Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 80
Meu final infernal


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu estou chorando. As minhas mãos estão tremendo, a minha respiração está ofegante, o meu coração está batendo muito, mas muito forte.
Eu realmente espero que vocês gostem do último capítulo da trilogia infernal. Mesmo.
Fiz ele de todo o coração. Aqui vai...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/147464/chapter/80

POV Ares

Eu pisquei os olhos algumas vezes, na esperança de que ela sumisse como as outras ilusões, mas ela permaneceu ali. Será... Que era ela mesma? Eu estiquei o braço e desliguei a TV. O silêncio chegou a doer os ouvidos, mas eu consegui escutar claramente o que ela disse.

- Obrigada. – Falou Alice calmamente.

- Certo... – Disse devagar. Não tinha certeza se era ela ou não, mas resolvi fingir que era pelo menos por alguns minutos – O que está fazendo aqui?

- Mandando você abaixar o som. – Respondeu ela – Não foi assim que a gente se conheceu?

Eu ri por um segundo e desviei o olhar concordando, mas logo depois eu estiquei a mão e toquei seu braço. Ela continuou lá. Meus olhos se arregalaram. Aquilo queria dizer que ela era a Alice de verdade?!

- Para onde você foi? – Perguntei sem pensar em coisa melhor para falar.

- Alabama. Acredita? – Perguntou ela rindo de leve.

- Ótimo. – Assenti – Você só vai para o Alabama quando eu estou longe.

- Mas... Eu voltei. – Disse ela. Alice apontou de leve para a casa do lado, que estava com a luz acesa – Estou morando ali. Sou sua vizinha de novo. Não é engraçado como as coisas andam em círculos?

- O que mais você é? – Perguntei de um modo um tanto amargo.

- Bem... Eu continuo sendo a musa de Apolo. – Disse ela olhando para mim com um leve sorriso – E eu continuo sendo a ex namorada do Scott.

- Que poético. – Comentei em um resmungo amargo.

- Eu... – Alice franziu o cenho para mim e tomou coragem para continuar a frase – Eu costumava ser a garota da guerra, mas não sei se ainda sou isso.

Olhei para ela. Nunca pensei que ia gostar tanto de ver seus olhos castanhos e o seu cabelo bagunçado. Alice vestia as mesmas roupas simples de sempre, mas para mim nunca estaria sem graça. Só não conte isso para ela, senão vou acertar umas contas com você. Voltando á história...

- Tecnicamente... Sim. Não recebi muitas candidatas até agora, então acho que a vaga ainda é sua. – Respondi dando de ombros. Eu me encostei á soleira da porta, mas continuava olhando para ela. Alice assentiu, e sorriu um pouco triste.

- Você está sozinho, não é? – Perguntou ela.

- Afrodite anda muito ocupada com Hefesto. – Respondi fingindo não ligar. Alice assentiu calmamente. Lógico que eu estava sozinho. Sem ela, eu não tinha ninguém. Queria gritar isso para ela, mas achava que ainda era uma ilusão, por isso não disse nada. A única coisa que consegui falar foi... – Por que voltou?

- Eu? Ah... Vários motivos. Um deles é que estava nos meus planos, sabe? – Respondeu ela desviando o olhar um tanto sem graça. Antes que ela continuasse a frase, pude notar seu rosto levemente vermelho – Mas dentre outros motivos, acho que um deles é...

- É o que? – Quis saber olhando para ela.

- É que... Pela primeira vez em muito tempo eu passei duas semanas desfrutando de uma completa paz. – Respondeu ela olhando para mim – Nada de brigas, nem confusões, nem nenhum problema para me encher a cabeça e me irritar.

Parecia que ela tinha me dado um soco novamente.

- Ah, que bom para você. – Resmunguei.

- É. Isso me ajudou mais ainda á enxergar algumas coisas. Foi um dos motivos que me fez voltar. – Falou Alice dando de ombros e então eu notei a mensagem subliminar.

- Você tinha paz. E isso te fez voltar? Para ter problemas e tudo mais de novo? – Perguntei franzindo o cenho. O rosto de Alice ficou um pouco mais vermelho, mas ela assentiu. Por um segundo não disse nada, mas depois continuou.

Quando seus lábios se separaram para que ela pudesse falar algo, eu imaginei que seria alguma coisa romântica. Algo como “Eu te amo, Ares. Por favor, fique comigo!”, ou coisa parecida, mas minha cara foi no chão quando ela disse...

