Corações Que Choram escrita por Gil Haruno


Capítulo 14
Tempestade


Notas iniciais do capítulo

Capítulo Postado!
Beijos!



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–Estou muito envergonhado com meu comportamento, mas saiba que em nenhum momento tive a intenção de te provocar.Entenda que Gaara não é o tipo de cara que uma mulher deve confiar, eu o conheço, sei como ele costuma agir-mesmo sendo sútil ao falar de Gaara, exibia nas palavras o rastro de ciúmes.



Bem, eu não me importo com Gaara, na verdade eu não estou me importando com aquela discussão, mas não posso negar que ela me constrangeu, que deixou...


–Foi só uma discussão boba.Quantas não tivemos no mesmo tom e argumentos?


–Não, Sasuke, você sabe que avançamos todos os nossos limites-insistiu.Há cada palavra, ela sentia que estava cada vez mais próxima da realidade-Cedo ou tarde eu ia acabar refletindo mais uma vez sobre minha vida.


–Eu já ouvi isso antes... Onde você quer chegar?



Perguntou decidido, como se quisesse a qualquer custo ler os pensamentos dela.Havia notado, desde o momento que adentrou o quarto, o silêncio intenso a envolvendo.Claro, estavam brigados, mas acreditara que pedir perdão com sinceridade demonstraria seu arrependimento.Mas a manifestação de Sakura fora distante, tanto que ele ficara na dúvida se ela havia gostado das flores.



–Já falamos muitas vezes nesse assunto e por mais que seja cansativo, sabemos que ele nunca foi resolvido entre nós-Sasuke nada disse-Desde que voltei, tenho maquiado minha vida... Estou feliz, não tenha dúvidas disso, mas às vezes eu não consigo respirar.Por mais que eu tente, não estou conseguindo me achar-suspirou-Eu lhe fiz uma promessa, mas não posso ir adiante com ela.


–Sakura eu sei onde isso vai dar-disse ele, com certa indignação-Você quer estacionar sua vida aqui, tudo bem, é uma decisão sua.Mas não me peça para entendê-la, você sabe que isso será em vão-passou os dedos entre as mexas de cabelos, deixando-os mais rebeldes-Se você sair daqui outra vez, saiba que eu não moverei um dedo sequer para ir buscá-la novamente, não mais.Eu permitir que você levasse Yusuke, mas dessa vez exigirei que ele fique.


–Mas quem disse que eu quero sair daqui? Eu sei que posso conciliar minha vida.Eu sei que o problema não é esse, nunca foi.A verdade é que... eu nunca estive no mesmo degrau que você.


–Não diga besteira!


–É a verdade, você sabe disso-insistiu, fazendo-o acuar com seus argumentos.



O silêncio perturbador acomodou-se no quarto.Eles se dividiam entre as palavras, se individualizavam há cada frase dita e ouvida.Era mais um diálogo fervoroso entre eles, mas dessa vez, havia algo especial.Eram orgulhosos apesar de tudo e isso fazia que ambos elevassem seus egos ao limite da superioridade.Não poderiam entender o porquê dos descasos naquela vida dupla, pois seus passos não estavam na mesma direção.Eles se corrigiam entre si, mas nunca a vida dupla que ambos levavam.



Acho que precisamos dar um tempo.



Olharam-se rapidamente, como se quisessem saber se concordavam.Sasuke saira do quarto em passos firmes, ao fechar a porta, bateu essa com mais força do que pretendia.Estupefata, Sakura sentou sobre a cama.



–Dar um tempo... Ele quer dar um tempo... -sorriu-Talvez esse seja o momento de conquistá-lo por completo-acreditava que seria capaz de dominar o orgulho do esposo.



Sakura!-Kazumi entrou no quarto aos berros-O quê houve?



–Sasuke quer dar um tempo-Kazumi recebeu a notícia com certo espanto, mas ao contrário dela, havia brilho no olhar de Sakura.



–Isso te deixou feliz?



–Será que não percebe, mãe? Esse é o momento para contrariar as suposições dele.De uma maneira ou de outra, mudarei a forma de Sasuke ver as coisas.






*x*x*x*x*x*x*x*






–Bom dia.


–Bom dia, Sakura.O café tá fresquinho!


–Obrigada, já tomei no caminho.



E, recebendo atenção dos demais companheiros, foi até o décimo quinto andar.Lá, outras pessoas a cumprimentaram.O andar era chamado de grande pátio, assim fora apelidado.Cada empregado tinha seu próprio cantinho, por mais que esse fosse absurdamente apertado.As pessoas raramente conversavam, pois poderiam atrapalhar os outros.O trabalho era silencioso, mas divertido.

