Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 53
Esquilo que roubam morango, e absinto


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver no que esse novo capítulo bipolar vai dar.

Sim, disse que postaria só no fim de semana, mas resolvi fazer um sacrifício por vocês, leitores lindos!

Boa leitura...



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Não sei quanto tempo eu passei deitada depois daquilo, mas aposto que foram algumas horas, pois fui acordada por Apolo.

- Alice? Você está bem? – Perguntou ele sacudindo o meu ombro de leve. Abri os olhos e encontrei seus lindos olhos azuis olhando para mim – Esse lugar estar uma bagunça só. Ele pegou pesado com você?

Era uma pergunta inocente, mas meu rosto ficou um pouco vermelho. A cena do beijo passou na minha mente de novo, mas eu neguei com a cabeça tentando afastá-la.

- Ahm... Foi... Só uma briga. – Respondi sem graça. Me coloquei sentada no sofá, e vi Apolo estalar os dedos e fazer tudo voltar ao normal. O Deus do Sol sentou-se na minha frente, e sorriu torto para mim – O que foi?

- Você não vai acreditar nisso. – Disse Apolo – Eu passei por Ares no corredor, e adivinha o que ele me disse?

Arregalei os olhos. Ele tinha contado para o Apolo?! Calma, Alice. Você está perdendo a cabeça por culpa daquele cretino aproveitador.

- O que? O que ele disse? – Minha pergunta saiu um pouco tensa demais, mas Apolo não reparou nisso.

- Ele disse que eu posso ficar com esse dia para mim. E que ele recompensa com amanhã e depois de amanhã. – Contou Apolo. Olhei para ele franzindo o cenho – Dá para acreditar nisso?

Apolo me puxou para perto e me deu um beijo. Meus lábios tremeram ainda lembrando do choque do último beijo que eu tive naquela manhã. Quando Apolo afastou os nossos rostos para respirar um pouco, ele me puxou para perto de seu corpo e sorriu torto para mim novamente.

- Quer dizer que eu vou ter você só para mim por dois dias seguidos. Ontem... Que foi perfeito... E hoje. – Sussurrou ele em meu ouvido. Assenti sorrindo um tanto desconcertada ainda, e Apolo alisou minha cintura – O que quer fazer, minha musa?

Mordi o lábio. Eu quero sair correndo, dar um soco na cara de Ares, e depois voltar para dormir normalmente. Ok. Nunca ia dizer isso á ele.

- Quero... Sair. Que tal? – Perguntei querendo desesperadamente respirar um pouco. Imaginei que Ares devia passar o dia todo longe de mim, já que estava daquele jeito estranho. Isso fez com que minha vontade de ficar com Apolo crescesse. Nada aconteceria se eu estivesse com ele, e eu ainda poderia relaxar um pouco.

- Ótimo! Já sei o que podemos fazer. – Apolo fechou meus olhos, e quando eu os abri, vi que estávamos no meio de uma praça. Ela era enorme, com caminhos largos entre jardins ornamentais. Na nossa frente... A Torre Eiffel.

Apolo estalou os dedos e do meu lado surgiu uma bicicleta.

- Não faz muito o meu estilo, mas... Garotas gostam de dar uma volta romântica, não é mesmo? – Perguntou ele rindo. Eu ri também.

- Sabe... Isso também não faz o meu estilo. Mas tudo bem. – Olhei para a bicicleta, mas notei algo estranho – Apolo... Só tem uma. Onde eu fico?

Ele sorriu um pouco malicioso para mim, me levantou e colocou sentada entre o guidão. Meu rosto ficou um pouco vermelho, mas eu não liguei. Apolo sentou na bicicleta, e chegou o rosto perto do meu ouvido.

- Então... Para onde vamos? – Perguntou ele em um sussurro sedutor.

- Uhm... Para lá. – Falei apontando com o queixo.

- Onde? Não entendi. – Falou ele inocente.

- Para lá. Aquele lado. – Repeti, mas Apolo continuou se fingindo de ingênuo para mim.

- Desculpe... Eu não estou vendo a direção. – Disse ele calmamente.

Olhei para o lado com um sorriso torto também, e ergui uma sobrancelha.

- Quer que eu deixe mais claro? – Perguntei, e ele assentiu. Eu estava usando um vestido preto (ao estilo da Afrodite, ou seja, curto), com um salto não muito alto. Antes estava usando só a camisa que Apolo me emprestara, mas ele deve ter escolhido essa quando nos transportou para lá – Por ali.

