O Príncipe e o Elfo escrita por TaediBear


Capítulo 1
Capítulo 1 . No qual o Príncipe conhece Kanon


Notas iniciais do capítulo

Yo, minna ~ !

Essa é a primeira história da série O Povo Colorido.

Espero que gostem! ♥'
Boa leitura ~ !



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O jovem príncipe estava irritado naquela carruagem. Ao seu lado, seu irmão, o Príncipe de Prata, conversava com seu pai sobre o assunto a ser tratado no outro reino. E era esse assunto que o irritava, o assunto do casamento.

Sua irmã mais velha, a Princesa Rubi, havia se casado havia muito tempo, pouco depois de ele nascer. Conseqüentemente, ela não poderia casar-se novamente. Sua outra irmã, a Princesa de Ônix, não era aceita por nenhum príncipe ou rei dos reinos vizinhos ou distantes por seus modos obscuros de agir e falar. Havia também sua irmã mais nova, a Princesa Safira. Porém ela ainda era uma criança, e era necessário que houvesse logo o casamento para que a aliança entre os reinos fosse concretizada.

Foi nesse momento de dúvidas que o rei observou seu filho mais novo, o belo Príncipe de Ouro, de feições andróginas e corpo pequeno. Parecia tanto com uma garota! Haveria de ser ele a se casar com o príncipe de Upvalley, o reino vizinho. É uma brilhante ideia, pensou o rei.

Dessa forma, o Príncipe de Ouro estava sentado na carruagem real, trajando um vestido violeta com detalhes dourados – para combinar com seus cabelos louros.

Eles estavam atrasados para o encontro com o príncipe porque o louro havia se recusado a se vestir de forma tão vergonhosa. Ele gritou quando haviam tentando pôr-lhe um espartilho, disse não ao vestido cor-de-rosa que lhe haviam preparado e se trancou no enorme guarda-roupa de seu quarto quando as criadas apareceram com jóias e fitas de cabelo.

Haviam deixado o castelo três horas atrasados por causa dessa teimosia. Felizmente conseguiram fazer o garoto usar tudo que lhe foi imposto – exceto o vestido cor-de-rosa.

Já era noite, e um guarda que acompanhava a carruagem bateu à janela, chamando a atenção do rei.

— Vossa Majestade! Temo que já esteja muito tarde para continuarmos a atravessar essa estrada. Sugiro que acampemos em uma clareira na Floresta das Lágrimas durante a noite e retomemos a viagem logo de manhã – disse o guarda com sua voz grave.

O rei concordou. Após procurarem por algum tempo, encontraram uma enorme clareira banhada pela luz da lua que acabava por dar-lhe um aspecto de calmaria e quietude.  Não parecia haver nenhum animal por perto.

Os três homens da família real esperaram na carruagem os guardas montarem as tendas que lhes serviriam de abrigo.

Em pouco tempo, tudo estava pronto para que pudessem passar a noite em segurança. Os escolhidos para proteger o rei e seus filhos no primeiro turno já estavam em seus postos enquanto os homens mais velhos daquela família conversavam alegremente dentro da tenda.

O Príncipe de Ouro ainda estava do lado de fora, próximo à carruagem. Tirou os saltos apertados de seus pés e massageou-os com uma expressão dolorosa em seu rosto andrógino. Como aquilo machucava! Decidiu por jogá-los no chão a fim de andar mais livremente pela clareira. Ele não queria ficar ouvindo seu pai e seu irmão falando o tempo inteiro que aquela ideia era genial – pois, para ele, não era nem um pouco.

O garoto deu um suspiro tão alto e triste que até os guardas sentiram pena dele. Observou as árvores ao redor a fim de encontrar algo que o distraísse de seus trajes vergonhosos.

E logo encontrou esse algo: eram olhos, na verdade, se sua mente não o pregava peças. Amarelos, ou fosse talvez só por causa do luar. O príncipe aproximou-se deles hesitante. Se fosse um animal feroz, teria que ter reflexos rápidos e correr ou pedir por ajuda. No entanto, os olhos pareciam tão calmos e inofensivos. Brilhavam.

O príncipe aproximou-se mais até ficou muito perto do fim da clareira, não ousou andar nem mais um passo. O que era aquilo? Definitivamente não parecia um animal. Em meio àquelas sombras, porém, o garoto não via absolutamente nada além de um vulto que parecia ser de um corpo humano.