- Eu te odeio, Ares. Mesmo. – Disse ela com grande naturalidade. Ah, que lindo... Pirralha idiota! – É sério. Não tem nada que me dê mais prazer do que ver você se ferrar.

- E você veio do fim do mundo do Alabama, até aqui só para jogar isso na minha cara. – Comentei com um sorriso falso – O que eu posso dizer? Eu te odeio também.

- Você adora causar confusão, brigas... Você tornou a minha vida um inferno por muito tempo. – Continuou ela. Estava prestes a chutá-la até Paris como eu havia dito para o Apolo, quando... – Mas passar esse tempo em paz e tranqüilidade, me fez perceber que... Depois de ter passado todo esse tempo brigando e discutindo com você, eu não consigo... Eu não quero ter paz de novo.

Eu congelei. Ok... Se ela fosse uma ilusão, algumas cabeça iam rolar. Eu olhava fixamente para o seu rosto levemente vermelho, e observava atentamente enquanto Alice reunia forças para continuar.

- Eu... Não quero ter que passar a eternidade toda com paz e tranqüilidade. Eu notei que... Acho divertido brigar ás vezes. Mas... – Ela se interrompeu.

- Mas o que? – Queria saber desesperadamente – Continua. Fala para mim.

- Eu não me importo de ter que passar os meus dias brigando, discutindo, ou coisa parecida, mas... Tem que ser com você. – Completou ela – Ou contra você. Isso também é legal. Mas você tem que estar na história.

Eu não tinha certeza se aquilo era uma declaração ou coisa do tipo. Eu só sei que agarrei a cintura de Alice com toda a minha força, joguei ela para o lado, fazendo-a ficar em meus braços e a beijei com vontade.

Alice abraçou o meu pescoço para não cair, e eu a puxei para dentro. Fechei a porta com um chute e... Acho que podem imaginar o resto, não é?

Eu abri os meus olhos de um modo preguiçoso. Estava me sentindo completamente relaxado, mas não queria me levantar da cama. Ou... Pelo menos pensei que estava em uma cama.

Notei que estava deitado no sofá da sala, e franzi o cenho sem lembrar de como havia parado lá. Foi aí que a resposta surgiu em minha mente. Alice. Ela tinha voltado, e nós dois tínhamos ficado juntos.

Nós nos beijamos e eu tinha agarrado ela. Depois nós... Mas... Espera. Se tudo isso tinha realmente acontecido... Onde ela estava?

Eu me levantei atônito. Não. Não podia ser uma simples ilusão! Ela tinha que ser a verdadeira Alice Kelly. A Alice Kelly idiota e irritante que eu tanto odiava, e que eu tanto adorava implicar. A que nos momentos mais raros me fazia rir. Mesmo que fosse da cara dela, mas isso conta também, eu acho.

Corri até a cozinha, mas vi que não tinha ninguém. Eu fui em todos os cômodos da casa em desespero, que só crescia á medida que notava que estava completamente sozinho ali.

Eu devia ter adivinhado. Estava perfeito demais para ser verdade. Alice nunca ia parar na minha porta e dizer que queria ficar comigo, e que sentia falta das nossas brigas, e depois disso ainda passar a noite comigo.

Era um fato que eu conseguia sentir o seu cheiro no ar. Algum shampoo especial, talvez, devia ser o responsável por dar ao seu cabelo um cheiro de maçã. Não... Pura imaginação minha.

Eu desci as escadas completamente acabado. Deviam ser umas oito da manhã, o que indicava que eu só devia ter dormido umas 5 horas no máximo. Eu estava me sentindo mal mesmo, mas tentei esquecer isso.

Tsc! Quem precisava da Alice?!

- Eu preciso... – Murmurei contra vontade, mas assim que parei na sala, minha raiva cresceu. A TV estava ligada enquanto passava uma corrida de fórmula 1. Sentada no sofá com seu cabelo bagunçado como quem tinha acabado de acordar, estava Alice.

Seus olhos estavam grudados na tela, e só desviavam-se de lá para a caneca que ela segurava nas mãos com todo o cuidado. Bonita, mas irritante. Eu estava cansado de ficar vendo Alices na minha frente. Mais uma ilusão?! Nem pensar!

- O que pensa que está fazendo? – Perguntei de mau humor.

- Bom dia. – Respondeu ela notando a minha presença. Alice usava só uma camisa grande demais para ela. Eu fui até ela perto do sofá e a empurrei para baixo. Ela caiu no chão e derrubou sem querer a caneca também – Ei! O que foi isso?!

- Se manda daqui! – Rosnei para ela – E não venha ocupar espaço no meu sofá.

