Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 42
Cinema, beijos, e perigo


Notas iniciais do capítulo

Aqui está! Demorei um pouco, não é?

Mas espero que esse capítulo agrade vocês...



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Eu estava sentada na última fileira do cinema, já que Apolo queria ver o filme de longe. Fingi acreditar e fiquei lá no fim, enquanto ele foi pegar pipoca e refrigerante.

- Voltei. – Disse ele. Apolo apareceu do meu lado com um pote de pipoca, e um copo enorme de refrigerante. Eu sorri para ele e o ajudei a segurar. Peguei o pote de pipoca, e ele segurou o copo de refrigerante.

As luzes se apagaram no exato minuto que ele se sentou ao meu lado esquerdo.

- Tinha muita gente na fila? – Perguntei comendo um pouco de pipoca.

- Não, nem tanto. – Respondeu ele encolhendo os ombros.

- Mas diz... Que filme é esse? – Perguntei olhando a tela. Começou a passar alguns anúncios, e eu olhei para Apolo.

- Você sabe que eu não sei? – Comentou ele. Eu neguei com a cabeça rindo, e voltei a prestar atenção na tela. Peguei o copo de refrigerante, mas minha mão acabou segurando o copo por cima da mão de Apolo.

Olhei para ele um pouco sem graça, e Apolo riu. Ele me entregou o copo, e eu bebi um pouco. Pude notar que ele me observava enquanto eu fazia isso.

- Está bom. – Comentei entregando para ele de volta. Apolo assentiu, e voltamos a olhar a tela. O filme finalmente começou, e eu tive uma surpresa... – Apolo... O filme todo é em francês.

- O que?! Não! – Exclamou ele teatralmente chocado – Eu não acredito nisso! Acho que não vou conseguir prestar atenção no filme desse jeito. Droga... Vamos ter que fazer outra coisa.

Olhei para ele, e pude notar claramente que ele estava fingindo estar desapontado com o fato de o filme ser em francês. Provavelmente ele escolhera o filme de propósito só por causa disso.

 - Ok. Então vamos embora. – Disse levantando e indo em direção ao corredor, mas quando passei na frente de sua poltrona, ele me puxou. Eu acabei caindo sentada no colo dele, e Apolo sorriu torto para mim.

- Ou nós podemos aproveitar que aqui está escuro, calmo, e sem nenhum Deus intrometido para nos atrapalhar, e... Conversar um pouco. – Disse ele inocentemente. As mãos de Apolo escorregaram para as minhas pernas, e eu senti um arrepio.

Ele era quente. Muito quente. E seu toque fazia com que meu corpo inteiro relaxasse de uma vez só.

- Apolo... – Tentei falar alguma coisa, mas ele junto meus lábios nos dele e começou a me beijar. Eu acabei retribuindo o beijo, e nós ficamos daquele jeito por alguns minutos.

Quando separamos nossos rostos para podermos respirar novamente, Apolo foi com as mãos para o bolso de trás da minha calça jeans, fazendo meu rosto ficar completamente vermelho.

- Ah, eu quero tanto você... – Sussurrou ele puxando o meu rosto para um outro beijo apaixonado e longo.

Eu me distanciava às vezes, mas ele sempre me puxava para perto novamente.

- Apolo... – Ele puxou meu rosto novamente – Os... Outros.

- Quem? – Perguntou ele em uma curta pausa.

- Para. – Pedi, e ele soltou o meu rosto desapontado – Tem gente normal aqui vendo o filme!

- Me aponta uma. – Pediu com um sorriso torto. Franzi o cenho sem entender, e olhei em volta. Não é que ele tinha razão?! Não tinha uma única pessoa naquela sala de cinema! Nenhuma mesmo.

- Foi você que fez isso? – Perguntei incrédula.

- Eu só fiz uma barreia mágica para nenhum mortal entrar aqui. – Respondeu ele encolhendo os ombros – Fique feliz, Alice. Agora temos a sala inteira só para nós dois.

Apolo alisou meu rosto, e estava pronto para puxar o meu rosto para um beijo, quando eu me levantei. Ele olhou incrédulo e desapontado para mim, mas eu só ri.

- Então me diga, Deus do Sol... – Disse querendo mexer com ele – Podemos fazer qualquer coisa aqui? Sem nenhum mortal nos atrapalhar?

Apolo sorriu malicioso para mim, e assentiu confirmando.

- Qualquer coisa, meu bem. – Respondeu ele sorrindo para mim – O que você quer fazer? Estou a sua completa disposição.

- Mesmo? – Perguntei erguendo uma sobrancelha – Qualquer coisa.

