Giuliet Volturi - Dark Side Of The Earth escrita por G_bookreader


Capítulo 37
Cerimônia - Parte II




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As duas semanas que se seguiram foram uma verdadeira loucura. Lista de convidados, que não era muito grande, mas era gente o suficiente para dar trabalho, roupas, arrumações, Padre Neil tentando arrumar um horário para a semana que Fátima e Kronus queriam, já que precisávamos de um padre e ele era o único vampiro da categoria, sangue para esse pessoal todo e muitas outras coisas. Fátima infernizou nossa vida até que tudo estava no seu perfeito lugar. No dia anterior, já estava tudo arrumado em uma campina que ficava muito bonita naquela época do ano, com as folhas nas cores do outono cobrindo o chão e as árvores. Andreas e meia dúzia de sites de meteorologia diziam que não ia chover por quatro dias, então estávamos tranqüilos quanto a isso. Kronus estava na casa de Giacomo e Hecate, enquanto Fátima estava conosco na casa principal. Todos os homens estavam na outra casa com Giacomo, exceto Andreas, que entraria com ela na cerimônia e, portanto, tinha que estar por perto. Eu e Hecate gastamos bastante vocabulário para explicá-lo tudo que ele tinha que fazer, como se portar e essas coisas. Ele havia entendido bem, pelo menos é o que eu esperava. Os outros convidados estavam espalhados nas outras casas, se ajeitando do modo como podiam. Eles iriam sobreviver a isso.

A noite havia chegado e era só esperar o dia vir. Ou, pelo menos, era isso que queríamos que os homens acreditassem. Quando escureceu, eu estava sozinha na sala, lendo um jornal local, só passando o tempo, sem prestar muita atenção. Quando que Andreas ia fazer o favor de ir embora? Eu estava ansiosa para começar a fazer com Fátima tudo que ela fazia com a gente, ou bem pior. Então, finalmente, ele desceu as escadas e eu fingi que não vi. Ele foi saindo de fininho, achando que eu não tinha visto mesmo, e revirei os olhos.

-Onde o senhor está indo de fininho? – Perguntei, ainda olhando para o jornal. Ele parou, girando nos calcanhares e olhando na minha direção.

-Eu... er... é que... o... bem... – Se eu não estivesse fingindo que estava séria, teria rido.

-Já sei, despedida de solteiro. – Dobrei o jornal e o apoiei sobre o meu colo. – Então, em que clube, boate, cabaré, ou qualquer coisa tosca do tipo, vocês irão? – Apesar da interrogação, minha voz era totalmente calma.

-Nós não vamos a um lugar assim. – Ele se defendeu, estava falando a verdade. Então ele me encarou melhor, prestando atenção. – Você está brincando comigo, não está? – Ele perguntou, com um suspiro e eu não consegui mais me controlar, acabei sorrindo.

-Estou, eu sei que vocês não vão a lugar nenhum assim. – Dei uma risada maldosa. – Até porque, nenhum de vocês quer morrer lenta e dolorosamente.

-Você tem um ponto. – Ele disse, pensativo. – Nós só vamos caçar, nada demais.

-Boa sorte, então. E é bom voltar inteiro. – Avisei, brincando e ele saiu, com um sorriso.

Calculei o quanto ele andaria até que não ouvisse mais o que se passava na casa, enquanto fingia fazer qualquer outra coisa de interessante. Beta dormia em seu quarto, no andar de cima, então nem perceberia nossa ausência. Ótimo, momento perfeito.

-Camily, vem! – Falei alto e a loba apareceu, em forma humana, saindo dos fundos da casa, onde devia estar escondida entre as árvores.

-Finalmente ele se mandou, achei que ia ficar aqui o resto da vida. – Ela reclamou, entrando. – Então, o que falta?

-Chamar Fátima, subam aqui as duas. – Hecate disse, aparecendo na escada e nos chamando na encolha.

Fomos atrás dela, em silêncio. Lizzie apareceu no meio do caminho, como se houvesse brotado do chão, e finalmente chegamos ao quarto dela. Bati gentilmente na porta, como se pudesse, de alguma forma, parecer inocente. Ela abriu a porta, despreocupada. Foi curioso olhar para sua figura inocente e um pouco infantil, e imaginar o que faríamos ela fazer em pouco tempo. Pelo modo como se balançava levemente, eu sabia que mal podia se agüentar de tanta ansiedade. 

-O que foi? – Ela perguntou, a voz, apesar de tudo, relaxada.

-Nos acompanhe, por favor. – Eu disse, abrindo espaço para que ela passasse. Ela nos olhou, desconfiada. Já tinha entendido que algo estava planejado.

-Acompanhar para onde?

-Só acompanhe. Temos umas coisas a fazer hoje à noite.

-Como o que? – Ela insistiu, mas não iríamos responder. A surpresa era a melhor parte.

-Venha logo e não discuta. – Hecate disse, a pegando pelo braço e a puxando. Ela não tentou resistir porque sabia que não ia dar certo, éramos mais numerosas.

-Vocês estão realmente me sequestrando?

-Não, estamos só te levando para um pouco de diversão. – Camily respondeu enquanto descíamos as escadas.

-Eu não quero essa diversão! Vocês tem noção da cara maligna que estão fazendo?

Nós quatro rimos e ela bufou, aceitando o seu destino inevitável. Descemos as escadas e, no meio da sala, Hecate parou, com as mãos na cabeça.

-Ih, esqueci de uma coisa! – Ela disse, indo em direção à cozinha. – Vão indo para o carro que eu já vou. – Ela sumiu antes que pudéssemos questionar e continuamos.

Chegamos na garagem e fui para o lado do motorista. Camily entrou no banco ao lado, as outras duas atrás. Logo Hecate apareceu com um isopor e botou na mala, trazendo quatro garrafas com ela, que havia tirado lá de dentro. Quando entrou, deu duas garrafas para as duas de trás e me estendeu outra, que peguei e analisei. Cerveja de sangue. Estavam apostando um pouco alto demais na diversão da noite, mas até que não faria mal.

-Desculpe, Camily, não deu tempo de comprar nada para você sem levantar muitas suspeitas. – Hecate disse, abrindo sua garrafa.

-Tudo bem, eu prefiro ficar sóbria. – Ela respondeu, parecia realmente aliviada de não ter nada para ela. Ficar bêbada perto de um monte de vampiras temporariamente irresponsáveis não deveria ser muito legal mesmo.

-Só se lembrem que amanhã nós temos que estar sóbrias e boas. – Avisei, antes de abrir a minha garrafa e dar partida com o carro.

-Só se lembrem que eu tenho que me casar amanhã, portanto tenho que estar viva e saudável. – Fátima disse, enfatizando a palavra “eu”. – Não necessariamente nessa ordem. 

-Nós vamos te manter vivas, não se preocupe. – Hecate disse, antes de dar uma golada no sangue. – Até porque você tem dois irmãos que tem plenas capacidades de falar tanto no nosso ouvido que iremos ter dores de cabeça até o fim dos tempos.

-Boa. – Concordei com ela. Se alguma coisa acontecesse com Fátima, Andreas e Giacomo iriam falar no nosso ouvido por muito, muito tempo.

-Pelo menos viva eu volto... – Ela murmurou, cruzando os braços.

-Mas então, para onde vamos? – Perguntei, virando na estrada.