- Ah, que lindo. O cavalheirismo não dura mais que uma noite? – Falou ela.

- Não para você. Se manda! Já disse! – Reclamei, mas assim que sentei no sofá eu notei uma coisa. Alice passava a mão por uma de suas pernas, fazendo uma careta de dor. Se ela fosse uma ilusão... Não deveria desaparecer?! – Espera... Você continua aí?

- Não! Eu sou só uma ilusão, Ares. – Respondeu ela, e eu franzi o cenho.

- Mesmo? – Perguntei tenso. Alice revirou os olhos.

- Puxa, não sei. Só me responde... Ilusões fazem isso? – Ela estendeu a mão e tapa no braço. Aquilo doeu, e eu nunca fiquei tão feliz por ter levado um tapa dela.

- Não, não fazem. É você mesma! – Exclamei aliviado. Sem pensar, eu a agarrei em um abraço extremamente apertado. Suas pernas balançavam no ar tentando se soltar de mim, mas eu não permiti – É você! É mesmo você! Você voltou! E ainda voltou para mim! Sempre soube que você tinha uma quedinha por mim, Filhinha de Hermes!

- Ares! – Exclamou ela tentando se soltar. Podia notar que seu rosto estava vermelho de vergonha, mas sorria sem graça – Me solta! Qual é o seu problema?!

- Nenhum, agora! – Exclamei. Eu a joguei em cima do meu ombro e girei com ela, de modo que recebi diversos socos nas costas, mas como sempre nenhum deles me machucou.

Eu fiquei tonto depois de um tempo e acabei caindo no sofá com ela. As pernas de Alice estavam em cima das minhas, e podia notar que ela piscava várias vezes para conseguir parar tontura. Eu ri e ela franziu o cenho para mim, mas um sorriso se formou em seus lábios.

- Ok. Você pirou completamente. – Disse ela – O que deu em você?! Achava mesmo que eu era uma ilusão?

- Sem comentários, ok? – Respondi piscando os olhos para voltar ao normal também. Eu sorri torto para ela – Mas... Se você falou mesmo comigo ontem á noite quer dizer que depois do beijo, nós dois...?

- É. Sim. Isso mesmo que você ia dizer. – Respondeu ela me interrompendo e eu fiz um leve gesto de comemoração com as mãos – Mas antes de fazer algum comentário nojento, seria melhor... Ah, não.

- O que? – Perguntei franzindo o cenho, mas depois me toquei do que ela tinha notado. Alice olhou para o chão com um aspecto triste, e eu me prendi para não dizer nada. Ela olhou para mim, notou que eu prendia um riso, e revirou os olhos.

- Vai. Fala. Eu sei que você implicar comigo por causa disso. – Disse ela com raiva, mas eu sorri inocente e encolhi os ombros. Ela insistiu – Fala logo, Ares. Vai!

- Já que você pediu... – Disse rindo dela. Eu estiquei minha mão e apertei sua bochecha com força - Oooown, a pirralha está tristinha porque eu derramei o seu leitinho no chão, é? Aaaah, não chora, Kelly!

- Você é um idiota. – Disse ela se levantando e indo em direção á cozinha. Eu ri observando-a.

- Ooown, não fica assim! Quer sentar no meu colinho para se sentir melhor? – Zombei só para implicar ainda mais com ela. Pronto. Seu rosto inteiro ficou vermelho.

- Cala essa boca, seu nojento! – Exclamou ela virando-se para mim. Mandei um beijo de implicância e ela revirou os olhos – Eu odeio você. E odeio a mim também.

- Você se odeia por quê? – Perguntei sem entender. Ela me olhou como se fosse óbvio.

- Por que eu escolhi você. – Falou ela franzindo o cenho – Não se tocou ainda?

- Você me escolheu mesmo? – Perguntei incrédulo.

- Não, Ares. Eu vim do Alabama até a porta da sua casa, passei a noite com você, e estou aqui agora porque não tinha nada de legal passando na TV. – Respondeu ela em sarcasmo. Eu me levantei e puxei-a para perto de mim com um sorriso torto.

- Sarcasmo machuca, sabe benzinho? – Perguntei beijando-a. Alice tentou soltar-se de mim, mas depois acabou me beijando de volta. Fiz uma curta pausa – Então... Eu sou o seu namorado? Acho que podemos comemorar isso agora, não é?

Alice revirou os olhos, e eu lhe dei outro beijo.

- Ares... – Sussurrou ela, enquanto eu beijava o seu pescoço. Ela deu um leve riso – Está muito enganado se acha que eu vou me entregar fácil para você o tempo todo.

