Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 83
Bônus: Herói por um dia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo longo, pois eu estava inspirada. Espero que gostem.



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POV Scott

Lá estava eu. Correndo com toda a minha energia usando meu sobretudo preto, minhas botas impermeáveis que disponibilizam super saltos no nível 3, e minhas pistolas á laser de longa distância. Algumas jujubas assassinas pulavam em minha direção, enquanto eu as acertava para não virar um zumbi. Algumas pessoas abatidas por esses monstros ferozes apareciam de vez em quando, mas eu estava conseguindo desviar com facilidade. Tudo estava ótimo, até que eu me toquei... Que aquilo fugia um pouco da realidade.

- Scott! Socorro! A Jujuba Master está me mantendo prisioneira! – Exclamou Alice de cima de uma torre.

- Estou indo de salvar, Cooper! – Exclamei de baixo, mas assim que usei minhas botas de super salto acreditando que poderia alcançá-la, uma delas me atingiu com um dardo explosivo. Estava prestes a me chocar contra o chão, quando...

- Wow! – Berrei em um sobresalto. Parecia que eu tinha caído sobre o meu próprio colchão á uma enorme altura. Foi um sonho completamente estranho. Jujubas assassinas que transformam pessoas em zumbis? Estranho. Nem nos vídeo games isso acontece.

Eu me levantei e cocei a cabeça, ainda um pouco fora de mim. Fui até a janela para pegar ar, depois troquei de roupa e desci as escadas. Esperava que Alice estivesse lá embaixo, mas quando desci...

- Olha lá! É o nerd de estimação da namoradinha do papai. – Zombou Phobos rindo de mim. Deimos estava do seu lado e acabou rindo um pouco também. Revirei os olhos. Eles nunca mudavam, mas... Onde estava Alice?

- Então, perdedor? Onde está a garota da guerra? – Perguntou Deimos cruzando os braços – Nós temos um tempo vago e viemos implicar um pouco com a Filhinha de Hermes. Cadê ela?

- Alice... Não sei. Acordei agora. – Respondi dando de ombros – Por que não procuram lá fora?

- Por quê? Tem algum problema se nós procurarmos aqui dentro? – Perguntou Phobos mostrando o quanto era mais forte que eu. Mantive a calma, pois sabia que você só devia revidar em valentões, se eles te atacassem. Manual de sobrevivência. Se eles implicarem com você, fique tranqüilo e ignore.

- Nenhum. Só sugeri, porque acho que ela não está em casa. – Respondi calmamente. Eles ficaram me encarando por um tempo, mas eu decidi fazer movimentos lentos para que não causar problema – Fiquem á vontade. Eu vou tomar o café da manhã.

- Quem disse que terminamos de falar com você? – Perguntou Deimos cerrando os punhos. Eu virei para eles, antes que levasse um soco nas costas, e esperei. Pude vê-los sorrir maldosos – Você não sabe mesmo onde está a Alice, é? Será que não esqueceu ela lá em cima?

Os dois riram com maldade, e eu pude sentir uma enorme vontade de socá-los. Mas me contive, é claro.

- Somos só amigos. Nada mais que isso. – Respondi.

- Ah, claro. – Assentiu Phobos – Acho que ela não deve ter uma quedinha por nerds lesados filhos de Hefesto.

Os dois riram. Resolvi ignorar novamente e seguir para a cozinha, mas Phobos me girou com força e violência. Eu olhei para os dois um pouco tenso, mas não deixei isso transparecer.

- Acha que vai sair assim sem nem mesmo nos responder? – Perguntou ele olhando para mim – Estamos te zoando. Tirando uma com a sua cara. Ou será que é lesado demais para notar isso? Vai deixar desse jeito mesmo, é?

Ele me deu um empurrão para trás, e eu me equilibrei para não cair.

- Ei, Phobos. Será que a Alice vai ficar com muita raiva se nós nos divertirmos um pouco com ele? – Perguntou Deimos estalando todos os dedos da mão, o que me deu medo. Phobos sorriu maligno.

- Acho que ela vai levar a coisa na brincadeira, não é Collins? – Sorriu Phobos. Ele estava pronto para me dar um soco, mas e consegui desviar no ultima segundo. Dei alguns passos para trás, chegando perto da porta da sala, e Deimos me segurou por trás.

