Meu Lado Negro. escrita por Kaah_1


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

OIII GENTE LINDAA!!
Sei que faz um tempãaaaaao que nao posto, me perdoeeem por favorr!! Mas, é que eu tava decedindo o que ia fazer com a fic, se ia continuar ela aqui mesmo e tals... Também tava tendo milhões de provas na escola, tinha que estudar pq minhas notas do semestre passado nao foram muuuito boas... E eu também tava totalmente sem idéias, escrevi esse capitulo e nao faço ideia se ficou bom. Espero que vocês gostem, mesmo.
Perdoem os erros, ainda nao deu tempo de revisar!
Leiam com carinho!
nos vemos lá embaixo!



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O carro foi parando em frente da gigante casa de minha irmã e senti meu corpo gelar.

Fazia tanto tempo que eu não via Molly, que estava começando a ficar nervosa. Eu sei que ela iria me dizer um milhão de coisas, me repreender de todas as formas possíveis e me dar outras quinhentas broncas. Mas, não era isso que me deixava tão nervosa. Eu não falava pessoalmente com a minha irmã a uns bons anos e ainda tinha medo que ela guardasse rancor de mim.

Molly era totalmente rica. Eu podia ver isso pela mansão onde ela morava. O portão era grande e havia se aberto automaticamente para nós. O jardim era maravilhoso, com fontes e vários tipos de flores, arbustos e algumas árvores. A piscina era gigantesca, sem falar no quão linda era a vista da sua casa enorme pintada de branco e dourado, eu acho.

Por esses dias, eu andei totalmente preocupada e atarefada. Tentei achar a voz por trás daquele CD, procurando milhões de suspeitos. Estudei a maioria das patricinhas vadias conhecidas da escola e nenhuma parecia ser uma ameaça. Elas eram fúteis, de nariz empinado e totalmente nojentinhas atiradas, mas, não tinham cara de assassinas ou ameaçadoras.

Também tentei procurar por algum Derek, já que no banheiro a garota tinha mencionado esse nome. E achei vários garotos com esse nome, mas, eu não conhecia nenhum deles e não pareciam perigosos para mim. Eram mauricinhos imbecis, na verdade.

Eu me sentia assustada. Mas, ao mesmo tempo, estava pronta para qualquer coisa que fosse. Enfrentarei qualquer filho da puta que entrar no meu caminho. Eu que mando nessa porcaria. Já matei vários, e poderia muito bem matar mais essa outra pessoa, não importa o que fosse.

Aliás, bem, já matei até policiais.

– Não vai descer? – Justin perguntava, já fora do carro e batendo na janela do meu lado.

Engoli em seco.

Fiz um gesto pedindo para que ele esperasse alguns minutinhos. Ele assentiu e se virou para observar a casa.

– Ai, céus... Que isso Susan, que covarde, você só tem medo agora. Está me cansando tudo isso. Que menininha insegura você se tornou. – dei um pulo ouvindo essa voz e me virei, dando de cara com Fancy, que estava sentada no banco do motorista, de braços cruzados e revirando os olhos pra mim.

– Fancy? Puta que pariu! O que você ta fazendo aqui? – franzi a testa, assustada.

Aliás, Fancy jamais havia aparecido pra mim em outro lugar que não fosse meu apartamento. Ver ela ali, no carro, me olhando com cara de tédio era assustador.

Ainda mais quando seus olhos me encaravam profundamente, aqueles olhos negros e fundos. Digo, Fancy não parecia ser humana. Ela poderia ter feições humanas, mas, ela não era. Eu sabia que ela era algo diferente, algo amedrontador, que estava ali pra me atormentar pelo resto da eternidade. Como se ela fosse o meu castigo por ser tão pecadora.

– Já deveria estar acostumada comigo, Susie. – ela riu, dando ênfase no apelido. – Seu namoradinho é tão diferente de você. Como agüenta ele por tanto tempo? Ele é tão meloso... Nunca achei que você fosse gostar de alguém tão grudento e ‘doce’ como ele. – Fancy fazia careta.