Dessa vez eu apontei o caminho com a minha perna esquerda, e Apolo sorriu ainda mais malicioso. Ele assentiu com a cabeça.

- Já que deixou tão claro... – Comentou ele, e eu fiz uma careta.

Apolo começou a pedalar e nós começamos a ganhar velocidade. Nós passávamos pelo meio dos canteiros altos e virávamos os rostos para observá-los um pouco.

Aquilo serviu para distrair a minha mente da cena que tinha acontecido com Ares. Enquanto Apolo pedalava e o vento batia contra o meu rosto de um modo suave, eu relaxava cada vez mais.

- Vamos passar perto da torre? – Perguntou ele, e eu sorri concordando.

Apolo passou por lá, e nós paramos um pouco para fazer um piquenique. Sentamos no chão, ele estendeu uma toalha vermelha, e nós comemos morangos com chantili novamente.

Fizemos caretas um para o outro, e rimos quando um esquilo passou correndo e roubou um morango.

- Bizarro. – Comentei rindo um pouco.

- Demais. – Concordou ele.

Depois disso foi um dia tranqüilo e engraçado. Nós fomos almoçar fora, passeamos pela cidade, jogamos pedrinhas no lago conversando sobre a vida, e só percebemos que o dia tinha passado quando o céu escureceu.

As estrelas brilhavam encima de nós, e eu olhei para Apolo surpresa.

- Uau. Passou rápido, hein? – Comentei impressionada.

- É. Dois dias seguidos com você, e o tempo ainda tem que voar. Aposto que os próximos dois dias vão se arrastar. – Comentou ele revirando os olhos.

Eu revirei os olhos e lembrei novamente do que tinha acontecido naquele dia. O que... Aconteceria no dia em que eu estivesse com o Ares?! Dois dias seguidos. Isso ia ser uma loucura. Não tinha idéia do que tinha dado nele para agir daquele jeito, mas resolvi não pensar naquilo por ora.

Que se dane ele e seu jeito bruto.

- Acho melhor nós irmos andando. – Comentou Apolo. Ele segurou a minha mão e saiu andando em direção ao hotel. Estávamos bem longe, é claro, mas não era problema. Deviam ser umas 11 da noite, porém se eu estivesse com o Apolo, tudo ficaria tranqüilo.

Só que...

- Apolo! – Chamou uma voz. Eu me virei junto dele e nós vimos uma garota de doze anos andar até ele.

- Maninha! – Exclamou ele sorrindo de leve – Sentiu minha falta?

- Corta essa. – Disse Ártemis revirando os olhos. Junto com ela veio uma garota de cabelos castanhos compridos. Ela olhava para Apolo completamente desanimada, como se ele fosse o cara mais chato do mundo. A reconheci...

- Bruna. – Disse olhando para ela. A garota levantou os olhos para mim, curiosa – Você é a Bruna, não é? Você me salvou da June.

- Ah, oi Alice! – Disse ela abrindo um doce sorriso e acenando – Tudo bem?

- Tudo. Ah... Boa noite, Ártemis. – Disse assentindo para a Deusa que mais me odiava provavelmente. Ártemis olhou para mim com seus olhos cinza gélidos, e deu um minúsculo sorriso. Depois mirou em seu irmão.

- Você se esqueceu não é mesmo? – Perguntou cruzando os braços.

- Eu me esqueci... Do que? – Perguntou ele sem saber.

- Da Amanda, Mariana e Flávia! – Exclamou Bruna – Você tinha que buscar elas no aeroporto!

- Aaaah, é! – Exclamou Apolo sorrindo. Olhei para ele sem entender, e ele riu – É que eu tinha que tomar conta delas nesses dias, por causa daquela missão do Acampamento e tal. Elas vão passar uns dias aqui com a gente.

- Você esqueceu da sua própria filha no aeroporto? – Perguntei negando com a cabeça – Apolo! A Flávia deve estar chorando!

- Foi sem querer! – Protestou Apolo tenso – Eu... Eu estou indo agora mesmo. Vai ficar tudo bem. Eu dou um abraço nela e tudo passa.

- Claro. Por que todo mundo adora o seu abraço. – Comentou Bruna em sarcasmo. Apolo sorriu para ela sem entender a figura de linguagem e abriu os braços.

