Cap VIII - 惚れた

Hinamori adentrou na sala e logo se sentou no sofá. Hitsugaya apenas a observava de longe, estava se sentindo estranho... A reiatsu de Hinamori estava diferente de antes, estava trêmula e, de alguma forma, cansada. A garota se sentou no pequeno sofá e fitou seus pés.

— E então? O que deseja falar? – sentou-se na frente de Hinamori

— Você... Não está bravo comigo? – lágrimas escorreram de seus olhos, mostrava arrependimento

— ... – suspirou fundo e a fitou, com certa culpa – Por mais absurdo que tenha feito, eu... Não consigo ficar bravo com você, Hinamori. Se for só isso, pode se retirar...

— Você não me ama mais? – aquilo foi um choque para o pequeno capitão, o mesmo tinha consciência que sentia uma pequena paixão pela amiga de infância, mas nunca quis admitir

— Eu não me lembro de ter dito isso. Hinamori, eu acho melhor você descansar...

— É assim, né? Hoje mesmo você me beijou e agora a pouco estava agarrando a Karin?! – Hitsugaya apenas escutava segurando em seu queixo, pensativo – Eu... Pensei que gostasse de mim!

— Hinamori, eu não admito que você me julgue desse jeito. Você quem me agarrou, não fui eu. E, além disso, a Karin estava desesperada, eu sou o superior dela, preciso cuidar de todos meus subordinados.

— ...

— Agora, por favor, volte ao seu esquadrão... Posso não estar bravo, mas estou um pouco decepcionado com você... – levantou-se e estendeu sua mão para Hinamori – Vamos, eu te levo até a porta e peço para um guarda levar você.

— Por que um guarda...? – segurou em sua mão, relutante

— Como você ouviu, estão me esperando, não posso demorar muito. – ambos se retiraram da sala

Durante o caminho, o silêncio predominava junto com um clima intenso. Por alguma razão, Hitsugaya não estava mais se sentindo bem ao lado de Hinamori, queria se afastar por algum tempo, nem que seja por algumas horas.

A paixão de Hinamori continuava intensa, de alguma forma, esqueceu-se do mundo e agora só tinha seu foco em Hitsugaya. Nada mais importava além dele, nada. Pensava que, só quando o viu com outra garota, percebeu que realmente o amava.

Chegando a porta, Hitsugaya soltou sua mão e conversou com um dos guardas, deixando Hinamori sozinha por um tempo, voltando logo em seguida.

— Eles te levarão com segurança, Hinamori. Então, com licença... – virou-se de costas para a mesma e Hinamori segurou em seu braço

— Mesmo depois de tudo que eu fiz por você, ainda não sente nada por mim?

— Com licença... – soltou-se e começou a andar em direção ao quarto de Karin

— Tenente Hinamori, podemos indo? – falou um dos guardas que iria acompanhá-la

Hinamori retirou-se em silêncio e se sentia rejeitada. Fora um dia muito cansativo para todos, não só para ela... O melhor agora seria mesmo descansar.

///

Hitsugaya andava calmamente durante os dormitórios para não acordar ninguém. Hoje, a lua estava linda. Brilhante. Parou para observar aquela bela imagem que se encontrava no céu.

— Toushirou...? – o garoto percebe uma reiatsu familiar, era Karin – O que aconteceu?

— Não, nada... Só estava observando a lua. – e voltou a olhar para o céu

— Ahhh, que bom. – suspirou aliviada. Seu capitão a olhou confuso – Ah, geralmente olham para o céu porque estão tristes ou porque estão apaixonados... Mas como só está observando-a, então estou feliz que não esteja sofrendo! – abriu um enorme sorriso

— Não sei bem dizer... – encarou o tablado de madeira e sentou-se no mesmo – Só estou um pouco confuso, mas a lua não tem nada a ver com isso...

— Entendo... – a garota se sentou ao seu lado, abraçando seus joelhos – Hum... Eu e a Rangiku-san encontramos o quarto, então pedi para ela também ir descansar... Tudo bem para você?

— Sem problemas. E você? Não era para estar descansando também?

— Hum... – balançou seu corpo para frente e para trás – Fico com um pouco de vergonha de dizer, mas... Estava esperando você. – escondeu seu rosto entre suas pernas, sentindo o sangue subir em suas bochechas

— Ah... – o garoto também sentiu um corado em seu rosto – Fico contente de ouvir isso...

Um silêncio. Ambos estavam um pouco constrangidos pela frase de Karin, mas não era mentira. A garota estava feliz de saber o que realmente aconteceu e queria ficar um tempo com o garoto que “talvez goste”, já que sentiu ciúmes de Hinamori.