Ela me empurrou para trás e voltou para perto do sofá. Meu queixo caiu.

- Ei! Eu sou o seu namorado agora, e tenho os meus direitos! – Exclamei seguindo-a. Alice riu e negou com a cabeça.

- Direitos uma ova. Quando Apolo era o meu namorado, ele também não tinha nada fácil desse jeito. – Comentou ela.

- Ah, e você escolheu justo esse momento para ser justa?! – Exclamei com raiva – Você é realmente uma pirralha insuportável!

- Ótimo! Então se eu sou tão insuportável, arrume outra garota da guerra! – Exclamou ela de volta indo em direção a porta – Terminamos!

- Nossa! Esse realmente deve ser o nosso recorde! Por quanto tempo a gente se aturou? 5 horas?! – Perguntei irritado. Alice deu de ombros também com raiva, mas antes que tocasse a maçaneta, eu a girei e beijei-a. Alice abraçou meu pescoço e retribuiu.

Acho que era só assim que nós dois poderíamos nos dar bem. Entre brigas, beijos, mais brigas, e um pouco mais de brigas de novo. Quando nós nos afastamos, alguém tocou a campainha.

Ela arregalou os olhos para a porta, e depois sorriu um pouco demais para mim.

- Então! Ares... Por que nós não nos sentamos e conversamos um pouco? Eu... Acho que eu precisava falar com você. – Comentou ela coçando a cabeça. Franzi o cenho.

- Quem está na porta? – Perguntei duvidoso. Alice encolheu os ombros sem saber, mas eu estreitei os olhos para ela – Certo... Eu vou fazer o meu café da manhã, e você vê quem é.

Eu estava quase entrando na cozinha, quando ela abriu a porta. Parei ao ver uma cena que me deu muita raiva.

- Finalmente! – Exclamou Apolo. Ele a segurou e beijou-a. Quando ele se separou dela, eu cerrei os punhos. O Deus do Sol olhou para mim com o cenho franzido e depois para Alice – Ah. Você... Ainda não falou com ele, não é?

- O que você pensa que está fazendo?! – Berrei para ele – Tire as mãos da minha garota da guerra!

- Ahm... Acho que foi um pouquinho demais, Apolo. – Comentou ela sem graça – Mas... A gente se vê depois.

- Ok... Te vejo depois. – Confirmou ele e fechou a porta bem na hora em que eu lancei uma faca. Ela grudou na porta, e Alice desviou o olhar de mim.

- O que... Foi isso? – Perguntei para ela – Não me diz que além de mim, você escolheu ele também! De novo!

- Não! – Exclamou Alice chocada. Ela piscou para mim e sorriu – Eu estou com você! Só com você. Mas é que...

- É que o que?! – Quis saber rangendo os dentes.

- Eu continuo sendo musa de Apolo. Logo... Apolo é o meu Deus. – Contou ela dando de ombros – Não estamos namorando, mas acho que ele tende a ser um pouco abusado ás vezes.

- Ah, e isso é muito conveniente para você, não é?! Aposto que adorou esse beijo! – Berrei com raiva. Alice sorriu de leve, mas depois negou com todas as forças.

- Não! Claro que não. – Negou ela – Imagina. Calma, Ares. Você é o meu único namorado agora. Resolvi tudo. Relaxa.

- E tem mais alguma coisa que você tenha que me contar? – Perguntei. Alice parou para pensar – Você está pensando?!

- Não. Ahm... Não. Acho que não tem nada não. – Respondeu ela com um sorriso simpático. Eu engoli a minha raiva, e respirei fundo. Ok... Eu tinha ela. E ela era só minha. Tudo estava ajeitado, o que melhorava muito a situação para mim.

Seria só eu e Alice. Eu fui para perto dela e segurei seu queixo com um sorriso torto. Estava prestes á beijá-la, quando...

- Espera. – Disse perto de seu rosto. Eu franzi o cenho – Isso... Que som é esse?

- Som? – Repetiu ela sem entender.

- É. Parece... Parece som de... – Trinquei os dentes quando notei – Som de vídeo game.

Alice abriu um largo sorriso para mim, e segurou o meu rosto delicadamente.

- O que? Video game? Não! Eu não estou ouvindo nada. – Falou ela. Eu fui para a janela, e pude notar que Alice não me seguiu. Assim que olhei para a casa ao lado tive uma visão nada agradável. Meus punhos se cerraram – Alice Kelly... Pode me dizer por que o idiota do Collins está sentado no seu sofá jogando vídeo game?!