- Ei! Me solta! – Exclamei tentando livrar-me dele. Phobos ia me acertar em cheio, e eu ia tentar chutá-lo no estômago, mas...

- Larga ele! – Exclamou Alice chutando a bunda de Deimos, que me largou em um pulo. Alice empurrou Phobos para trás com força, e os dois quase se chocaram, mas conseguiram se manter em pé e encará-la com raiva – Deixem ele em paz, seus trogloditas!

- Saí da frente, gracinha. Isso é entre nós três. – Disse Deimos – A não ser que queira levar uma surra que nem ele vai levar.

- Acho que ela quer que você segure ela do mesmo jeito que fez com ele, Deimos. – Zombou Phobos, sempre com maldade – O que houve, princesa? Papai não anda te dando tanta atenção?

- Eu vou ignorar todas as piadas nojentas que vocês dois fazem. Agora se mandem da minha casa e vão encher o idiota do pai de vocês! – Exclamou Alice trincando os dentes. Ela nunca teve paciência com os valentões. Para ela, revidar era sempre a solução.

- Como eu disse... É entre, nós e ele. Se manda você! – Disse Deimos empurrando-a para o lado para poder vir para perto de mim. Só que Alice, como sempre, empurrou ele de volta, e entrou na minha frente.

- Agora é entre eu e vocês. – Corrigiu ela – Se mandem da minha casa, idiotas.

Phobos e Deimos cerraram os punhos com raiva dela, e depois olharam para mim. Foi aí que eu desejei profundamente que ela não tivesse me ajudado.

- Uuuh. Agora eu entendi. – Riu Phobos zombando novamente – Você está com medinho do Collins levar uma bela surra, porque ele é fracote demais, não é?

- É assim que ele se safa das brigas? Pedindo para a garota da guerra salvar ele? – Perguntou Deimos rindo – Filho de Hefesto. Tinha que ser! Não passam de franguinhos medrosos!

- Só se mandem daqui logo, e calem a boca! – Reclamou Alice. Eles dois saíram rindo. E ainda por cima... De mim. Alice fechou a porta com raiva e depois olhou para mim – Você está bem, Scott? Eles te machucaram?

Eu compreendia completamente a vontade dela em me ajudar. E também a sua preocupação. Éramos praticamente irmãos, e sempre cuidávamos um do outro, mas aquilo tinha sido um tanto exagerado.

- Você tinha que deixar eles saírem assim? – Perguntei desviando o olhar – Podia ao menos falar que eu não era fracote, ou medroso. Agora eles vão sair por aí rindo da minha cara.

- Scott... – Alice tentou dizer alguma coisa, mas eu tentei evitá-la sentando-me no sofá e desviando o olhar – Eles são dois idiotas. Quem liga para o que eles pensam?

- Não ligo. Só me responde uma coisa... Você acha que eu sou medroso ou fraco? – Perguntei imaginando o que ela ia responder. Alice franziu o cenho e negou com a cabeça – Então porque você não deixou eu terminar a briga com eles?

- Por que você podia se machucar! Eles são muito fortes e você é...! – Ela se interrompeu, e meu queixo caiu. Ele ia mesmo dizer que eu era fraco! Alice mordeu o lábio, sem graça, e deu alguns passos na minha direção – Scott... Não é nada disso. Não estou dizendo que você é fraco, é só que eles são mais fortes.

- São mais fortes que eu, mas você ia lutar com eles por mim. – Rebati – Viu só?! Cooper, eu sei me virar também! Não sou fraco ou medroso, só porque não luto o tempo todo como você.

- Eu só estava preocupada, só isso! Não queria que eles te machucassem. – Defendeu-se ela. Eu acreditava e entendia, mas ainda estava incomodado por passar uma visão de fracote para as pessoas. Alice se levantou do sofá de repente – Eu acho que deixei cair as chaves lá fora... Só um minuto. Eu já volto.

Revirei os olhos e liguei meu Xbox para me distrair um pouco, quando ouvi...

- O que vocês querem agora? – Perguntou Alice.

- Você sabe exatamente o que nós queremos, gracinha. – Respondeu a voz de Deimos – Mas não se preocupe. Temos outros planos para você também.

Antes mesmo que eu pudesse fazer algum movimento, Phobos falou...