— Eu... – Hitsugaya começou uma nova conversa – Acho que a lua está bonita hoje... – fazia de tudo para não encarar Karin

— Como? – Karin estranhou um pouco, aquilo não era do feitio de Hitsugaya

— Argh... – apoiou a cabeça na mão – Desculpe, estou um pouco nervoso... Não sei por que, mas toda vez que estou com você, eu me sinto diferente, nervoso... Principalmente depois do que você disse agora, que estava me esperando... Desculpe parecer um idiota. – estava totalmente constrangido

Karin viu que seu capitão estava sendo sincero. Afinal, ele nunca foi de falar sobre seus sentimentos, suas emoções... A garota levantou seu rosto e sorriu radiante para ele. Toushirou olhava para aquele sorriso e se sentia confortável, como se todas as preocupações que tinha sumissem só de ver aquela “marca no rosto”.

— Haha, você não é idiota! Só é puro! Fico feliz que compartilhe isso comigo, Toushirou, obrigada.

— ... Você precisa ficar feliz toda hora... – sussurrou

— Hã?

— Vem, vou te levar até o quarto. – se levantou e voltou a andar

— Ah, Toushirou, espera!!! – levantou correndo e alcançou o garoto

Chegando ao dormitório, ambos entram e percebem que estava quase amanhecendo, faltando apenas algumas horas. Estavam realmente contra o relógio biológico, principalmente Toushirou. Não conseguia dormir nem um pouco.

— Toushirou... Não acha melhor você também descansar? – falou deitada, vendo o capitão na porta

— O esquadrão é a minha prioridade. Não posso dormir e deixar tudo desarrumado só porque estou com sono.

— Mas... Se acontecer algum ataque dos “monstros”, você, o mais forte, deveria estar bem preparado. Se quiser, pode dormir aqui, a Rangiku-san disse que tinha mais uma coberta no armário.

— Aquela Matsumoto... Aposto que fez isso de propósito...! — pensou e suspirou fundo – Agradeço, mas não será necessário.

— Toushirou, você precisa parar de ser tão frio e chique toda hora... Desse jeito, vai ficar sem namorada, hem? – a garota sentiu um aperto no peito depois do que disse. Lembrou-se que gostava de Toushirou – sim, finalmente descobriu o que realmente sentia pelo garoto – e ainda falava aquilo...? Ficou com medo que Toushirou se estressasse com tal comentário

— Hum... E você liga para isso?

— Hum? Minha opinião conta?

— Claro, né! – cruzou os braços e sentou ao lado de Karin, que continuava deitada – Você é uma menina, é bom saber opiniões de diferentes pessoas.

— Então você quer uma namorada?! – a garota assustou-se tanto que até se levantou

— Claro que não!! – berrou envergonhado, Karin suspirou aliviada – Só queria saber a sua opinião!

— Ah, tá... – e voltou a se deitar – Bem... Eu não ligo muito, mas acho que a Hinamori talvez ligue...

— Eu perguntei a sua opinião, Karin. Não sei como você consegue se preocupar com a Hinamori depois de se desesperar com o que ela fez... Eu estou um pouco decepcionado com ela.

— “Decepcionado”?

— Sim... Podemos dizer que ela me fez ver uma imagem que eu desejava nunca mais gostaria de presenciar. – encarou a morena, seus olhos estavam brilhando

— Uma imagem? Tipo... A Hinamori chorando? – Karin sentiu um peso em seus cabelos, afagando-os delicadamente

— Eu não penso apenas na Hinamori. Eu não queria te ver chorando de novo. Lembra-se quando contei que não sabia onde seu irmão estava, há alguns anos atrás? Você começou a chorar.

— Ah... – seu rosto ficou levemente avermelhado

— Eu realmente nunca mais quero ver. Por isso... Farei de tudo para que eu nunca mais veja isso. É uma promessa. – e abriu um pequeno e tímido sorriso

— T-toushirou... E-eu me esqueci de te contar uma coisa...

— Quer contar agora? Não prefere descansar primeiro?

Karin estava ficando cada vez mais vermelha. Ela não poderia dizer que estava com ciúmes e que gostava de Toushirou. Seria muito constrangedor dizer isso para um superior seu. Imagine! Uma subordinada que acabara de entrar, apaixonar-se por seu capitão.

— Karin...? Você está passando bem?

— A-ah, é que... Rápido, Karin, pense em algo!!— a garota começou a suar – E-eu vou passar um tempo na minha casa, em Karakura, posso?

— Karakura...? Tem certeza? Faz pouco tempo que saiu de lá... Ah, mas como ainda não está acostumada, eu permito. Pode ir, mas volte o quanto antes.

— O-O-Obrigada... – Karin se cobriu com o cobertor – Toushirou, por favor, vá descansar... Pelo menos algumas horas.

— Certo, certo... Antes de ir, avise-me, okay? – levantou-se e saiu do dormitório – Bons sonhos

Dentro de seu futon, Karin derramava densas lágrimas de ódio. Ódio de si mesma por não conseguir revelar seus sentimentos. Realmente estava amando seu capitão mesmo com o problema da hierarquia. E, agora, teria que voltar para o Mundo Real, pois foi a primeira desculpa que lhe veio à cabeça.

