Giuliet Volturi - Dark Side Of The Earth escrita por G_bookreader


Capítulo 12
A Lei - 1568




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Aquela noite foi difícil. Alguns seguidores de Hugh tentaram tomar o castelo de novo, mas aqueles que lutaram conosco mais cedo estavam conseguindo conte-los. Enquanto isso, nós tentávamos encontrar uma maneira de mudar o que queríamos nas regras sem que fosse difícil a adaptação dos demais. Estávamos em uma sala no último andar, longe da confusão que acontecia na frente do castelo. Queríamos ajudar a conter, mas Lionel teve a infeliz ideia de que precisávamos ficar seguros, porque se algo acontecesse conosco ia ser um inferno. O barulho diminuía gradativamente, o que só podia significar que o conflito estava acabando. Era uma pena que tivesse que haver mais uma batalha sem necessidade, Hugh já havia virado pó faziam horas.

A sala aonde estávamos havia uma mesa redonda de madeira, com várias cadeiras ao redor. Me perguntei para que Hugh tinha aquilo se não tinha ninguém para promover uma reunião na “Távola Redonda”. Pelo menos estava sendo útil no momento. Eu estava sentada entre Andreas e Giacomo, e logo depois estava Fátima e Hecate, que depois de ser convencida havia se unido à nós. Precisaríamos de um núcleo mais resistente e ela não tinha ninguém nem aonde ir, mais ou menos como eu. Cinco era um número bom e bem maior do que o habitual. Podíamos não saber, mas havíamos nos tornado o maior clã existente.

-Existem vários pontos que discordo nas leis de Hugh. Principalmente isso dele nunca ter se preocupado com a discrição. Nós fazíamos isso por nós mesmos, e já temos lendas o suficiente entre os humanos, não precisamos de mais. – Andreas começou.

-Acho que devíamos nos preocupar primeiro com o mais óbvio. A Capital. – Giacomo completou, e eu concordei na hora.

-As pessoas tem que ter liberdade. E sem falar que em alguns anos os humanos nos alcançarão. E o que vamos fazer se eles chegarem? Beber todos? Se um vier e não voltar, mais e mais virão para checar, sabem como eles são.

-Eu venho pensado nisso já faz um tempo. Acho que deveríamos acabar com ela. Definitivamente. Nos misturar com os humanos, qualquer coisa. É impossível manter uma cidade de vampiros de forma pacífica.

Eu ia concordar quando Paco entrou na sala, pedindo licença.

-Desculpe a interrupção. – Então, ainda formal de mais, se virou para mim. – Há duas pessoas querendo falar com a senhora lá fora. – Senhora? – Dizem que é importante.

-Tudo bem, já estou indo.

Deixei meu clã – eu ainda não havia me acostumado com a idéia de estar em um clã, a palavra soava estranha – lá e acompanhei Paco. Ele estava diferente, agindo como se fosse um soldado acompanhando um general, e isso me incomodou. Pelos seus modos na sala anteriormente, não era só comigo. Tentei puxar assunto.

-Como estão as coisas com os protestantes?

-Sob controle. Alguns que tentaram atacar foram devidamente eliminados e os que figuram se perderam. Não há sinais de novas tentativas.

Um perfeito relatório militar. Preferi continuar no trajeto em silêncio, visto que não conseguiria muita coisa conversando. No primeiro andar, chegamos em uma porta e ele postou-se dignamente ao lado.

-Esta chegou primeiro. Não acho que ofereça perigo, mas estarei aqui fora caso aconteça alguma coisa.

-Acho que não vai se precisar se preocupar. – Disse ao sentir o rastro de quem era.

Abri a porta e entrei, fechando-a logo atrás de mim. Era Myrtis e, um pouco atrás, Jesse.

-Ah, Giuliet, que bom que você está bem! Fiquei sabendo que você liderou o grupo que soltou os prisioneiros.

-Sim, mas não fiz sozinha. – Percebi a hesitação dela quando falei. Quantas vezes isso ia acontecer aquele dia?

-Bem... ainda posso te chamar de Giuliet, certo? – Ela pareceu preocupada.

-Mas é claro! – Respondi, rindo. – Nada mudou. Fora o fato de agora eu não poder mais trabalhar para você.