Revirei os olhos.

Tentei dar um soco no seu rosto, mas, sua forma apenas tremeluziu e desapareceu por alguns minutos. Reaparecendo logo após, rindo da minha cara.

– Nunca vai aprender mesmo, certo? – arqueou as sobrancelhas. – Realmente, fico feliz que você esteja conhecendo pessoas novas e interagindo com pessoas diferente de você. Mesmo. Fico feliz em ver você evoluindo... Isso significa que meu trabalho está dando certo. Sem falar que seu namoradinho parecer ser ótimo em outras coisinhas. – ela piscou, com certa malicia.

Eu fiz uma careta desentendida.

Não acredito que estava conversando e ouvindo piadinhas de um... De um... Ah, sei lá o que Fancy é!

– Tenho que ir Fancy. Não me siga. Fique no carro. – falei, enquanto pensando se isso era possível.

Eu só posso estar ficando maluca.

– Ok. Pode deixar... – ela suspirou. – Só mais uma coisa.

Eu ia abrindo a porta do carro quando senti a sua mão tocar meu braço.

Meu corpo inteiro pareceu esfriar e eu senti calafrios. Me senti estranha... Como se... Eu não sei... Como se a temperatura do meu corpo tivesse de repente abaixado uns dez graus ou mais. Olhei pro meu braço, onde Fancy ainda segurava, e pude ver ele mudar de cor. Havia ficado estranhamente roxo onde ela segurava.

A olhei e seus olhos encontraram os meus. Engoli em seco, sentindo uma sensação de culpa e medo me invadir de repente. Era como se todos os crimes que cometi estivessem passando rapidamente pela minha cabeça, cada cena passava rápido, cada morte, cada sofrimento, cada vida que eu tirei. Senti uma pontada no meu braço, uma dor que foi subindo para o meu pescoço até chegar na cabeça. Tremi, sentindo a angustia, o peso na consciência e como tudo que eu fazia na vida é terrível e egoísta. Senti sensações que eu não tinha sentido nenhuma vez. Minha cabeça parecia que ia estourar a qualquer hora. E eu só queria fugir, mas, não podia me mover.

E em segundos, tudo aquilo passou. Meus olhos se apertaram com força e meu corpo amoleceu, fazendo com que tudo se evaporasse. Todas as sensações sumiram.

– Fique preparada para as novas descobertas, Susan. – Fancy tocou meu rosto, enquanto eu abria os olhos lentamente. – Prepare-se. As ameaças não serão seu único problema. Tem muita coisa em jogo. E pode não parecer, mas, eu estou aqui pra te ajudar. – ela sorriu fracamente.

Apenas assenti, vendo sua figura se dissolver a minha frente até desaparecer por completo.

Balancei a cabeça algumas vezes.

Mas, que merda havia acontecido? Eu sou louca, só pode. Preciso de um psiquiatra.

Saí rapidamente do carro, fechando a porta com força atrás de mim. Justin me olhou um pouco assustado.

– Está tudo bem? Você parecia bem mal lá dentro. – senti seus braços passarem pela minha cintura, me dando aquela maravilhosa sensação de segurança.

– Estou bem. É que, faz muito tempo que não vejo a minha irmã. – dei um pequeno sorriso.

Desde quando matei meus pais e fugi do orfanato.

Era horrível se lembrar, mas, eu lembrava.

Molly sempre foi a perfeita irmã. E assim que meus pais morreram, todos os parentes se ofereceram para cuidar de Molly. Todos perguntaram se ela queria ir morar com eles, que cuidariam dela com todo o amor e a ajudariam até ela melhorar e poder cuidar de si própria. Sabiam que ela era a garota perfeita. Sempre respeitando todos, usando roupas lindas, sendo educada, tendo boas notas, dançava lindamente, tinha milhões de habilidades, sabia fazer qualquer coisa e encantava a todos. Molly era o cisne da família. E eu, era o patinho feio.

