O Príncipe e o Elfo escrita por TaediBear


Capítulo 2
Capítulo 2 . No qual o Príncipe conhece Alam


Notas iniciais do capítulo

Yo! Mais um capítulo de O Príncipe & O Elfo ♥'

Só avisando: este é o penúltimo capítulo da fic x)~


Espero que gostem! Boa leitura ~



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O reino de Upvalley era realmente muito bonito. Ficava além das Montanhas da Fronteira, nas Terras Longínquas, em um vale acima de uma montanha. Era possível observar seu reino e a Floresta das Lágrimas dali, o Príncipe de Ouro pode constatar depois.

As ruas eram belamente decoradas com flores de todas as cores possíveis, azul, cor-de-rosa, amarelo, laranja, verde, violeta. As casas também eram bonitas, de algum modo antigo, mas conservadas. Em pouco tempo, puderam observar o enorme palácio onde morava a família real, ficava em frente a uma pequena praça onde várias crianças brincavam com uma bola e as mães as observavam enquanto conversavam.

A carruagem real contornou o local e parou em frente ao portão do palácio. Um senhor aproximou-se e abriu a porta do veículo, fazendo uma reverência logo em seguida.

— Sejam bem vindos, Vossa Majestade, Vossas Altezas. – Ele cumprimentou.

O rei foi o primeiro a descer, com sua pose ereta e seu olhar superior. Ele sorriu para o senhor que ainda estava com a cabeça baixa. O Príncipe de Prata foi depois, tentando mostrar sua superioridade mesmo que tivesse apenas 15 anos. E o Príncipe de Ouro desceu após todos, tropeçando na barra do vestido. Ele viu o mundo mover-se em uma velocidade incrível enquanto caía. Ah, aquele vestido idiota! Como se não pudesse ficar pior.

No entanto, sentiu mãos fortes segurarem-lhe a cintura e puxarem-no para cima. Primeiramente, pensou que houvesse sido seu irmão, mas pôde vê-lo a alguns metros de distância de si. Seu pai? Não, ele estava em frente ao portão, observando-o ao mesmo tempo assustado e com reprovação.

Levantou seus olhos como se tivesse acabado de se recuperar do choque e visualizou belíssimos olhos verde-escuro, que lhe observavam gentilmente. O príncipe levou um susto, seu coração batendo forte. Ajeitou-se de súbito, batendo a mão pelo vestido para desamassá-lo. A pessoa que o salvou sorriu.

Era um garoto, bem mais velho que ele. Talvez tivesse 19 anos. Sua pele era um pouco mais escura que a do príncipe, apesar de continuar sendo clara. O sorriso que lhe marcava o rosto magro era gentil e acolhedor. Tinha cabelos escuros que emolduravam sua face e a deixavam ainda mais bela. E seus olhos, tão belos, tão verdes, tão doces. O príncipe se perdeu naqueles orbes.

— Bom dia – a pessoa o cumprimentou. — Você deve ser a bela princesa do Reino de Bronze, ou estou enganado?

O príncipe demorou um pouco para responder. Primeiro, porque não sabia se ele falava consigo ou com qualquer outro membro da família. Sua boca continuou fechada até perceber todos os olhares dirigidos a si. Então enrubesceu.

— Ah! Sim, quero dizer, sou o Prín... A Princesa de Ouro, do Reino de Bronze, é um prazer conhecê-lo. – E fez uma mesura.

O garoto sorriu.

— O prazer é meu, princesa. Sou Alam, príncipe de Upvalley.

Ah, então ele era o príncipe? É realmente belo, pensou o menino, mas não mais que Kanon.

Alam estendeu sua mão ao príncipe, que a agarrou hesitantemente, e os dois caminharam em direção ao palácio, sendo seguidos pelo Príncipe de Prata, o rei e o senhor que havia aberto a porta da carruagem.

-oÕo-

— Pensei em cumprimentar meus convidados antes de eles entrarem no palácio e, por isso, fui até lá – dizia Alam enquanto bebia um pouco de seu chá. — Acho que fiz bem, pois acabei por salvar essa bela donzela.

O Príncipe de Ouro sorriu nervosamente. Ele estava sentado em um macio sofá azul, uma xícara de chá em sua mão. Era a sala de estar. Bonita, decorada por muitos quadros de pintores famosos em Upvalley. Alam estava ao seu lado. No outro sofá, estavam seu pai e seu irmão, ao lado deles havia um carrinho com um bule de chá, algumas xícaras e alguns muffins.

O rei puxou um dos bolinhos e mordiscou-o, sentindo seu gosto doce, elogiando o cozinheiro por ter feito tão delicioso doce. Então, colocou-o sobre a mesa de centro de madeira escura e limpou sua boca com um guardanapo de pano.