O dia logo amanheceu e Karin não conseguiu pregar no sono. Olheiras enormes apareceram debaixo de seus olhos e seu corpo estava pesado. Avistou um pequeno toalete e fez sua higiene pessoal em poucos minutos. Suspirou fundo e abriu a porta, deixando a claridade entrar.

— Bom dia, Kurosaki-san!! – Karin assusta-se com três guardas em frente de seu dormitório

— B-B-Bom dia...! – recompondo-se, olha sério para aquele que a saudou – Não precisava gritar tão alto... Acabei de acordar.

— Minhas sinceras desculpas, mas ficamos encarregados de levá-la à sala de capitão Hitsugaya assim que acordar!

— Ah, sério...? – coçou a cabeça, pensando um pouco e confirmou que não tinha outra escolha – Certo... Vocês precisam mesmo vir comigo? Eu não posso ir sozinha?

— Sim. Bom dia. – e reverenciaram

E logo foram embora. Pouco a pouco Karin se aproximava da sala principal. Cumprimentava todos por quem passava e estava cada vez mais próxima de duas reiatsus familiares e fortes. Em frente à porta, pegou seu elástico de cabelo e prendeu-o em um rabo de cavalo meio afrouxado. Bateu duas vezes e bocejou.

— Pode entrar. – ouviu uma voz sonolenta e rouca, abriu a porta

— Bom dia, Toushirou! – acenou abrindo um sorriso

— Ah, é você. Já vai?

— Como assim? Tinham uns guardas na frente do quarto falando que você me chamou!! Eu levei um susto!!

— O capitão estava com medo que você fugisse, Karin ~ Não se preocupe! – a mais velha estava deitada no sofá, lendo os documentos

— M-MATSUMOTO!! – levantou-se vermelho de raiva – Não é nada disso, Karin! Eu só queria garantir a sua segurança.

— Segurança? Dentro do esquadrão? – inclinou a cabeça, confusa

— De qualquer modo, – mudou totalmente de assunto – já sabe o horário que irá?

— Hum... Talvez daqui a pouco. Por quê?

— Fomos designados para vasculharmos a cidade de Karakura contra os hollows. Por isso, eu e Matsumoto a acompanharemos. Certo, Matsumoto?

— Hum... – pegou uma bolacha e colocou na boca – Acho que o capitão prefere ir sozinho, não? – disse, ainda com a bolacha em sua boca

— Matsumoto, vou fazer você trabalhar o dia inteiro, já que vai ficar.

— Acho que o Ichigo está sentindo a nossa falta, então, vamos!! – saiu correndo da sala, deixando o casal sozinho

Hitsugaya estava levemente corado. “Aquela Matsumoto... Fica falando essas besteiras...”, pensou consigo mesmo, sentindo o sangue fluindo em suas bochechas.

— Entããão... – Karin abriu um leve sorriso – Quer dizer que vamos juntos? Haha, isso é engraçado, eu sempre ficava tão animada para ver o dia em que você viria, e, agora, estou indo com você...

— ... Fico feliz de saber isso.

— Talvez você fique bravo comigo, mas... – hesitou um pouco, colocando as mãos sobre o peito e afundando-as no mesmo – A Hinamori não ficará um pouco zangada...?

— Não se preocupe. – quando percebeu, viu Hitsugaya a menos de um metro de distância, repousando a mão em sua cabeça – Foi uma ordem do comandante, não tem como eu recusar. Ela estará longe de mim, longe de você, talvez se acalme um pouco...

— Entendo... Desde que cheguei aqui, não consegui ficar muito tempo com você, queria estar ao seu lado a todo o momento... – depois de terminar, notou que falou algo que não devia e corou violentamente – Q-q-quero dizer, faz tanto tempo que não nos vemos!! P-p-precisamos por nosso papo em dia, né?! Hehe!!

— Err... Se for por esse motivo, tudo bem. – desceu a mão até os olhos de Karin – Está cheia de olheiras... Por um acaso você chorou? – seus olhos esmeraldas demonstravam preocupação, e qualquer um conseguiria adivinhar isso

— Claro que não, Toushirou! Só não consegui dormir muito bem! – uma resposta na ponta da língua

— Hum... Certo. – afastou-se de Karin e voltou a se sentar – Só vou arrumar a papelada que a Matsumoto fez o favor de fazer e já busco vocês duas, okay?

— Entendido! Com licença, capitão! – saiu da sala

Após o barulho da pequena porta, Hitsugaya parou de se movimentar e olhou fixamente para os papéis, abaixando um pouco as pálpebras.

— É Toushirou... Não capitão Hitsugaya. — e sorriu