Cap XVIII - 妬み (obs: não tenho certeza do kanji)

— S-se quiserem, eu posso... – Matsumoto se afasta paulatinamente

— Não. Prefiro que fique e faça seu trabalho. – bateu os papéis na mesa e se levantou – Eu já volto.

Dirigiu-se à porta e mirou Karin, esta aparentava nervosismo e alívio simultaneamente. Seguiu seu caminho, sem fazer algum comentário. Ao fechar a porta, Matsumoto logo pulou para perto de Karin.

— Entãão~ O que houve entre vocês, Karin-chan? – disse em um tom simpático

— E-eh? N-nada... Estávamos apenas conversando. – sorriu

— Sei... Ah! Falando nisso, eu vi você e o capitão, ontem, sozinhos... Huhu! Aprontaram alguma e eu não estou sabendo?

— C-Claro que não!! – seu rosto ruborizou instantaneamente – O que pensa que somos...?

— Dois shinigamis maduros e apaixonados, oras! O que mais posso pensar? – disse abertamente e levou uma “almofadada” em seu rosto

— Não é isso!! – bufou – Nós só...

— Karin-chan...? Aconteceu alguma coisa? – estranhou o ar tão melancólico em volta da garota – Pode contar comigo!

— Rangiku-san... Obrigada, mas não é algo de tanta importância. Por favor, ignore. – abriu um leve sorriso e se levantou

— Se não quiser contar, não a forçarei. – folgou-se no sofá – Só não faça algo desesperadamente, entendeu?

— Sim... Obrigada. Eu vou... Respirar um pouco de ar puro! – foi até a porta – Até mais tarde, Rangiku-san.

E saiu do cômodo. Matsumoto suspirou fundo e pensou em milhares de possibilidades do que realmente poderia ter acontecido.

Incluindo, certamente, que Hinamori havia feito algo.

Outra discussão? Briga? Chantagem emocional?

Não conseguia pensar em algo lógico. Por que isso estaria afetando tanto Karin a ponto de permanecer calada?

— Por que o capitão não pode simplesmente escolher uma delas e acabar logo com isso?!

— Como é? – a ruiva pulou de susto ao ver que seu capitão estava bem em sua frente

— C-Capitão! Que surpresa! Pensei que fosse demorar um pouco mais! – riu

— ... Eu não falei que demoraria. – virou-se e se dirigiu à sua mesa

Sem bronca...? Sem um alto e raivoso “Matsumoto”?

Nada?

— Capit...

— E a Karin? – Matsumoto sentiu-se envergonhada quando seus olhos se encontraram. Seu capitão não estava agindo como de costume

— E-ela... Foi respirar ar puro.

— Entendo... O que pensa que está fazendo? Venha me ajudar com esses papéis! – seu peito apertou. Um conforto lhe passou pela cabeça ao escutar a voz grossa de seu capitão, ordenando para que trabalhasse.

Mas... Ainda não era a mesma.

— S-sim!

///

— Com licença! – um shinigami fala pelo outro lado da porta – Tenente Hinamori encontra-se?

— Sim. O que deseja? – disse suavemente e um tanto surpresa

— Há uma pessoa que gostaria de... Ei!

— Eu não preciso dessa permissão, a Hinamori sabe que eu viria!

— Essa voz... – sussurrou – Deixe-a entrar!

A porta se abre: Kurosaki Karin. Esta se assustou com a presença do tenente do terceiro esquadrão, Kira Izuru, mas logo percebe que era apenas uma visita passageira. Hinamori pede a seu amigo de infância para que se retirasse e as deixasse a sós. Kira não relutou, cumprimentou a “novata” e saiu.

Karin aproximou-se de Hinamori, sem ambas trocarem sequer uma palavra ou cumprimento. Sentou-se no mesmo local onde Kira estava e irritava-se só de olhar aquele sorriso de Hinamori.

A tenente, por sua vez, não estava sendo falsa em sua expressão. Não sentia raiva da “rival”, estava neutra. Ofereceu-lhe um chá e, mesmo sem resposta, resolveu preparar.

— Por quê...? — pensou Karin – Ela está sendo gentil demais...

— Aqui. – depositou o copo na mesa que as separava e voltou a se sentar – O que deseja?

— ... Sobre o que vocês conversaram ontem?

— Hum... Está se referindo ao momento em que ele foi atrás de mim? Logo após... Ter escolhido você?

— Sabe muito bem o que eu quero ouvir. – respondeu friamente – Além do mais, ele foi porque eu pedi. Caso contrário, você ficaria sozinha.

— Nada de mais. – tomou um gole de chá – Nós apenas conversamos calmamente. Por que a curiosidade?

— Apenas senti.

— Oh... Quer dizer que está sentindo ciúmes de mim? Logo agora, nessa altura do campeonato?

— Do que está falando...?

— Agora que o Shiro-chan resolveu “escolher você”, começou a sentir ciúmes? – abriu um leve sorriso

— Realmente, foi uma grande besteira vir até aqui. – levantou-se – Agradeço o chá, Hinamori. E desculpe tomar seu tempo.

— Ehh? Pelo que a conheço, Karin-chan, não veio apenas para isso, certo? – aquilo fez com que a shinigami descontinuasse seus passos – Aposto que se lembra do que eu havia dito no dia anterior...

