá no jardim do Renkai, os fios azulados colados no rosto, a garota ofegante, receio de serem vistos:

–Obrigada pelo passeio...Eu me diverti muito e... comi muito também!

–Eu que agradeço pelo dia, foi incrível, apesar dos pesares...

Botan alargou o sorriso, desmentindo a frase dita pelo jovem ruivo. Ela sabia os fatos de cor, mas não tinha a menor chance de ter achado ruim. Só queria poder voltar no tempo e viver tudo de novo.

–Eu gostei de tudo, principalmente do...frapê de coco...-ela corou, disfarçando suas reais intenções, mencionando a sobremesa.

–Participar da primeira experiência de alguém com esse doce, não tem preço! – o sorriso dele refletia nos orbes rosados.

–Eu quero que tenha outras...- a guia corajosamente disse, mastigando a barra do vestido com a mão.

–Haverá muitas outras, Botan... – ele parou, ela percebeu que o jovem guardou o restante das palavras para si. O clima ficou suspenso quando Kurama acenou-lhe discretamente e foi embora. A guia sentia o coração pulsar na garganta, uma alegria que lha dava vontade de chorar.

Para ele, a aura da garota pulsava rapidamente como seu próprio coração. O controle perdendo-se dentro da imensidão que abria-se dentro de seu peito.

O caminho estreitava-se, próximo a estação de trem por onde Kurama passava. Uma presença desconhecida aproximava-se; ele sabia que não se tratava de um humano. O yoki, apesar de não ser forte, era maligno e repugnava-o. Virou-se para encarar o ser que o seguia a algumas quadras.

–Quem é você e o que quer? – questionou sem cerimônia, mantendo a frieza tão característica.

–Trago uma mensagem para Youko Kurama, – o vulto pequeno e fétido pronunciou-se – quem envia é o Senhor Yomi.

Internamente, Kurama sobressaltou-se ao ouvir o nome do remetente. Gostaria de poder ter se enganado, mas, seus ouvidos nunca o traíam; ele escutara muito bem. Como o rastejar de grilhões no cimento, o mensageiro aproximou-se do Youko, estendendo-lhe um kiorá, espécie de recipiente parecido com vidro amolecido, contendo um líquido borbulhante. O jovem estava agitado, porém, não veria a mensagem naquele momento. Olhou para o youkai e o mesmo deixou-o sozinho, sabendo que sua missão fora cumprida.

–Yomi... – arremessou o frasco contra a parede da estação, vendo o líquido colar ao mesmo tempo em que o vapor que saía formava a imagem de alguém que não via há muito tempo.

–Kurama? Quanto tempo... Depois de tantos anos, gostaria muito de revê-lo. As coisas mudaram muito por aqui e eu sou um dos reis do Makai, quem diria não? Aposto que nos nosso tempos não sonhávamos com algo tão grande assim! Porém, ser um rei pra mim já não basta... Quero ser o único! Por isso, preciso de sua ajuda. Venha me encontrar em meu palácio e conversaremos melhor, tomando um bom chá como velhos amigos – a gargalhada que se seguiu não soava muito amigável para quem ouvisse, antes se misturava aos significados ocultos que aquele convite possuía.

–Han...Vejo que não fui o único a receber uma mensagem indesejável...

–Hiei! –a chegada do amigo koorime assustou-o, pois estava muito compenetrado nas palavras que acabara de ouvir.

–Recebi um convite de Mukuro, um dos reis do Makai. Quer que eu o ajude a conquistar o mundo dos monstros.

–Você pretende ir? – indagou ansioso pela resposta, como se esta pudesse lhe dar uma luz para o eclipse em sua mente.

–Sinceramente, eu não tenho nada a ver com essa guerra, mas também não tenho razões para ficar aqui no mundo dos homens...

–Nem mesmo Yukina? – Kurama já não se importava em tocar em assuntos delicados com Hiei. O youkai de fogo demorou a responder:

–Ela está bem aqui... – a resposta tinha uma mistura de qualquer coisa parecida com mágoa e alívio, Hiei não precisava entrar em detalhes sobre seus sentimentos pela irmã; Kurama entendia-o mais que ninguém, mesmo nas poucas palavras.

–Eu sei que você estará sempre cuidando dela, mesmo que não esteja por perto... – a raposa deu seu parecer que, certamente, exteriorizava o que se passava na cabeça de Hiei; o koorime não concordou nem se opôs ao que fora dito, apenas questionou qual seria a decisão do amigo. Em todo esse tempo, nunca vira Kurama hesitar em nada, porém, ele estava ali, incerto.

–É óbvio que não quer ir ao Makai... – Hiei afirmou, percebendo a rivalidade das emoções nos olhos do youko. Kurama somente respondeu:


–Talvez, não seja simplesmente uma questão de querer...