POV Alice

- Ahm... Nunca se sabe. – Respondi dando de ombros ingenuamente, mas estava mais do que na cara que Ares não ia cair naquela. Ele avançou bem devagar na minha direção e eu fui recuando os passos – Ah, claro! Como eu fui esquecer de mencionar esse detalhe?! O Scott... Bem... Ele mora comigo agora. Mas... Relaxa. Você ainda é o único...

- Me explica como eu sou o único se tem mais dois?! – Berrou ele com raiva – Você me escolheu. Tudo bem. Mas você escolheu os outros dois também?!

- Olha... Vendo por esse lado, as coisas não são tão legais assim. – Disse encolhendo os ombros. Ares avançou na minha direção, e eu lhe dei um forte tapa no braço – Você também é um egoísta! Não está vendo que eu tentei agradar todo mundo?!

- Estou vendo isso sim! Mas como sou seu namorado, acho que o único que você deveria agradar sou eu! – Exclamou ele.

- Não é assim como você está pensando, sua mente poluída! – Exclamei revirando os olhos – Olha... Scott queria sair de Paris, só que não tinha um lugar para ficar. Eu não queria dizer tchau para ele, por isso ofereci para ele ficar na minha casa comigo. Já que eu não teria mais que morar com você, sabe? Veio bem a calhar.

- Aposto. – Rangeu os dentes.

- Depois... Eu disse para o Apolo que nós dois não poderíamos continuar juntos, mas que eu poderia ser a musa dele em compensação. – Contei devagar – Ele disse “Você tem a imortalidade inteira para me escolher de novo. Só não some, ok?”. Aí resolveu o problema de eu ser imortal.

- Tudo é tão perfeito quando você fala, não é?! – Resmungou ele.

- Aí... Sobrou você. – Falei, mas ele entendeu um pouco errado.

- Ah, lindo isso! Você me escolheu por eliminação e ainda joga isso na minha cara?! – Exclamou com raiva – Tipo... “Ah, sobrou o Ares, então eu fico com ele.”. Que gracinha!

- Só seria uma boa escolha, se eu tivesse agradado só á você, não é?! Será que nunca pensa nos outros não?! – Exclamei com raiva – Eu disse não para os dois, porque eu não ia me casar com ninguém. Assim eu ia ficar livre para escolher quem eu quisesse sem que todo mundo ficasse me cobrando! – Ares fez uma careta – Ótimo. Se odiou tanto assim a minha escolha, eu mudo ela e fico com o Apolo.

- Ah, mas não vai mesmo! – Exclamou ele me colocando sobre seu ombro.

- Ares! Me põem no chão! O que acha que vai fazer?! – Reclamei.

- Ahm... Sei lá. Trancar você em algum armário para que não fuja, amarrar á uma cadeira... Se bem que eu prefiro amarrar você nos trilhos de trem. – Comentou ele.

- Você é um grande idiota! Imbecil! Cretino, nojento, irritante, besta, estúpido, bruto, violento, burro, cabeça dura! – Exclamei com raiva.

- E você é uma pirralha chata, mimada, irritante, barulhenta, chorona, encrenqueira, peste! – Exclamou ele de volta.

Eu realmente não sei como eu agüentava ele. De certo modo eu podia dizer com certeza que eu odiava o Ares. Odiava o sorriso torto e estúpido que ele estampava no rosto enquanto me carregava no ombro. Odiava as implicâncias e comentários nojentos que ele fazia sobre mim, e uma inúmera lista de coisas detestáveis.

Mas depois de conviver tanto tempo com isso, eu sabia que no fundo nunca mais gostaria de viver sem elas. Se eu acordasse um dia e descobrisse que eu tinha uma vida normal e calma, coisa que eu tanto queria no passado, não iria sorrir.

Era mais feliz desse jeito. Uma filha de Hermes musa de Apolo, que vivia com Scott, e o mais importante... Que namorava o Deus da guerra.

Até porque... Ele era o meu vizinho infernal, e eu sorria mesmo que sem querer ao dizer que ele era agora o meu namorado infernal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se eu vendesse lenços de papel agora eu ia faturar uma grana alta.
Gente... Muito obrigada mesmo á todos os leitores e leitoras que acompanharam essa fic, as anteriores, ou que mandaram reviews, sugestões, e recomendações.
É por isso que dedico á vocês 4 capítulos bônus, que espero mesmo que dê mais um gostinho dessa trilogia, que foi uma das melhores que eu já escrevi.
Beijos e muito obrigada mesmo!