-É, eu sei disso. – Ela disse insegura. – Não vou ocupar seu tempo. Só vim aqui te agradecer.

-Agradecer?

-Sim. Você libertou meu filho, não sei se você sabia, mas ele era um dos jurados de morte por rebeldia.

-Não, não sabia. Eu só fiz minha obrigação, eu tinha te feito uma promessa.

-Ele também me falou que você o ajudou a lutar na batalha.

-Foi só uma coisa de momento, provavelmente eu nem precisaria. Ele lutou muito bem. – Percebi que ele sorriu, mas eu apenas disse a verdade.

-É... você deve estar ocupada, melhor a gente sair.

-Fico feliz que tenham vindo, é bom ter uma conversa mais amena. Lá em cima a coisa está meio complicada.

-Imagino que sim. Bem, vamos Jesse. Obrigada de novo. E... toma cuidado, certo?

-Eu sempre tomo.

Eu disse sorrindo, mas o olhar que ela lançou para mim havia apertado a minha garganta. De repente seus olhos se tornaram maternais, de uma forma que eu não lembrava de ter visto nem nos olhos de minha própria mãe. Enquanto eles me deixavam a sós na sala, enquanto eu via o jeito dos dois saindo juntos, senti uma falta de uma família, um vazio que me pegou desprevenida. Me peguei me perguntando como teria ficado minha mãe, ou mesmo Lizzie. Eu não pensava nas duas, principalmente na minha mãe, fazia tantos anos que foi estranho pensar naquilo. Eu nunca soube o que aconteceu depois que fui transformada e, provavelmente, não poderia mais saber. Tirando minha família humana da cabeça, saí do cômodo e Paco me levou para o outro, ainda com aquele olhar austero.

-Paco, você pode parar com isso?

-Perdão, mas isso o que?

-Agir como se fosse um soldado. Nada mudou, pare de agir assim.

-Desculpe, mas está enganada. Tudo mudou, mas talvez a senhora ainda não tenha percebido.

Ele já estava abrindo a porta da outra sala quando chegamos e não pude tentar entender o que ele disse. Entrei e minha surpresa foi tão grande que quase soltei uma exclamação.

-Você? Veio tentar me matar ou o que?

Salazar estava no meio da sala me encarando. Parecia mais velho, cansado e arrasado. Parecia bem pior do que no dia que eu cheguei à Capital.

-Ou então tentar me dizer que o que eu fiz foi um crime gravíssimo a natureza e que eu vou pagar por ter esquartejado seu mestre? Porque, sinceramente, eu não tenho tempo nem paciência para isso agora. – Eu devia ter dito que nunca tinha tido paciência o suficiente em algum momento da minha vida. Enquanto eu falava, ele se encolhia e parecia cada vez menor, sem demonstrar uma reação sequer.

-Não vai dizer nada? Eu tenho coisas a fazer, Salazar. Eu não fico parada o dia inteiro em frente à uma lareira esperando as coisas acontecerem enquanto sofro com qualquer que seja a amargura do meu passado.

-Eu tenho uma coisa a dizer sim! – Ele finalmente falou, levantando a cabeça, mas a postura ainda o tornava menor do que era. – É que... você estava certa quando disse aquelas coisas. Eu estava cego, eu confiava demais em Hugh, ele nem sempre foi daquele jeito.

-Acredito que não, mas ele terminou daquele jeito.

-Sim, eu sei. Mas eu deveria ter visto antes. Eu queria pedir desculpas. 

Um silêncio se seguiu, eu não havia esperado por aquilo. Esperaria por Salazar do lado de fora junto com os que preferiam Hugh, mas não no meio de uma sala do castelo pedindo perdão. A cena chegava a ser irreal.

-Salazar, se você está com medo de que eu mande te matar, não se preocupe, eu não ia fazer isso de qualquer jeito, não sou Hugh. E não é para mim que você deve desculpas, é para o seu sobrinho, que está lá fora agora. Vou fingir que nada daquilo aconteceu. Ainda sou grata por você ter me recebido, e fico feliz que tenha aberto os olhos. Agora, se me der licença, eu tenho mais o que fazer.