- Você tem algum medo, Alice? – Sua voz era assustadora, e logo depois de ouvi-la, o grito alto de Alice ecoou até meus ouvidos. Dei um pulo do sofá e corri até a porta. Phobos segurava Alice desacordada nos braços, enquanto mostrava um sorriso torto no rosto. Ele olhou para mim e o sorriso aumentou – Não é que ele veio?

- E agora, Collins? A sua namoradinha apagou. Quem vai te proteger? – Perguntou Deimos estalando os dedos novamente, mas dessa vez não me deu medo. Ao ver que Alice estava em claro perigo, algo me fez tomar coragem.

- Soltem ela, já! – Exclamei com raiva - Phobos, o que você fez com ela?!

- Nem metade do que eu vou fazer com você. – Respondeu ele – Acho melhor você conseguir as chaves para nós de novo. Senão... Bem. Acho que a Alice não vai ter um fim muito bonito. Pobre garota da guerra.

- Leve as chaves para o terreno de construção aqui perto, e nós devolvemos ela. Uma troca simples, não? – Disse Deimos – Até mais, perdedor. Ah! E é melhor Ares não ficar sabendo disso, ouviu? Senão não vamos deixar nenhum osso inteiro no seu corpo.

Eles sumiram em uma cortina de fumaça, e eu tive que respirar fundo para pensar no que fazer. Eles... Disseram chaves. Chaves? Mas chave do que?

Alice tinha dito que as deixara cair na rua. Em algum lugar ali fora. Eu olhei para a grama e comecei a procurar desesperadamente. Nenhum sina delas. Foi aí que notei que estavam logo perto do caminho de concreto que tinha até a porta de casa. Eu as peguei aliviado, e me levantei. Só que...

- O que está fazendo, moleque? – Perguntou Ares de braços cruzados. Opa... Ele não podia saber de nada.

- Ahm... Só olhando a grama crescer. – Sorri em resposta, e eles franziu o cenho para mim. Escondi as chaves no bolso antes que ele as notasse na minha mão.

- Você é tão lesado quanto o seu pai... Onde está a Filhinha de Hermes? – Perguntou em um resmungo mal humorado.

- Ah. Ocupada. – Respondi. Ares deu de ombros e entrou na casa mesmo assim. Se notasse que Alice não estava, ele ia tentar arrancar algumas respostas de mim de um jeito nada sutil. E além disso... Deimos e Phobos acabariam com a Alice. Ou coisa pior...

- Ocupada com o que? – Perguntou Ares entrando na sala – Kelly! Aparece logo!

- Ah, ela não vai poder falar com você agora. – Comentei tentando pensar em uma boa história para enrolar ele. Ares virou-se para mim e cruzou os braços.

- E porque não? – Quis saber. Eu sorri sem graça. Para Alice era muito mais fácil inventar histórias e enganar as pessoas, mas eu ficava sempre enrolado quando tentava pensar em algo.

- Ela... Não lembro bem, mas acho que ela está no quarto dela trocando de roupa. – Respondi pensando ser uma boa resposta, mas logo vi que tinha feito besteira. Ares sorriu torto ao ouvir aquilo e olhou para o topo da escada.

- Ah. Bom. Acho que vou lá em cima dar uma mãozinha para ela. – Comentou inocentemente – Ou duas.

- Mas...! Ela... Ahm... Deve estar sem roupas. – Disse apressado. Ares sorriu mais torto ainda.

- Puxa... Será? Acho que eu vou ter que correr esse risco. – Disse dando de ombros. Eu fui atrás dele para impedi-lo, mas ele se virou com raiva de repente – E o que você está pensando que vai fazer? Me seguir? Fique longe do quarto dela enquanto a Filhinha de Hermes estiver trocando de roupa, ouviu?!

- Você... – Eu pensei em algo finalmente – Sabe... Ela estava muito animada para sair com você hoje. Mas... Eu acho que, conhecendo a Alice, toda essa animação vai por água abaixo se você for lá espiar ela nua.

Ares parou de subir as escadas e olhou para mim um pouco duvidoso. Mas eu tinha certeza de que ele não gostaria de correr o risco.

- Ela... Disse isso mesmo? – Perguntou ele – Que queria sair comigo?