-Port Angeles. – Hecate e Lizzie responderam ao mesmo tempo. Excelente, Seattle era longe demais para irmos o mais rápido que podíamos.

Dirigi rápido como não fazia havia muito tempo, eu queria chegar logo para poder voltar antes que Andreas chegasse da diversão sem graça deles. Isso envolvia ultrapassagens arriscadas e um pouco de esforço por parte dos pneus. Ah, claro, e os humanos xingando alto algumas coisas não muito bonitas. Até parece que eu ia tocas a linda lataria do meu carro na carroça deles.

Em meia hora estávamos entrando na cidade, o que significava que eu tinha feito algo semelhante a operar um milagre. Eu ainda nem havia terminado minha garrafa e Hecate já estava na terceira, se dobrando toda para conseguir abrir a mala pela parte de trás do carro e pegando as garrafas. Lizzie estava na segunda e Fátima não havia tocado na dela direito. Ela estava realmente com medo de nós, mas eu não duvidava nada que até o final da noite não estivesse gostando da situação. Até porque, eu esperava que as meninas não pegassem exatamente pesado com ela, ela não merecia.

Mentira, merecia sim, mas de qualquer forma, não deveríamos pegar pesado.

-E agora? – Perguntei, já que não sabia aonde ir após chegar a cidade.

-Só vai andando, devagar agora, enquanto decidimos. – Lizzie disse, olhando atentamente pela janela.

-Um instante... Vocês não sabem onde estamos indo? – Fátima perguntou, olhando cada uma de nós, perplexa.

-Vamos te explicar agora direitinho o que irá acontecer nessa noite mágica. – Hecate começou, se ajeitando no banco. Sim, já havia algum efeito da bebida nela. Sim, as coisas iam começar a ficar interessantes agora. – Se você quiser voltar para casa e se casar amanhã, vai ter que cumprir alguns desafios. Na verdade, serão quatro desafios, sendo que cada uma de nós escolherá um. Você não tem a opção de não cumpri-los.

-Mas eu não quero fazer nada! – Ela chiou, agora realmente irritada. – Giuliet, você deixou isso acontecer?

-Ela está dirigindo, se você reparar bem. – Lizzie disse, rindo.

-E você, Camily? Não tentou pará-las?

-Eu estou acobertando elas. – Camily disse, rindo também.

-Andreas não sabe de nada. – Expliquei. – Ele não vê nada enquanto ela estiver conosco e, se ele não sabe, Giacomo sabe menos ainda. Ninguém poderá vir resgatá-la.

-Giuliet, para aqui! – Hecate praticamente gritou e eu parei assim que pude, olhando para o estabelecimento que ela apontara.

Em um primeiro momento, achei que fosse um barzinho mais elegante. Depois, olhando melhor, parecia uma boate menos elegante. Havia uma música tocando e umas pessoas bebendo. A frente era de vidro, então dava para ver o que se passava no ambiente lá dentro. Não era um lugar exatamente acabado, mas também não era o mais bem cuidado do mundo. As pessoas lá dentro não tinham um tipo certo, eram mistura de tudo.

-Vamos lá, Fátima, sua primeira missão. – Hecate começou a falar. – Esse lugar parece perfeito para isso. Lizzie, pode começar.

-Ótimo, já tenho uma idéia excelente. – Minha irmã disse, olhando fixamente lá para dentro. – Olhe, Fátima, está vendo lá no final do balcão, um cara com um casaco de couro preto?

Procurei o que ela havia apontado e tive vontade de rir no momento em que vi. Devia ser um garoto de dezenove anos, mas não os legais de dezenove anos, mas os “nerds” de dezenove anos. Ele só devia estar dando uma pausa entre um videogame e outro. Até os óculos redondos havia, e algumas espinhas pelo rosto.

-Sei. – Fátima respondeu, o tom de insatisfação sempre presente na voz.

-Então, o que você vai fazer é bem simples. Você irá dar o seu jeito e fazer com que aquilo te pague uma bebida. – Lizzie disse isso como se desse uma grande notícia.

-E como vocês esperam que eu opere esse milagre?

-Isso você irá decidir. – Hecate disse, abrindo a porta e saindo, dando espaço para Fátima. – Vamos logo com isso, ainda temos outras três coisas a fazer.

Fátima, com um suspiro, saiu do carro e foi andando em direção ao lugar. Hecate entrou e fechou a porta, abaixando o vidro pela metade. Antes de entrar, a italiana olhou para trás com uma expressão trágica no rosto, mas nem sequer nos abalamos. Então, não havendo outra maneira, ela entrou.

Andou distraidamente pelo local, o que já foi o suficiente para metade dos homens do local começarem a encará-la, inclusive a vítima da noite. Se Andreas pudesse ver isso, iria me matar, mas não podia, então estava tudo bem. Fátima continuou a andar distraidamente, e, como se não quisesse nada, se sentou ao lado do garoto. Ele ficou, no mesmo instante, obviamente nervoso. Ela esperou um tempo, para ver se algo acontecia, e ele nada.

-Ele é um pouco tímido. – Lizzie disse, afirmando o óbvio.

-Assim que é divertido. – Hecate disse, bebericando sua garrafa e sorrindo sarcasticamente. Ela estava passando tempo demais com Giacomo.

Fátima jogou o cabelo para um lado, para o outro, o garoto quase morreu e nada. Nós quatro rimos do carro quando Fátima nos olhou envergonhada e voltou a sua tentativa. Então ela resolveu puxar assunto com ele e ele, mais nervoso ainda, mesmo que eu houvesse pensado que isso não era possível, respondia qualquer coisa. Até que, depois de um demasiado tempo de conversa, ele chamou o garçom do bar e pediu qualquer coisa. Ela, muito simpática e cheia de charme, pediu licença e saiu de fininho, entrando no carro novamente.

-Eu vou matar vocês. Ou ainda melhor, vou sentar com meus irmãos, Christopher e Benjamin e convencê-los a pedir vocês em casamento. – Epa, algo errado nessa frase.

-Benjamin? – Perguntei, não entendendo por que motivo ele entrava nisso. Elas trocaram um olhar tenso e percebi Camily se mexendo no banco do carona.

-Giuliet, você não está exatamente a par dos novos casais de Forks. – Hecate disse, se inclinando para frente, ponto a cabeça entre eu e Camily. – Mas acho que Camily tem uma ótima história para te contar quanto a isso. – Olhei para Camily, séria, e o clima ficou tenso.

-Você e Ben estão juntos?

-Faz uns meses já, aconteceu. – Ela respondeu, insegura.

-Aconteceu... Eu só tenho uma pergunta a fazer. – Falei, meio severa, o que a fez me olhar de um modo preocupado, e as três de trás ficarem em silêncio. – Se vocês se casarem, terão filhos ou filhotes? – Comecei a rir da cara que ela fez, e as outras também riram. No final, até Camily estava rindo.

Dei partida com o carro enquanto nos recuperávamos. Respirei fundo e consegui me controlar, as outras pararam mais ou menos no mesmo momento.

-Agora falando sério, fico feliz por vocês dois. – Falei e ela me respondeu com um sorriso. Lembrei de um outro ponto daquela conversa. – Hecate, você disse “os casais”. Além deles dois, quem mais?

