Cap XV - 安心

— C-como?! É claro que não!! – sua reação o entregou – Hinamori escute, a Karin é apenas uma subordinada inexperiente! Você já é uma tenente! Obviamente ela precisa de mais atenção caso faça alguma besteira!

— Não venha com desculpas, Hitsugaya-kun! Você gosta dela mesmo, não é?! Depois de tudo, você não percebe o quanto fui leal?! Hits—

Hitsugaya utiliza o Inemuri, um bakudou, tal qual o nome, que faz com que a pessoa entre em um sono profundo. Pega Hinamori em seu colo e a coloca ao lado de Karin.

— “Que situação...” — sentou-se perto de ambas

Até conseguiria levar as duas ao mesmo tempo, mas poderia se descuidar e acabar derrubando-as durante o percurso. Caso levasse uma de cada vez, teria que ouvir as “reclamações” da outra de ter “levado ela primeiro”.

Talvez Karin não falasse nada abertamente, mas mandaria indiretas e ficaria novamente “estranha” aos olhos do grisalho. Esse era um de seus pontos positivos: apesar de não ser falante, suas ações entregam-na de forma fácil e simples.

Mas esta realmente precisava de mais treino. Era impossível ela clamar por socorro. Um Kurosaki nunca se acovarda, era o que pensava. Existia algum motivo detrás daqueles gritos. Karin era forte, com certeza.

— Capitão!! – Matsumoto e vários subordinados, tanto do décimo quanto do quinto esquadrão, apareceram logo em seguida – O senhor está bem?

— Sim... Mas essas duas não tanto. – levantou-se e arrumou suas vestimentas, retirando a pequena sujeira e pó que havia permanecido em sua roupa

— Tenente Hinamori!! – levaram-na em uma maca sem rodas

— Não há necessidade de levarem-nas até o quarto esquadrão. Foram ferimentos leves e a Hinamori está apenas... Dormindo.

— Hai!

Alguns membros do décimo esquadrão também pegaram Karin imediatamente e saíram do local em um shunpo. Matsumoto, assim como seu capitão, permaneceram ali. A mais velha ria baixo.

— Ficou difícil escolher, é, capitão? – disse em um tom de zombaria, mas levou um olhar sério de Hitsugaya e ambos começaram a andar – E-então... O que veio fazer aqui?

— A Karin pediu para treinar. Apenas a trouxe.

— E... A Hinamori veio junto? – percebeu o parar do pequeno e fez o mesmo, até chegar perto deste

— Não. Encontrei-a por acaso, parece que vem trabalhando bastante no esquadrão e veio inspecionar essa região.

— “Trabalhando bastante”, é...? – sussurrou desviando o olhar

— O que disse?

— Nada! Não foi nada! Vamos indo, capitão? – sorriu um pouco nervosa, mas parece ter funcionado

Matsumoto, pela sua personalidade brincalhona e bisbilhoteira, acabou por ver os documentos em branco que estavam na mesa de Hinamori. No mesmo instante que mexia neles, um membro entra e, não resistindo aos charmes da ruiva, acaba contando que a tenente apenas os lia, pois, quem fazia tudo era Aizen.

Talvez Hinamori esteja apenas carente de seu capitão. Mas havia se declarado claramente a Hitsugaya, se for apenas uma carência, quem sofreria seria o último. No fundo, Matsumoto sabia que seu capitão guardava um pequeno amor não correspondido e tímido por sua amiga de infância.

Mas nada. Nem mesmo sua avó. Ninguém sabia o que se passava de dentro da mente daquele pequeno prodígio. Fechada com cadeado de uma chave perdida, de propósito, talvez.

Não sabia o que fazer para, pelo menos, criar uma relação entre Hinamori e Karin... Nada funcionaria. Ambas são imãs iguais e Hitsugaya seria o oposto que as atraía.

— Ah! – uma ideia veio-lhe à tona e correu até seu capitão, animada – Capitão, capitão!! Vamos fazer uma festa?!

