Jared focou o chão com a boca entreaberta, mas nenhuma palavra saia de sua boca.

-Jared fala pelo amor de Deus! – implorei.

-Lizzie... Eu conheço a Melissa muito bem... Ela já namorou o Justin há um tempo...

-Disso eu já sei, mas porque ela representa perigo? – perguntei confusa.

-A Melissa não é o amor de pessoa que aparenta ser. Tenha cuidado com ela, apenas isso. – me encarou.

-Tudo bem... – odeio todo esse mistério do Jared.

Depois de horas de estudo já estava um pouco tarde, e já tinha escurecido.

-Jared, acho melhor eu ir. – levantei-me.

-Quer que eu te leve? – perguntou.

-Não precisa... O Kenny vem me buscar.

-Mas eu insisto... – fez cara de cachorro sem dono.

-Isso é golpe baixo. – reclamei.

-Vamos logo! – pegou em meu braço e me levou até seu carro.

-Nossa esse é seu carro? – perguntei assustada ao ver o possante lindo que estava a minha frente.

-Presentinho de aniversário. – Jared riu amarelo.

Entramos no carro e Jared me levou até em casa, ele dirige muito bem. Super atencioso no volante.

-Aqui estamos! – ele sorriu estacionando.

-Obrigada. – agradeci.

-Por nada! – sai do carro correndo e toquei a campainha, Rose abriu a porta para mim.

-Oi Rose! – sorri a abraçando.

-Como foi querida? – acenei para o Jared e entrei.

-Muito bem, ele é ótimo comigo.

-É um menino de ouro.

-Sim! – concordei. – Onde está o Justin? – perguntei.

-Foi jantar com a Melissa. – respondeu indiferente.

-Então ele realmente mentiu... – sussurrei.

-O que foi anjo? – Rose perguntou.

-Nada não Rose... Vou subir e tomar um banho, já venho para o jantar.

-Tudo bem querida.

Subi correndo para o meu quarto, tirei minhas roupas jogando-as no chão e corri para o banheiro, no banho comecei a chorar, eu estava gostando do Justin, muito. E saber que ele estava com a tal Melissa me doía. Eu podia jurar que ele estava sentindo algo por mim também, mas era tudo fruto da minha imaginação.

Terminei meu banho e lavei bem o rosto, me enxuguei e coloquei um conjunto de moletom, quando fui descer as escadas senti minha visão embaçar, eu não conseguia ver forma alguma, meu corpo foi ficando mole e eu senti que iria cair.

-Lizzie não! – senti dois braços me envolverem, mas minha visão escureceu e eu não senti mais nada.

Como em outra vez acordei em um quarto totalmente branco, cheia de fios ligados ao meu corpo, era tudo muito estranho, minha cabeça estava doendo, ouvi a voz da Rose e do Justin atrás da porta, fiquei quieta para escutá-los.

-Justin ela desmaiou e você lá fazendo sexo com a Melissa! – Rose gritava.

-Mas eu não tive culpa, só porque adotei a menina não posso mais sair para me divertir? – ele parecia desapontado.

-Justin a Lizzie é uma menina fragilizada, ela precisa de você... Não deixe aquele anjo sair de sua vida por causa da sua ex-namorada.

-Eu amo a Lizzie, mas a Melissa ela é...

-Boa para passar a noite? – Rose perguntou irônica.

-Ela é uma ótima pessoa! – Justin gritou.

-Tão ótima que te afastou da sua mãe! – Rose retrucou.

-Rose, você sabe que eu te considero como uma mãe... – Justin resmungou.

-E eu te considero como filho, mas nesse caso você está totalmente errado!

Então quer dizer que o Justin não me quer perto dele, ele quer se divertir, e eu estou atrapalhando tudo.

Eu não quero ser um estorvo na vida dele, ele merece ser feliz, e não será comigo. Eu já tomei minha decisão, quando voltar para casa arrumarei as malas e irei embora.

Ouvi a voz de taquara rachada da Abigail pelos corredores, ela entrou no meu quarto e quando me viu deu um pulo e correu na minha direção.

-Amiga, você acordou! – gritou.

-Abigail preciso te pedir algo... – a foquei, minha voz estava falha.

-Pode dizer...

-Eu posso ficar na sua casa por um tempo? – perguntei.

-É claro que pode, minha mãe vai viajar e ficará fora por um mês. Será ótimo ter a sua companhia! – gritou alegre.

-Muito obrigada! – agradeci.

-Por nada... Você é minha melhor amiga sabia... Em apenas uma semana de convivência eu já me sinto ligada a você.

-Eu também Abigail, eu também! – assenti.

-Já te contei da nova? A escola terá um baile à fantasia de alunos e ex-alunos da escola! – gritou empolgada.

-Que bom! – tentei sorrir mesmo estando com algumas dores.

-E você vai né amiga? – perguntou.

-Mas eu nem tenho roupa...

-Isso a gente arranja! – sorriu.

-Lizzie você acordou! – Justin me focou.

-Então vou deixar vocês sozinhos! – Abigail saiu correndo antes mesmo que eu pudesse dizer algo.