-Giuliet, Giuliet... é sogra e nem sabe... – Hecate respondeu, de um modo teatralmente triste. Como assim eu sou sogra e não sei?

-Beta? – Perguntei, perplexa. – Com quem? – Mas, no fundo, eu já sabia a resposta.

-Nosso irmão, Jones. – Lizzie disse, calmamente. – Eles estão juntos há mais ou menos três meses.

-E ninguém me conta isso? – Perguntei, agora levemente irritada.

-Ela falou que queria falar com você pessoalmente, tivemos que respeitar. – Explicou Fátima. – Por isso, trate de fingir que não sabe de nada.

-Eu estou aqui há duas semanas e ela não falou nada.

-Ela está se preparando para isso, provavelmente acha que você não vai aprovar. – Camily disse.

-Por que eu não aprovaria? – Perguntei, ainda mais perplexa.

-Ah, sabe como é cabeça de adolescente. – Hecate disse, dando de ombros. – Talvez porque ele seja filho de Jason.

-Eu também sou filha de Jason e eu não me proíbo de existir por causa disso.

-Ah, vamos ser sinceras, você não era a pessoa mais liberal do mundo um tempo atrás. – Hecate disse, e, infelizmente, era a verdade.

-Tudo bem, eu vou dar a ela o tempo que ela precisa. – Falei, relaxando novamente. Isso, de certa forma, me deixou feliz. Jones era legal, apesar de ter crescido onde cresceu. E ele era o único da espécie dela que nós conhecíamos e confiávamos. Nada de ruim. – Então, para onde vamos agora?

-Quem quer escolher agora? – Hecate perguntou, olhando distraidamente pela janela. – Eu quero ser a última.

-Eu escolho. – Camily disse, se ajeitando na cadeira. – Alguém tem um lápis e um papel?

-Tem no porta luvas. – Respondi e ela pegou, começando a desenhar.

Olhei de rabo de olho para os desenhos e vi que desenhava um carro. Ela desenhava muitíssimo bem, e, com traços rápidos, um modelo de carro facilmente identificável estava impresso no papel. Ela arrancou a folha do bloco e estendeu para trás, para Fátima. Fátima pegou e ficou encarando a loba, procurando uma resposta.

-Giuliet, esse seu carro corre bem? – Camily perguntou, analisando o painel.

-Corre. – Respondi, sem entender direito.

-Você vai querer correr com isso?

-Por hoje eu posso fazer isso.

-Ótimo. – Ela se virou para trás. – Há uma loja de carros esportivos aqui perto, e lá tem esse modelo. Você terá que entrar na loja, achar esse carro, roubá-lo e depois de tudo isso, veremos qual carro ganha uma corrida.

-Você é um gênio do mal. – Hecate disse, a olhando pasma. – Por que eu nunca te chamei para sair fazendo besteira antes?

-E onde fica essa loja? – Perguntei e ela indicou o caminho.

Parei na esquina da rua da loja e Fátima cobriu a cabeça com o capuz do casaco e botou o cabelo para frente, de modo que não dava para ver seu rosto direito. Saiu do carro e foi, quase que parecia uma ladra de verdade. A loja estava fechada pela frente, mas ela, após checar se não havia nada nem ninguém que pudesse vê-la, pulou para o telhado e não a vimos mais. Ficamos em um silêncio ansioso enquanto uns minutos passavam, e nada dela.

-Se um alarme disparar, o que a gente faz? – Lizzie perguntou, inquieta lá atrás.

-A resgatamos e saímos correndo como condenadas. – Respondi, despreocupada.

-E se policiais nos encontrarem? – Ela voltou a perguntar.

-Eu não sei quanto a vocês, mas eu estou com um pouco de sede. – Camily fez uma cara um pouco feia quando falei isso, mas não disse nada. Também não teve tempo para isso.

A frente da loja explodiu, barulhentamente, nos assustando. O carro que Camily havia desenhado, branco com detalhes em preto na lateral, saiu rápido e, o mais breve o possível, comecei a acompanhá-la. Corremos como condenadas até que os sons dos alarmes ficaram distantes. Continuamos a andar até chegarmos em uma parte totalmente afastada da cidade, quase que na estrada novamente, onde paramos lado a lado e abaixei o vidro, Fátima fazendo o mesmo.

-Eu vou ser presa por causa disso! – Ela reclamou, mas havia uma excitação em seu olhar que eu reconhecia muito bem. Ela havia gostado daquilo.

-Quem vai para o carro dela? – Hecate perguntou.

-Deixem que eu vou. – Camily disse, saindo do carro e chegando ao outro logo, entrando no banco do carona. Hecate passou para o meu lado.

-E agora, fazemos o que? Temos que nos livrar desse carro logo, eu não tive como ser mais sutil. – Fátima disse, tirando o casaco e ajeitando o cabelo.

-Agora você terá que vencer Giuliet em uma corrida, simples assim. – Camily disse, colocando o cinto.

-Qual o percurso? – Fátima perguntou, segurando firmemente o volante. Automaticamente levei minha mão à marcha.

-Bem, Giuliet, é sua vez de decidir, e como você não vai querer fazer nada de essencialmente interessante, sugiro que você escolha. – Hecate disse, também ponto o cinto de segurança.

-Que tal atravessar Port Angeles? – Falei, resolvendo aderir ao cinto, para ficar mais presa ao banco. – Quem chegar na outra estrada primeiro vence.

-Apostado. – Ela disse, fechando o vidro e eu fiz o mesmo. Ainda conseguiríamos nos ouvir.

-Quando eu disser três. – Hecate disse, um pouco mais alto. – Um. Dois. Três!

Os dois carros saíram simultaneamente, os motores rugindo e os pneus cantando. Inicialmente andamos lado a lado, mas logo encontramos o fluxo e as coisas ficaram mais interessantes. Entrávamos na contra mão, subíamos a calçada, passávamos a milímetros dos outros carros. Mesmo andando no meio da cidade, nossa velocidade não era menor do que duzentos por hora, nunca. Os humanos do lado de fora deviam pensar que estávamos bêbadas, ou loucas. E provavelmente estávamos mesmo. Chegou um grande cruzamento e dois carros estavam passando. Eu não podia parar a tempo, não tinha como desviar. Fátima estava em uma posição mais fácil, um pouco atrás de mim e mais para a esquerda, então conseguiria desviar facilmente. Mas eu não. Acelerei, sabendo que não tinha outra opção e, quando os dois carros quase se encontravam, consegui passar por entre eles, como em uma cena cinematográfica, fazendo-os se assustarem e frearem tão forte que os carros viraram de lado. Não ter que desviar me deu uma vantagem um pouco maior, que seria perdida em breve.

A rua se fechou, tornando-se mão dupla e Fátima, me fechando, entrou na frente e, para não causar um acidente, freei um pouco. Isso permitiu que ela fosse muitos metros à minha frente. Eu nunca conseguiria recuperar isso naquela estrada.

-Vira na próxima à direita. – Hecate disse, com os olhos vidrados na pista.

Fiz o que ela mandou e depois virei à esquerda, me deparando com uma rua mais ampla e, melhor, vazia. Boa, Hecate. Acelerei com tudo que eu tinha, ultrapassando os poucos carros que haviam lá. Aquilo era tão emocionante que me perguntei por que motivo não tive essa idéia antes. Camily era definitivamente um gênio do mal.

