Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 64
Uma ajudinha, Atena?


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse!



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- Hermes, é melhor você... – Minha mãe tentou controlar ele, mas dava para ver que meu pai não queria se acalmar.

- Não se meta nisso, Jenny. – Disse ele enquanto ela tentava puxar seu braço para trás. Minha mãe o largou e estendeu as mãos em rendimento com uma cara de “Ninguém merece”.

- Nós... – Apolo tentou falar alguma coisa, mas Hermes o interrompeu.

- Não me vem com desculpas! – Exclamou ele para Apolo, e depois olhou para Ares com raiva – O que vocês pensam que a minha filha é?! Alguma garota qualquer para vocês se aproveitarem á vontade?! Eu vou acabar com a raça dos dois!

Primeiro ele avançou na direção de Ares, mas o Deus da guerra deu um passo para a frente, tornando visível o avental rosa e a o bigode branco de leite. Meu pai ia dar um soco nele, mas de repente parou seu punho no ar e recuou devagar.

Podia ver que seu rosto tentava forçar-se a ficar sério, mas ele queria começar a rir á qualquer momento.

- Alice... O que é isso? – Perguntou ele prendendo o riso e fingindo estar com raiva. Ares olhou para o avental com raiva e depois para mim. Eu sorri para ele.

- É que Ares estava tendo umas aulas de culinária. Ele não fica uma gracinha com esse avental, pai? – Perguntei fazendo meu pai chorar de rir junto com Apolo. Minha mãe tentou disfarçar o riso, mas dava para ver que ela também estava se divertindo ao ver o Deus da guerra daquele jeito.

- Tá... Como você está uma gracinha, eu vou bater primeiro no Apolo. – Disse meu pai controlando o riso.

- Opa! Mas eu também sou uma gracinha. – Defendeu-se Apolo com um sorriso malandro e nervoso – Alice, fala para ele que eu sou uma gracinha.

- Eu não acho você uma gracinha. – Meu pai negou com a cabeça avançando na direção de Apolo.

- Mas eu sou! Dou até vontade de morder! – Insistiu ele recuando. Hermes continuou indo na direção dele, e Apolo olhou nervoso para Ares – Ares, me dá o avental!

- O que?! – Perguntou sem entender.

- Eu quero ficar uma gracinha como você! Agora me dá! – Apolo pediu isso tenso. Estava falando sério, o que fez eu e minha mãe começarmos a rir.

- Tá me chamando de gracinha?! – Perguntou Ares irritado – Tem o que nessa sua cabeça?!

- Me dá logo a droga do avental! – Exclamou Apolo puxando-o de Ares, mas ele tentou empurrar Apolo para trás.

- Tá me estranhando?! Tira a mão de mim! – Berrou Ares lutando com Apolo. Meu pai parou na frente dos dois e franziu o cenho para a briga.

- Solta o avental e eu tiro a mão de você! – Exclamou Apolo.

- Tira a mão de mim, senão eu te dou um soco! – Ameaçou ele.

- Quando vocês acabarem de se agarrar me avisem. – Disse meu pai olhando a cena. Apolo parou ao levar um soco no braço por Ares. Os dois olharam para Hermes, que negou a cabeça – Eu ainda vou passar a eternidade sem entender o que a minha filha viu em dois malucos como vocês!

- Ei! Eu sou normal! – Protestou Apolo – Ares é que não tem todos os parafusos na cabeça.

- Eu?! Foi você que ficou me agarrando agora, idiota! – Exclamou Ares com raiva. Já que o laçou do avental ficava nas costas, parecia mesmo que ele estava agarrando o Ares.

- É, mas foi você que me chamou de pedaço de mal caminho outro dia. – Comentou Apolo erguendo as mãos em rendição – Eu me senti assediado, se você quer saber.

Eu comecei a rir da cena, e meus pais olharam para mim.

- Alice... São seus noivos. – Comentou meu pai achando aquilo muito estranho.

- Ah, é que... Sabe. O Ares não gosta muito que eu fale isso, mas é que eu e ele dividimos o Apolo. – Menti só para me divertir com a cena.

- Opa! Como é que é?! Eu me sinto usado agora! – Exclamou Apolo achando que eu tinha dito a verdade. Meu pai franziu o cenho para eles, e depois para mim.