Aquilo estava animando ele. Apolo sorriu ainda mais para mim, e assentiu confirmando com toda a sua certeza.

- Qualquer coisa. – Respondeu ele.

- E se eu disser... – Sussurrei chegando mais perto dele. No último segundo, quando ele estava pronto para me beijar, eu me virei e sentei ao seu lado novamente – Que eu quero ver o filme mesmo em francês?

Ele olhou bobo para mim, e eu prendi o riso.

- Não se brinca com alguém desse jeito, Alice Kelly! Fique sabendo que sou um Deus importante. Não pode simplesmente me deixar cheio de vontade e animação, e depois me desapontar. – Disse ele fingindo ser extremamente sério.

- Sinto muito, Apolo. – Comentei comendo a pipoca e olhando para a tela.

- Sinto muito, Lord Apolo. – Corrigiu ele ainda tentando parecer sério – É assim que uma musa deve se dirigir ao seu Deus. E quer saber? Só um pedido de desculpas não vai mudar o que aconteceu. Vai ter que tentar me recompensar de outro jeito.

Olhei para ele e ergui uma sobrancelha.

- Oh, eu sinto muito, Lord Apolo! Senhor supremo das artes! – Disse em um tom exagerado de arrependimento – Por favor, aceite as humildes desculpas da sua musa sem talento, e também... O balde de pipoca.

- O balde de pipocas? – Repetiu ele como se aquilo não bastasse.

- O balde de pipocas do perdão. – Corrigi – São especiais.

- Ah, mesmo? – Perguntou ele tentando não rir.

- É. Elas são feitas na manteiga. – Confirmei também tentando não rir. Apolo acabou rindo, e assentindo.

- Ok. Eu aceito suas desculpas, minha musa. – Disse ele ainda tentando parecer sério, mas dessa vez estava mais do que na cara que não ia dar certo – Eu permito você a ter a minha companhia enquanto assiste ao filme que você não entende palavra nenhuma.

- Agradecida. – Assenti bebendo refrigerante. Estava olhando o filme mesmo sem entender nada, só para implicar com Apolo, quando... – Apolo, você...?

- O que? Eu não fiz nada. – Respondeu ele inocente.

Pude jurar que senti uma mão tocando o meu ombro. Voltei a prestar atenção ao filme, mas então... A mão tocou meu ombro novamente, só que dessa vez ficou parada ali. Olhei para o lado e Apolo sorriu inocente para mim.

- Não fez nada? – Perguntei tentando não rir.

- Nada demais. Ou como o seu namorado eu não tenho o direito de colocar a mão no seu ombro? – Perguntou ele em uma voz extremamente inocente.

Resolvi não ligar para aquilo e continuar vendo o filme. Foi aí que a mão de Apolo começou a deslizar pelo meu ombro até chegar ao lado do meu braço. Olhei para ele de canto de olho, e vi que ele encarava a tela do filme com um sorriso inocente.

- Apolo... – Falei, e ele parou olhando para mim ainda inocente.

- O que? Ah! Claro. Desculpa... É que escorregou. – Comentou ele calmamente. Mas logo depois a mão dele “escorregou” para dentro do meu decote. Quase dei um pulo da poltrona com o rosto completamente vermelho.

- Apolo! – Exclamei, e ele virou-se para mim com um largo sorriso.

- Alice! – Exclamou de volta, e jogou-se para cima de mim. Seus braços envolveram a minha cintura, puxando-me para perto dele. Seus lábios tocaram os meus cheios de vontade, e eu não resisti. Por que não?

Segurei o seu rosto e comecei a retribuir os beijos. As mãos dele foram novamente para os bolsos de trás da minha calça jeans, e as minhas foram para suas costas. Apolo era perfeito!

Imaginei quantas garotas se matariam para ter ele por perto. Ele era protetor, gentil, engraçado, e muito, mas muito bonito. Acho que ele era um pacote completo, tirando os eventuais ataques de ciúmes.

Enquanto pensava nisso, nós aprofundávamos os nossos beijos mais ainda.

- Alice Kelly, você me deixa louco. – Disse ele no meu ouvido.

- Digo o mesmo. – Sussurrei no seu ouvido.

- Vamos fazer...? – Antes que ele pudesse terminar a frase...

- Fazer o que? – Perguntou uma voz inocente. Nós dois pulamos na poltrona e olhamos para frente. Lá estava meu pai. Com um lindo sorriso inocente, olhando para nós dois. Wow... Eu estava ferrada.