Quando chegou a hora de virar para a estrada, virei abruptamente para a esquerda novamente, cantando pneus e repeti o mesmo processo, só que para a direita. Entrei perfeitamente à frente de Fátima, que por pouco não bateu na traseira. A estrada estava chegando e era só eu manter a dianteira. Ela não conseguiria mais me ultrapassar, a não ser que tivesse um truque escondido.

E não é que a maldita tinha?

Passou para a contramão quando não vinha mais ninguém e começou a acelerar de uma forma absurdamente impossível para um motor normal. Quando fiquei para trás o suficiente para poder ver, vi algo semelhante a uma chama azulada saindo do escapamento.

-Nitro? Isso é injusto! – Hecate disse, cruzando os braços. – Eu achei que isso só existisse em videogames.

-Aparentemente nos enganamos. – Eu disse enquanto acelerava no máximo. Minha distância diminuiu, mas não era o suficiente.

E, com isso, ela chegou primeiro. Parou o carro no acostamento e eu parei metros à frente, descendo. Agora tínhamos que dar um fim ao carro para não termos problemas. As outras duas vieram comigo, enquanto Fátima e Camily também saíam, rindo.

-Isso não vale! – Eu falei, me aproximando.

-Claro que vale, não havia nenhuma regra quanto a isso. – Camily disse, se recostando no carro.

-Giuliet dirige melhor só pelo fato de ter quase ganhado sem usar nenhum artifício obscuro. – Hecate disse, tentando amenizar o fato de que havia perdido. Ela odiava perder.

-Vocês perderam e estão querendo arrumar desculpas. – Fátima disse, rindo da minha cara.

-Vamos acabar logo com esse carro. – Eu disse, me aproximando dele. – Ajudem aqui e parem de rir como gralhas.

Juntas, arrastamos o carro para longe da estrada principal e Hecate botou fogo. Aquele maldito trapaceiro estava queimando lindamente agora. Ninguém vence o meu carro com roubo e sai ileso. Voltamos para o carro e deixamos o outro para trás. Quando entramos, Hecate ficou na frente, era a vez dela e ela queria estar lá para isso.

-Giuliet, sabe chegar nesse endereço? – Ela me perguntou, passando um papel para mim.

-Sei, passamos por uma rua transversal a essa quando viemos. O que tem lá?

-Esperem. E Fátima, prepare a voz. – Ela disso, um ar maligno em seu rosto. Acho que agora chegaríamos na parte do “pegar pesado”.

-Por que eu teria que preparar minha voz?

A única resposta de Hecate foi uma risada debochada. E em silêncio fomos até eu parar em frente ao lugar. Parecia um clube, qualquer coisa assim. Todas nós olhamos para o lugar, curiosas, e Hecate estava ansiosa.

-Vamos. – Ela disse, saindo do carro. Saímos também, mas sem entender.

-Vamos aonde? – Lizzie perguntou, andando ao meu lado e tirando as palavras da minha boca.

-Relaxem.

Entramos pela entrada de funcionários do lugar, que Hecate bizarramente tinha a chave. Aparentemente era um teatro pequeno e não muito popular. Ela nos levou até uma sala em especial que já estava iluminada, de forma fraca, em alguns pontos do palco. Provavelmente virava a noite assim. Havia cadeiras acolchoadas e vermelhas, era realmente um teatro, só que bem pequeno. Havia também um piano e um microfone ali perto, em uma cadeira. E eu não estava entendendo absolutamente nada.

-Que diabos é isso? – Fátima perguntou, sentando-se em uma cadeira na primeira fila.

-Não senhora, seu lugar é lá em cima. – Hecate respondeu, puxando-a pelo braço e levando-a até em cima do palco. – Venha, Giuliet, o piano é seu.

Obedeci, subindo e me sentando no piano, já que aparentemente não tinha outra opção. Hecate sentou Fátima em uma cadeira que havia quase ao lado do piano e entregou-lhe o microfone, saindo e descendo do palco para pegar sua bolsa. Fátima me olhou confusa, mas eu estava tão sem informação quanto ela. Hecate voltou com dois papéis, um para Hecate e um para mim, um pouco maior. Era a partitura de uma música e eu conhecia aquela caligrafia.

-Andreas? – Perguntei, entendendo absolutamente nada.

-Sim, eu andei mexendo nas coisas do Kronus e achei isso escrito. – Ela apontou para a letra da música na não de Fátima. – Ele escreveu essa música, sabe como ele sempre foi bom como composições e com palavras. Então pedi a Andreas que fizesse a melodia da música para fazer uma surpresa a ele, o que não é de tudo mentira. Agora é só você reproduzir o que está aí enquanto Fátima canta. – Então ela olhou para Fátima, séria. – Você tem lá o seu entendimento de música. Giuliet vai começar a tocar e você a cantar. Finja que está falando isso para ele e tudo dará certo. Ponha o máximo de coração nisso.

-E por que tenho que fazer isso? – Fátima perguntou, ecoando a pergunta da minha mente.

-Porque precisamos de uma música para a sua entrada amanhã. – Hecate disse, pegando em um canto um aparelho para gravar o som e ponto em cima do piano. Era um negócio grande onde ela conectou o microfone. – Ele também grava o som externo, por isso gravará o piano. Toquem perfeitamente.

-Hecate, você virou uma mulher romântica. – Brinquei, não conseguindo me controlar.

-Cala a boca e toca. – Ela disse, virando a cara. Se fosse humana, eu sabia que teria corado. – Vamos lá, quando eu der o sinal.

Ela apertou um botão e acenou para que eu começasse e, de acordo com a partitura, toquei. A música não era rápida demais, tampouco lenta. Era a melodia perfeita para a letra que Fátima começou a cantar um pouco depois. A música era simplesmente linda, sem exageros, assim como a melodia. Era romântica, claro, mas era tão na medida que não ficava melosa. Kronus havia feito uma letra sem defeitos, com uma perfeição incrível. Fátima não cantava muito, normalmente quem fazia isso no passado era eu, ou Hecate. Ela insistia que nós duas cantávamos muito melhor do que ela, o que seria verdade em ocasiões normais. Mas naquele momento eu não saberia dizer o que aconteceu, mas ela atingiu todas as notas perfeitamente, como se suas cordas vocais fossem feitas para cantá-las. Andreas tinha feito um excelente trabalho com a harmonia e eu acabei me entregando à música, deixando que ela fluísse pelos meus dedos. Quando Fátima parou de cantar e eu toquei o último acorde, Hecate desligou o aparelho, olhando para nós duas perplexas. As outras duas, sentadas na platéia, pareciam fazer o mesmo.

-Eu não sei qual das duas arrasou mais. – Ela disse, realmente pasma. – Fátima, você nunca cantou assim antes. E Giuliet, você tocou melhor do que Andreas.

-Menos. – Eu disse, rindo e revirando os olhos.

-É verdade. – Ela não estava brincando. – Se eu fosse produtora musical, eu contratava vocês na hora. Fátima fará a entrada mais bonita do mundo amanhã. O coração de Kronus vai bater só para poder parar de novo, sinceramente.

-Agora vamos para casa, porque senão o coração que vai voltar a bater para depois parar é o de Andreas. – Fátima disse, se levantando e rindo. – Tenho que admitir, meninas, hoje foi divertido.