Sakura ocupou seu pequeno espaço, e notara com certa aflição como era diferencial ser um dos queridinhos da editora.Mas isso não importava.Ela começara da mesma forma e conseguiu ser vista como uma mulher talentosa.Além do mais, esse era o momento para dar um grande salto, o maior de sua carreira.Era tudo ou nada, ela precisava ocupar sua mente com coisas que lhe valessem a pena.



Café para a mulher mais bonita desse edifício-dizia Lee, sendo pontual com seus elogios.


Obrigada, Lee, mas...


–Vai rejeitar meu café? -perguntou, fazendo Sakura aceitar o café-Empolgada?


–Muito, apesar de está dentro de um ovo-remexeu sobre a cadeira, quase não houve espaço para fazer isso.Aproximou-se de Lee para lhe dizer algo em confidência-Isso tem cara de Ino Yamanaka.


–Não só tem cara, como pé, mão, cabelo... Ela não quer você aqui, todos estão comentando.


–Por quê essa perseguição?


–Mesmo que não demonstre, ela está acuada.No fundo, Ino tem medo de ser desmascarada.


–Mal sabe ela que tenho esse profundo desejo.E como anda o livro? -Lee calou-se por instantes, dando a entender que o trabalho roubado seria sucesso nas livrarias-Deus, como pude ser tão ingênua?-culpou-se.


–Não é hora de lamentações.Ino terá seu merecido castigo cedo ou tarde, ela procurou por isso.Agora concentre-se no seu trabalho.


–É, Lee, você tem razão.Mas sabe que às vezes eu paro e fico imaginando como esse livro me daria liberdade-suspirou-Talvez eu não tenha outro surto de inspiração como aquele.


–Chega de pessimismo, Sakura, você sabe que vai conseguir.Tenho que ir pra minha sala... Almoçamos juntos?


–Hoje não, vou almoçar fora com meu filho.


–Está bem, divirta-se.


–Obrigada, tchau.



Apesar de está atrasada, ligara para casa e animou o filho dizendo que logo chegaria.Desceu o elevador às pressas, estava quase determinada a descer quartorze andar a pé.Andava em passos céleres até o carro, e rezou para que nenhum barbeiro ou mal intencionado tivesse bloqueado a passagem do veículo.Desativou o alarme, e quando estava prestes a abrir a porta, viu, sem ter certeza, a figura de Gaara.


Gaara? Mas o quê ele faz aqui?


Perguntou-se, batendo a porta do veículo.O ruivo estava fora do estacionamento, parecia esperar alguém.Sakura, já saindo do estacionamento, pensou parar e cumprimentar o ruivo, mas desistiu.Pensou que, talvez ou fosse certo, ele esperava por um amigo ou quem sabe até uma ficante.




–Cheguei, Yusuke!-gritou, subindo às escadas-Filho?


–Oi, mãe!-abraçou a mãe fortemente-Você demorou.


–Desculpe, a mamãe voltou a trabalhar, lembra?


–Sim.Mas por quê você precisa trabalhar? Não temos dinheiro?


–Temos, meu amor, mas os adultos gostam de se sentirem capazes-Karin os observavam-Antes de irmos, preciso saber se a tia Karin aprova ou desaprova seu comportamento hoje.


–Não só aprovo, como digo que ele se comportou muito bem-falou Karin, arrancando um sorriso de Yusuke.


Podemos convidar o papai?


–Bem, eu não sei se Sasuke está em casa.


–Está sim, senhora Sakura, ele disse que ia descansar.


–Hum, deve ter corrido muito essa manhã-pensou-Karin, seja menos formal comigo, temos a mesma idade.Vamos lá, campeão?


–Vamos!-gritou Yusuke, arrancando risos da mãe.


Você espera a mamãe trocar de roupa?


–Você não vai demorar muito?


–Yusuke, seja sensato com uma dama.



Karin observou mãe e filho adentrarem o cômodo.Sem ter o que fazer, já que Yusuke passaria a tarde com a mãe, fora ajudar Saya na cozinha.

Cortava os legumes com muita atenção, mesmo sendo distraida às vezes.Pensava na vida, principalmente no seu relacionamento.Quando longe do namorado, arriscava dizer que sentia saudades dele.O clima familiar na casa dos Uchiha's lhe permitia sentir e refletir sobre tais coisas.



–Saya, você é uma mulher sincera... Posso confiar em você?


Claro-lhe deu atenção.


Sabe, minha vida anda de cabeça para baixo.Eu sinto que há qualquer momento estarei sozinha... Meu relacionamento está em crise e eu perdir a vontade de resgatá-lo.Isso me deixou sensível, descontente, então me dei ao luxo de... invejar a vida alheia.