Fiquei olhando para o Justin esperando algo, alguma ação ou alguma palavra vinda dele.

-Lizzie... Eu estava tão preocupado... – sentou-se ao meu lado.

-Não parecia quando me trocou para sair com a tal Melissa. – não sei de onde tirei coragem para dizer, mas disse. Justin engoliu seco e as palavras pareciam sumir de sua mente.

-Você não consegue mentir Justin... Eu desconfiei desde aquele minuto...

-Mas nós podemos sair outro dia Lizzie.

-Eu não quero sair com a sua piedade. Não preciso disso... Eu só achei que significasse algo para você.

-Mas você significa.

-Como eu já disse, você não sabe mentir Justin...

-Lizzie, eu... – o interrompi quando minha cabeça começou a dar pontadas muito fortes.

-Ai... Ai minha cabeça. – lágrimas saíam dos meus olhos, a dor era muito grande, coloquei a mão na cabeça, ouvi os gritos desesperados do Justin chamando por um médico.

-Doutor Aqui! – ele berrava na porta do quarto.

-O que aconteceu? – o homem todo vestido de branco apareceu assustado, quando me viu logo correu até mim enquanto gritava pelos enfermeiros.

Senti uma picada de agulha, e logo meus olhos foram se fechando, era algo involuntário, era mais forte que eu.

Quando acordei estava mais tonta que nunca, meu corpo estava dormente ainda, olhei para o lado e encontrei o Justin sentado ao meu lado.

Ele estava dormindo, com a cabeça encostada na cama e segurando minha mão com uma de suas mãos.

Ele estava dormindo sereno, mas seu rosto tinha uma expressão de dor. Não quis acordá-lo, fiquei observando sua figura angelical.

Ele acordou quando o médico apareceu. Ele me deu alta com a condição de que eu me cuidasse em casa.

Subi as escadas com a ajuda do Justin, mesmo eu não querendo, ele fez questão passando o braço pela minha cintura.

-Obrigada! – agradeci sentando em minha cama.

-Por nada. – ele sorriu. – Lizzie, me desculpe... – pediu.

Eu não respondi, apenas dei de ombros para ele, e virei e deitei, Justin como foi ignorado saiu me deixando sozinha no quarto.

Eu estava magoada, muito magoada.

Depois de horas chorando tomei minha decisão definitiva, eu deixaria o Justin livre para viver sua vida da maneira que ele quisesse.

Peguei a minha mala, aquela que eu trouxe para cá quando me mudei do orfanato. Coloquei apenas as roupas que eu tinha lá no orfanato, não peguei nada do que o Justin me deu, eu não quero lembranças, nada que possa me fazer voltar atrás.

Dobrei roupa por roupa e coloquei dentro da mala, apenas peguei meu material escolar isso eu não poderia deixar ali.

Sai pé por pé do meu quarto, Justin parecia estar tomando banho pelo barulho do chuveiro, e Rose estava em seu dia de folga, já era domingo.

Corri até a porta de entrada tentando não fazer barulho, com minha mala em uma das mãos e a mochila nas costas.

Sai e fechei a porta de entrada, o vento estava congelante, meu cabelo voava sem direção, corri até a casa de Abigail e toquei a campainha, ela mesma atendeu.

-Você veio! – disse surpresa abrindo os braços e me abraçando.

-Eu preciso de um tempo amiga... – suspirei, ela pegou minha mala.

-Eu vou adorar ajudá-la.

-Obrigada... Mas tem certeza que não atrapalharei?

-Imagina será ótimo ter uma companhia. Você pode dormir no meu quarto. – sorriu.

-Tudo bem... Onde for melhor para você.

-Lizzie, me diz a verdade, o que aconteceu para você sair de casa? Você e o Justin se dão tão bem... – perguntou comentando.

-Eu e ele não estamos em nosso melhor momento, quer dizer, ele trocou um jantar comigo por um com a ex namorada dele... – expliquei.

-Minha nossa, que cachorro! – Abigail gritou, mas logo tapou sua boca com as mãos. – Me desculpe.

-Tudo bem - ri sem humor.

-Você ta certa em deixar ele sozinho... – disse com certeza.

-Não sei por que, mas algo me diz que isso ainda vai dar besteira... – mordi o lábio inferior, eu estava apavorada.

-Fique tranqüila, Justin não ficaria bravo com você, ele sabe que errou, tenho certeza. – me consolou.

-Na verdade meu medo não é dele ficar bravo.

-Qual é então?

-Tenho medo do que ele possa fazer... Já imaginou se ele me manda de volta para o orfanato?

-Nem diga algo assim Lizzie! – Abigail gritou.

Sentei na cama ao lado da dela e fiquei focando o chão.

Passamos um tempo conversando até dormirmos, Abigail me recebeu muito bem em sua casa.

De manhã levantei e tomei um banho, Abigail disse que não incomodaria, deixei meu cabelo solto e coloquei uma roupa que havia sido doada quando eu ainda estava no orfanato, como estava um pouco frio coloquei o blazer que era do uniforme do orfanato.