- Garotas. Como podemos entender? Ela estava feliz e tudo mais. E só falava “Será que o Ares vai gostar desse vestido?” e “Qual filme nós podíamos ver no cinema?”. Essas coisas. – Inventei sabendo que Alice ia me matar por isso. Ares abriu um sorriso triunfante de “eu sou o cara” e alisou o cabelo para trás estufando o peito.

- O que mais ela disse para você? – Perguntou orgulhoso de si mesmo.

- Ah, ela... Ela falou que... Muitas coisas para falar a verdade. Ela disse que gosta do seu cabelo arrumado para trás. E que... Gosta da sua jaqueta de couro, porque ela realça seus músculos, e... – Tinha que pensar em mais coisas – E que se derrete quando você usa calças apertadas.

Ares franziu o cenho na última parte, e eu pensei ter dito besteira.

- Ela gosta de me ver usando calças apertadas? – Perguntou ele – Mas eu não uso calças apertadas.

Respirei fundo. Me ferrei naquele momento, e pude notar isso, pois Ares parecia estar notando que era tudo mentira. Mas acho que Hermes deve ter me dado uma ajudinha lá dos seus na hora de mentir, e eu consegui inventar algo que foi o golpe final.

- Não é? Bem... Ela falou que te acha sexy assim. Dá um certo charme, ahm... Nos seus “documentos”. Ela disse que fica louca quando só de te imaginar assim. – Comentei, e Ares ficou surpreso.

- Ela disse... Isso?! – Exclamou ele e eu assenti. Esperava que ele me chamasse de mentiroso, mas ao invés disso Ares riu – Sempre soube que ela tinha esse lado malicioso.

- Pois é. E se você causa esse efeito só na imaginação dela, pensa só o que vai acontecer se você comprar uma calça apertada? – Comentei e ele tateou os bolsos em busca de dinheiro – Se eu fosse você corria para comprar uma agora mesmo. E leve o tempo que quiser. Eu enrolo a Alice até você chegar.

- Uhm... Não sei... – Ares parou para pensar, mas logo saiu correndo – Eu já volto! Enrola ela!

Assim que Ares bateu a porta, eu olhei para as chaves que tinha pego do chão (mas não antes de um ataque de risos, é claro). Era um chaveiro de caveira, e na boca dela tinha um rubi. Aquilo era a cara de Ares, e logo identifiquei como a chave de sua moto.

A moto de Ares. Então era isso que aqueles dois queriam. Eu não tinha idéia do porque, mas o importante para mim era a Alice. Talvez eu não devesse entregar as chaves á eles, mas a única chance de salvá-la era fazendo o que eles mandaram.

Parecia que pela primeira vez Scott Evan Collins ia ser um herói e salvar uma donzela em apuros. Era uma tarefa arriscada, e o tempo corria contra mim assim como no vídeo game, mas não podia deixar de mostrar um sorriso heróico no rosto.

Eu vesti uma camisa preta da Umbrela Corporation do jogo Resident Evil, coloquei uma faixa vermelha na testa, e corri até a moto de Ares logo na frente da casa dele. Assim que subi e a liguei, corri á procura de um terreno baldio perto de casa, mas não estava achando nenhum.

Foi só depois de um tempo, depois de eu parar a moto, e andar um pouco sem rumo, que notei que o tal terreno estava atrás da cerca branca de madeira ao meu lado. Dava até para ouvir a voz da Alice, agora já acordada. Olhei por um buraco na cerca e vi. A filha de Hermes estava amarrada por uma corda, e estava sentada no chão. Deimos e Phobos riram e mexiam com ela.

- Está ficando preocupadinha com o seu nerd favorito? – Zombou Phobos – Eu quero que você esteja bem acordada quando nós dois acabarmos com ele, docinho.

- Se toca, Phobos. Se Scott não cuidar de vocês, Ares vai. – Rebateu Alice.

- Ah, você acha? – Perguntou Deimos se ajoelhando e ficando perto do rosto dela – Pois eu acho que Ares não vai se importar de nós batermos em um filho de Hefesto, princesa.

- E eu também não acho que Ares vá gostar de saber que vocês andam me chamando de “docinho” e “princesa”. – Comentou Alice com um sorriso doce, só que eles só riram.

- Eu não estou vendo ele aqui. – Comentou Phobos puxando o queixo dela para perto de si. Alice bateu com o ombro nele, antes que ganhasse um beijo, e eu me senti realmente dentro de um vídeo game. Será que os vilões sempre tinham que ter uma quedinha pelas garotas bonitas? Tsc. Que clichê.