Ele concordou com a cabeça. Aquela submissão estava começando a me irritar seriamente, se fosse só de alguns eu entenderia, mas de todo mundo beirava o insuportável.  Mas, pelo menos, eu achava que tinha me saído bem com ele. Quando saí, não esperei para falar com Paco.

-Eu posso voltar sozinha. Você trate de entrar aí e se resolver com o seu tio.

-Como a senhora desejar. – Ele correu o risco de perder a cabeça e não sabe.

-Não, não é como eu desejar. É como você deve fazer. Ele é a única família que você tem, se fosse comigo eu não pensaria duas vezes. – Diminuí o tom de voz, tentando parecer mais informal. Na verdade, eu havia brigado com ele sem motivo, meu humor estava variando, eu estava meio bipolar. – Pelo menos tente, Paco. Não vai te custar nada.

-Farei o possível. – Ele disse se dirigindo para a sala.

Fiz meu caminho de volta, sem muita pressa. A verdade é que eu não sabia o que fazer, e provavelmente eles também não. Eu quase podia ouvir o som da minha mente funcionando enquanto eu voltava para onde meu clã estava. O que precisávamos era algo singular e que fosse suficiente para manter nosso segredo. Singular e secreto. Único para manter o segredo. Um. Segredo. Só faltou a lâmpada aparecer em cima da minha cabeça, como acontece nos desenhos do século XX. Claro, isso era tão simples e fácil que não sei como me ocorreu antes. Em pouco tempo cheguei de novo à sala e saí escancarando a porta, quase que ela não agüenta.

-Eita, onde é o incêndio? – Giacomo perguntou alarmado. Pela cara de tédio de todos, não haviam feito nenhum progresso.

-Eu já sei o que a gente pode fazer. – Disse me sentando de novo. – É bem simples. Nós só precisamos de uma lei. Uma só. Mas ela engloba tudo. Não precisamos de praticamente mais nada!

-Legal, genial mesmo, mas ainda precisamos da lei. – Hecate falou, não levando muita fé.

-Simples. Manter o segredo. – Disse com um ar triunfante.

-Manter segredo? Isso é fácil, estou desde ontem fingindo que não sei que vocês dois estão juntos. – O ar triunfante foi parar no rosto de Giacomo, enquanto eu travava perplexa olhando para ele. Fátima lançava um olhar de reprovação para ele, Hecate segurava o riso, e eu nem tive coragem de olhar para Andreas. – Não contavam com isso, certo? – Eu odiaria para o resto da minha vida aquele olhar dele. Se eu pudesse corar, eu já teria me entregado. – Vamos, falem alguma coisa, não me olhem com essa cara. Vai dizer que acharam realmente que a gente não ia descobrir?

-Até porque isso seria insultar a nossa inteligência. – Hecate deu corda, e Fátima parece ter se sentido inspirada para entrar nisso.

-Isso, além de ser óbvio para qualquer um menos vocês dois por um bom tempo, aquela desculpa de “unificar o comando porque vocês dois tinham ficado com o mesmo nível de liderança” para ela entrar no clã soou tão feio, Andreas... Não que a gente tenha algo contra, pelo contrário.

-Bem, eu... é que... – Boa Andreas, saiu bem que até me emocionou...

-O ponto é que, escondendo o segredo, nós... Giacomo, para de me olhar com essa cara de sarcasmo antes que eu te apague... mantendo o segredo, nós conseguimos impedir todas as outras coisas. Precisamos esconder ou disfarçar os corpos, não podemos aparecer em público em dia de Sol, não podemos transformar crianças, entre várias outras coisas. – Ótimo, a atenção deles tinha voltado ao assunto principal. – Então, o que acham?

Ficaram em silêncio, me deixando em uma expectativa desagradável. Ou eu tinha resolvido o problema ou eu tinha passado vergonha.

-Bem, acho que a cunhadinha resolveu o nosso problema de uma vez só. Vamos ter que acabar com a Capital mesmo por conta disso, perfeito. – Giacomo disse, me aliviando, apesar da piadinha. – Então, Andreas, se você concordar, eu acho isso bem plausível. – As outras duas concordaram com a cabeça.

Olhei para Andreas, por um momento me preocupando muito com a opinião dele. Ele me olhava de volta, um misto de surpresa, admiração e algo que eu não identifiquei. Acho que a idéia tinha sido melhor do que eu supunha.