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Quando eu cheguei à escola logo Claire veio me aborrecer.

-Olha a novata que tentou matar aula... – gargalhou.

-Me da um tempo garota! – passei por ela, mas Claire foi rápida e me segurou pelo braço, quando virei, ela olhou direto para o meu blazer. Em seus lábios brotou um sorriso cheio de malícia.

-Então quer dizer que a novata é órfã? – mirou o brasão do orfanato em meu blazer.

-Claire me solta! – pedi.

-Deixa ela em paz! – Abigail gritou quando nos viu.

-Cadê o papai e a mamãe pra te defender em? – perguntou caçoando enquanto me soltava.

-Sua idiota! – gritei correndo.

Corri até o banheiro mais próximo, entrei em uma das portas, sentei em cima do vaso sanitário e não consegui conter as lágrimas, por mais que eu quisesse me manter forte eu estava destruída por dentro. Estava sozinha, nem com o Justin que prometeu cuidar de mim eu podia contar mais.

-Lizzie, cadê você? – ouvia a voz da Abigail, abri minha porta e mostrei a mão, ela entrou correndo.

-Amiga a Claire é uma tonta, não de ouvidos para ela. – me abraçou.

-Obrigada por tudo Abigail! – a agradeci.

Quando deu o sinal de entrada lavei meu rosto e corri para minha sala. Não conversei com ninguém até o fim do período. Dando o sinal da saída corri até a Abigail, mas quando sai na porta principal da escola levei o maior susto da minha vida.

Estava estacionado dois carros de polícia, mais o Justin parado com sua equipe de seguranças ao seu lado.

-Ela está ali! – Justin gritou e correu na minha direção, droga! Estou ferrada. No mesmo momento uma multidão de garotas formou ao nosso redor, Justin me abraçou.

-Você está louco? – gritei.

-Lizzie... Você está bem? – perguntou segurando em minha mão, e com a outra alisando meu rosto.

-É o que parece não? – os seguranças começaram a fazer uma barreira para nos tirar do tumulto de garotas que gritavam histéricas.

Dois policiais vieram até nós.

-Essa é a garota? – perguntaram ao Justin.

-È sim! – ele respondeu sorridente.

-Você foi obrigada a sumir de casa? – um dos homens perguntou.

Balancei a cabeça negativamente, eu estava assustada com aquela situação.

-Você sumiu por vontade própria? – perguntaram me encarando. Eu assenti sem dizer uma palavra.

-Porque isso Lizzie? – Justin perguntou incrédulo.

-Bom deixaremos vocês para resolverem esse problema. Garotinha cuidado com certas brincadeiras. E senhor Bieber estaremos disponíveis sempre que precisar. – os policiais despediram-se e me deixaram na maior corda bamba.

-Obrigado! – Justin agradeceu, e eu apenas acenei com minha expressão ainda séria.

-Lizzie você não me respondeu... Porque fugir de casa? – ele insistiu com uma enorme expressão de decepção estampada em sua face.

-Justin... Eu... – as palavras pareciam fugir da minha mente e principalmente da minha boca.

Entramos no carro. E Justin começou a dirigir. Depois de um tempo não consegui segurar tudo o que eu precisava dizer então resolvi dizer.

-Eu queria te deixar livre... – comecei a chorar.

-Por que me deixar livre Lizzie? – a essa altura ele já havia estacionado o carro no jardim de casa.

-Eu ouvi o que você falou para a Rose, que só porque havia me adotado teria que deixar sua vida de lado...

-Mas Lizzie eu não quis dizer isso! – tentou explicar-se.

-Justin eu não quero que largue sua vida por minha causa...

-E não vou você é uma parte dela agora Lizzie, eu não te adotei por obrigação, eu te adotei porque eu queria você na minha vida!

-Mas Justin, você só estava me deixando sozinha por conta da Melissa.

-Lizzie prometo que isso não voltará a acontecer. – garantiu.

-Tudo bem, só quero que você seja feliz. – abaixai a cabeça.

-Com você aqui sou muito feliz! – me abraçou forte.

Entramos em casa e assistimos um filme juntos, Justin não atendeu ao celular o dia todo, no fim da tarde Abigail veio trazer minha mala.

-Obrigada Abigail! – agradeci.

-Imagina, fico feliz e poder ajudá-la amiga! – sorriu me abraçando.

-Abigail entra! – a chamei para dentro, Justin logo a viu.

-Oi Abigail! – sorriu.

-Oi Justin... Hei você vai ao baile de alunos e ex-alunos do colégio? – perguntou.

-Nem tinha ficado sabendo... Mas dependendo do dia vou sim! – sorriu.

-É semana que vem! – ela completou. – No sábado.

-Você vai Lizzie? – Justin virou e perguntou.

-Não sei... Talvez... Quer dizer nem tenho roupa.

-Podemos comprar! – Justin disse.

-É um baile à fantasia, e todos devem usar máscaras, sendo assim você não pode ver a roupa dela, nem ela a sua... – Abigail explicou.

-Então eu dou o dinheiro e vocês compram, quero você bem bonita! – me cutucou no ombro.