-Claro que foi divertido, você estava com a gente! – Camily disse da platéia, o que fez todas nós rirmos.

-Isso ajuda bastante, realmente. – Ela respondeu, sorrindo.

-Vamos antes que isso fique emotivo demais. – Hecate disse, pegando o aparelho e retirando um cartão de memória de dentro. – É muito mais fácil fazer as coisas hoje em dia. – Ela falou ao guardar o cartão na carteira.

Saímos de lá e Hecate trancou o lugar. Eu tinha que me lembrar de perguntar onde ela conseguiu aquilo. Mas, pensando melhor, eu preferiria nem saber. Entramos no carro e começamos a voltar para casa, conversando animadamente. Aquele sentimento de plenitude me atingiu novamente. Eu estava feliz. E esse sentimento era tão raro e eu já o tinha considerado tão perdido que foi impossível não me calar ao senti-lo. Vim para casa quase que em completo silêncio, só curtindo aquele momento de descontração enquanto elas brincavam umas com as outras. Até Camily, que tinha tudo para estar deslocada, parecia ter um papel necessário naquilo. E por que não teria, certo? Agora eles eram parte da família também.

Chegamos em casa e, para nossa alegria, nenhum sinal de Andreas. Gabi e Anne, que ficaram responsáveis por nos dar cobertura, viam televisão tranqüilamente na sala. Havia sobrado muita cerveja, porque no calor da diversão, e para minha felicidade, Hecate havia esquecido, então ela mesma levou para o freezer novamente. As outras entraram para tomar um banho e eliminar os vestígios, e eu não fiz diferente. Tomei o melhor banho que podia e botei as roupas para lavar. Ia voltar para a sala quando passei pelo quarto de Beta. Havia uma coisa me incomodando, algo que eu precisava resolver. E logo.

Entrei sorrateiramente e a encontrei, conforme esperado, dormindo. Sentei na beirada de sua cama e nem sinal de que ela houvesse, ao menos, reparado na minha presença. Sorri com a cena, daquela forma, dormindo, ela ainda me lembrava a criança que eu havia encontrado anos antes. Mesmo agora, que fisicamente ela era apenas um ano mais nova do que eu, ainda parecia. Acho que, no fundo, ela sempre pareceria aquela menina para mim.

-Filha, acorda. – Falei baixinho, balançando-a suavemente. Ela abriu os olhos azuis e os esfregou, sentando-se na cama, sonolenta.

-O que aconteceu? – Ela perguntou, preocupada e eu tive que sorri com isso.

-Não aconteceu nada, pode ficar calma. Eu só acho que preciso conversar com você.

-Sobre?

-Você. E eu também, de certa forma. – A olhei nos olhos, de um jeito que eu saberia que ela não conseguiria sustentar muito. – Não tem nada para me contar?

Ela foi bem brava na tentativa de sustentar, mas não conseguiu por muito tempo, desviando, envergonhada. Ela abraçou os joelhos, encarando a janela.

-Quem te contou?

-Eu gostaria que tivesse sido você.

-Olha mãe, pode ser que você não concorde e tudo mais, mas...

-Calma. – A cortei, mas não de forma agressiva, minha voz era a mais calma o possível. – Eu não estou chateada com você, de forma alguma, eu só queria entender porquê.

-Ah, mãe... eu fiquei com medo que você não permitisse.

-E por que eu faria isso?

-Você sabe, ele é filho do homem que tentou nos matar, você não confiava muito nele e tinha até certo preconceito com ele. Eu ia te contar, eu juro, só estava me preparando para isso.

-Primeiro, tudo bem, ele é filho do homem que tentou nos matar, só que eu também sou. – Falei, sorrindo. – Eu jamais o culparia pelos pais que tem. Sim, eu não confiava nele, tinha preconceito com ele, claro que tinha. Eu não o conhecia, não sabia as intenções dele. Mas acontece que ele provou não ser como nosso pai quando enfrentou os irmãos para te ajudar a salvar Karine. E, de uma forma ou de outra, ele é meu irmão também. E, se você se sente bem namorando o seu tio, por mim tudo bem. – Terminei essa última frase rindo e ela acabou sorrindo também. – Eu jamais faria com você o que fizeram comigo. Você é livre para decidir esse tipo de aspecto para a sua vida. Você tem dezoito anos ou não tem?

-De acordo comigo, eu tenho. De acordo com você, eu não tenho. – Ela disse, o ar de tédio aparecendo e me fazendo quase rir de novo.

-Eu estava brincando, Beta, eu não vou te tratar como uma criança de oito anos.

-Então... por você tudo bem? – Ela perguntou, esperançosa.

-Você acha que eu faria esse discurso todo se não estivesse?

-Obrigada! – Ela disse, pulando no meu pescoço para me abraçar. Ela ainda era meio vampira, o que já era o suficiente para me inclinar um pouco para trás com isso. Retribuí o abraço, sorrindo.

-Mas ele ser meu irmão não exclui o fato de que eu estou, definitivamente, de olho nele. – Ela me soltou exatamente na hora que eu falei isso.

-Não faça nada com ele, mãe, por favor! – Ela pediu, cruzando os braços.

-Vou pensar no seu caso. Agora volte a dormir, amanhã vai ser um dia longo.

Ela se deitou a ajeitei o cobertor ao seu redor. Quando achei que ela estava arrumada o suficiente para isso, beijei sua fronte e saí, fechando a porta atrás de mim. Pronto, problema resolvido.

Desci as escadas e as meninas haviam sumido. Corri para o freezer e bebi duas garrafas de O+ puro, para que o gosto da cerveja saísse da boca. Hecate, Fátima e Lizzie só veriam seus respectivos homens no dia seguinte, mas eu não tinha a mesma sorte. Quando achei que estava com minha sobriedade devidamente montada, voltei para a sala.

E, como um fantasma que possui o melhor timing do mundo, no instante em que eu sentei no sofá ele apareceu. Estava com o cabelo um pouco bagunçado e uma mancha de sangue leve no queixo, outra na blusa. Era assim que ele ia voltar ileso?

-Nossa, é assim que vocês não fazem nada demais? O que aconteceu, um exército de zumbis apocalípticos cruzou com você no caminho? – Ele riu, mas eu não estava séria. O que não quer dizer, necessariamente, que eu estivesse falando sério.

-Só caçamos, eu juro. – Ele disse, se sentando ao meu lado.

-Se arruma antes de chegar perto de mim. Todo sujo, todo bagunçado, sujo de sangue... O que vocês caçaram?

-De tudo. – Ele disse, tentando limpar a mancha de sangue da blusa. – Humanos, animais, tudo. Giacomo quando começa a inventar idéia é um perigo. Você não tem noção do gosto nojento que cervos possuem.

-Eu tenho noção é do seu estado. E esse cabelo?

-Foi a parte mais legal! – Ela estava realmente animado. – Estávamos na floresta desafiando uns aos outros a pegar o melhor animal, então, bem na minha frente, aparece um puma. Ganhei o ridículo gato do mato de Giacomo.

-Puma? E quem me garante que seu puma aí não era loira, alta e de olhos azuis? – Tive que usar toda a minha força para não rir da expressão de que fez, só então entendendo a brincadeira, exceto a parte de que não era sério.

Então ele, sério, se aproximou e botou o rosto próximo ao meu, apenas para falar baixo de um modo mais teatral.