-Bem, nem em cem anos a gente ia conseguir chegar em algo melhor do que isso. – Ele falou, ainda me encarando. – Parabéns, Giuliet, você acabou de criar a lei que regerá o mundo pelos próximos anos. Acho que nossa reunião termina aqui, crianças.

Os outros se levantaram e sumiram antes de eu conseguir esboçar qualquer outra reação. Só sobraram na sala eu e Andreas.

-Eles fizeram isso de propósito. – Ele declarou, revirando os olhos.

-É, eu percebi também. Quando vamos falar com a população?

-Amanhã pela manhã. Deixa a poeira baixar primeiro. Você foi bem com Salazar lá em baixo. Ele e Paco se entenderam um pouco, ainda não estão totalmente de bem, mas pelo menos um pouco de paz tiveram.

Acenei com a cabeça, me sentindo um pouco melhor com essa informação.

-Ainda tem algo te incomodando. O que é?

-As pessoas me olham como se eu fosse uma espécie de ser de inteligência superior, que eles não podem negar nada. Eu não sou nada melhor do que eles, eu lutei ao lado deles como igual, eu não fiz nada que eles não tenham feito. Isso me incomoda. Paco sempre foi descontraído, sempre me diverti com ele, mas lá em baixo ele estava agindo como um soldado recebendo ordens.

-Quando você viu Hugh pela primeira vez, o que você sentiu?

-Bem, foi estranho. Apesar de nunca tê-lo visto, eu achei que deveria acreditar e seguir tudo que ele falasse. Mesmo depois de sentir raiva dele, odiá-lo, confesso que foi difícil lutar com ele hoje.

-Não são todos de nós que conseguem lidar bem com isso. O que você sentia por ele agora as pessoas sentem por você. Infelizmente, não há nada que você possa fazer para se livrar disso, mas acho que a gente acaba se acostumando. É o que eu espero. – Ele disse se levantando. – Agora, que tal um pouquinho de música?

Olhei ao redor tentando entender o que ele quis dizer com isso, e só descobri quando vi um piano encostado no fundo da sala.

-Você toca piano?

-Desde criança. Minha mãe nasceu na cidade e só foi para o campo quando se casou com meu pai, e ela sabia. Me ensinou, fui o único dos três que quis aprender. Saía da lavoura, tomava um banho e me sentava com ela por horas em um. – Ele sorriu com a lembrança, levantou a tampa e passou a mão delicadamente sobre as teclas.

Se sentou, mas não começou a tocar imediatamente. Analisou mais um pouco as teclas, como se observa-las fosse a coisa mais interessante do mundo. Então ele teatralmente remexeu os ombros, posicionou as mãos e começou. Nunca, em nenhum momento da minha vida, eu havia ouvido algo tão harmônico. A melodia, totalmente desconhecida para mim, causava uma sensação mista, algo entre paz e saudade. Era de uma graça singular, e em certos trechos chegava a me deixar sem fôlego. Ele parecia estar em outro mundo enquanto tocava, alheio à qualquer coisa que se passasse ao redor. Quando terminou, eu fiquei simplesmente parada na cadeira onde estava.

-O que foi isso? – Perguntei impressionada, e ele sorriu.

-Se chama Eternità. Depois que eu fui transformado, achei um piano perdido em um lugar abandonado. Estava desafinado, mas serviu. Eu estava perturbado com a transformação e quando vi, tinha a composto. Dei esse nome, “eternidade”, porque era justamente o que eu iria viver.

-É linda. – Falei simplesmente. No início eu achava que não combinava nem um pouco com ele, mas depois daquilo ele pareceu feito para tocar aquilo.

-Vamos, sente-se aqui. – Ele escorregou para o lado do banco, deixando espaço para mim.

Não entendendo muito bem, obedeci, e ele começou a me explicar coisas básicas sobre o piano. Eu não tocava nada, tudo que haviam me ensinado quando era humana era a fazer tricô, dar ordens em empregados e, o que foi pura sorte, ler e escrever. Ouvi pacientemente enquanto ele explicava mais pacientemente, até que ele passou para as notas. Depois que eu tinha entendido tudo, ele passou para a seqüência da música. Depois ele insistiu que eu tentasse.