Temeroso, ergueu uma de suas mãos a fim de tocá-lo. O gesto pareceu assustar o que quer que fosse pois a criatura recuou dois passos. Decerto que aquilo não era um animal feroz.

- Não tenha medo – disse o príncipe com sua voz fina e serena. – Não vou te machucar.

A criatura aproximou-se um pouco e, logo, foi banhada pelo luar, e o príncipe pôde vislumbrar a pessoa mais bela que já havia visto.

Era um garoto. Tinha cabelos castanhos, longos, que caíam pelos seus ombros finos e morriam na altura de sua cintura. Vestia uma roupa totalmente verde, mais parecia feita de folhas, flores e ramos, além de uma coroa de galhos, enfeitada por flores cor-de-rosa, no topo da cabeça. Sua pele era tão clara que parecia branca por causa da luz da lua. Seus olhos não eram amarelos, como o príncipe pensara, mas castanhos de um tom bem claro. Mas que belo rosto era aquele, que demonstrava tanta inocência e bondade.

O príncipe ficou encantado por aquele garoto, que, por sua vez, olhava fixamente o menino. Observava seu rosto andrógino, tão belo, e seus cabelos que mais pareciam ser feitos de ouro. Seus olhos eram de um azul tão encantador e profundo, talvez a sua alma pudesse ser vista dentro daqueles olhos. Sua pele era quase tão clara quanto a do outro, um pouco mais escura, quem sabe. No entanto, o garoto achou que o príncipe fosse uma garota, por causa de suas roupas femininas.

Depois de muitos momentos em silêncio, o príncipe enrubesceu e tentou dizer algo que fizesse sentido:

- Desculpe, quer dizer, olá! Você... Quero dizer, eu estava... Hã... – porém ele atropelou as palavras. Realmente não sabia ao certo o que dizer.

O garoto sorriu do príncipe. Que belo sorriso!, pensou.

- Meu nome é Kanon – disse o garoto, ainda sorrindo. – Você é uma humana?

- Claro que sim – o príncipe respondeu. – O que mais eu poderia ser?

- Oras! Um elfo, um luboquim, um anjo talvez. Existem tantas criaturas mágicas nessa floresta que nem eu mesmo sei dizer mais o que é o quê. Além disso, seus cabelos são espessos, poderiam estar escondendo suas orelhas, e sua pele é clara o suficiente para pertencer a um elfo.

- Ah, desculpe – pediu o príncipe. – Mas eu nunca vi nenhuma dessas criaturas.

- Pois está vendo uma agora! Sou um elfo – Kanon disse, sorrindo mais alegremente.

- Um elfo? Mas você se parece com um humano! – assustou-se o príncipe.

Kanon riu e levantou seus cabelos castanhos. Então, o garoto pôde observar as orelhas pontudas que se escondiam entre os fios. Era aquilo que diferenciava visualmente os humanos dos elfos.

- Sinto muito, não tinha visto isso – comentou o garoto.

O elfo balançou a cabeça negativamente, para dizer-lhe que não foi nada, ainda rindo das atitudes do príncipe.

- Mas você ainda não me disse seu nome – comentou.

O garoto enrubesceu ainda mais e gaguejou seu nome, com o coração acelerado no peito.

- Sou... o Príncipe de Ouro.

- Príncipe!? Mas as garotas não deviam ser princesas? – indagou o elfo.

Foi então que o príncipe percebeu que ainda estava trajando roupas femininas. Ele olhou para baixo e lá estava ele, o vestido violeta que o fazia parecer uma garota. Nervoso, negou:

- Não, não! Nossa, não, eu não sou uma garota. Sou um garoto. Quero dizer, estou vestido assim porque meu pai quer que eu me passe por garota para fazer o príncipe de Upvalley se apaixonar por mim e concretizar uma aliança com nosso reino. De fato, eu sou o príncipe do Reino de Bronze, como é conhecido atualmente.

Kanon não conseguiu se conter, soltou uma gargalhada alta, mas logo pôs a mão sobre a boca para não chamar a atenção dos homens que estavam acompanhando o príncipe. Ele riu por mais algum tempo, fazendo o garoto ficar desconfortável, depois tossiu e tentou explicar-se:

- Desculpe, desculpe! Mas é que sua história é bem engraçada, e parece ser constrangedora para você.

