Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 50
Sozinho ou não


Notas iniciais do capítulo

Ok, preparem-se pois é aqui que a fic começa a ficar bem bipolar. Vamos a primeira virada...



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- Você teve muita sorte. – Comentou Apolo, enquanto analisava meu machucado. Ele fez um tipo de mágica que fez o corte simplesmente sumir, sem deixar marcar nenhuma. Nós estávamos sentados no sofá do meu quarto, e devia ser mais ou menos 7 da noite – Podia ter aberto de novo com qualquer pancada.

- Obrigada. – Sorri para ele, mas Apolo fez uma careta para mim.

- É. O Scott faz isso? Eu acho que não. – Disse ele apontando para o machucado curado. Eu revirei os olhos, mas ele continuou olhando para mim – Olha... Eu... Pensei sobre uma coisa.

  Olhei para Apolo e vi que ele parecia concentrado no meu rosto. Sua mão passou levemente pela minha bochecha, e aquilo me fez sorrir.

- O que foi? – Perguntei olhando para ele. Abaixei e minha camisa e fiquei feliz por ele não ter visto meu sutiã também. Apolo suspirou.

- Acho que não tenho agido certo com você. Eu... Te pressiono demais, não é? Sobre... Você sabe. – Disse ele coçando a nuca, envergonhado.

- Você fala das milhares de vezes que você tentou me agarrar? – Perguntei, e ele encolheu os ombros com um sorriso sem graça.

- Desculpa. É que... Você é tão... Demais. E tão legal, que... Esquece. Não... Não quero ficar forçando a barra com você o tempo todo, por isso... Não vou mais fazer isso, certo? – Falou ele – Só vou fazer uns comentários básicos, é claro, mas fora isso nada.

Eu ri. Olhei para Apolo e vi que ele estava realmente sem graça. Sorri para ele, e ele retribuiu de um jeito desajeitado.

- Apolo... Está tudo bem. – Disse para ele – Obrigada.

Apolo sorriu para mim, mas então franziu o cenho de repente. Ele olhou em direção ao meu decote e foi a minha vez de franzir o cenho também.

- Então é isso... – Disse Apolo em murmurou para si mesmo. Toquei no lugar em que ele estava olhando, e então senti. Ele olhava diretamente para o cordão que meu pai me dera de aniversário. Apolo segurou em suas mãos e sorriu um tanto de raiva – Hermes, seu... Ah, droga.

- O que foi? – Perguntei sem entender.

- Eu sabia que isso ia fazer alguma coisa. Ares também estava certo. – Disse Apolo olhando para mim – Alice, ele te deu esse colar para me atrapalhar. Para me manter longe de você nos momentos... Que ele não gosta muito. Ele atraí distrações! Que droga...

Dava vontade de rir. Apolo cruzou os braços com raiva, como se fosse um criança frustrada. O Deus do Sol de milhares de anos simplesmente continuou emburrado com o nada. Devia estar pensando em milhares de xingamentos para o meu pai, mas isso não me incomodou.

Na verdade, eu estava pensando nele. Apolo era muito infantil ás vezes, mas eu gostava dele mesmo. Realmente... Amava ele. Levantei suavemente do sofá sem que ele notasse, e fui até a porta. Meus dedos trancaram-na, e fui novamente até o sofá.

Sentei ao lado de Apolo, e sorri para ele, mas seus olhos azuis fitaram um ponto invisível na parede. Os meus dedos foram para o fecho do cordão e o tirei. Coloquei-o na mesinha de centro, e olhei para o meu namorado.

- Apolo. – Disse e ele olhou para mim de lado. Toquei seu rosto e lhe dei um beijo na bochecha. Minhas mãos foram devagar para o seu peito, e Apolo virou-se completamente para mim.

- Alice... – Ele sussurrou, enquanto eu o abraçava. Apolo me abraçou de volta, e eu sorri.

- Eu amo você. – Contei em seu ouvido, e pude sentir que ele estava sorrindo.

- Eu também. – Disse ele de volta, e beijou o meu pescoço. Senti um arrepio, mas acabei sorrindo. Separei-me dele e beijei sua boca. Nós continuamos nos beijando, mas Apolo ficou um tanto hesitante – Eu não quero... Te forçar a nada. Tem certeza?

- Quem está me forçando? – Respondi beijando-o mais uma vez – Gosto de você, e você gosta de mim. Isso basta, não?