Hermes olhou para Apolo, e pude notar meu namorado recuperar o fôlego, e sorrir desajeitado e sem graça. Parecia estar com um pouco de medo também.

- Fazer o que, Apolo? – Perguntou meu pai calmamente – Termine a frase.

- Fazer... Alice... Vamos fazer um lanche? – Disfarçou ele com um sorriso largo e desajeitado, na tentativa de enganar o meu pai – Que tal? Tipo... Agora. Longe daqui?

- Ahm... Pai... – Eu fiquei muito sem graça. Meu pai tinha visto aquela cena de nós dois nos agarrando. Ainda bem que as luzes estavam apagadas, porque meu rosto devia estar muito vermelho.

- Lanche? Agora? Está com fome, Apolo? Queria comer alguma coisa? – Perguntou ele ingenuamente, e até mesmo eu pude notar o duplo sentido proposital.

- Não! Não. – Sorriu ele – Eu? Não queria comer nada. Não estou nem com fome.

- Então por que a idéia do lanche? – Quis saber o meu pai, deixando Apolo ainda mais atrapalhado.

- Ah... Esquece. Nem sei por que eu pensei nisso. – Sorriu ele para o meu pai.

- Ótimo! Que bom saber que vocês dois vão ver o filme também! – Exclamou ele teatralmente feliz, e depois virou-se para frente – Ei, gente! É aqui! Estamos sentados aqui!

Apolo arregalou os olhos ao ver Poseidon, Hades, Perséfone, Hefesto, Afrodite, Atena, Deméter e Hera entrarem na sala de cinema. Meus olhos também se arregalaram. Olhei para Apolo, e vi que ele estava xingando meu pai em silêncio com todos os palavrões que conhecia.

- Alice! Querida! – Exclamou Hera sorrindo forçadamente como sempre. Eu sorri para ele, já que morria de medo daquela Deusa louca, e acenei – Quanto tempo não a vejo! Como vão as coisas com o meu filho?

- Nós... Ahm... Ah. O de sempre. – Respondi sem graça.

- Espera... – Disse Afrodite forçando a vista e vendo Apolo do meu lado – Apolo? Ai. Meus. Deuses! Vocês estavam dando uns amassos?! E nós interrompemos?!

Meu rosto ardeu novamente e fui tomada por uma súbita vontade de ir para o cantinho mais distante da sala e fingir que não existia. Meu pai virou-se de repente e olhou para Apolo, ainda com um sorriso inocente.

- Imagina! – Exclamou Apolo rindo – Claro que não! Vocês nunca interrompem nada, meus lindos parentes do meu coração! Eu amo vocês! Mesmo! Já disse isso antes? Eu amo vocês! Todos vocês!

Tampei a boca para não rir. Ele estava falando exatamente o contrário do que estava pensando, mas todos caíram nessa.

- Ok. Nós também amamos você, Apolo. – Confirmou Hera achando aquilo estranho.

- Amassos no cinema? Que falta de etiqueta, Apolo! Não se faz isso com uma garota em um lugar tão exposto! – Exclamou Deméter me  fazendo afundar cada vez mais na poltrona.

- Eu não estava fazendo isso, titia linda. – Sorriu Apolo – E o que vocês fazem aqui? Todos vocês?

- Ah, eu sabia que vocês estariam aqui. Por isso... Eu chamei todo mundo para acompanhar vocês no filme. Se importam? – Perguntou Hermes sorrindo inocente.

Eu e Apolo negamos fielmente, e todos se sentaram nas fileiras da frente. Bem... Quase todos. Poseidon sentou do meu lado direito, e Hades do lado esquerdo de Apolo. Nós dois nos encolhemos casualmente.

- Eu quero apagar isso da minha mente... – Sussurrei para Apolo de um modo que nenhum deles ouvissem.

- Sabe o que eu quero? – Perguntou ele em um tom igualmente baixo – Ir para o meu quarto de hotel, e ficar a sós com você. Mas eu não sei. Vai ver o seu pai resolve chamar todo mundo para fazer uma festa lá. Quem sabe, né?!

Ele se encolheu cruzando os braços e afundando na poltrona. Revirei os olhos, e fiz o mesmo. Apolo olhou para Poseidon, e sorriu torto.

- Ei, Poseidon. Vai um refri? – Perguntou sorrindo.

- Opa. Manda. – Respondeu o Deus do mar com um sorriso feliz.

Apolo passou o refrigerante para ele, mas acabou “deixando cair” completamente sem querer encima de Poseidon.

- Ah! Me desculpe! Sinto muito mesmo! – Exclamou Apolo chocado – Como eu fiz isso? Acho que eu e Alice podemos sair para pegar algo para limpar e...