- Claro que é! Onde já se viu um príncipe se vestir de garota? Isso é um ultraje!

- Então por que não fala com seu pai? Por que não diz a ele que não quer se vestir dessa forma? – indagou Kanon.

- Eu não posso. Ele me mandou fazer isso porque é o melhor para o reino. Não posso pôr meus motivos egoístas em frente à nossa terra – discursou o príncipe.

Kanon virou-se de súbito e caminhou para dentro da floresta. O príncipe assustou-se com aquela atitude. Acaso teria ficado bravo por causa do que dissera?

- Aonde está indo? – indagou.

- Espere-me aqui! – o elfo gritou já longe.

O Príncipe de Ouro sentou-se em uma pedra próxima, de topo polido e plano, e ficou esperando que o jovem elfo retornasse de onde quer que tivesse ido.

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Quando Kanon retornou, o príncipe já estava entediado, quase dormia naquele mesmo lugar. Às vezes, pensou em ir deitar-se em sua tenda, mas lembrava-se do elfo e continuava sentado. De alguma forma, Kanon parecia ter-lhe despertado um grande interesse.

O elfo riu levemente do príncipe e tocou-lhe a cabeça, desalinhando-lhe os fios dourados. O príncipe sorriu para aquele ser e levantou-se preguiçosamente. Kanon mostrou algumas roupas iguais às suas e disse-lhe:

- Vista isso, fará você sentir-se confortável.

O garoto puxou as roupas do elfo, embrenhou-se na floresta, retirou o vestido, as meias e o espartilho que quase impedia sua respiração e vestiu-se com roupas verdes, feitas de folhas e galhos.

- Está melhor! – Kanon sorriu, aproximando-se do príncipe que, naquele momento, passou a parecer realmente um menino.

O Príncipe de Ouro sorriu encabulado. O elfo perguntou-lhe se não haveria problema se o levasse para andar pela Floresta das Lágrimas. O garoto olhou para os guardas atentos a outras coisas e disse-lhe que não, não havia problema algum.

Na verdade, o ser mágico queria conhecer mais aquele garoto. Desde que chegara à clareira, encantara-se com a visão da jovem “garota” que andava com a postura ereta e sempre tão decidida.

Naquele momento, descobrindo que se tratava de um garoto, não deixou que o encanto se perdesse, acabando por querer fazer amizade com o príncipe.

A noite passou tão rápida que todas aquelas horas pareceram apenas minutos para os garotos. Lentamente, o sol da manhã banhava as folhas verdes das Árvores Sussurrantes e o príncipe teve de voltar ao acampamento, vestido novamente com suas roupas vergonhosas.

De fato, os guardas não perceberam que o garoto havia sumido, pensavam que ele já estava na tenda quando ficaram de sentinela durante a noite. Seu pai e seu irmão haviam dormido tão cedo e profundamente que mal perceberam que ele só entrou pela manhã na tenda.

A hora de partirem chegou. O príncipe, antes de entrar na carruagem, deu uma última olhada para trás. Pediu licença por alguns minutos aos guardas e à família e dirigiu-se para a parte mais remota da clareira. Kanon estava ali, olhando-o com um sorriso nos lábios. Um sentiria saudades do outro.

- Devo partir agora. Mas espero que nos encontremos novamente – disse o príncipe.

- E vamos – respondeu Kanon.

- Quando eu estiver voltando, farei meu pai parar nesse lugar novamente e chamar-lhe-ei. Por favor, me responda.

- Mas é claro, Príncipe de Ouro. Mas, antes, quero dizer-lhe algo: esse nome é muito comprido e mal se parece realmente com um nome. Posso chamar-lhe de outra forma?

- Claro – concordou o príncipe, sorrindo.

- Então, chamar-lhe-ei de Addae. Significa “sol nascente”, lembra-me de seus cabelos amarelos como o sol.

O príncipe riu e concordou, balançando os cabelos compridos.

Um guarda o chamou. O garoto despediu-se do elfo e foi caminhando com seus saltos desconfortáveis até a carruagem.

Assim, o príncipe e o elfo se separaram por algum tempo, com a promessa de que se veriam novamente.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do Príncipe de Ouro e do elfo Kanon? Espero suas opiniões sobre tudo, o que está bom, o que não está, o que pode ser melhorado, enfim, reviews?

Takoyaki ~ Bolinho de Polvo!