Apolo sorriu para mim, segurou minha cintura e me puxou devagar para perto de si.

- É. Basta sim. – Disse sorrindo.

Nós continuamos nessa, e...

Bem. Certas coisas eu acho melhor não entrar em detalhes. Mas tenho certeza que vocês podem imaginar, não é mesmo?

POV Ares

Lá estava eu, parado que nem um idiota na frente da porta do quarto que ela estava. Em uma mão estavam todos aqueles livros inúteis de sabe-tudo, e a outra estava cerrada pronta para bater na porta.

- Ah, droga... Eu vou ouvir muito... – Murmurei para mim mesmo, mas acabei batendo. Éris ia me pagar novamente. Se achou que a surra que levou da mãe da Alice foi grande, não tinha idéia do que a esperava.

O que foi agora?!– Exclamou ela já irritada – Quem é?

- Adivinha. – Respondi revirando os olhos – Vou abrir a porta, e espero não ver nada que me deixe cego para sempre. Espero que esteja de roupas.

Você me mata de rir. – Respondeu ela.

Abri a porta e entrei. Para a minha sorte, Atena estava só parada no meio do quarto de braços cruzados e uma cara nada amigável. Ao seu lado estava Poseidon, que parecia completamente cansado.

- Ah, bom saber que eu cheguei tarde demais para ver a cena tensa. – Comentei para implicar com ela. Irmãs mais novas merecem.

- Cala essa boca, Ares. Estou no meio de uma discussão, por isso vá procurar alguma coisa idiota para fazer. – Respondeu irritada.

- Atena, eu já disse que eu não peguei...! – Poseidon foi interrompido.

- Ah, não! Então quem foi que sumiu com os meus livros?! Só você é que poderia fazer isso para me irritar! – Exclamou ela, mas então parou e olhou para mim. Seus olhos cinza pararam sobre a pilha de livros na minha mão e se estreitaram para mim – Parece que você não é o único... Posso perguntar o que está fazendo com os meus livros, Ares?!

- Calma. Eu posso explicar. – Disse calmamente.

- Pode sim. Você pegou eles para implicar comigo, não é? É a sua cara seu briguento bruto e besta. – Reclamou ela com raiva, mas Poseidon riu, fazendo-a olhar para ele. O Deus do mar encolheu os ombros.

- É que... Você disse briguento bruto e besta. Tudo tem b. – Disse ele rindo.

- É. Estou chorando de rir. – Confirmou ela sem sarcasmo – Agora quanto á você, idiota! Devolva os meus livros e peça desculpas! Estou cansada de você pegando as minhas coisas o tempo todo só para me incomodar, Ares!

- Eu não peguei nada! Você não me deixa nem explicar! – Reclamei – Foi a Éris que roubou os livros para me encrencar! Eu ainda estou sendo bonzinho e devolvendo, por isso é melhor me poupar do sermão sobre moral e ética, e valores, e blá blá blá.

- Só devolve e some do meu quarto! Não quero ouvir nenhuma história sua. Agora, Ares! – Exigiu ela estendendo os braços. Revirei os olhos, mas quando dei um passo para lhe entregar, tropecei no tapete e os livros caíram no chão.

Todos ficaram com as páginas amassadas, e eu imaginei que a próxima seria a minha cara. Atena achava que se você maltratasse qualquer livro, mesmo que fosse o mais besta como “Os cincos patinhos felizes”, você merecia ir para o inferno e arder no Tártaro para toda a eternidade.

- Os... Os... Livros... – Disse ela fazendo algum tipo de trabalho de respiração. Atena foi para a bancada de mármore onde fica a cozinha, e se apoiou tentando respirar. Eu e Poseidon nos entreolhamos tensos.

- Ahm... Atena, isso foi um acidente. Ele não... – Ela levantou uma mão em sinal de “pare”, e Poseidon se interrompeu.

- Você... Ares... – Atena olhou para mim com uma expressão triste, e eu cheguei a sentir um aperto no peito de pena. Mas isso só durou um segundo, pois no segundo seguinte ela lançou uma garrafa de vinho contra o meu peito – Seu animal grosseiro e cretino! Suma daqui! Suma!