/ Dia anterior – à tarde /

Logo após a organização da festa – o que gerou uma leve discussão entre Hinamori e Karin –, Hinamori resolve voltar ao seu esquadrão, preparar-se para a ocasião. Apesar de realmente não querer ir.

— Ei. – viu a silhueta de Karin em sua frente e parou

— O que foi? – Hinamori já não estava segurando sua raiva – Tenho trabalho a fazer, Karin-chan, será que poderia ser em outra hora...?

— É rápido, mas... Poderia ser na sua sala?

— Hum? Como? – não recebeu resposta, mas a viu tremendo. Suspirou – Okay, vamos...

///

— Sinta-se à vontade. – abriu a porta

Karin adentrou sorrateiramente e logo se sentou no sofá. “Todas as salas são praticamente iguais”, pensou. Hinamori fez o mesmo, em uma poltrona próxima.

— E então?

— Só quero fazer uma pergunta.

— Que tal se apressar um pouco...? – bufou

— Se o Toushirou a escolher, você parará de me odiar?

Hinamori chocou-se com a pergunta e paralisou durante um tempo. Depois de tudo o que aconteceu, Karin ainda acha que Hitsugaya continua em dúvida?

— C-como assim? Endoidou?

— A-afinal, você me odeia por causa dele, não é? Não que eu queira que você goste de mim, mas... Só para saber.

— Hunf. – recobrou a consciência – Minha resposta depende muito do que acontecerá até que isso aconteça, Karin-chan.

— Então... Você ainda acha que ele...?

— Karin-chan, caso não tenha se esquecido, eu sou a amiga de infância dele, uma pessoa importante e que se tornou sua amiga quando era odiado por todos.

— Está tirando vantagem disso?

— Não, está enganada. Karin-chan, eu admito que não sou tão forte quanto o Shiro-chan. Por isso, ele acha que deve me proteger. Eu sei desse pensamento dele, não sou eu quem está falando.

— ... Entendo... Obrigada pela atenção, Hinamori. – levantou-se

— Karin-chan. Saiba que não jogarei a toalha tão rápido quanto pensa... Finalmente acordei, abri meus olhos. Hitsugaya Toushirou sempre esteve ao meu lado. E não vou deixar que outra pessoa arranque meu lugar.

— ... Com licença. – e saiu

/ No momento /

— Por que me esqueceria?

— Pois bem. Ontem ele admitiu, Karin-chan. Ele pode ter falado que a escolheu, entretanto... Afirmou que sou a pessoa que ele “menos quer que se machuque”.

— Tenente Hinamori, pare. Minha paciência está chegando ao limite. Você não era assim.

— Eu sei disso. Eu... Não vou aceitar perder mais uma pessoa que eu considero importante.

— “Mais uma”?

— Não te interessa!! Apenas volte para o seu mundinho, junto com sua família!

— Hinamori, o que...?

— Abra seus olhos, Karin! O Shiro-chan só está com você por pena, dó! Porque, afinal, você foi largada pelo seu pai e seu irmão, não é?!

— Cale a boca!

— E agora vem se jogando para cima dele! Quem você pensa que é—

Karin bate em seu rosto, não chegou a ferir, apenas fez estalo. Hinamori pasmou.

— O q...?!

— Não quero causar problemas para o “Hitsugaya”, então resolvi não fazer confusão. Principalmente por você ser uma tenente e eu, uma subordinada do décimo esquadrão. – dirigiu-se à porta – Agora, se me der licença. – abriu a porta e se deparou com Kira

— Ah, eu ia bater a porta... Desculpe se interrompi!

— Não, está tudo bem. Pode entrar, já estou de saída. – passou pelo tenente

— S-sim... Ah, Hinamori-kun! O-O que houve...? Está vermelha!

— A-ah, não é nada, Kira-kun...! Estou... ótima. – abriu um leve sorriso

//

— Nee... Capitão...

— O que foi? Estou ocupado.

— Mas você está trabalhando! – e recebeu um olhar ameaçador em resposta – Desculpe, desculpe!

— Fale logo.

— A Karin-chan não está demorando...? Não é melhor irmos buscá-la?

— Ela só deve estar rondando por aí. Você não faz isso sempre?

— Mas... – olhou pela janela – Se é o que o capitão diz... Eu só estou com um mau pressentimento...

— Você também...? – suspirou – Espero que ela esteja bem...

— Capitão? O que você acabou de dizer?

— Nada. Continue com seus pap—

— Capitão Hitsugaya! Aqui é Kotetsu Isane, tenente do quarto esquadrão! Tenho um comunicado de capitã Unohana para o senhor!

— Ah! A Isane! Que raro ela vir até aqui! – Matsumoto abriu um sorriso

— Entre. – ignorou completamente o comentário de Matsumoto. A mensageira obedece e adentra – O que foi?

— Hinamori Momo encontra-se ferida em nosso esquadrão. Parece que foi atacada por um hollow distraidamente, segundo testemunhas.

— O quê?! – levantou-se rapidamente

— Espere, capitão! Isane, tem mais alguma coisa para falar...?

— Sim... Sua subordinada em treinamento foi encontrada no mesmo local que a tenente Hinamori.

— Como...?!

— Entretanto... Suas feridas parecem mais graves. Capitã Unohana está, neste exato momento, fazendo o máximo para...

Antes que pudesse terminar, Hitsugaya saiu do local.

— Capitão!!

— Sua idiota...! O que você foi fazer junto da Hinamori...?!