— Uma festa? Para todos ficarem vadiando? – deu de ombros – Nem pensar.

— Ehhh? Mas não fizemos nada para comemorar a entrada da Karin-chan no esquadrão!! – tentava convencê-lo, talvez fosse uma possibilidade de conseguir unir ambas

— Se comemorássemos a entrada de cada um, faríamos festa direto. Recuso.

— Mas o senhor ficou tão feliz quando ela entrou! Vamos, capitão, todos vão entender que a Karin-chan é sua “amiga”!! – enfatizou a palavra, rindo por dentro

— Já disse que não.

— Vou falar para a Isane não trazer mais os amanattôs da capitã Unohana. – o pequeno paralisou no mesmo instante. – “Há! Peguei no ponto certo...”

— C-como se eu ligasse! – recompôs-se

— Eh? Nem mesmo aqueles fresquinhos? Consigo até sentir o cheirinho deles! Huum~

— Eu não sou uma criança!! Tenha mais respeito, Matsumoto!!

— Ótimo! A próxima vez que ela vier, comerei t-o-d-o-s. Certo, capitão? Já que o senhor “não liga”. – riu baixo

— ... Certo, já entendi!! Faça o que quiser, mas tome todas as consequências depois! Entendeu?! – e finalmente usou seu shunpo

— Hai! Muito obrigada, capitão!!

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— Uma festa?! E com ela?! – Hinamori e Karin falam em uníssono e apontam uma a outra

— Calma, calma... – Matsumoto suspirou fundo – Estou tentando fazer... Etto... Com que a Karin seja apresentada a todos do esquadrão! E convido o quinto esquadrão para descansarem conosco! – abriu os braços, tentando ser amigável

— Hunf. – entreolham-se e viram o rosto

— Vocês duas... “Crianças brigando pelo mesmo brinquedo...” Capitão, ajude-me a convencê-las...!

— Estou trabalhando e a ideia foi sua. – como sempre, frio em suas palavras

O quarteto principal estava na sala do décimo esquadrão. Matsumoto estava convencendo-as para que ambas participassem da comemoração, mas sabia que Karin odiava lugares muito lotados e com gente bêbada e Hinamori simplesmente não gostava da presença desta.

Hitsugaya teve uma ideia do que sua tenente planejara, então resolveu não interferir e ver no que daria toda aquela confusão.

— Então, que tal convidarmos o Shuuhei e o Kira? Assim, a festa ficará mais animada! E, além disso, eles também são seus amigos, não é, Hinamori? – juntou as mãos, sorrindo

— São, mas... Gostaria de ir a uma festa em que todos são meus amigos.

— Como é que é, sua...! Caso não tenha percebido, a festa é especialmente para mim! – sorriu sarcástica

Hitsugaya levantou-se da cadeira e se dirigiu à porta, silencioso.

— Aonde vai, capitão? – as duas visitas param de se encarar

— Dar uma volta. Com vocês aqui, não dá para trabalhar. – e saiu

— Hits—

— Tous—

O som da porta batendo ecoa. Hinamori e Karin ficam um tanto depressivas. Matsumoto observou a cena encarando uma a uma.

— “Está realmente tornando uma ‘love comedy’...” — teve uma “brilhante” ideia e deduziu que finalmente as convenceria – Nee, nee, vocês duas ~ ! Não acham que o capitão está trabalhando demais ultimamente?

— Eh...?

— “Estão falando em total sincronia... Não sei se elas se odeiam ou se amam...” A festa seria um jeito de ele largar os papéis um pouco e se divertir! Eu não queria falar antes, para não estragar a surpresa... Entendem?

— Ele tem se esforçado demais, né...? – Karin abriu um pequeno sorriso. Sim, esse é o Toushirou que conheceu há alguns anos

— Claro. Com alguém como você no esquadrão, não me surpreendo. – suspirou fundo

— Antes que comecem a discutir!! – entrou no meio, furiosa com a criancice – Aceitam participar da festa?

— ... Sim.