-Bem, você não tem o menor motivo para desconfiar, já que eu contei tudo e estou sujo de sangue. Já eu tenho teria todos os motivos do mundo para desconfiar da brincadeirinha que vocês fizeram essa noite. – Olhei para ele, pasma e tinha certeza de que havia me entregado só com aquilo. Ele sorriu vitoriosamente e se afastou.

-Como que... – Parei no meu, fechando os olhos e suspirando. Eu já sabia a resposta para aquilo. – Você viu a corrida, na hora que nos afastamos, não é?

-Sim, bela habilidade no volante, por sinal. – Ele debochou, rindo. – Mas eu não vi o resto, o que deixaria uma leve pulga atrás da orelha.

-Não aconteceu nada demais, a gente só... – Ele começou a rir alto e eu revirei os olhos. – Você está tirando sarro da minha cara, não está?

-Claro que estou, você estava fazendo isso comigo. – Ele disse, se levantando e me dando um beijo rápido. – Bebida disfarçada? Realmente a sua noite foi muito mais animada do que a minha. – E com isso ele subiu, rindo. Idiota.

A manhã não tardou a chegar e a casa virou uma bagunça total. Na maioria dos quartos, nós mulheres nos arrumávamos já havia algumas horas. Andreas se arrumava também, sozinho, em outro quarto. Hecate, em primeiro lugar, obrigou a cada uma de nós a se sentar em uma cadeira por mais tempo do que seria interessante, para maquiagem e esse monte de coisa totalmente desnecessária, já que éramos vampiras e não humanas. Pelo menos ela teve o pudor de não nos transformar em Coringas do Batman. Quando ela achou que já estávamos arrumadas como deveríamos, cada uma dentro de seu vestido brega que combinava com o raio da decoração, chegou a vez de se preocupar com Fátima. Aquela sim ia sofrer.

Hecate gastou quase duas horas arrumando Fátima, o resto de nós já perdia a paciência. Então, finalmente, ela apareceu na sala, perfeitamente vestida. Sorte não haverem humanos na festa, eles não teriam coração para agüentar a imagem dela daquela forma. Kronus ia, exatamente como Hecate dissera, bater o coração só para que pudesse parar novamente. Mas ainda faltava uma coisa.

-Gente, cadê Andreas? – Hecate perguntou, preocupada e olhando o relógio do celular.

-Eu vou atrás dele. – Falei, me levantando.

-Diz para aquela coisa que quem se atrasa é a noiva, não o padrinho. – Ela reclamou, me fazendo rir.

Fui até meu quarto e entrei, me deparando com uma cena que eu jamais deixaria ele esquecer. Ele estava de frente para o espelho do guarda roupa, perfeitamente arrumado até a cintura. A camisa estava torta e ele quase se enforcava com a gravata. Tudo bem que ele nunca havia se vestido daquela forma, as roupas era frágeis demais e  nó de gravata era uma arte que nem todos dominavam, mas ainda assim eu comecei a rir.

-Não ria, isso aqui é impossível de dar nó. – Ele falou, mal humorado e concentrado, o que me fez rir mais ainda.

-Faz o seguinte, para de tentar amarrar isso e tenta arrumar a camisa primeiro. – Eu disse, me aproximando e começando a tentar arrumar aquilo. Não foi difícil, logo ficou perfeita. – Agora me dá a gravata. – Ele obedeceu e comecei a coloquei, começando a dar o nó. – Não é tão difícil assim, é só ter paciência e ir fazendo aos poucos. Pronto, perfeita. Vai, ponha o paletó. – Eu disse, passando-o para ele. Isso ele fez com facilidade. Olhei-o dos pés à cabeça, procurando algo errado. Ele estava absolutamente perfeito naqueles trajes, só havia uma coisa que, ao contrário de mim, a sociedade poderia não aprovar. – Esse cabelo não fica mais arrumado do que isso, não é?

-Eu tentei, não fica. – Ele disse, dando de ombros. Por mim estava ótimo.

-Então vamos, sua irmã já está pronta. – Falei enquanto caminhávamos para a saída. – Você não vai acreditar quando a vir.

-Vou acreditar menos do que quando te vi?

-Eu estou ridícula perto dela, é sério. Aliás, esse vestido me deixa ridícula em muitas formas diferentes.

-Há controvérsias. – Ele disse, muito errado, por sinal.

-Não, não há. Agora vamos logo senão sua irmã vai chegar mais atrasada do que já está por sua causa. – Nos apressamos para chegar na sala, onde Hecate já estava impaciente.

-Finalmente, achei que tinha morrido lá em cima! – Ela disse para Andreas.

-Eu estou aqui, não estou? Vamos. – Ele se defendeu e começamos a sair.

Iríamos em dois grupos. Um em meu carro, com todas as meninas, e outro carro, alugado e bem mais elegante, com Fátima e Andreas. Eu esperava que Andreas houvesse realmente aprendido a dirigir, porque aquilo tinha tudo para ser perfeito. Chegamos primeiro, parando o carro um pouco antes da entrada da campina e o resto do caminho a pé. Eu e Hecate fomos direto ao altar montado, todo mundo já estava lá, nos bancos. O lugar estava simplesmente lindo, as folhas cobriam o chão em tons de laranja, e também estavam presentes nas árvores ao redor. Toda a arrumação combinava com esse clima de outono e a luz da manhã entrava pelas árvores, dando um ar especialmente mágico. Kronus não conseguia ficar parado no lugar e Giacomo o olhava com seu olhar sarcástico de sempre. Resolvi, então, prestar atenção em quem havia vindo. Por um momento achei que a Rebelião da Capital estivesse toda lá. Paco, Lionel, Myrtis, Jesse, e mais alguns que eu não via desde a batalha de um ano antes, outros até mais tempo. Padre Neil estava ao lado de Kronus, calmo e pacífico como sempre, vestido com roupas de padre. Havia outros vampiros que cruzaram o nosso caminho antes e alguns que eu não conhecia, provavelmente da época em que eu e os dois irmãos andamos separados. A cena parecia um tanto quanto surreal para mim e, enquanto, por um lado, eu achava interessante a vontade de Kronus e Fátima, eu não sabia se concordava. Eu estava feliz por eles, mas não faria o mesmo, nunca. Entrar em uma cerimônia vestida de branco, com padre, convidados e tudo aquilo era simplesmente impensável. Nós não éramos humanos, isso não era feito para nós. Mas isso era a minha opinião e eu não ia fazer nada a respeito.

-Ela está pronta. – Sussurrei para o “altar”, e o padre e Kronus se posicionaram. Kronus claramente ansioso.

Passaram-se alguns instantes e a música começou a tocar. A mesma música que havíamos tocado na noite anterior. Eu não tinha noção de que havia ficado tão bom. Parecia algo feito profissionalmente, ao mesmo tempo que dava um ar de tocado ao vivo. Olhei para Kronus, curiosa com sua possível reação e encontrei um vampiro petrificado, paralisado, nem respirava. Hecate, do outro lado do altar, olhava para ele com um ar de satisfação quase que maligno. Pelo menos ela estava usando aquela habilidade para o mal de uma forma boa.