Você fez muito mal, Karin.


–Eu sei.


–Imagino que você cobiçou seu patrão, e invejou sua patroa-Karin balançou a cabeça positivamente-Eu sempre fui de me contentar com o que a vida me ofereceu.Mas olhe para mim, não tenho praticamente nada.Eu deveria ter me tornado uma velha rancorosa, rabujenta... Apesar de ser apenas uma velha, acredito que coisas boas acontecerão comigo ainda.


–Sinto vergonha ao ouvi-la.


–E por quê se não somos a metade da perfeição? Fico feliz que você não seja dessas que tem por aí, porque se fosse, eu jamais permitiria que alguém atrapalhasse a felicidade daqueles dois.Os tenho como filhos.Imagina, eu vi Sasuke e Sakura cuidarem de uma criança sendo outras crianças-riu, ao lembrar-se de tal época-Eles eram tão jovens quando Yusuke nasceu... Mas em nenhum momento decepcionaram a natureza, foram jovens pais perfeitos.


–Me conta mais sobre o nascimento de Yusuke?


–Está bem, mas que fique entre nós.


–Juro que sim-sorriu.








*x*x*x*x*x*x*x*x*x*






Yusuke revirava os cd's do pai, mesmo Sakura chamando sua atenção.Estava pronta, logo sairia com o filho.Por instantes lembrou do que Karin havia dito, Sasuke estava em casa descansando.Com certeza ele estava oculpando um dos quartos de hóspede, e ela não sabia até quando.Mas não entristeceu, ela via um pequeno foco de luz no fim daquela discussão.



–Vamos?


–Demorou-falou o pequeno fazendo Sakura sorrir.



Sakura parou o carro em frente ao portão, era questão de tempo para o porteiro a ver e liberar sua saída.Esperou alguns instantes, até pensou que o homem estivesse dormindo.Buzinou uma, duas vezes, até que o indivíduo apareceu.


O quê está acontecendo?


–Perdão, senhora, mas tenho ordens para não deixá-la sair.


–Como é que é?-saiu do carro, batendo a porta com tamanha força-Isso é algum tipo de pegadinha?


–O senhor Sasuke não quer que o filho saia de casa sem sua autorização.


–Isso é o cúmulo!


–O quê foi, mãe?


–Vamos voltar, Yusuke, tenho que conversar com seu pai.



Deixou o filho na sala, e subiu às escadas rumo ao quarto do marido.Ela não batia na porta, somente as abria verificando se ele estava.No último quarto, Sasuke se encontrava.Dormia profundamente, mal desconfiava que ao seu lado havia uma onça pronta para atingi-lo se fosse capaz.


Acorda, Sasuke!-de supetão, arrancou o lençol que cobria o corpo do marido semi-nu.


O quê há com você?-perguntou, atordoado.


Seu cretino! Como pôde negar a saída de Yusuke dessa casa?


–Eu não neguei, só quero saber onde você vai com ele.


–O quê há agora? Posso sequestrar meu próprio filho?


–Não seja infantil, eu só quero evitar certos constrangimentos.Eu não quero acordar e saber que você sumiu com Yusuke-Sakura indignou-se-Você já fez isso uma vez.


–Eu não sabia como agir, mas agora eu sei!


–Me desculpe, mas não vou confiar-disse, irritando-a.


Então você quer dar um tempo dessa forma? Você quer dar um tempo soterrando nossas cabeças, é isso?


Sakura, Yusuke não tem nada haver com nossos problemas, mas caso você não entenda isso, prefiro demonstrar dessa forma-furiosa, atirou um dos travesseiros em Sasuke.


Eu já entendi sua jogada! Você quer me amedrontar e a melhor forma é usando nosso próprio filho.Mas saiba que eu não vou voltar atrás com minha palavra.Eu posso mendigar por aí, não ter o que comer ou onde dormir por causa do meu fracasso, mas eu nunca pedirei sua ajuda.


Saiu batendo a porta com toda sua força.Sasuke caiu sobre os travesseiros, e passou a encarar o teto.Queria Yusuke ao seu lado e perdê-lo outra vez não estava em seus planos.Além disso, ele sabia que Sakura jamais abandonaria o filho, ela lutaria por ele mesmo que estivesse na casa do inimigo.Então pensou que sem Yusuke, ela iria se acovardar.




–Por quê está tão alterada?-perguntou Kazumi.


Sasuke proibiu a saída de Yusuke dessa casa.


–Claro, você sem mais, nem menos fugiu com ele há três meses atrás.


–A senhora vai defender aquele desalmado?


–Longe de mim enfiar o braço nessa nova confusão.Sasuke pediu tempo, não foi? Dê esse tempo a ele.