Phobos e Deimos se afastaram rindo da indefesa de Alice e foram para a entrada do terreno baldio esperar por mim. Mas como eu estava logo no fim, só tive que pular aquela cerca em silêncio, e chegar perto de Alice.

- Scott! – Exclamou ela em silêncio – Você veio?! Ficou louco?! E... Que roupa é essa? Você está usando uma bandana?

- É. É a minha roupa de herói. Eu vou te tirar daqui, e nós dois vamos passar a perna nesses idiotas. – Disse tentando desamarrar Alice, enquanto ela sorria para mim. Alice beijou a minha bochecha e eu parei por um segundo – Alice.

- Scott, eu não te chamei de medroso ou fracote. Você sabe disso, não é? Eu só me importo demais para deixar alguma coisa acontecer com você. Só isso. – Disse ela olhando para mim um pouco insegura – Eu sempre fui assim, eu acho. Mas... Você não está triste comigo por causa disso, está?

- Não. – Respondi calmamente. A minha raiva tinha toda ido embora – Não, você estava só tentando me ajudar, e eu entendo isso. Até agradeço, porque foi assim que eu sobrevivi á vários valentões quando estudávamos juntos. Agora vamos nos concentrar nessas cordas...

- Ooown, que gracinha! Os pombinhos vão se beijar! – Zombou Deimos rindo de nós – O que você fez para ele vir, Alice? Gritou? Até imagino... “Scott, socorro! Scorro!”.

- Só soltem a Alice, e nos deixem em paz. – Disse levantando e cerrando os punhos.

- E se não fizermos isso? Por que eu tenho outra idéia. – Disse Phobos. Ele e o irmão sacaram duas espadas assustadoras e sorriram para mim – Eu pensei em pegar as chaves de você á força, cortar você em milhões de pedacinhos na frente da sua ex namoradinha, e depois ficarmos mais um pouco com a garota da guerra.

- Não pensem em tocar nela! – Exclamei tentando protegê-la.

- Ou o que? – Perguntou Deimos – O que vai fazer agora?

- Scott, saca a sua espada. – Disse Alice em um sussurro para mim. Eu franzi o cenho e depois sorri sem graça dizendo que não tinha uma. Alice jogou a cabeça para o lado e um grampo de cabelo caiu no chão – Quebra ele. É uma espada.

Eu o segurei e conferi que era verdade. O grampo quebrado alongou em minha mão e virou uma espada prateada, com detalhes em bronze e azul. Sorri mais triunfante para os dois idiotas, mas... Não tinha idéia de como usar uma espada direito.

- Ótimo. Assim não vão nos acusar de uma luta injusta. – Disse Deimos dando de ombros e avançando em minha direção. Nós lutamos, e por curtos minutos eu consegui reproduzir os movimentos dos meus jogos de vídeo game, mas logo depois ele derrubou a minha espada no chão e veio para cima de mim.

- Que tipo de luta justa é essa?! São dois contra um! – Exclamou Alice, mas eles só riram e continuaram. Enquanto Phobos pegava a minha espada no chão, Deimos virou meu braço para trás em um ângulo que, com um simples movimento, o quebraria – Para. Para, Deimos! Vai quebrar o braço dele!

Não, ele não ia. Preferia ficar parado ali, me causando uma dor infinita, mas Alice não se tocou disso. Phobos apontou as espadas para meu pescoço e sorriu perguntando quais eram as minhas últimas palavras. Eram “Por favor, Hermes, me torne imortal agora mesmo”, mas “Zeus, lance um raio nesses dois agora” também servia.

- Pode ser... – Me toquei de algo importante – Corda e caçamba.

Pode notar que os dois fizeram caras de desentendidos ao mesmo tempo, e isso me deu um segundo para virar e dar um chute nos pontos baixos de Deimos fazendo-o largar minhas. Consegui acertar um soco no queixo de Phobos. Ele caiu perto de Alice no chão e rangeu os dentes de raiva, ordenando para que Deimos acabasse comigo.

- Você já era, perdedor! – Exclamou Phobos, e Deimos assentiu. Phobos segurou o cabelo de Alice e puxou o rosto dela para mais perto do seu – Pode deixar. Vamos tomar conta dela para você. Agora morra de uma vez, e apodreça no Tártaro.