— Estamos muito agradecidos a Vossa Alteza por ter salvado minha bela filha – começou o rei. — Mas, agora, devo perguntar-lhe onde está seu pai?

— Temo dizer-lhe que meu pai não poderá comparecer a esta reunião hoje. Houve um imprevisto e ele teve de se retirar do palácio por alguns dias. No entanto, creio que poderei tratar desse assunto com o senhor, Vossa Majestade, no lugar de meu pai – respondeu-lhe o príncipe com um olhar sério dirigido ao rei.

O homem concordou com a proposta e, em pouco tempo, estavam conversando sobre casamentos arranjados, sobre alianças entre reinos e sobre belas princesas.

O Príncipe de Ouro retirou-se da sala e fechou a porta atrás de si. Como odiava tudo aquilo! Tudo o que queria era voltar à Floresta das Lágrimas e conversar livremente com Kanon, seu amigo.

Estava, naquele momento, em um corredor que terminava em uma grande janela. Caminhou até lá, observando a cidade que se estendia abaixo de si. Não sabia que havia subidos tantos lances de escadas a ponto de poder observar todo o reino de Upvalley e mais além.

Lá estava a Floresta das Lágrimas, grande e imponente. Perdera-se em meio àquelas árvores verdes enquanto observava-as. Não sabia mais onde uma terminava e os galhos de outra começavam, eram tantas! Decidiu por não as olhar mais ou ficaria tonto.

Seus olhos azuis voltaram-se novamente para o corredor. Seu irmão saía da sala enquanto massageava a cabeça. O Príncipe de Ouro aproximou-se do outro.

— O que está acontecendo lá dentro? – Indagou curiosamente.

— Eles estão decidindo seu futuro. Creio que se casará logo, logo. Só espero que o príncipe Alam não se importe de ter se casado com um homem – comentou.

O Príncipe de Ouro suspirou e passou as mãos pelos panos que compunham seu vestido. Os olhos voltaram-se novamente para o irmão.

— Conheci uma pessoa ontem – sussurrou.

— Quem? – Indagou enquanto puxava a mão do príncipe mais novo, levando-o novamente até a enorme janela.

— Foi um elfo. – Continuou. — Ele se chama Kanon e mora na Floresta das Lágrimas. Ele conversou comigo sem se importar com minha posição. Pensou que fosse uma garota, devo admitir.

— Um elfo? Tome cuidado com essas criaturas, muitas delas são insolentes e maquiavélicas.

— Ele não é nada disso. Ele é meu amigo. Quero vê-lo novamente.

— Vê-lo? Quando? A Floresta das Lágrimas fica em nosso reino ainda, e temo que não será possível que um dia você volte para lá. Se casar-se com príncipe Alam, morará aqui, nesse palácio.

O Príncipe de Prata observava a cidade abaixo de si, como seu irmão fizera antes, por isso não observou a expressão assustada que se estampou no rosto infantil do garoto mais novo.

Aquilo não podia acontecer! Ele não poderia morar naquele lugar, não havia trazido nenhuma de suas coisas, nenhum de seus livros inacabados, nenhuma de suas penas favoritas para escrever, nenhuma lembrança. E, principalmente, não havia falado tanto quanto queria com Kanon.

Correu pelos corredores até a porta da sala de estar. Mas quando ia abri-la, a mão de seu irmão impediu-o. O olhar severo deixava-o ainda mais assustado.

— Não pode interrompê-los. Isso é muito importante para nosso reino.

Mas e sua felicidade? Não importava? Ele apenas não queria morar ali. Queria brincar com Kanon, conversar com ele, deitar em sua cama macia e observar os mesmos rostos familiares todos os dias.

Sentiu lágrimas brotarem em seus olhos, causando uma ardência terrível. Ainda tinha seu pulso segurado pelo irmão, como se ele temesse que o mais novo pudesse tentar novamente adentrar a sala.

O Príncipe de Ouro começou a chorar e a soluçar, forte e alto, enquanto o irmão observava-lhe friamente, como se não lhe doesse ver o garoto assim, afinal não era sua dor.

Anoiteceu. O garoto não falava mais nada desde a tarde. Um olhar triste marcava-lhe a face. Eles estavam reunidos na sala de jantar, um prato de carne sobre a mesa, além de acompanhamentos. Mas no prato do jovem príncipe não havia nada, nem mesmo um pedaço de carne ou uma alface. Ele não queria comer.

Alam percebeu a tristeza do garoto. O pai mantinha-se sério, sem observar o filho por muito tempo, ou poderia desistir de todo aquele casamento apenas para vê-lo sorrir novamente.

