Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 65
A última olimpiana


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai...



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POV Apolo

- Mais uvas, Lord Apolo? – Perguntou uma voz doce feminina. Eu sorri e assenti.

- Por favor, gracinha. – Respondi com um sorriso. Eu estava deitado em um tipo de divã, enquanto as 9 musas filhas de Zeus me davam uvas na boca. Bem... Não as nove de uma vez, é claro. As outras tocavam instrumentos, ou acariciavam o meu cabelo.

A melhor época da minha vida foi, talvez, a que eu tinha as nove musas ao meu lado 24 horas por dia para fazer tudo o que eu quisesse. Era o paraíso.

Todas elas eram bem parecidas, o que era muito bom, pois pareciam ter os corpos esculpidos á mão. A cintura fina, quadris e busto perfeitos. Seus rostos eram delicados, e todas as manhãs eu podia admirá-los bem de perto.

- Isso que é vida... – Suspirei completamente relaxado. Eu estava distraído quando olhei para frente analisando a paisagem. Estávamos em um dos jardins do Olimpo, e o vento soprava suavemente pelas árvores.

Meus olhos azuis maravilhosos estavam percorrendo toda a distância do lugar, quando chocaram-se com ela. Usando a mesma roupa que as minhas musas usavam (um vestido grego fino de seda branca) estava Alice.

Ela andava calmamente por perto das árvores, mas estava longe demais de mim. Me pus sentado no divã, pronto para chamá-la.

- Alice! – Exclamei, mas ela não me ouviu. Franzi o cenho pronto para ir até ela, quando as 18 mãos das musas me puxaram novamente para o divã – O que estão fazendo?

- Lord Apolo, fica um pouco mais com a gente. – Pediu uma delas.

- É. Você passa o tempo todo com a Alice! – Protestou uma fazendo biquinho.

- Eu tenho que falar com a Alice. – Disse tentando me levantar novamente, mas elas me impediram de novo – Chega disso! É uma ordem!

- Acha que ela é uma musa melhor que nós? – Perguntou uma delas desapontada – Alice nem sabe tocar um instrumento musical.

- Ela não sabe pintar. – Completou a outra.

- Também não canta como nós. – Comentou.

- Nunca nem escreveu poemas. – Retrucou.

- E daí? Ela ainda é minha musa. – Disse tentando novamente, de modo inútil – Parem com isso agora! É uma ordem.

- Não. Você tem que ficar com a gente! – Insistiram juntas.

- Vocês nem mesmo ficam mais comigo! Lembram?! Vocês se dividiram pelo país para ajudar os artistas e blá blá blá. Agora deixem-me ir! – Reclamei, mas era impossível. Olhei para Alice novamente, e vi que ela estava cada vez sumindo mais – Alice! Alice! Sou eu! Olha para cá!

Ela não olhou. Eu tentei me soltar, mas não conseguia vencer as nove musas juntas. Aquilo só podia ser um pesadelo. Por que ela não olhava para mim?! Eu tinha feito alguma coisa errada?! Ah, é. Tinha. O lance do casamento.

- Alice, eu sinto muito! Me desculpa! Olha para cá! Alice! – Exclamei, mas era inútil. Eu fui afundando cada vez mais, até que tudo ficou escuro. Podia sentir as musas me empurrando cada vez mais para baixo com força, me deixando sufocado.

- Não! No rosto não! No meu rosto lindo não! – Exclamei me debatendo.

- Apolo. Apolo, calma! – Falou Alice do meu lado. Abri os olhos e vi seu rosto perto do meu. Ela me olhava com o cenho franzido, como se não estivesse entendendo nada. Fiquei sentado rapidamente e olhei para ela surpreso.

- E-Eu... Não fui atacado por musas possessivas? Você está me ouvindo? E... Elas não tocaram no meu rosto? – Perguntei. Alice prendeu um riso.

- Ahm... Acho que não. – Respondeu Alice – Musas possessivas... Pouco provável, em minha opinião.

- Ah, ufa... – Suspirei aliviado.

- Mas seu rosto não está tão perfeito assim... – Comentou ela desviando o olhar. Olhei para ela sem entender, e Alice apontou para um espelho no canto da sala. Eu encarei meu reflexo com o cenho franzido.

- Por que eu estou de óculos escuros...? Ah meus Deuses, são os meus olhos! – Exclamei passando a mão sobre eles – O que houve?! Eu estou horrível!