- Quer um abraço também, Bruna? – Perguntou ele, mas a caçadora fez uma careta que fez Apolo abaixar os braços – Poxa, era só dizer não... Mas... Alice... Você consegue ir sozinha para casa?

- Claro. Eu sei o caminho. Pode deixar, Apolo. Eu não vou me perder. – Disse rindo para ele. Ele me deu um beijo (Ártemis e Bruna reviraram os olhos), e foi embora com elas.

Caminhei tranquilamente pelas ruas, já que elas não estavam vazias. Alguns restaurantes estavam abertos servindo jantares e petiscos. Pessoas conversavam amigavelmente e riam.

Eu passei na frente de um pequeno beco estreito com perdes de granito no chão, e olhei para lá. No fim dele tinha um tipo de clube noturno. Revirei os olhos ao lembrar da última vez que Ares estivera em um desses lugares e me mandara buscar sua moto.

Meus olhos ainda estavam naquele lugar, quando eu esbarrei sem querer com algo na minha frente. Olhei melhor e vi que era uma moto. Não qualquer moto, é claro. Eu não tinha essa sorte.

- Ah, não... Ele não é tão idiota a ponto de vir sozinho para o meio da cidade sem saber falar francês, para se embebedar até não agüentar mais. – Comentei comigo mesma em voz baixa, mas resolvi conferir.

Dei uns passos para trás e olhei para o clube novamente. Ele era um clube de música e dança latina. Pior ainda... Ele não tem nem idéia de como se lê uma placa em francês, imagina com mexicanos, cubanos, ou chilenos falando rápido em espanhol?

- Espero que ele não esteja aí dentro... – Murmurei andando em direção a porta. O meu salto tornava difícil eu chegar até a porta, mas quando finalmente a alcancei, alguém abriu a porta para mim.

- Olha só quem apareceu! – Comentou uma voz maldosa. Com força fui lançada contra um balcão que tinha logo no começo do lugar, onde pagavam as contas. Virei-me e notei quem era – Sabia que você gostava de lugares assim, gracinha.

- Cala essa boca, Phobos. – Falei irritada. O filho de Ares, riu maldoso e chegou para perto de mim.

- Que foi? Não queria que ninguém descobrisse que você gosta desse tipo de diversão? – Perguntou ele implicando comigo. Pelo seu tom de voz, pude notar que ele já havia bebida algumas. Empurrei ele para trás e continuei andando para dentro do clube.

- Eu não vim para o mesmo motivo que você, seu nojento. – Respondi irritada. Phobos continuou me seguindo. Meus olhos corriam pelo lugar tentando encontrar Ares. Ok... Eu já estava ali dentro, não é? Ao menos o acharia e o mandaria para o hotel.

Depois não era mais problema meu, como ele mesmo diria.

O lugar estava cheio de garotas dançando salsa e mambo com alguns caras. As paredes eram de tijolos com uma arquitetura típica de Cuba. O lugar era até bonito, mas eu com certeza não gostaria de ficar ali por mais que o esperado.

- Acho que eu ganhei a noite agora! – Zombou Deimos ao me ver esbarrar nele. Ele segurou a minha mão, mas eu a puxei para longe. Olhei por cima dos ombros altos dele e vi. Sentado em um sofá á distância, estava Ares conversando com uma garota ruiva que mostrava alguns passos para ele.

- Saí da minha frente. – Mandei, mas eles dois só riram. Phobos que estava atrás de mim, segurou a minha cintura com força.

- Você tem que aprender a relaxar, princesa. Já que está aqui, porque não vem dançar comigo? – Perguntou rindo no meu ouvido. Dei uma cotovelada nele, mas foi a vez de Deimos me segurar.

- Esquece, Phobos. Acho que ela quer é ficar comigo. – Riu ele para o irmão.

- Quero que vocês dois me deixem em paz, isso sim. Me soltem! – Exclamei me livrando de Deimos. Phobos e ele riram para mim.

- Já sei quem a garota da guerra prefere. Pode falar, você quer é dar uns amassos com o papai, não é? – Implicou Phobos, e Deimos riu olhando para trás.

- Ficou com ciúmes agora? – Perguntei cruzando os braços.

- E se eu fiquei? Vai dar uns amassos comigo ou invés dele? – Zombou o Deus menor do medo. Phobos segurou meus ombros e me puxou para perto dele. Antes que pudesse me beijar, eu dei um soco nele, mas ele reagiu me segurando com mais força.