Saí tropeçando nos meus próprios pés. Quando Atena está estressada, ninguém deve ficar perto dela. Mesmo. Eu saí de lá pensando em como Poseidon devia sofrer depois dessa, mas no fundo mesmo... Não estava nem aí. Queria mais que ele e ela fossem se ferrar. Quem mandou jogar uma garrafa de vinho em mim?!

O vinho era tinto, por isso minha camisa parecia completamente suja de sangue. É... Parecia. Mas quando eu passei a mão notei que parte daquilo era meu sangue mesmo. Droga! Tinha que ser por culpa daquela cretina da sabe tudo!

Olhei para o corredor. O quarto de Afrodite era logo ali na frente. Fui o mai rápido que pude para lá, mas quando bati á porta...

- Oi? Ah, Ares. – Disse ela sorrindo, mas então olhou para minha camisa – Nossa, você precisa de uma camisa limpa.

- Eu preciso de ajuda, isso sim. Atena se revoltou do nada, começou a gritar comigo como uma maluca, e me feriu! – Exclamei exagerando a história... Só um pouquinho. Afrodite olhou para mim, e revirou os olhos.

- Ah, Ares, vocês têm sempre que arrumar confusão um com o outro, não é? O que foi que você fez dessa vez? – Perguntou ela cruzando os braços para mim. Meu queixo caiu. Será que era difícil ela simplesmente calar a boca e me ajudar?!

- Nada! Eu sou inocente! Agora, deixa eu entrar e cuide de mim com carinho, certo? – Sorri torto no final da frase, mas Afrodite mordeu o lábio, indecisa.

- Ahm... Bem... É que... – Ela olhou para trás e eu pude ver Hefesto andando pela sala. Ela sorriu de leve para ele, e depois voltou a olhar para mim. Meu queixo caiu de novo.

- Não me diz que vai me deixar sofrer por causa daquele retardado! – Exclamei, mas ela encolheu os ombros, ainda com um sorriso no rosto.

- Sinto muito, Ares. Mas... Veja pelo lado bom. Você é forte. Vai ficar bem. – Disse ela me dando uns leves tapinhas no ombro e batendo a porta na minha cara. Xinguei-a em grego com raiva, e sem acreditar que aquilo estava acontecendo.

Ela me deixou sem nem mesmo se preocupar se eu estava bem! Aquela va... Opa. Devem ter crianças lendo isso.

Certo. Sem problemas. Não seria difícil arrumar ajuda, já que a minha lista de pessoas que se importam não gira só em torno de Afrodite. Parei para pensar, mas... Nenhum nome me veio a cabeça. Poseidon, não. Muito menos Atena. Apolo... Talvez, mas não confiava nele mexendo em mim (mesmo que fosse o Deus da medicina). Hermes, talvez também, mas passaria tanto tempo rindo da minha cara, que perderia todo o meu sangue antes que ele parasse.

Foi aí que uma cena veio a minha mente. Um curto flashback de quando estava naquele lago com Alice, antes de nós nos beijarmos por acidente.

“Se você sabia que seu braço estava machucado, porquequis vir para a droga do lago com um barco?!” Perguntou.

“Por que eu não estou sozinho.” Respondi com um sorriso maldoso. “Eu tenho você, benzinho, para remar para mim. Agora seja útil pelo menos uma vez na sua vida, e reme!”

“Na verdade, você estásozinho. Por que ninguém quer ficar do lado de alguém tão irritante e egoísta quanto você!”

Certo... Aquilo mexeu comigo. Eu... Eu estava sozinho?! Como assim?! É... É claro que não! A lesada da Filhinha de Hermes não entendia nada. Mas... Quando parei para pensar na lista de pessoas que podiam me ajudar, simplesmente não achei nenhum nome. A possibilidade daquilo significar alguma coisa, me deixou tenso.

Nem mesmo Afrodite tinha parado para me ajudar! Ela me largou para ficar com aquele ferreiro lesado. Aquilo devia ter mexido comigo, e provavelmente eu devia ter feito uma cara péssima, porque quando me virei para voltar a andar...

- Ares?! – Exclamou a voz feminina que eu mais ouvia. Alice abriu a porta do quarto e arregalou os olhos para mim. Eu me virei e olhei para ela.

- O que foi? – Perguntei ainda pensando na possibilidade de não ter ninguém do meu lado – Está olhando o que, pirralha?