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— E, no final, acabou saindo essa droga de festa... – o grisalho suspirou vendo a animação de todos

Matsumoto e mais de seus planos mirabolantes. A noite estava fria, por isso todos estavam de casacos ou cachecóis. Mesmo assim, não queriam perder a chance de se divertirem.

Hitsugaya sabia o real motivo da briga entre Hinamori e Karin, mas resolveu desviar. Não poderia pensar naquilo. Seria como fugir, mas não conseguiria, senão estaria quebrando seu precioso orgulho. Queria protegê-las mais do que qualquer um, mas se tivesse que escolher, não saberia em qual mão segurar.

Não gostava de gritaria, muito menos de ver seus subordinados tão folgados. Se bem que, em seu interior, agradecia Matsumoto por conseguir animar a todos e fazer com que fossem tão unidos.

Antes que fosse para um local mais silencioso, viu Matsumoto – bêbada, por sinal – apresentando Karin para Hisagi e Kira. Por sorte, estes ainda não estavam bebendo, então a novata não teve tantos problemas. E foi-se para o outro lado do esquadrão.

Não era de beber, nem de se comunicar. Sentou-se no pequeno tablado e passou a observar a lua, bebendo o chá que trouxera – que era a única bebida sem álcool naquela festa.

— Ah! Então você estava aqui!! – assustou-se com a voz familiar e viu sua silhueta sentar-se ao seu lado

— Karin... – virou o rosto envergonhado – O que está fazendo aqui? A festa não era “especialmente” sua?

— Ah, você ouviu aquela hora...? – riu – Pois é... Mas você sabe que não sou chegada nisso... Assim como você, né?

— Sim...

— Quer dizer que temos esse ponto em comum! – sorriu

Por algum motivo, Hitsugaya sentia seu peito contrair-se e seu rosto esquentar. Novamente aquela sensação. Maldita.

— E-então... – Karin também estava constrangida

— Quer? – colocou o copo com chá frente aos seus olhos – Ainda está quente.

— E-eh? Ah... Obrigada. – segurou o copo e bebeu um gole. Estranho... – “Está na temperatura idela... Que gostoso...”

— Indirect kiss... – sussurrou e abriu um sorriso de canto

— Eh?

— Nada. – suspirou e se levantou, retirando seu cachecol e enrolando-o envolta de Karin

— N-não precisa, Toushirou! Estou bem!! Voc—

— Minha zampakutou é de gelo, esqueceu? – falava enquanto enrolava seu cachecol no pescoço de sua subordinada – Eu tenho que me acostumar ao frio.

— Entendo... – sorriu um pouco. Sentiu seu coração esquentar... – Ano... Toushirou, sobre aquele dia que eu fui atacada por um gillian...

— Foi para chamar minha atenção, não foi? – voltou a se sentar

— E-eh?! Co-como sabi... Quero dizer, claro que não!! Eu só queria dizer que você foi descuidado por ter deixado uma subordinada sozinha! Hunf.

— Sei. Além disso, Karin, sobre aquele dia do hospital...

— Hospital? – bebeu mais um gole de chá

— O dia em que você se declarou. – aquilo fez Karin soltar todo o chá para fora

— N-Não fale em voz alta!! E muito menos nessa calmaria!!

— Não suje nosso esquadrão!!

— E então? O que tem aquele dia? – voltou à sua postura, com o rosto corado

— Lembra quando eu disse para você que pensaria...?

“Murmurou algumas palavras em seu ouvido, fazendo a garota abrir um sorriso e voltar a chorar fortemente...”

— H-hum... – assentiu

— Apesar de não ter passado muito tempo, gostaria de lhe falar o que eu realmente acho que estou sentindo.

— Ei, ei, quem é você e o que fez com o Toushirou? – riu um pouco

— Eu acho que... – ignorou o comentário como se ouvisse nada além de si mesmo – Se eu pudesse, escolheria você. – mirou em seus olhos negros sério e decidido

— Eh...? – sentiu seus lábios serem tocados levemente pelos de Hitsugaya