Após o jantar, Alam chamou o garoto para seu quarto. O rei ficou contente, talvez pudessem conhecer-se melhor e, assim, talvez o garoto não ficasse mais feliz com aquela ideia.

O quarto do príncipe de Upvalley era muito bonito e amplo, com as paredes recobertas por uma tinta vermelha com detalhes em vinho e dourado. Uma cama de dossel enorme decorava-o bem ao centro, enquanto estantes repletas de livros revestiam os cantos e os lados do quarto.

Alam pediu que o Príncipe de Ouro se sentasse à cama, coberta por lençóis vermelhos e brancos. O garoto obedeceu e, logo, viu o príncipe de Upvalley aproximar-se de si.

— Então casaremo-nos em pouco tempo. Estou certo, minha princesa? – Indagou com um sorriso nos lábios.

O Príncipe de Ouro abriu a boca para dizer-lhe que não pretendia casar-se com ele, que não poderia morar nesse palácio, mas Alam, simplesmente, pôs um dedo sobre os lábios e pediu silêncio. Ele aproximou-se lentamente do rosto do príncipe mais novo e sussurrou-lhe:

— Faça silêncio, não fale absolutamente nada. Apenas não se incomode com o que eu vou fazer.

O garoto assentiu com a cabeça e ouviu o príncipe continuar:

— Devo dizer-lhe que estou muito contente em celebrar esta união com Vossa Alteza. É tão bela, tão educada e tão gentil.

Então, Alam aproximou-se ainda mais do Príncipe de Ouro, o bastante para sentir seus lábios roçarem uns nos outros. O coração batia forte no peito da “princesa”. Sentia tanta vontade de chorar. Só não empurrava o príncipe de Upvalley para longe porque ele havia lhe pedido que não fizesse. Havia um motivo.

Os dois ouviram a porta do quarto bater, fechando-se. Alam afastou-se do príncipe mais novo e sentou-se ao seu lado na cama, aliviado.

— Seu pai estava nos observando esse tempo inteiro. Desculpe-me se te assustei – Alam pediu, sorrindo-lhe.

— Não se preocupe, príncipe Alam. Eu... Agradeço por ter feito isso – disse-lhe, abaixando seu rosto a fim de fitar seus pés calçados em saltos.

— Não é seu desejo casar-se comigo, é? – Alam indagou-lhe, dando um discreto sorriso em seguida. —Não tenha medo de me dizer. Não lhe forçarei a nada se não quiser.

O Príncipe de Ouro parou de encarar seus sapatos para visualizar o belo rosto de Alam, procurando qualquer traço de raiva ou de que estivesse mentindo. Nada. Então realmente não importava.

— Tem certeza? Nossos reinos não terão uma aliança se não nos casarmos – informou o garoto.

— Claro. Aliás, posso firmar uma aliança com seu reino sem que ocorra o casamento – disse-lhe sorrindo.

— Mas por que Vossa Alteza faria isso? E por que não contou a meu pai? – Perguntou o príncipe raivoso e, ao mesmo tempo, com o coração pulando de alegria.

— Ele ainda não está morto – sussurrou. — Aquele assunto importante que meu pai teve de ir tratar era uma batalha. Contra um grupo feroz de goblins que estava importunando nosso povo. Hoje, após sua partida, um dos sábios disse-me que ele não poderia voltar, que um dos goblins o mataria.

O príncipe de Upvalley parou por alguns instantes, fitando o rosto infantil do outro garoto, os olhos tristonhos. O Príncipe de Ouro segurou sua mão, como se quisesse dar-lhe auxílio. Sorriram.

— Obrigado. Creio que quando voltarem dessa batalha, eu me tornarei rei. Mas não me casarei contigo, já que não quer. Aliás, eu realmente já amo uma pessoa, mesmo que Vossa Alteza quisesse, eu não poderia casar-me. Eu já amo aquela pessoa.

As palavras tocaram o coração do garoto. Ele sentiu-se imensamente feliz por não ter que se casar com o provável rei de Upvalley. Faltava apenas que os soldados voltassem de batalha e contassem à população que o rei havia falecido.

Depositou um beijo doce na bochecha do outro príncipe e agradeceu-lhe, baixo. Sentia lágrimas formarem-se em seus olhos. Rapidamente, ele pediu licença ao garoto e saiu do quarto, correndo em direção à janela no fim do corredor. Lá fora, ele via a Floresta das Lágrimas, mesmo que distante. Deixou uma lágrima atravessar-lhe a face e sussurrou, com o coração saltitando:

— Kanon, espere-me. Eu ainda vou poder te ver novamente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?
Aceito críticas, sugestões e qualquer outra coisa que quiserem falar sobre a fic!

Espero que tenham gostado!

Takoyaki ~ Bolinho de Polvo!