Nem ao menos ligaram pra mim quando mamãe e papai morreram. Quando eu os matei... Apenas me mandaram para um local imundo, falando que eu ia ficar melhor por lá. Aliás, quem iria me querer? Todos diziam que eu era problemática e estranha da família. Diziam que eu falava com o nada, machucava pessoas, usava roupas ridículas, não sabia me comportar em publico e dava medo nas pessoas. Bom, a minha aparência pelo menos enganava os desconhecidos.

– Obrigada por vir comigo, Jus. – sorri a ele.

– Irei com você a qualquer lugar. – ele beijou minha testa.

Você ainda vai mudar esse seu conceito, Jus. Ainda vai.

Suspirei e tomei coragem para tocar a campainha. Já se passavam das seis horas da tarde.

Toquei rapidamente e dei alguns socos leves na porta. Será que Molly me atenderia realmente?

Mordi os lábios.

Alguns minutos depois, a porta foi aberta. Mas, não pela minha irmã Molly, e sim por um garotinho que aparentava ter sete anos, no máximo.

– Quem são vocês? – ele piscou os olhinhos, me encarando.

Eu sorri ao ver o quanto ele era lindinhos. Possuía os mesmo olhos de minha irmã e parecia ser tão encantador como ela. Ao mesmo tempo em que fiquei maravilhada com ele, também tive ódio. Ódio por todos serem tão totalmente encantadores, serem todos tão diferentes de mim. Por serem... Bons e normais.

– Molly está aí? Sua mãe está? – perguntei, tentando sorrir. – Sou sua tia Susan.

Ele me olhou com curiosidade.

Ouvi Justin rir ao meu lado.

– Brad! Menino, eu já disse pra não sair abrindo a porta desse jeito! Ai meu Deus, você nem terminou de... – minha irmã parou de falar quando me viu ali na porta, parada.

Ela rapidamente pegou o garoto no colo. Ela parecia assustada.

Olhava pra mim e para Justin com os olhos confusos.

Dei um sorriso travesso.

– Quanto tempo, querida Molly.

– Susan. Achei que não fosse vir. – Brad pulou de seu colo e minha irmã veio lentamente até mim.

A abracei e ela demorou para corresponder ao abraço, mas, logo estava me abraçando também.

Eu senti falta de alguém assim... Da minha família.

Oras, não era pra eu pensar algo assim! Eu matei meus pais... Mas sentia falta da minha irmã. Sentia falta dos seus poucos conselhos, do seu abraço, do jeito como ela cuidava de mim. Ela era a única que me ouvia, a única que estava comigo sempre e que me compreendia. Era a única que não dizia que eu era problemática por conversar sozinha e gostar de objetos cortantes.

– Esse é Justin. O meu... Namorado. – falei quando nos separamos. Um pouco hesitante.

Ela me olhou com cara do tipo “isso é sério? Namorado? Mesmo?”, e eu assenti rindo e dei de ombros.

Ficamos nos encarando por um tempo, era difícil vê-la depois de tanto tempo. Era estranho.

Molly sempre fora morena dos olhos verdes, mas, agora, ela estava loira. Seus cabelos eram loiros ondulados que iam até o meio das costas. Ela tinha uma franjinha, que a deixava com cara de adolescente. Seu sorriso continuava bonito como sempre. Suas roupas eram simples por enquanto. Ela era a meiga, delicada e perfeitinha Molly, mas, agora era loira. Ri com meu pensamento.

– Você ta diferente. Está mais alta, baixinha. – ela riu, passando a mão pelo meu cabelo.

– Bom, eu não poderia ter 12 anos pra sempre... Certo?

Ela assentiu, sorrindo fraco.

– Vem, vamos entrar. Vou mostra a casa pra vocês e lhe apresentar o resto da turma. – ela fez um gesto pedindo para que entrássemos.

– Turma?

Franzi a testa e entrei com passos lentos.

Molly fechou a porta.

Agarrei a mão de Justin, que me olhou sorrindo. E fomos seguindo Molly para dentro daquela casa gigantesca.