- Um cara chamado Hermes não gostou nada de saber que a filha dele estava sendo usada por dois Deuses em uma competição machista. Aí... Resolve as contas com você e com ele. – Respondeu ela inocentemente.

- Isso que dá pedir uma garota em casamento! É por isso que viver sem compromisso é melhor. Ao menos você não fica desse jeito. – Falei chocado. Meus dois olhos estavam roxos, e doendo ainda por cima.

- Desculpe, Deus do Sol. Mas você mereceu cada centímetro quadrado dessas manchas roxas. – Falou Alice cruzando os braços. Olhei para ela.

- Tá bom... Sinto muito. Eu não devia ter te pedido em casamento só para jogar na cara do Ares que você era minha. – Falei em um tom realmente arrependido. Abracei a cintura de Alice, que estava ao meu alcance, e afundei meu rosto em seu colo, mas logo me afastei – Ai! Isso dói! Que droga!

Ela prendeu o riso, e eu estreitei os olhos para ela.

- Aham. Vai rindo. Se diverte tanto assim com a desgraça dos outros? – Falei, e ela prendeu mais ainda o riso – Isso. Fica rindo. O seu namorado/noivo leva dois murros nos olhos e fica parecendo um guaxinim, mas você pode continuar rindo sim!

- Você não está parecendo um... Tá. Você está mesmo parecendo um guaxinim. – Riu ela sem conseguir se controlar. Me deitei novamente e virei de modo que ficasse de costas para ela – Ah, Apolo... Não fica assim.

- Eu não quero falar com você! – Exclamei.

- Apolo... Vira para cá. – Pediu ela.

- Não! Eu estou feio! – Exclamei magoado. Senti as mãos de Alice acariciarem o meu cabelo, e acabei sorrindo. Por sorte, ela não conseguia ver o meu sorriso.

- E se eu te disser que eu acho você muito sexy de olhos roxos? – Perguntou ela em um sussurro no meu ouvido. Isso me animou e eu olhei para ela com um sorriso torto.

- Você acha, é? – Perguntei.

- Uhm... Não. Só engraçado mesmo. – Riu ela se levantando. Meu queixo caiu, enquanto Alice caminhava para o corredor.

- Eu... Eu me sinto usado! – Exclamei ofendido – Vai ter que me recompensar depois disso, ouviu? Não pode brincar comigo desse jeito e depois ir embora.

- Deixa disso. – Disse ela revirando os olhos.

- Mas...! Mas eu estou mal! Eu posso morrer! – Exclamei e ela disse “Você não morre, Apolo”. Revirei os olhos – Mas eu preciso de carinho. Estou me sentindo muito mal, e sinto uma enorme necessidade de beijinhos para melhorar.

- Então eu vou chamar o Ares, e ele dá um jeito nisso. – Disse ela rindo. Fiz uma careta.

- Prefiro ficar sofrendo. – Respondi voltando a me deitar. Alice foi para o corredor, e eu resolvi dormir mais um pouco.

POV Ares

Estava dormindo tranquilamente, e sonhando com umas garotas bem simpáticas, quando...

- Fogo! Fogo! Ares, socorro! – Exclamou Alice do meu lado. Franzi o cenho tenso, e tentei me levantar o mais rápido possível, mas acabei escorregando e caindo de cara no chão. Eu me coloquei de pé rápido.

- Fogo? Ahm? O que? – Perguntei com uma voz falhada de sono. Olhei em volta, mas estava tudo completamente normal. Na minha frente estava Alice prendendo o riso.

- Sinto muito... Eu precisava fazer isso. Era mais forte que eu. – Falou ela. Trinquei os dentes com raiva e avancei em sua direção. Alice foi recuando cada vez mais, até que pegou um espelho no canto do quarto. Ela mostrou o meu próprio reflexo, e eu parei de andar.

- O que...?! – Fiquei mudo ao ver que meus dois olhos estavam roxos.

- Ah, você não se lembra? Tudo bem. Eu refresco a sua memória. – Disse ela com um sorriso de satisfação – Meu papaizinho acabou com você. Ele te deu uma bela surra por ter me usado, Deus da guerra.

Avancei na direção dela com raiva, e cerrei os punhos. Eu estava prestes a dar um belo soco nela, quando Alice falou rapidamente.

- É o meu dia hoje, e eu digo nada de bater! – Exclamou ela se encolhendo e virando o rosto. Eu respirei fundo e baixei o punho.