Pensei que não teria jeito quando...

- O que você pensa que está fazendo? – Rosnou Ares aparecendo logo ao lado de Deimos. Ele deu um soco em cada um, e eles voaram até a porta do clube. Os dois se levantaram amedrontados, e olharam para o pai, tensos – Hein? O que estavam tentando fazer com a minha garota da guerra?!

- Nós... Nós só estávamos brincando...! Não é mesmo, Alice? Diz para ele. – Sorriu Phobos tenso.

- É. Nós só queríamos nos divertir um pouco com ela... Nada demais. – Sorriu Deimos com igual medo. Ares mostrou o punho para os dois, e eles se encolheram no chão.

- Se mandem daqui... Agora! – Rugiu ele. Os dois saíram correndo da boate, e eu revirei os olhos ainda passando a mão nos ombros. Olhei para Ares, e sua expressão de raiva sumiu. Ele começou a rir, e pude notar que também já tinha bebido demais. O Deus da guerra segurou o meu queixo e sorriu torto para mim – Te salvei no último minuto, hein? Isso quer dizer que está me devendo uma.

Antes que pudesse dizer alguma coisa ele saiu me puxando até o sofá onde estava sentado antes. A garota ruiva continuava dançando ao som da música alta. Ares sentou-se no sofá, ficando de frente para ela, e eu fiquei em pé ao lado de uma mesa onde estavam várias bebidas dele.

- Ares, levanta e vamos embora. Você está péssimo. – Disse, mas ele me ignorou. A garota fez um comentário que crianças não podem ouvir, e Are sorriu para ela. Fiz uma cara de nojo – Você entendeu o que ela disse?

- Nenhuma palavra, mas não estou prestando muita atenção nisso. – Respondeu ele olhando para as pernas dela.

- Já falei para levantar. Vamos embora, Ares, é sério! – Exclamei para ele. Tentei puxá-lo do seu lugar, mas ele não se moveu. Com grande facilidade, ele me puxou para cima dele, de modo que caí sentada em seu colo.

- Ah, ir embora? Não acabe com a minha diversão! – Exclamou ele – A noite é uma criança, Kelly. Pretendo ficar mais um pouco aqui.

- Quer me escutar?! Você já bebeu demais e é melhor ir para o hotel de novo. Sério, Ares. Se enxerga! – Falei para ele, mas fui ignorada de novo. Ele mandou a garota ir embora com um gesto, e ela sumiu no meio da multidão.

- Já entendi, já entendi. Você está com ciúmes, por me ver perto de outras garotas, não é? – Disse ele achando que era verdade – Sinto muito, gracinha. Devia dar mais atenção á você. Já sei! Que tal aproveitar a sua estadia em Paris com grande estilo? Garçom! Absinto para a moça!

- O que?! Não! – Protestei tentando levantar de seu colo, mas ele me manteve lá – Não estou com ciúmes de você! Só não vou deixá-lo bêbado no meio de Paris completamente sem noção.

- Não estou bêbado. Pelo menos, não completamente. – Sorriu ele. O garçom serviu dois copos de absinto e Ares assentiu – Gráciais! Muí bien! Agora, vamos beber um pouco. – Neguei com a cabeça, mas ele segurou o meu queixo de novo – Lembra de quando eu salvei o seu precioso Scott? Agora... Esse é o preço. Bebe.

Assenti, e ele sorriu para mim. Me levantei de seu colo e virei o copo em um gole só. Ares riu para mim, divertido, e eu fiz uma leve careta. Era realmente forte. Bati o copo na mesa novamente, e olhei-o nos olhos.

- Pronto. Agora vamos. – Disse, mas Ares negou dizendo que tomaríamos mais uma. Me irritei ao ouvir aquilo. Segurei a gole de sua camisa e trinquei os dentes de raiva – Escuta aqui... Presta bem atenção no que eu vou dizer. Eu não vou, realmente não vou ficar bêbada com você em um bar latino no meio de Paris, entendeu bem?!

Ah tá. Vamos fingir que eu realmente fosse sair sóbria daquele lugar...


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Notas finais do capítulo

Fuuuu! Já notaram no que isso vai dar, não é?

Será que eles vão acabar que nem da última vez no Hotel Holly Lake?

Tam tam tam taaaam! Reviews! Recomendações!

Beijos e até o próximo!