-Não tão forte, tecle mais suavemente. – Ele pegou minha mão e me fez teclar como ele queria. Minha atenção ficou dividida, mas eu acho que havia entendido.

Depois de algumas horas, eu sabia a música inteira, mas não chegava nem aos pés dele tocando. Ele olhou para a frente, através de uma grande janela que tinha ali, e eu o acompanhei. O Sol fraco do inverno começava a nascer.

-Está quase na hora.

-É. As coisas vão ser diferentes depois disso.

-Elas já são diferentes.

-Paco disse a mesma coisa ontem.

-Ele estava certo. – Fez uma pausa antes de continuar. – Antes que eu me esqueça, feliz aniversário.

-Quê?

-Feliz aniversário. Hoje é vinte e sete de Janeiro, seu aniversário.

-Como você sabe? – Perguntei assustada, e ele sorriu um pouco demais.

-Eu já era vampiro quando você nasceu.

-Isso não explica.

-Bem – ele disse, se virando para mim. – Você nasceu há cinqüenta e dois anos no centro de Londres, em um quarto com pintura branca e azul, seu berço era de madeira envernizada e uns pequenos detalhes em ouro, que seu pai fez questão de mostrar para todo mundo.

-Você está começando a me deixar com medo. – Eu disse, brincando, mas a curiosidade estava me corroia.

-Há 52 anos eu comecei a ter visões dessa criança que eu descrevi agora. Nunca entendi porque. Só sei que eu também vi todos os castigos que sua mãe aplicava e fiquei com raiva. Vi seu pai te obrigando a casar e foi o sentimento mais estranho que eu tive. E o mais claro de todos, mas que eu nunca cheguei a ver completo: você fugindo de casa. Eu vi você correndo com o cavalo, mas aí sumiu e eu só consegui ver de novo quando aqueles vampiros te atacaram. Depois disso ficou fácil, eu via você aleatoriamente, andando pra lá e pra cá, depois com um grandalhão, aprendendo a controlar seu poder. Eu nunca entendi porque eu via isso, mas aos poucos eu fui descobrindo o seu nome, quem você era, e várias coisas. Até que eu vi você chegando nos arredores da Capital e sem pensar duas vezes corri para lá.

Não saber o que fazer ou falar seria pouco para definir minha ação naquele momento. Eu não me senti invadida, com a privacidade corrompida. Senti um conforto, como se alguém estivesse me vigiando a todo momento, o que era ridículo, porque ele só vigiava e não podia fazer nada. Ele conhecia a minha vida toda, por isso estava lá fora quando eu cheguei, me incluiu rapidamente em seu meio social e me tratou tão bem. Eu encarava ele séria, e senti uma característica de hesitação no olhar dele.

-Eu não controlava, simplesmente acontecia, eu...

-Não, não precisa explicar. – Eu disse, agora sorrindo. Depois voltei a mirar o Sol. – O destino é estranho. Então você me viu nascer?

-Vi.

-Isso soa mal.

-E o que não soa mal para nós? – Ele disse, rindo.

-Verdade. – Concordei, rindo também.

-Acho que está na hora. – Ele disse, voltando a ficar sério e se levantando.

Nos encontramos com os outros e fomos para a mesma sacada que Hugh havia se pronunciado meses atrás. A multidão que estava lá embaixo era enorme, eu nem sabia que havia tanta gente assim. Vampiro a perder de vista. Não havia mais conflito, parecia que tudo estava em paz novamente na cidade. Andreas respirou fundo, chegou mais perto do beiral e começou. Falou muito melhor do que falara antes da batalha. Agora sua voz era confiante e clara e, aos poucos, explicou o fim da Capital, que todos estavam livres e como seria a Lei. Eu não poderia ter pedido discurso melhor. Aplausos soaram da multidão, enquanto alguns já começavam a tornar o que antes era a Capital em ruínas. Em breve seria o palácio, mas nos permitimos uma última olhada neles. O nosso povo. Não sabíamos o quanto duraria nosso governo, mas estava presente no olhar dos cinco membros do clã um desejo de que aqueles lá em baixo tivessem toda a segurança do mundo. E é nisso que nossos problemas começaram.


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