- Olha... Não sei como funciona esse negócio de casamento com três pessoas, e nem quero saber, porque eu posso imaginar umas coisas nada bonitas. – Ele olhou para Apolo e Ares e fez uma careta – Mas eu sei que é melhor vocês terminarem isso agora mesmo, e...

- E escolher só um. Eu sei. – Completei a frase.

- O que? Não! Nenhum deles presta! Quero que você escolha o Scott e tenha uma vida normal longe desses dois depravados! – Exclamou ele. Dei um tapa na minha testa, e depois olhei para o Apolo.

- Acho que eu disse para você explicar tudo para ele hoje. – Disse para Apolo.

- Eu? Manda o Ares. Ele está com um avental e tudo mais. – Disse Apolo se esquivando.

- Se você fizer outro comentário sobre esse avental, eu vou enfiar ele na sua...! – Ele foi interrompido por um tapa da minha mão -... Boca. Na sua boca.

- Explique então. Que história é essa de você estar noiva desses dois ao mesmo tempo?! – Perguntou meu pai. Apontei para Apolo, que revirou os olhos, mas se deu por vencido.

- Eu... Pedi a Alice ontem. Mas o Ares pediu depois porque ele inveja a minha beleza e a minha facilidade de encantar as garotas. – Joguei uma almofada nele.

- Explica direito. – Disse para ele.

- Tá bom! Mas isso não deixa de ser verdade. – Comentou ele calmamente – Eu pedi a Alice ontem. Só que o Ares pediu também. Nós... Ahm... Hermes, meu irmãozinho querido... Entenda. Nós... Não temos a intenção de casar com ela. É só...

- Fala. – Disse olhando para ele. Apolo respirou fundo e deu um passo para trás.

- Uma... Disputa entre nós dois. – Disse apontando para Ares e depois para si. Meu pai não gostou nada de ouvir isso.

- Então os dois estão usando a minha filha em um joguinho para ver quem é o melhor? – Perguntou ele cerrando os punhos. Cruzei os braços para Ares, e ele sabia o que tinha fazer. Ele primeiro falou para Hermes.

- Não. – Negou Ares, e depois olhou para a minha mãe completamente tenso – Nós estamos usando a sua filha em um joguinho para ver a quem ela pertence.

- Isso era tudo que eu precisava ouvir. – Disse Hermes tranquilamente. Meu pai deu um soco no olho de cada um de uma vez só. Eu me levantei do sofá rapidamente ao ver os tombarem cada um para um lado.

- Ok. Acho que eles mereceram isso. Mais agora já chega. – Disse para meu pai quando ele estava prestes a atacá-los novamente. Hermes olhou para mim, e eu sabia exatamente o que ele queria dizer – Eu sei... Eu não posso continuar com isso. Eu tenho que dar um jeito de escolher só um e pronto. Mas não se preocupe. Eu não vou me casar com os dois.

- Não! Novamente... É para você ficar com o Scott! – Exclamou meu pai.

- Pai! Esquece isso?! – Exclamei, e ele revirou os olhos.

- Tá bom... Pode escolher só um. Mas pense bem no que você vai fazer. Não quero esses dois fazendo o que bem entendem com você. Se isso acontecer, conte para mim e eles já eram, escutou? – Falou ele e eu assenti olhando os dois completamente tontos e sem entender nada.

- Hermes. – Disse minha mãe – Vamos. Acho melhor voltarmos depois para conversar com ela. Você tem que esfriar a cabeça.

Meu pai assentiu e minha mãe levou ele para fora do quarto. Olhei para os dois. Fui para perto de Apolo, que estava mais perto de mim, e me ajoelhei para olhar o estrago. Ele já tinha um olho roxo de ontem, e com esse parecia que estava de óculos escuros.

- Apolo... – Disse acenando na frente dele – Você está bem?

- Alice! Olha quantas notas musicais! – Disse ele completamente tonto - Acho que dá até para dormir aqui. O chão está tão macio...

Ele apagou de repente, e eu olhei para Ares logo do outro lado. Ele tinha caído perto da poltrona, o que me impressionou. Meu pai tinha força para nocautear o Deus da guerra? Uau.

- Então... Você ainda está vivo, ou...? – Perguntei olhando para ele. Ares franziu o cenho e piscou os olhos.