– Subindo as escadas, temos os quartos. Depois mostro o de vocês. – ela piscou. – Temos a sala de TV, a sala de jantar, a cozinha... – e ela foi citando os cômodos que tinha na casa.

A sala de TV era maravilhosa. Aquela TV parecia mais uma tela de cinema, o sofá era bem grande, com almofadas bonitas e os enfeites eram lindos. Vendo a casa de Molly, a minha parecia uma favela. Estava me sentindo envergonhada.

– Não trouxeram nada? – ela perguntou, olhando para nós.

– As malas estão no carro. – Justin falou.

– Ah, Justin... Perdão por eu não ter me apresentado direito. Sou Molly Wingfield, repórter, modelo e cozinheira nas horas vagas. – ela piscou rindo e estendeu a mão.

Justin apertou sua mão e beijou as costas das mesmas dando um sorrisinho.

Wingfield? – perguntei rindo.

– Esse é meu nome de casada agora, Susan. – explicou e eu senti uma pontada de raiva por ela nem ao menos ter me convidado para o casamento.

Não que eu me importasse, mas, bem, eu sou a única irmã dela. Achei que ela me considerasse ao menos.

Talvez ela não quisesse assustar os convidados. Talvez ela não tivesse me perdoado realmente por todas as coisas que fiz. Sei que a fiz sofrer. Sei o quanto ela sofreu por minha causa... Só tenho que pedir perdão.

Ai que merda!

Para com esse negocio de sentimentalismo, Susan! ECA!

– MAMÃE! O BRAD DERRUBOU MOLHO NO MEU CABELO! – outro menininho veio correndo até Molly.

Ele estava chorando e parecia ser mais novo que Brad.

Eu acabei rindo daquilo e Molly me fuzilou.

– Ai meu Deus! Cadê o seu irmão?! BRAD EU JÁ DISSE PRA NÃO FICAR BRIGANDO COM SEU IRMÃO! – Molly berrava e correu até a cozinha. – CADÊ SEU PAI? CADÊ A MERDA DO HARRY? TUDO É EU NESSA CASA! – ouvia minha irmã berrar lá do outro cômodo.

Acabei gargalhando alto.

O garotinho mais novo a minha frente me olhou com certo receio. Ele começou a chorar mais ainda e passar a mão no cabelo. Ai ele via o molho em suas mãos e berrava de tanto chorar. Eu não agüentei e ri demais. Como crianças podem ser tão bobas? Argh, odeio crianças. Mas, eu acho que vou gostar do tal Brad.

– Ei, qual seu nome? – Justin se abaixou na frente dele.

– Breno. – o menininho murmurou, olhando para Justin.

– Quantos anos têm?

Perguntou e o menino fez um quatro com os dedos.

Meu namorado realmente tinha jeito com crianças.

Eu apenas sorri, enquanto o observava.

– O QUE ESTÁ ACONTECENDO QUERIDA? To descendo! – ouvi uma voz masculina vinda da escada.

Me virei e encontrei um homem descendo a mesma.

Uou! Esse era o maridinho da minha irmã? Nossa, Molly, acho que você teve sorte.

Digo, ele realmente é lindo. Os olhos dele eram tão verdes quanto o de Molly. E sou vidrada em olhos claros. Ele estava sem camisa e sem querer meus olhos ficaram pregados naquele seu abdômen maravilhoso. Ele era tão musculoso, tão delicioso. Ai, céus. Que homem é esse!

FOCO, SUSAN! Desde quando você fica observando homens, que isso mulher!

– Ah, oi. Não sabia que tínhamos visitas. – ele disse alto, acho que para Molly escutar.

Ele olhava para mim e para Justin, revezando os olhares.

– Sou Susan Taylor... Sou... Ahn... Irmã da Molly. – sorri mostrando os dentes.

– Hm sim. A Molly falou que viriam. – ele sorriu do mesmo modo e segurou minha mão, beijando a mesma.

– E você é... Harry? Harry Wingfield? – falei quase rindo do sobrenome.