Cena 4

–Shuichi? – Shiori estava de costas para o filho, picando alguns legumes. Kurama, colocava a mesa. Estava em completo silêncio. A alegria do seu dia, tinha dado lugar a uma profunda preocupação. Aquele convite... Por quê?

–Shuichi? – a mãe o chamou pela segunda vez, notando-o muito distante – está tudo bem, filho?

–Claro, mamãe! Desculpe, eu não tinha ouvido a senhora me chamar! – disfarçou rápido com um sorriso.

–Está bem! Como foi seu dia? Divertiu-se bastante? A sra Satsuki não parava de me dizer o quanto sua amiga era bonita!

O jovem sentou-se um pouco surpreso:

–A Sra Satsuki? Engraçado, eu não a vi... – lamentou-se internamente por ela ter os visto, pois sua vizinha não era das mulheres mais discretas que existiam. Não que ele escondesse esse tipo de assunto de sua mãe, só achava que havia tempo para tudo.

–Ela viu vocês na feira quando estava indo embora e passou aqui para contar... Por favor, não fique zangado com ela! Sabe que ela é muito solitária e só precisa de atenção.

–Não estou zangado, mamãe... – sorriu para ela, indo mexer o cozido que estava no fogo – e, respondendo sua pergunta, foi um ótimo dia!

–Que bom, Shuichi! – despejou os legumes na água fervente – estava pensando, acho que seria uma ótima oportunidade para conhecer sua amiga se ela fosse minha madrinha de casamento junto com você... O que acha?

Kurama parou alguns segundos. Achava incrível como Shiori conseguia desconcertá-lo com muita habilidade. Às vezes, sentia-se mesmo um menino perto dela. Considerou mais um pouco antes de responder:

–Acho que não existe ocasião melhor...

–Que bom! Por favor, fale com ela o mais rápido possível então e garanta que não se preocupe com nada, pois qualquer despesa que ela possa ter com o vestido, eu cobrirei!


–Obrigada, mamãe...Não se preocupe, eu mesmo me encarregarei de tudo, está bem? – beijou-lhe a bochecha, não podendo conter o cabo de guerra que era travado em sua mente. Não podia sentir-se plenamente alegre naquele momento, o temor voltou a lhe tumultuar a mente, mas por hora, colocou o sorriso no rosto e concentrou-se no jantar. Logo mais estaria sozinho e poderia entregar-se a tudo que acontecera em seu dia.


Cena 5

O envelope dourado estava elegantemente fechado com uma fita rosada. Abriu-o com ansiedade e leu num só fôlego. Seria mesmo possível? Anexo aos dizeres principais, um bilhete pequeno, escrito numa caligrafia miúda e feminina:

“Olá, jovem Botan, como tem passado? Certamente, ainda não nos conhecemos, (embora Shuichi fale muito bem de você!) mas desejo fazer-lhe um convite muito especial: aceita ser nossa madrinha de casamento? Será uma honra para nós ter sua presença, Botan!

Espero que aceite, ficaremos imensamente felizes!

Obs: não se preocupe com seus preparativos, ficará tudo por nossa conta!

Shiori Minamino e Kazuyu Minoro”

Botan paralisou, os papéis presos em suas mãos. Estava tão contente e tão nervosa que não conseguia assimilar bem: a mãe de Kurama, a própria senhora Minamino e seu noivo haviam-na convidado para o casamento deles. E não somente isso, para ser madrinha, junto com Kurama! Era muita felicidade num pacote só, mal dava para acreditar!

Quem poderia imaginar que depois das turbulências com Ayame, ela mesma lhe entregara esse convite? Mesmo sendo surpreendente ouvi-la dizer que Kurama havia pedido esse favor a ela, Botan não fez mais perguntas e, na verdade, já estava tão contente que permitiu que a guia espiritual de cabelos negros, lesse o conteúdo do envelope.

–Ora, ora... – Ayame esboçou uma expressão que passou despercebida pela guia – Bem, vou deixá-la a sós pra curtir a correspondência...

A guia riu sozinha, rodopiando. Depositou o convite dentro da gaveta do criado mudo, ao lado da rosa vermelha que ganhara de Kurama.

–Preciso contar para as meninas...Preciso dizer que aceito, eu...preciso comprar um vestido! Ai meu Deus! – bateu em retirada pelo corredor trajando seu quimono cor-de-rosa, assim, não despertaria suspeita de onde estava, pois vestia o uniforme de trabalho. Além disso, Ayame parecia estar de bom humor e estava ciente dos últimos fatos, então, não deveria se preocupar tanto. Voou para o mundo dos homens, no endereço de Shizuka. Precisaria responder o convite, mas sozinha não tinha coragem... A amiga seria essencial nesse momento!

Continua...


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