- Tem sorte, Filhinha de Hermes. Aguarde quando nós voltarmos para casa. Eu vou acabar com você com um soco só. – Disse rangendo os dentes. Alice sorriu para mim.

- Que tal arrumar a minha cama primeiro? – Perguntou ela. Estreitei os olhos para ela, e Alice negou com a cabeça – Isso não foi um pedido, se você não entendeu. Foi uma ordem.

Virei-me resmungando e fui arrumar a cama dela. Alice sentou-se na poltrona do quarto, e ficou me observando com um sorriso (como se estivesse prestes a rir). Notei que ainda estava com a porcaria do avental rosa, o tirei, e encima dela com raiva. Alice só riu um pouco, enquanto eu continuei arrumando a cama.

- Sabe... – Comentou ela calmamente. Eu me virei e olhei para ela por um segundo, mas depois voltei á arrumar a cama – Eu senti muita raiva quando você me chamou de Sedex.

Franzi o cenho e olhei para ela.

- Eu... Eu disse isso naquele hotel, não foi? E você ainda se lembra disso?! – Perguntei sem entender. Ela assentiu.

- É. Lembro. – Respondeu normalmente. Ela não estava mais rindo. Estava simplesmente olhando para mim. Eu tentava imaginar o que passava em sua cabeça no momento, mas Alice não me deu tempo para isso – Meus primos... Bem... Os sobrinhos do Will me chamavam desse jeito para dizer que eu não pertencia á família. Mas... Ver você me chamando assim, fez parecer que eu não pertencia nem á minha família de verdade.

Ergui as sobrancelhas um tanto surpreso, mas desviei o olhar.

- Tsc. Eu já disse que não devia ter te chamado assim. Quer o que? Que eu peça desculpas? – Perguntei fingindo não ligar. Alice negou com a cabeça.

- Não. Você já se desculpou. É só que... – Alice se interrompeu. Ela ainda estava sentada na poltrona, e trocou de posição tentando achar uma mais confortável – Você vai ser sempre assim, não é? Nunca vai pedir desculpas diretamente, mesmo que saiba que está errado.

Olhei para ela. Alice suspirou e desviou o olhar. Ah, ótimo. Chantagem emocional era umas das coisas que eu mais amava.

- É por causa do noivado? – Perguntei, e ela assentiu olhando para os anéis nas mãos – Saiba que eu não vou pedir desculpas. Não porque não quero admitir que estou errado, mas simplesmente porque não estou errado.

- Você nunca está errado, não é? – Rebateu ela com certo incomodo.

- Dessa vez não. – Insisti. Alice cruzou os braços e estava prestes a protestar, quando eu deixei escapar – Só estou impedindo que a garota que eu gosto vá embora com outro, droga!

Alice ficou muda. Respirei fundo e revirei os olhos. Ah, que se dane, pensei.

- Sabe o que ia acontecer se eu não fizesse de você a minha noiva? Tem idéia? – Perguntei, mas ela não respondeu. Só continuou olhando para mim – Você ia ficar com o Apolo sem nenhum problema. Nem mesmo ia pensar em mim, não é?

- Eu... – Ela se interrompeu.

- Ia sim, sua mentirosa! Não tente me enganar! Se aquele idiota fizesse um sinal chamando você, sairia correndo para o colinho dele! – Exclamei com raiva – Mas nunca ia nem mesmo pensar em...!

- Em ir para o seu colinho?! – Completou ela se levantando com raiva – Oh, que pena! Você é mesmo uma vítima! Se bem que você já deveria ter uma idéia na sua mente do porque isso não aconteceria. Por que nem eu nem ninguém correria para você com o seu jeito grosso e irritante!

- Tente reclamar de mim, mas isso não muda nada. – Falei rindo dela – Pensa bem, benzinho. Você quer tanto escolher só um de nós, não é? Reclama tanto do meu jeito violento, estúpido, bruto, mas mesmo assim está em dúvida. Por quê? Porque por mais que me odeia, você no fundo gosta de mim do mesmo jeito. E não agüentaria me deixar. Admita, Kelly. Você precisa de mim.

Ela riu e negou com a cabeça.

- E você precisa acreditar que eu preciso de você. Porque é você que não vive sem mim. – Rebateu ela.

- Ah, claro! Ninguém vive sem Alice Kelly! – Ri da idéia, embora soubesse que no fundo que precisava dela – Saiba que eu posso ter qualquer garota que eu quiser. Garotas muito mais bonitas que você. Garotas mais engraçadas, ou até mesmo com mais talento.