Aliás, Wingfield me lembrava Springfield, a cidade dos Simpsons.

– Sim, sou eu. – ele sorriu e logo foi cumprimentar Justin.

Eu fiquei ali, apenas observando e pensando em como seria ter uma família. Eu nunca pensei muito nisso sabe? Em ter uma família. Eu nunca quis ter uma família. Achava algo complicado, sem importância e apenas um monte de preocupações. Mas, olhando assim, eu poderia ver felicidade.

Mas, pra formar uma família, eu tinha que enfrentar meus problemas. Tinha que por a prova todos os meus pecados, eu tinha que me entregar a policia. E para ter uma família, tem que ter honestidade. E assim que eu fosse honesta, todos fugiriam para longe de mim.

– VOCÊ VIU O QUE BRAD FEZ? VIU SÓ? TADINHO DO BRENO! VOCÊ NÃO LIGA PROS SEUS FILHOS! PODEM MATAR UM AO OUTRO QUE VOCÊ TA NEM AÍ! – Molly gritava com Harry, segurando Breno no colo e esbravejando xingamentos.

– Calma, meu amor. Eles são só crianças. Deixe eles brincarem. – Harry dizia calmamente, como se jogar molho na cabeça do irmão fosse apenas uma pequena brincadeira entre os dois.

E eu ria da cena.

– Um dia vai ser nós. Com nossos filhos. – Justin me abraçou por trás.

– Acho que não, Jus. – fiz careta.

– Um menino e uma menina. – ele riu e senti ele morder minha orelha. – Você escolhe os nomes. – sussurrou no meu ouvido.

– Sou péssima pra escolher nomes.

– A gente resolve na hora. – beijou meu pescoço, me fazendo estremecer de leve.

Eu ri e me soltei de seus braços, dando alguns tapas pelo seu ombro.

Justin riu comigo e me segurou pela cintura, me dando selinhos.

– VAMOS COMER! – berrou Molly.

Ai credo, minha irmã só berrava.

...

.

– Hm... Hm... Isso é ótimo! – murmurei enquanto devorava um pedaço de bolo.

Eu estava louca por doces e mais doces.

Havia acabado de comer gelatina e estava devorando o bolo. Eu comia como se nunca tivesse comido aquilo antes.

E o pessoal na mesa me olhava meio... Assustados.

Os pais de Harry também estavam almoçando por ali.

E acho que eu estava parecendo um animal comendo aquilo tudo. Mas, não liguei.

– Está pior do que as crianças. – Harry comentou rindo.

Eu lhe mostrei a língua. Justin ria de mim e ficava dizendo que eu tava toda lambuzada de cobertura. As crianças também riam.

Olhei para Molly que me olhava estranhamente. Pude ler seus lábios que diziam silenciosamente “precisamos conversar”, e eu assenti.

Terminei de comer e me estiquei na cadeira, limpando as mãos e a boca em um guardanapo. Tomando o refrigerante a minha frente em seguida. Pena que Molly não bebia.

Já tínhamos visto nossos quartos. Justin me avisou que iria subir para arrumar nossas coisas. Ele deveria estar cansado por dirigir tanto.

– Obrigada gente. A comida tava ótima. – sorri em agradecimento.

– Percebe-se.

Qual é, eu não como comida boa há muito tempo.

Fui ajudar Molly a lavar as louças. Enquanto ela lava eu secava as louças e as guardava nos respectivos lugares.

– Su, precisamos mesmo conversar. – ela suspirou.

– Sobre o que?

– Sobre tudo! O que há com você? Não nos vimos há anos. E preciso te mostrar a carta. – ela sussurrou a ultima frase e eu me lembrei da carta que ela havia dito no outro dia.

Eu assenti.

– Tudo bem, eu só... – parei de falar rapidamente quando senti um enjôo. Ai, não!

– O que foi? - Molly me olhou desentendida.

– Banheiro!

Ela apontou pras escadas e eu saí correndo em disparada até o banheiro.