Phobos começou a beijar a bochecha de Alice, e depois foi para o pescoço. Ela tentava chutá-lo, mas suas pernas também estavam amarradas. Eu agi tão rápido no momento, que nem sei o que deu em mim.

- Eu já disse para não tocar nela! – Exclamei enquanto corria para a direção de Phobos. Deimos foi para a minha frente, mas eu consegui dar uma cotovelada em seu estômago logo depois de desviar de sua espada. Cortei rapidamente as cordas que amarravam Alice, e chutei o peito de Phobos – Vem! Rápido!

Segurei a mão dela, e nós dois corremos para a moto de Ares. Não demorou muito para chegarmos em casa, e posso dizer que não paramos de correr até nos jogarmos no sofá da sala. Eu olhei para Alice, e ela para mim. Nós dois começamos a rir, e ela beijou a minha bochecha.

 - Meu herói. – Disse ela rindo – Você me salvou, Pilgrim. Sou grata por isso.

- Tsc. Que isso. Estava só fazendo o meu trabalho. – Disse humildemente. Ela riu, mas paramos assim que a porta abriu. Phobos e Deimos entraram com raiva, e eu tinha quase certeza que ia morrer.

- Ok. Já chega. Tomem a droga da chave de vocês e sumam. Já se divertiram, agora dêem o fora daqui. – Disse Alice se levantando, pegando as chaves de mim e jogando contra Deimos, que as agarrou calmamente. Phobos riu de deboche.

- E se eu não me diverti o suficiente, gracinha? – Quis saber chegando mais perto de Alice – E se eu disser que eu quero prolongar um pouco a minha diversão?

- É. Que tal uma mãozinha, hein docinho? – Perguntou Deimos alisando o cabelo de Alice – Não quer nos ajudar com os seus dons, gracinha?

Alice estava pronta para quebrar a cara dos dois com um tapa, mas resolveu ficar parada e deixar eles levarem um outro tipo de corretivo.

- Gracinha, docinho, princesa... Posso saber a quem vocês estão se referindo? – Perguntou Ares atrás deles. Os olhos de Deimos e Phobos se arregalaram de medo, assim que as mãos grossas a fortes do Deus da guerra parou sobre os ombros deles. Os dois gaguejaram tentando explicar, enquanto Alice sorria triunfante. Ares literalmente chutou os dois para fora de casa, e eu ri.

- Já era hora. – Riu Alice para mim, e eu ri de volta, mas ela parou assim que Ares sorriu torto para ela – O que houve?

- O que acha das minhas calças, hein benzinho? – Perguntou ele, e eu prendi o riso novamente. Alice franziu o cenho para ele sem entender, e Ares fez algo que me provocou uma crise interna de risos. Ele colocou uma das mãos dela ente suas pernas nas calças de couro, e o rosto de Alice ardeu em vermelho.

- O que...?! – Alice estava com os olhos arregalados, e realmente surpresa.

- Tsc. O moleque filho de Hefesto me contou o que você disse. – Sussurrou ele. Alice estreitou os olhos para mim.

- O que exatamente ele contou? – Quis saber ela. Ares sussurrou em seu ouvido, e vi os olhos de Alice se arregalarem ainda mais. Opa... Eu estava ferrado – Scott! Eu mato você!

- Deixa isso para lá. Que tal irmos para algum lugar á sós? – Perguntou Ares em seu ouvido, e eu me controlei para não rir. Olhei para Alice, que me fuzilava com uma mistura de raiva, e incredulidade, e dei de ombros.

- Bem... Eu tive que contar. Para poder te ajudar. Mas... Só um resgate por dia, ok? Amanhã eu te salvo de novo. – Disse para ela, um tanto sem graça.

- Que heróico... – Disse ela, antes que Ares a pegasse no colo e fechasse a porta com um chute indo para sua casa.


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Notas finais do capítulo

Gente, como o próximo vai ser o último capítulo bônus, eu vou parar para pensar bem em qual vai ser o enredo dele. Já tenho uma ideia em mente, mas acho que vou mudá-la.
Tenho que fechar com chave de ouro, não?
Espero que tenham gostado, e só avisando... Depois de postar o próximo capítulo, eu vou postar um de agradecimentos e recomendações, ok?
Beijos e espero por reviews!