- Você...?! – Alice não terminou a frase. Ela correu até mim e olhou de perto a camisa suja de sangue e vinho tinto. Seus dedos tocaram hesitantes, o ponto onde mais estava doendo e eu prendi a respiração de repente. Ela negou com a cabeça preocupada – Ares, o que você fez? Será que não consegue parar de provocar as pessoas?

- Por que todo mundo acha que a culpa foi minha?! – Perguntei sem entender, mas então senti ela segurando o meu braço. Eu parei por um instante olhando para ela – O que você...?

- Vem. Você tem que cuidar disso. – Disse me puxando calmamente em direção ao seu quarto. O tom de preocupação em sua voz, me fez ficar um tanto aéreo. Eu concordei com a cabeça sem nem me tocar e a segui até seu quarto.

Sentado no sofá da sala, Alice foi correndo para o corredor pegar a caixa de madeira com remédios, provavelmente. Mas minha mente estava em outro lugar.

Ela... Estava se importando? Ninguém quis me ajudar, ou ninguém se importou, mas ela sim. Isso me fez sentir que talvez eu não estivesse sozinho. Olhei para o corredor, mas ela ainda não estava lá. Parei para pensar se eu era realmente tão irritante quanto ela dissera para mim naquele lago. Mas... Se eu era, porque depois de tudo que eu fiz ela ainda vinha me ajudar?! Era a única.

- Espero que não seja muito grave. – Disse Alice correndo e tropeçando nos próprios pés. Eu fiquei parado, hipnotizado por alguns minutos ainda pensando nisso. Ela colocou a caixa de madeira encima da mesinha de centro, assim como eu fizera antes e olhou para mim – Está doendo muito?

- O que?... Ah! O ferimento. Não. – Respondi me tocando do que ela estava falando. Olhei para ela e notei uma coisa – Estava dormindo?

- Ahm? Não. – Respondeu ela franzindo o cenho – Por que você acha isso?

- Por que o seu cabelo está todo bagunçado. E... As suas roupas estão amassadas. – Respondi, e pude ver Alice ficar com o rosto um pouco vermelho. Franzi o cenho sem entender.

- Ahm... É. Eu tirei um cochilo rápido. – Respondeu ela mordendo o lábio inferior para esconder um sorriso. Não entendi muito bem, mas resolvi ignorar. Ela olhou para mim e depois para o ferimento, e por fim colocou a mão sobre a barra de minha camisa – Eu... Vou precisar tirar isso.

Assenti com a cabeça, e Alice puxou a minha camisa para cima. Suspendi os braços para que ela a tirasse, e a joguei no chão. Estava suja mesmo, e eu duvidava que a usaria novamente. Os olhos de Alice se arregalaram um pouco ao ver o ferimento. Pude ver que ela engoliu em seco, e desviou o olhar para a caixa de madeira.

- O que? O que foi? – Perguntei.

- Ah, nada. Não... Não está tão ruim. Dá para dar um jeito. – Disse ela, mas eu podia notar que sua voz estava tensa. Olhei o machucado e notei que estava péssimo.

Ela segurou o frasco de soro e começou a limpar o ferimento. Ao sentir suas mãos sobre meu peito, meus músculos relaxaram. Elas eram suaves e delicadas, de modo que não doeu nada enquanto ela fazia o trabalho.

Olhei novamente para ela. Eu odiava aquela garota. Mesmo. Mas... Por mais que eu pensasse assim, não podia ignorar o fato de que ela era a única que estava do meu lado. Tudo bem... Na maioria das vezes estava do meu lado por pura obrigação, ou porque queria me bater, mas em horas remotas com esta ela ficava perto de mim só por querer mesmo.

- Cadê o Apolo? – Perguntei distraído – Não era para ele ficar com você, já que é o dia dele?

- Ele... Teve que sair rapidinho. – Disse ela desviando o olhar – Bem que ele podia voltar rápido, que aí ele cuidava melhor de você do que eu.

Ele não teria tanta paciência, acredite.

- Tanto faz, mas não confio nele. Aquele miserável ia tentar me sacanear de algum jeito. – Falei em um resmungo – Mas não pense que não acho que você vá fazer o mesmo. Estou de olho em você e em suas mãos.

- Quer ficar quieto? – Pediu ela, e eu acabei obedecendo. Ao menos uma coisa era certa... Eu não estava sozinho. Pelo menos por hora.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Estou perguntando isso para ambos os times. Team Ares e Team Apolo.