Abri a porta e me agachei em frente ao vaso botando tudo pra fora. Vomitei tudo. Ai que coisa nojenta!

Dei descarga no vaso e limpei minha boca com papel higiênico.

Será que eu havia comido demais?

Ia me levantar, mas, não consegui. Fiquei tonta. Tonta demais. Tudo girou ao meu redor. Acabei caindo pra trás.

Senti minhas costas baterem no chão e não vi mais nada. Apenas apaguei por completo.


[...]

Acordei sentindo algumas pontadas na cabeça.

Estava deitada na cama. Mas, não estava no quarto de hospedes. Pelo menos, eu acho que não.

Me sentei rapidamente, passando a mão pelo rosto.

Olhei ao redor e encontrei Molly, mexendo em uma gaveta da cômoda que ficava do outro lado do quarto. Realmente, aquele quarto era enorme. O closet, a cama, a cômoda, a pintura, tudo era maravilhoso. Ainda me pergunto como Molly conseguiu tudo isso. Quando a vi pela ultima vez, ela era apenas uma garota com medo do mundo, confusa e sem saber pra onde ir. Sem saber que caminho seguir. Fico feliz por ela. Feliz em saber que ela deu a voltar por cima e conseguiu tudo que sempre quis.

Você também deveria fazer isso Susan. Deveria dar a volta por cima. – ouvi uma voz dizendo na minha cabeça. E por um momento, aquela voz parecia ser de Fancy.

– Ah, você acordou irmãzinha. Ufa! – Molly parecia preocupada e se sentou ao meu lado na cama.

– Fique por muito tempo desacordada?

– Acho que quase uma hora. Te encontramos no banheiro. – ela suspirou. – o que aconteceu? Você estava tão bem, comendo sem parar! – ela riu.

– Eu não sei. Ando tendo essas coisas faz semanas. – dei de ombros.

– Essas... Coisas? Como assim?

– Sabe... Tonturas, enjôos, dores de cabeça... – falei pensativa, me lembrando de cada um.

Molly me olhou assustada.

– AI. MEU. DEUS! Você ta grávida! – ela disse lentamente, surpresa demais pro meu gosto.

– Ta maluca? Fale baixo! Eu não to... Eu não to isso aí! – bufei, revirando os olhos. Até parece.

– Deve estar. Quando eu fiquei grávida sentia isso. – ela riu, se lembrando. – Sentia tonturas, dores... Eu tinha bastante enjôo. E eu sempre estava louca querendo doces e mais doces. – ela sorriu pra mim.

– Mas... Mas... Eu não posso estar grávida, Molly!

– Pode sim. Já transou com o Justin muitas vezes? – ela riu maliciosa.

Mordi os lábios.

Não acredito nisso.

– Nós... Nós... – hesitei em falar e Molly continuava com um sorriso malicioso. – Ta, ta! Nós já transamos sim! – bufei, cruzando os braços.

– Você vai ter um baby! AAAAAAA! – Molly berrou.

– Cale a boca! – bati no seu braço. Ainda não acreditando nessa baboseira. – Não tem como ter certeza.

– Vou te levar no médico amanhã e saberemos. – minha irmã parecia mais animada que eu.

– Mas, Molly... Você não entende. Eu não posso estar grávida. Eu não posso ter esse bebê! – falei uma pouco angustiada. – Se esqueceu do que eu faço? Se esqueceu de como é minha vida? – falei, passando a mão pelo rosto.

– Tem razão. Mas, não tem como saber. Você precisa ir ao médico e se for verdade... – ela suspirou.

Ela não continuou a fala.

Mas, se fosse verdade, se eu tivesse mesmo grávida... Eu não precisaria ter esse bebê, certo? Eu posso muito bem abortá-lo, posso tirá-lo de mim a qualquer custo. Ele não precisa nascer. Justin nem vai precisar saber dele. Nunca vai saber.

Eu não estou grávida! Não estou! Não posso estar.