–Não, ele quer brincar comigo.Com certeza está fazendo jogo psicológico... Claro, nada me abala ao não ser meu filho, e eu nunca ficarei sem ele.Eu vou mostrar a Sasuke que ninguém me intimida dessa forma.


–O quê você vai fazer?


–Vou brincar com ele, da mesma maneira que ele está brincando comigo.Por favor, mãe, deixe-me sozinha-Kazumi retirou-se.



Descera para almoçar, assim que recebera a visita de Saya em seu quarto.Estava contrariada, mas preservara a delicadeza.Sasuke a olhava com interesse e Sakura devolvia o olhar.Kazumi dava atenção a Yusuke, mas vez ou outra, concentrava-se no casal.



Mãe, quando vamos sair juntos?


–Ah, pergunte ao seu pai, querido, ele têm respostas para tudo-disse ela, deixando Sasuke desconfortável diante do filho.


–Sakura, podemos conversar?


–Claro-respondeu com sarcásmo.



Em um lugar mais afastado, encarou a garota com seriedade.


–O quê conversamos sobre envolver Yusuke em nossos conflitos?


–Então não use meu filho para me atingir! Sabe, Sasuke, eu não preciso me expor ao ridículo só para está ao seu lado.Tudo bem, eu aceitei o tempo entre nós, mas você passou de todos os limites.


–Só estou fazendo a coisa certa.Você chorou no meu ombro naquele dia, quando lhe dei às costas, você foi embora e levou Yusuke.


–Está bem.Você não vai mudar, não é?


–Sakura...


–Não diga nada, Sasuke, não para mim.




*x*x*x*x*x*x*x*x*




Duas semanas depois...




Vamos, Yusuke, não quero que você chegue atrasado.


–Já estou pronto.


O inverno já se pronunciava cada vez mais com firmesa.O calor pouco a pouco desaparecia, deixando o vento gélido dominar o resto da tarde e governar o silêncio da noite.


–A vovó vai te pegar na escola, tenho que fazer umas comprinhas para nós.


–E o papai, mãe?


–Eu já disse que seu pai está trabalhando em outro país, Yusuke.Assim que terminar o trabalho por lá, ele voltará para casa.


–É que já faz muito tempo que ele viajou.


–Vocês se falam com frequência por telefone, não é?-Yusuke balançou a cabeça confirmando a pergunta-Não se preocupe, meu anjo, ele voltará logo.



Deixara Yusuke na escola, e correu até a clínica que frequentava há anos.Devido a correria na editora, e seus problemas pessoais, ela havia se descuidado.Andava se alimentando às pressas e pouco, dormia mal, depois de madrugar escrevendo.


Tsunade, tenho me sentido esquisita ultimamente.


–Deite-se e relaxe, vou medir sua pressão-Sakura obedeceu-Há quanto tempo não nos vemos?


–Sei lá, acho que mais de sete meses.


–Por aí.Eu não gosto quando minhas pacientes deixam a saúde de lado.


–O pior é que tenho me cuidado muito pouco.Sabe, estou fazendo tudo o que posso para agradar um bando de gente na editora, isso acaba me pressionando.


–Onze por dois...


–Isso é ruim?


–Significa que sua pressão está baixa.E Sasuke, o quê tem feito para deixá-la com a pressão baixa?


–Tivemos uma discussão duas semanas atrás.Antes disso, achamos melhor dá um tempo.Ele disse que ia viajar à trabalho, mas algo me diz que ele quis fugir dessa situação, que está dando tempo a ele mesmo.


–Isso é bom, você deveria fazer o mesmo.


–Eu sei, mas tê-lo por tanto tempo longe me deixa vunerável.Sei lá, tenho medo dele ter se cansado, talvez o bastante para dar fim em nossos conflitos.


–Não pense assim, aquele garoto é louco por você.


–E se não for mais?


–Ele é sim, pois a ama-sorriu, tentando animá-la-Alguns sintomas?


–Muitos, mas o que me preocupa são os enjôos.


–O quê tem feito para evitar uma gravidez indesejada?


Sakura não havia pensado naquela pergunta, mas ela diria que nada fez.Naqueles meses que estivera separada, ela parou de se cuidar e esqueceu, sem esforços, as injeções bimestrais.Estava tão empolgada com a reconciliação, que esquecera os cuidados essenciais na vida sexual.



Não, eu não posso está grávida-lamentou-se.


Tsunade apalpava o ventre de Sakura enquanto ia lhe fazendo perguntas.


Bem, você fará exame de sangue, mas eu já tenho meu próprio diagnóstico.


–Me diz que eu não estou...


–Sim, você está grávida, tenho certeza disso.


–Deus...




Continua...


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