Andreas surgiu de braço dado com Fátima na entrada da campina. Beta era a dama de honra, e os três vinham graciosamente andando na direção do altar. O olhar de Fátima estava focado em um ponto só, eu não preciso dizer qual, a cena foi totalmente clichê. Provavelmente o resto do mundo havia desaparecido para ela por aqueles instantes. Para os dois. A marcha lenta atravessou a campina, com todo aquele ritual lento de sempre. Finalmente chegaram ao altar, onde Andreas, bondosamente, de um modo que eu duvidava muito que Giacomo seria capaz de fazer, entregou Fátima a Kronus e veio para o meu lado. A cerimônia continuou, Padre Neil pediu que todos se sentassem e façamos em pé apenas os noivos, padrinhos e tudo mais. Mas eu sou obrigada a confessar que minha cabeça não estava nem próxima à cerimônia.

Eu não acreditava em nenhuma força que regesse o mundo, essa era a verdade, eu havia deixado meu passado religioso junto com o meu último suspiro humano, muitos séculos atrás. Eu achava que se houvesse qualquer coisa do tipo, era para humanos e não para nós. Porém uma coisa me pareceu um pouco real naquele momento, enquanto eu via os dois se casarem, com Andreas ao meu lado e Beta não muito distante: destino. Parando para pensar em tudo que eu vivi, tudo parecia se encaixar em um quebra-cabeça perfeito. Como se tudo, desde meu noivado forçado com Christopher até a prisão de Andreas, fosse parte de um plano minuciosamente arquitetado para que chegássemos naquele momento, ou então em uma situação que ainda estivesse por vir. Talvez tudo que passei, cada segundo que lutei, tivesse uma razão de ter existido. Tudo, de um instante para outro, pareceu tão certo, em perfeita harmonia. Senti uma paz interior tão grande que eu poderia ter chorado, tão boa era a sensação. Vi, sem ver, os dois trocarem votos em frente a Neil. Eles que, assim como todos nós, haviam sido reunidos pela vontade dessa força invisível e de existência questionável. Força essa que nos fez crescer como uma família e não como um clã. Força essa que nos manteria unidos por tanto tempo quanto fosse de sua vontade.

Os dois começaram a sair e eu e Andreas os seguimos, de braços dados, o que foi imitado por Hecate e Giacomo. Chegou a hora dos cumprimentos e abracei Fátima apertado, eu havia ficado emocional. Qual era o meu problema?

-Seja feliz. Você merece, tudo. – Eu disse só para ela.

-Obrigada, irmã. – Ela respondeu e nos separamos, sorrindo.

Andreas a abraçou também, em silêncio, e ela recostou o rosto em seu peito. Dei parabéns a Kronus e, quando terminei, eles ainda estavam no mesmo estado. Nós dois não falamos nada, apenas esperamos eles terem o momento deles. Se separaram e Andreas sussurrou alguma coisa que, por sorte, consegui ouvir.

-Nosso pai ficaria orgulhoso. – Ele disse, a voz um pouco rouca. Ela sorriu como resposta, com um brilho diferente nos olhos.

Então Giacomo chegou para falar com elas, reclamando com Andreas, dizendo que achava que ele nunca mais ia largar a noiva. Rimos com a descontração enquanto deixávamos os noivos para trás com seus cumprimentos a serem dados.

-Você está bem? – Perguntei a Andreas quando estávamos longe o suficiente.

-Sim. Estou feliz por ela. – Ele respondeu, sorrindo. – E você? Estava distraída durante a cerimônia.

-Estava só pensando um pouco nas coisas.

-Que coisas?

-Nada demais. – Respondi. – Só em como tudo parece estar finalmente entrando nos eixos.

-Eu também tive esse sentimento lá na hora. Será que agora nós conseguimos viver em paz?

-Você não faz idéia de como eu torço para isso. – Suspirei, tirando esses pensamentos da cabeça. – Então, o que achou?

-Interessante. – Ele olhou para o chão uns instantes. – Não te dá nenhuma idéia?

-Idéia? Como assim id... – Foi então que entendi o que ele quis dizer e olhei para ele, não acreditando. – Você não está me pedindo em casamento, está?

-Não, estou apenas fazendo uma pesquisa de campo. – Ele disse, fazendo uma cara de inocente.

-E que continue sendo uma pesquisa de campo, não vai acontecer. Primeiro porque não ia alterar em nada, nada mesmo, nas nossas vidas. Eu já uso o seu nome, moro com você e tudo mais. Segundo que eu, nunca, jamais, entraria em uma igreja ou qualquer coisa do tipo vestida em um vestido branco e cheia daqueles enfeites. Mas o principal é o fato de não mudar nada.

-Bem, uma coisa ia mudar. – Ele disse, rindo torto. Já sabia que ia vir besteira.

-Eu não sei se quero perguntar isso, mas vamos lá... – Disse, respirando fundo. – O que ia mudar, Andreas?

-Ia deixar de ser pecado. – Ele disse, e começou a rir da minha cara logo em seguida. – Estou brincando, Giuliet.

-Idiota. – Respondi, revirando os olhos. Ele continuou rindo, mas se controlou quando fomos chamados para nos dirigirmos à casa principal, para a festa.

Segui para o meu carro, acompanhada de quem vinha comigo. Havia outros carros e tudo mais, mas não os esperei. Queria chegar logo para poder trocar de roupa. Claro que por uma roupa descente, mas qualquer coisa mais confortável do que aquele vestido. Até porque aquela festa duraria muito tempo. Ninguém fica cansado, certo? Os outros carros me seguiram e, por um momento, fiquei curiosa com o que os humanos pensariam se vissem um monte de carros relativamente caros e modernos andando aleatoriamente – pelo menos para eles – no meio da floresta. A expressão do indivíduo seria simplesmente épica.

Logo chegamos e parei o carro, dizendo às meninas que ia subir e já voltava. Fiz isso, trocando de roupa rapidamente no quarto e botando algo mais confortável. Quando me virei para pegar o vestido usado que havia jogado sobre a cama, e passei por um lugar que não havia passado antes, senti um perfume estranho no quarto. Um vampiro havia passado por ali.

Olhei o ambiente desesperadamente buscando por alguém escondido, revirei quase que todos os cantos possíveis do quarto. Nada. Só encontrei algo quando olhei para a cama novamente.

Havia uma carta sobre a cama que, muito provavelmente, estava lá desde que eu cheguei, mas minha cabeça estava tão ocupada com qualquer coisa que eu não havia reparado. Peguei-a, reconhecendo o selo de Eleazar. Por que ele me mandaria uma carta?

Sentei-me, ligeiramente preocupada, na beira da cama e quebrei o cera do selo, liberando a carta. Lá dentro encontrei a conhecida letra do vampiro milenar, novamente em latim. Qual era o problema dele com escrever em inglês? Comecei a ler, curiosa.

“Giuliet Volturi,

Eu havia dito que, caso se fizesse necessário, chegaria até você. Mesmo que você não tenha se dado conta, acostumando-se com tudo que aconteceu anteriormente, algumas coisas ficaram sem respostas no enigma que constituiu os últimos anos. Algumas perguntas precisam ser respondidas.