– Ah, quase ia me esquecendo. – Molly pegou um papel que estava sobre a cama e me entregou. – é a tal carta. Leia com atenção e depois me diga o que acha... Mas, vá para o seu quarto. Conversamos melhor amanhã... Você tem muita coisa pra me contar ainda, Susan. – ela sorriu e eu assenti apenas.

Saí dali e fui andando lentamente até o final do corredor. Abri aquela carta e passei os olhos por ela.

Era digitada. E eu com a esperança que alguém tivesse a escrito a mão.

Não importa, comecei a ler cada palavra com atenção, tentando entender aquilo. Entender o que aquela pessoa queria com a minha irmã.

Olá garotinha perfeita,

Por onde começar? Quem conhece a historia da sua família, sabe que esta longe de ser perfeita. Mas, me diga, quem é que conhece a verdadeira historia? Ninguém, certo? Porque será que nunca acharam os assassinos que mataram seus pais? Ah, talvez porque quem os matou, seja a sua irmãzinha. Porque esconder isso? Achei que você se importasse com seus pais, mas, esconder sua irmã de todos é errado, não acha? Você se acha a menina perfeita, certo? Mas, você também é um porre. Todos julgam a sua irmã, mas, não sabem que você esconde algo também. Susan mata sim, ela rouba, ela comete milhões de homicídios, ela é uma assassina cruel e fria, que se esconde de todo mundo. Mas, e você? Acha que também está certa de tudo? Quando seus pais morreram, você estava grávida. Grávida na adolescência. Escondeu isso deles e quase abortou a criança. E ainda assim dizem que é perfeita? E se soubessem que você se envolveu com drogas e quase matou alguém para que conseguisse alimentar o seu vicio? Então, Molly? Você não é nada diferente da sua irmã. O seu marido deve valer ouro, certo? Você espancou e chegou a esfaquear uma garota, sua melhor amiga, por causa dele, não foi? Ah, querida, você tem muitos segredos também. Mas, não estou aqui para falar de você. Estou aqui para falar da sua irmã. Sim, de Susan. Você sabe o que ela faz? Sabe das coisas que ela anda fazendo por aí? Bom, acho que ela tem que começar a pagar os seus pegados. Ela tem que começar a aprender como é a vida e que tudo o que vai pode voltar. Tem que aprender que toda ação tem uma reação. E ela vai arcar com todas as conseqüências, com todas as matanças, com tudo.

Eu sei que você tem medo, Molly. Sei que você fica o mais longe possível dela por puro medo. E se você tem medo dela e de todos os problemas que sua querida irmãzinha causa, é melhor começar a ter medo de mim. Tenha mais medo de mim do que dela. Porque eu posso fazer a vida de vocês duas virar um inferno. Sua vida é perfeita, não é? Tem um belo corpo, uma linda casa, um marido maravilhoso, uma família incrível... Mas, tudo isso vai ser destruído. Você vai ver sua família se perder, vai ver seus filhos queimarem em fogo, se você não me ajudar. Se você não der o que quero, você vai ver sua família sofrer. No próximo feriado, vá com sua irmã até a lanchonete mais próxima de sua casa. Aquela que fica a uns 15 minutos daí. A leve até lá. Não diga isso a ninguém, nem mesmo a ela. Fale apenas que quer conversar em nome dos velhos tempos. Não vamos fazer mal a nenhuma de vocês. Vamos apenas dar um recado. Um pequeno recado. E você vai nos ajudar. Você vai ouvir nosso recado e vai ajudar-nos. Sua irmã precisa pagar. Ela tem que receber o que merece. Não se esqueça, vá somente vocês duas. O jogo começou, garotinha perfeita. E é melhor que saiba jogar ou tudo acaba pra você.

.

Engoli em seco ao terminar de ler.

Mas, que merda é essa? Tinha coisas ali que nem ao menos eu sabia. Coisas sobre Molly que eu nunca pensei que havia acontecido. Preciso conversar com Molly. Amanhã terei uma conversa séria com ela. Será que ela planejava tudo isso? Me levar lá sem me dizer nada?

Bom, ela me deu a carta para ler. Ela queria apenas que eu soubesse.