- Eu já disse que você fica mais sem graça ainda quando está multiplicada por três? – Perguntou ele rindo debilmente, e eu revirei os olhos. Ares fechou os olhos, mas não os abriu novamente. Ou seja... Os dois estavam apagados no chão, e eu era a única acordada.

Ok... Dois Deuses inconscientes no chão do meu quarto de hotel em Paris. Eu precisava de ajuda, é óbvio. E acho que está mais do que na cara que eu não tenho força para levantar eles e levá-los para a cama ou para o sofá sozinha.

- É... Acho melhor chamar alguém. – Comentei comigo mesma. Eu saí do meu quarto e fui para o primeiro que vi. Não bateria no quarto da Afrodite, até porque... Ela devia estar ocupada com Hefesto, e eu também não tinha idéia da reação dela sobre o noivado duplo.

Eu tive uma idéia que eu sabia que Ares odiaria de primeira. Ia pedir ajuda á Atena. Fui até a porta do quarto dela e a abri. Não tinha muito tempo de parar para perguntar se ela estava lá ou coisa do tipo. Mas... Era realmente melhor ter batido.

- Atena, eu preciso de... – Fiquei muda e meus olhos se arregalaram um pouco. Lá estava a Deusa da sabedoria com o Deus do mar. Poseidon passava as mãos pelo corpo dela, enquanto ela fazia o mesmo no dele. Os dois estavam unidos por um beijo apaixonado, o que me deixou ainda mais chocada.

O que tinha acontecido com o mundo ultimamente?! Será que ele virou de cabeça para baixo e eu era a única que não conseguia acompanhar o movimento novo?!

- A-Alice?! – Exclamaram os dois tensos. Atena e Poseidon se largaram e fingiram que nada aconteceu. A Deusa ajeitou o cabelo loiro para trás da orelha e depois sua camisa completamente amassada. Poseidon ajeitou a gola da camisa e respirou fundo desviando o olhar.

- Ahm... É... Esquece. Eu volto depois. – Disse sem graça. Virei-me para ir embora, mas os dois me puxaram para trás. A porta se trancou sozinha, e me vi sentada na cama sendo encarada por dois Deuses poderosos.

- Er... Alice. Seria bom que você entendesse que nós estamos... Não! Não estamos juntos. – Mentiu ele. Atena revirou os olhos.

- Nós estamos juntos. – Disse ela, e depois olhou para ele – Você é tão habilidoso mentindo.

- Eu tentei, está bem? – Falou ele cruzando os braços. Os dois olharam para mim novamente – Ninguém pode saber. Esse é o ponto.

- Espera... Mas vocês não se odeiam? – Perguntei.

- É. Odiamos, mas... – Poseidon olhou para ela e sorriu de leve – É como você e o Ares. Vocês se odeiam, não é? Mas... Aposto que não conseguem viver longe um do outro. Nós também somos assim, e descobrimos isso recentemente.

Assenti devagar. Estranho... Muito estranho.

- O mais importante é... Não conte nada disso para o meu irmão. Nada. Se Ares souber que eu e Poseidon estamos juntos, ele... – Eu a interrompi.

- Ela vai tornar a sua vida um inferno? – Perguntei e ela assentiu surpresa. Eu me levantei com um suspiro – Atena, eu sei como é isso. A última coisa que eu faria seria dar um gostinho de felicidade para ele contando isso. Pode deixar que eu não falar nada.

- Você deve saber muito bem o quão chato ele pode ser. – Comentou Atena.

- É. Eu sei. – Confirmei.

- Mas... Então. Por que veio aqui? – Perguntou Poseidon mudando de assunto. Ele sorriu torto com um pouco de malícia – Você ia me mostrar a boate em que você...?

Atena deu um tapa na braço dele, e Poseidon se calou.

- Eu não sou uma dançarina. Esquece aquela cena. – Neguei com a cabeça.

- Aham. Não é. – Ele piscou o olho direito algumas vezes para mim como que dizendo “seu segredo está salvo comigo”. Assenti.

- Enfim... Meu pai nocauteou Ares e Apolo, e agora os dois estão desacordados no chão do meu quarto. Seria interessante colocar eles em uma cama para descansar melhor, mas eu não tenho toda essa força. – Falei para eles – Eu vim pedir a sua ajuda, Atena, mas se vocês estão ocupados, tudo bem.