- É uma pena que você não pode ter a única que você realmente quer. – Disse ela para implicar comigo. Eu não me contive e segurei sua cintura com força. Puxei Alice contra o meu corpo, e ela ficou muda.

- Eu posso ter quem eu quiser! Principalmente você! – Exclamei sem me conter, mas logo fiquei mudo. Nós dois ficamos grudados um contra o outro. Os olhos de Alice batiam com os meus, e pude notar o exato momento em que o seu rosto ficou vermelho.

- Ares... – Alice abaixou a cabeça, e colocou suas mãos sobre meu peito. Aquilo me surpreendeu um pouco. Era uma sensação ótima. Suas mãos quentes passaram sobre o meu abdômen por cima da camisa e pararam um pouco acima do meu umbigo – E-Eu...

- O que? – Perguntei alisando sua cintura sem me controlar. Alice olhou para mim e sorriu novamente.

- Eu não disse que podia tirar o avental rosa. – Disse ela empurrando seu corpo para trás. Foi só aí que eu notei que o avental estava em suas mãos, e agora eu o segurava contra o meu abdômen. Rosnei com raiva para ela, mas Alice só riu – E quando acabar de arrumar a minha cama, vai direto para a cozinha tomar mais um copinho de leite. Sabe? Para acalmar os nervos.

- Eu odeio você. Profundamente. – Disse para ela. Alice assentiu.

- Igualmente, Ares. – Disse ela passando por mim e saindo do quarto.

POV Alice

Acordei no meio da noite. Tivera o meu terceiro pesadelo seguido, e era sempre a mesma coisa. Eu entrava em um tipo de igreja, e no altar estavam Apolo e Ares. No meio do casamento cada um me puxava para um lado, fazendo-me de cabo de guerra, e eu acordava sobressaltada.

Resolvi tomar um pouco de ar. Coloquei um roupão do hotel e fui até o primeiro andar. Tinha um tipo de salão com uma lareira quentinha que seria ótima para acalmar os meus pensamentos.

Fui até ela e sentei-me no sofá á sua frente. Estava respirando fundo, tentando me recuperar do pesadelo, quando...

- Oi, Alice. – Disse uma voz. Eu levei um susto ao ver uma garota perto da lareira.

- Ah! – Berrei caindo do sofá. Pisquei os olhos, e vi que a garota parecia levemente assustada também – Ahm... Sinto muito. Não foi você que me assustou, é que... Eu não tinha visto você. Nem notei que estava aí.

Ela sorriu de leve, e olhou para as chamas que ardiam.

- Ninguém nota, mas não tem problema. – Disse calmamente. Algo em suas palavras me fazia sentir-me em casa. Lembrei de quando eu e meus pais morávamos em Detroit, e tínhamos uma lareira. Nós nos juntávamos e riamos conversando sobre assuntos estranhos e sem sentido. Todos os três juntos, como um família calma e feliz.

Senti aquela nostalgia bater contra meu peito, e me abracei pensando na cena. De repente, eu não estava mais preocupada com nada. Me sentia bem, para dizer a verdade.

- Quem é você? – Perguntei curiosa. A garota de mais ou menos 16 anos, sorriu para mim de um jeito carinhoso. Seus cabelos eram ruivos. Seus olhos marrons, e seu vestido também.

- Eu sou Héstia. Você não me conhece, não é? – Perguntou e eu neguei – Tudo bem. Nós nunca nos vimos mesmo. Sou a Deusa do fogo e da lareira.

- Sério? – Perguntei – Você não parece com os outros Deuses. Você é tão...

- Normal? – Perguntou ela e riu um pouco – É. É verdade.

- Mas... O que veio fazer aqui? Veio viajar com eles? – Perguntei.

- Eu vim ver você. Deixei os outros te conhecerem primeiro, e vim depois.  – Disse ela – Mas o que faz aqui á essa hora da noite? Teve um pesadelo?

- Uhm... Um dos bem ruins. – Confirmei.

- Acho que precisa de alguém para conversar. – Comentou ela, e eu assenti. Isso seria interessante.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Bem... Quero que saibam que eu já postei aquela nova fic que tinha comentado. Eu só pretendo postar os próximos capítulos quando terminar essa, mas ainda não tenho certeza.

Podem ler o primeiro. Aqui está: http://www.fanfiction.com.br/historia/161242/Escolhido_Ao_Acaso

Espero que gostem. Mandem reviews nas duas, sim?

Até mais!