Não posso ficar pensando muito nisso. É muita coisa para se preocupar, estou começando a ficar assustada. Isso é... Loucura. O que essa pessoa quer? Que tipo de recado é esse que ela quer passar? O que seria isso? Eu não agüento tudo isso. Mas, quem sabe se formos até lá... Vou ficar atenta para descobrir quem é a pessoa. Vou vê-la e vou matá-la, é um plano simples.

A pessoa vai achar que eu não sei de nada, que eu não sei do recado e nem da carta, e então, quando eu descobrir quem é... Eu apenas vou matá-la.

Entrei no quarto com cuidado, Justin estava deitado na cama. Suspirei.

Coloquei a carta dentro de uma das gavetas da cama, por baixo de algumas roupas. Justin jamais poderia saber de tudo isso.

Em seguida, me troquei rapidamente, colocando um pijama e me deitei na cama ao lado de Jus.

Senti suas mãos envolverem minha cintura e me puxarem mais para si.

– Está melhor? – ele sussurrou perto do meu ouvido.

Sorri.

– Sim. – ri pelo nariz. – Estava acordado esse tempo todo?

– Estava.

– Idiota. Eu... Eu estava me trocando e... –

– Eu adorei. Já vi tudo mesmo, Susie. Não se preocupe. –ele riu.

– Você é um pervertido.

– Que te ama muito. – sorri ao ouvir ele dizer.

– Jus, se algum dia eu te decepcionar, seja de qualquer forma possível... Você promete se lembrar disso? Promete se lembrar que me ama? Promete se lembrar desses nossos momentos? – perguntei baixo.

Ai, quanto sentimentalismo é esse Susan?

Bom, acho que eu só estava com medo de ser deixava por alguém que eu... Alguém que conseguiu roubar meu coraçãozinho negro.

– Eu prometo Susan. Prometo te amar mesmo que doa. – ele riu e beijou minha nuca, fazendo eu me arrepiar. – O que há com você? Conversas estranhas essas.

– Bobo, só quero ter certeza que vai estar sempre aqui. – me virei de frente pra ele e o abracei.

Ele riu e beijou meu nariz.

Em seguida desceu para me dar um beijo nos lábios. Logo sua língua estava explorando os cantos da minha boca e sua mão apertava minha bunda, me fazendo rir.

– Vou estar sempre aqui. – murmurou contra meus lábios.

Nunca achei que mudar fosse algo bom. Mas, podemos mudar.

Sei que estou começando a fazer coisas melhores, que estou sentindo coisas que nunca fui capaz de sentir antes, estou conhecendo pessoas diferentes de mim... Estou vivendo uma vida real e da qual eu não me orgulho tanto assim, mas, eu também não me orgulhava tanto de minha vida anterior.

Matar pra mim era um tipo de hobbie, ou até um dom. E eu nunca tinha respostas concretas para as coisas da vida.

Tudo sempre foi confuso e imperfeito. Sempre tive milhões de incertezas na vida e eu nunca quis ser diferente do que era. Mas, estou sendo diferente.

O que aconteceu comigo?

Eu enfrentaria tudo sem medo e de braços abertos, mas, agora... Acho que virei uma covarde que tem medo de cartas e CD’s.

Eu não posso ter medo. Tenho que ser forte.

O que aconteceu com a velha, corajosa, destemida e amedrontadora Susan Taylor?


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Notas finais do capítulo

Espero que esse capitulo tenha compensado um pouquiiiiiiinho!
Eu ia postar ontem, mas, tive que viajar... Enfim, ME DIGAM O QUE ACHARAM AMORES!!!! Preciso de opiniões, POR FAVOR. Sugestões são bem vindas.
DEIXEM SEUS COMENTARIOS E FAÇAM SUAS APOSTASSSSS! KKK
vou respondeer os reviews...
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E acho que vou mudar a fic pros originais, vocês continuam lendo? ):
kkk
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COMENTEM, NHAAAAAAAAAAC. Até logo, gente!