- O que?! Nocauteados?! Como?! – Perguntou Atena. Contei que foi com um soco no olho, e que agora ele estava com dois olhos roxos, e o sorriso dela aumentou – Sério?! Ah, eu vou amar ver isso! Vou até tirar uma foto para as festas de Natal.

Poseindo riu e concordou dizendo que amava as festas de Natal quando todos zoavam um ao outro. Eu revirei os olhos e fui com eles até meu quarto.

- Há Há! De quem foi a idéia do avental?! – Riram Atena e Poseidon juntos.

- Foi um castigo. Mas esqueçam isso... – Disse rindo um pouco.

Como eu só tinha uma cama, e era melhor não colocar os dois juntos, colocamos Apolo no sofá, e Ares na cama. Até por que... Ares era maior do que aquele pequeno sofá francês.

Os dois tinham ido embora, e eu fiquei ali, pensando o que poderia fazer. Eles estavam inconscientes, e apostava que demoraria a acordarem.

Mesmo assim... Fiquei um pouco do lado de Apolo. Seu rosto era tão tranqüilo dormindo... Tirando os olhos roxos, é claro.

- Alice... – Murmurou ele dormindo. Sorri e passei a mão pelos seus cabelos. Lembrei da cena do nosso primeiro beijo. Quando eu caí sem querer encima dele, e nossos lábios se tocaram. Lembrei de como fiquei sem graça com aquilo, mas como agora era completamente normal nós nos beijarmos. Apolo sorriu ao sentir o meu toque em seu cabelo, e eu sorri mais um pouco também – Desculpa... Alice...

- Tudo bem... Acho que já sofreram o suficiente por causa da história do noivado. – Comentei baixinho. Levantei e fui ver como Ares estava.

Assim que entrei no quarto notei que Ares roncava alto. Devia estar em um sono bem profundo. Fui até o canto da cama e olhei para seu rosto. Não era sereno como o de Apolo, mas era normal. Como se dormindo ele não sentisse raiva de ninguém.

Engraçado para o Deus da guerra, pensei. A cena que veio a minha mente foi a de quando estávamos no Hotel Holly Lake, e achava que ficaria livre dele. A mesma pena de deixá-lo que eu sentira antes, eu senti no momento em que o flashback passou na frente de meus olhos.

Lembrei de como ele fingiu não ligar se eu fosse embora, mas do jeito que ele falou que me queria perto dele (quando bebeu demais comigo no bar). A frase que Poseindo dissera soou em meus ouvidos novamente.

“- É. Odiamos, mas... – Poseidon olhou para ela e sorriu de leve – É como você e o Ares. Vocês se odeiam, não é? Mas... Aposto que não conseguem viver longe um do outro. Nós também somos assim, e descobrimos isso recentemente.”

Será que era verdade? Eu não era capaz de viver sem ele? Bem... Seria perfeito ter paz e sossego. Não ter que ouvir música alta, gritarias, ter brigas o tempo todo, discussões, confusões, castigos, e ter que agüentar todos os tipos de crueldades dele.

Quando eu pensava em deixar Ares, eu só conseguia pensar nas coisas boas que eu conseguiria longe dele. Mas... Então... Por que era tão difícil me afastar? Eu me sentia mal ao imaginar a possibilidade de deixá-lo para trás, mesmo odiando ele profundamente.

Meus pensamentos foram interrompidos quando ele virou para o lado e seu rosto ficou de frente para o meu. Ri ao ver o bigode branco, e o limpei com o dedão.

- Pronto. – Murmurei.

-... Kelly... – Murmurou ele em um tom abafado – Fica...

Franzi o cenho. Fica? Isso... Era um pedido para eu ficar? Não entendi de começo, mas resolvi não pensar muito naquilo.

- Eu vou. Por 100 anos. – Respondi levantando e indo para a sala. Fechei a porta com cuidado, e em silêncio para não acordá-lo. Acho que o “dia da Alice” estava começando com o pé direito em questão de ação.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Os Teams devem estar arrancando os cabelos de tanto nervoso. Com quem será que a Alice vai ficar?!

Tam tam tam taaaam!

Gostaria de pedir a opinião de vocês... Eu tenho pronto o primeiro capítulo da próxima fic que eu vou fazer depois dessa. Vocês querem que eu poste agora para verem como ela é?

Espero pelas respostas. E me digam também se riram muito depois desse capítulo (porque eu chorei de rir escrevendo).

Beijos e até o próximo!