- Não precisa. – Riu Poseidon. Ele fez um gesto simples e o refrigerante que tinha caído nele voltou para o copo, deixando suas roupas secas novamente. O Deus do mar tomou um gole calmamente, e eu fiz uma leve careta. Afinal... O refrigerante tinha caído nas calças dele – Pronto. Quer um pouco Alice?

- Ah, não senhor. Obrigada. – Sorri forçadamente. Ele perguntou para Apolo, mas ele negou com a cabeça e cruzou os braços emburrado de novo.

- Por que eu não fiz isso com o Hades? – Perguntou mais para si mesmo do que para mim – Teria dado certo ao menos.

- O que tem eu? – Perguntou Hades distraído.

- Ah, nada não. – Sorriu Apolo naturalmente, mas voltou logo a sua cara emburrada. Eu ri baixinho e sorri para ele. Ele não retribuiu. Só com um suspiro cansado.

Estiquei a minha mão e toquei o rosto dele. De leve, acariciei sua bochecha direita, e isso acabou fazendo-o olhar para mim. Ele sorriu mesmo sem querer, e olhou novamente para frente.

Houve uma cena que parecia ser engraçada, e todos riram. Depois teve uma cena de suspense e Apolo aproveitou o momento para passar a mão na minha perna esquerda sem ninguém notar.

Dei um leve tapa na mão dele, a medida que subia cada vez mais, e ele parou.

- O meu pai. – Falei sem som e inclinei a cabeça para a cadeira na minha frente.

- Ele não pode me impedir. – Respondeu Apolo no mesmo tom mudo.

- Mas eu posso. – Disse fazendo uma careta para ele.

- Tsc. Consegue resistir a mim? – Perguntou ele tentando não rir. Apolo passou a mão novamente pela minha perna, mas dessa vez levou um susto. Meu pai virou-se rapidamente para trás, e ele recuou a mão disfarçando – A melhor parte do filme, não é?

- Você não sabe nem o nome do filme, não é? – Falou meu pai erguendo uma sobrancelha. Apolo sorriu para ele.

- É... Dous mouns tre bien. – Respondeu ele em uma língua inventada que acreditava ser francês. Meu pai não caiu nessa, lógico, mas eu comecei a rir muito. Tentei não fazer barulho, e meu pai olhou para mim cheio de censura.

- Apolo, você não presta. Não se aproveite da minha filha. – Disse ele.

- Eu não faço nada que ela não queira. – Comentou ele erguendo os braços em rendimento. Ele quis dizer “A Alice também me quer”, e eu pisei no pé dele por causa disso.

- Eu vou sair rapidinho. Já volto. – Disse levantando. Apolo quis vir atrás de mim, mas meu pai o impediu.

- Ei! Seus dois mal educados! Parem de falar no cinema! – Reclamou Deméter, sentada logo ao lado do meu pai, na frente de Apolo. Saí enquanto eles levavam uma bela bronca, e fui até a porta do cinema para respirar um pouco.

O vento soprava forte na cidade, e eu tive que me encolher para não morrer de frio. Olhei em volta e vi como Paris era bonita. Aquele bairro tinha várias árvores enfeitando a calçada, enquanto algumas pessoas passavam com casacos por elas.

Pensei que pudesse ficar parada na calçada tranquilamente, mas logo vi que estava errada. Tudo aconteceu muito rápido, devo dizer.

Em um segundo eu vi Scott do outro lado da rua. Ele não me viu. Tentei chamá-lo, mas algo me deteve. Um monstro estranho passou correndo por ele, e o derrubou no chão. Ele caiu atrás de um carro estacionado, e parecia inconsciente. Quis gritar o seu nome, mas outra coisa me impediu.

- Olha só como o mundo é pequeno... – Disse uma voz conhecida. Eu virei-me para o lado rapidamente, e pude vê-lo. Cabelos ruivos, olhos encantadores, e um sorriso de escárnio lindo – Alice Kelly. Eu não disse que ia te achar, princesa?

A minha fala saiu como um rosando.

- Jake! – Trinquei meus dentes. Aquele era o começo de uma bela confusão.


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Notas finais do capítulo

Ok... Ele é um grande desgraçado, não é mesmo?

Jake Reverbel está de volta. Oh, não!

Veremos o que ele quer dessa vez, e também se o Scott vai ficar legal. Tomara que a Alice consiga chutar o traseira desse filho chato de Afrodite, não é?

Espero pelos reviews! Beijos e até o próximo.