Primeiro, acredito que gostaria de saber o real motivo de eu ter te acolhido e ensinado. Infelizmente, por mais que eu houvesse tentado me proteger do mundo, ele acabou me achando. Enquanto, há mais ou menos quatrocentos anos, você e seu clã tentavam controlar o mundo, no caos que estava por vir, eu assistia a tudo, como continuo fazendo. Mas não sozinho. Quando eu disse que nós não éramos tão diferentes assim, eu estava dizendo a verdade. Eu vivi mil e quinhentos anos com a mesma mulher, Sarah, que eu havia conhecido quando ainda era uma recém-criada. E, quando achei que nada poderia nos atingir, Jason aconteceu. Ele a cercou quando ela saiu para se alimentar com vários outros vampiros e a aprisionou(creio que aqui já comece a achar as nossas semelhanças). Entenda, Sarah nunca se interessou em aprender a se defender, era uma amante das artes, da história, da cultura e, acima de tudo, da paz. Não teve a menor chance de defesa contra ele.

Com essa vantagem sobre mim, ele me obrigou a ensiná-lo tudo que eu sabia. No princípio, fraco pelos motivos que você entende muito bem, cedi. Enquanto isso pude ver o tipo de monstro que Jason era e, pelos votos que fiz a Baltasar, não podia permitir que ele se tornasse tão forte. Foi quando me recusei a continuar a fazer o que ele me obrigava, arriscando. Em troca, ele assassinou Sarah, achando que eu desistiria de tentar resistir. Não aconteceu e ele tentou me matar. O que eu te ensinei é apenas muito pouco perto do que eu sei, e muito menos quando fui inflamado pelo ódio que havia aprendido a controlar. Afastei Jason, fazendo-o me temer. Mas já era tarde demais para Sarah. Só não o matei porque, como você sabe, eu não devo interferir tão gravemente no rumo das coisas.

Mas eu jamais me daria por satisfeito. Eu soube alguns dias depois que Andreas havia sido capturado e todos achavam que ele estava morto. Tenho olhos e ouvidos em todos os lugares, mas você já sabe disso. Esperei pacientemente até que Jason começasse a querer mover as peças de seu tabuleiro, para então agir por trás. Ensinei a você tudo que era necessário para vencê-lo e você se sucedeu maravilhosamente bem. Aliás, isso é pouco perto do que aconteceu.

Ao não permitir que a batalha entre os seus e os dele continuasse, mesmo que fosse contra todas as suas vontades(eu tenho certeza que você queria matar a todos), você criou um clima de confiança da parte adversária, eliminou totalmente o resquício da imagem assassina que havia adquirido anteriormente. Você, em um momento de pura inspiração, tornou-se uma mescla entre Albion e Veuliah, até mesmo com um pouco de Baltasar. Achou o equilíbrio. Todos eles espalharam essa história a outros vampiros, e aí por diante. Eu não me surpreenderia se agora você conseguisse viver um longo momento de paz.

Ainda mais pelo que Jason fez antes de partir. Ele era ambicioso, mas, acima de tudo, ele não tinha limites. Além do lobisomem que passou para o seu lado, haviam mais alguns desgarrados da terra natal. Todos o serviam, alguns mais fielmente que outros, mas todos tiveram o mesmo fim. Ele acreditava que, caso os lobos se encontrassem com os seus, poderiam ter a confiança abalada. Por isso, matou a todos, impiedosamente, fazendo-os sentir o veneno em suas veias. Não sobrou nenhum. Isso deu aos seus companheiros um sentimento de medo terrível. Não me admira que tenham aceitado sua proposta tão facilmente. Ninguém foi agradável e compreensivo com eles, nunca.

Agora, conforme mais ouvidos me contara, você tem todo o poder concentrado. Mas Andreas jamais perderá certa influência, ele é o único ex-governante ainda vivo. Porém, isso não faz diferença no caso de vocês. Enquanto permanecerem unidos nas idéias, tudo dará certo. Não faça nada estúpido para que vocês entrem em desavença.

Agora que esclareci tudo que precisava, creio que demoraremos para nos comunicar novamente. Na verdade, torço para isso. Espero que fiquei aí, vivendo em paz, utilizando bem o poder que o mundo te entregou, e eu fico aqui, observando.

Sorte.

Eleazar, o braço direito do Primeiro.”

Fiquei encarando a carta por um tempo, paralisada. As memórias de Jason voltaram e me reprimiram, fiz força para afastá-las. As coisas fizeram um pouco de sentido, mas me enojou de tal forma que eu não pude controlar. Aquela carta deveria ficar bem longe do alcance de Camily, ela não ia gostar nada de saber sobre o fim que os lobos levaram. Comemorei o fato de Benjamin ter passado para o nosso lado a tempo. Como ele conseguiu fazer isso? Que tipo de ser frio ele era? O fato de ele estar morto, e bem morto, me trouxe conforto.

Ouvi baterem na porta e Andreas entrou, silenciosamente. Não levantei os olhos da carta.

-Disseram que você tinha subido e achei que estava demorando um pouco. – Ele disse, só então realmente prestando atenção. – O que é isso?

Estendi a ele a carta e dei tempo para que lesse. Quando terminou, dobrou-a e colocou no envelope, pondo-o na mesa de cabeceira.

-O que você acha disso? – Perguntei.

-Indiferente. – Ele disse, sentando ao meu lado. – O que quer que tenha acontecido, é passado. Jason está morto e não vale a pena nos sentirmos mal por conta disso. E, além do mais, tem a parte boa da carta. Ele está satisfeito e, o melhor de tudo, diz que vamos ter um longo período de paz.

-Considerando que ele tem seis mil anos, acho que deve ser um longo tempo mesmo. – Suspirei. – Acho que você está certo, estou sendo idiota.

-Só preocupada como sempre. Vem, desce, a festa é lá em baixo e estão todos te esperando.

Ele pegou minha mão e descemos. Meu humor melhorou logo que chegamos na festa.

E lá, no meio de todos, rindo, conversando, me divertindo, soube que tudo valeu a pena. Eu não sabia o que os anos guardavam para mim, mas eu não estava preocupada. Eu estava segura e feliz enquanto estivesse lá.

Enquanto estivesse com a minha família.

FIM


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Notas finais do capítulo

E é isso, fim. Tenho alguns agradecimentos a fazer.
Queria, primeiramente, agradecer a todos do Twilight Destiny's que me cederam alguns personagens(mesmo que eu não tenha pedido) para que eu pudesse usar como bem entendesse, fazendo-os conviver com os que a minha mente criou. Valeu, povo. xD
Queria agradecer também a Camila(aka Camily), Yasmin(aka Beta), Filipe (aka Ninguém). As duas primeiras por lerem e apoiarem, e terem me deixado fazer o que eu fiz com seus personagens. E ao Filipe por ter lido fielmente e me feito escrever muito mais rápido e, talvez, melhor.
Um agradecimento também à Juliasanmel, por ter comentado fielmente desde o início. Valeu. xD
Essa história gastou muito tempo e muitas aulas chatas pensando nela, mas acho que nunca me senti tão bem escrevendo algo. Giuliet se tornou quase que uma pessoa de verdade, inteiramente na minha mente. Assim como muitos outros personagens.
Bem, é isso. Espero que quem leu tenha gostado, tentei fazer o meu melhor. Não vou fazer continuação porque tenho certeza de que eu ia acabar estragando a história. Em breve começarei a escrever outra e talvez poste aqui qualquer coisa a respeito.
Obrigada pela paciência e por terem lido, obrigada mesmo. E até a próxima.



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