Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 40
Mussarela!


Notas iniciais do capítulo

Ok... Acho que esse capítulo ficou engraçado.Espero que gostem!



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Os nós dos dedos de Apolo bateram contra a madeira umas três vezes. Eles esperaram por uma resposta.

- Se não for o entregador de pizza, vá embora! – Respondeu a voz masculina do outro lado da porta. Apolo coçou a nuca, e Ares trocou de pernas inquieto. Eles riram um para o outro de um modo simpático e se viraram para ir embora.

Eu estendi as duas mãos, tocando o peito dos dois por um minuto.

- Nada disso... Podem voltar. – Disse empurrando-os para trás. Eles reviraram os olhos e começaram a resmungar, mas voltaram para a frente da porta do Scott.

- Ahm... É... Pizza! – Exclamou Apolo.

Ares revirou os olhos e soltou um suspiro pesado. Houve um minuto de silêncio.

- Qual é o sabor da pizza? – Perguntou Scott duvidoso. Apolo olhou para Ares sem saber o que falar, e o Deus da guerra negou com a cabeça encolhendo os ombros.

- Vai! Inventa! – Pediu Apolo em um sussurro. Ares ia protestar, mas se demorasse muito ia estar na cara que não era da pizzaria.

- É... Mussarela! – Respondeu Ares tentando disfarçar a voz.

- Mentira. Eu odeio mussarela. – Respondeu Scott.

- O que?! Quem odeia mussarela?! – Exclamou Apolo chocado – É a pizza mais simples e comum do mundo! E é muito gostosa.

- Ela só tem queijo! Não tem nada demais. – Respondeu Scott.

- Mas isso é discutível. – Comentou Apolo coçando o queixo pensativo – Tem mussarela que vem com algumas ervas, tipo manjericão ou orégano. Aí ela não é só queijo. É queijo com tempero. E tem umas também...

- É. Enfim... Por que você não abre a porta e nós conversamos sobre pizzas? – Sugeriu Ares impaciente – Vamos lá. Abre logo isso.

- Não. – Respondeu Scott. Apolo e Ares bufaram impacientes – E só para constar... Eu nem mesmo pedi pizza!

- Por que não quer abrir a porta?! Você nem mesmo sabe quem somos! Podemos ser dois caras muito legais que adoram jogar videogame e que odeima pizza de mussarela! – Tentou Apolo.

- É o sargento e o artista. Os namorados da Alice que tentaram me matar. – Respondeu Scott.

- Droga. – Falou Apolo deixando os ombros caírem.

- Já chega. – Disse Ares olhando para a porta – Se você não abrir isso agora mesmo, eu ponho a porta a baixo!

- Não põem não! – Corrigi – Você não veio aqui para causar mais estragos. Ao menos finja que é uma pessoa educada.

Ele trincou os dentes morrendo de vontade de arrancar o meu pescoço fora, mas se conteve e olhou novamente para a porta.

 - Escuta, garoto... Nós viemos te pedir desculpas. – Disse Ares cerrando os punhos – Estamos tentando, pelo menos. Mas se você não abre a porta, fica difícil.

- Diz para a Alice que eu não preciso que ela force as pessoas a pedirem desculpas para mim. – Disse ele.

- Como sabe que ela nos forçou? – Perguntou Apolo surpreso. Ares deu uma cotovelada nele.

- Ótimo, gênio! Agora ele sabe que ela nos forçou! – Reclamou Ares – Abre logo essa droga de porta para eu pedir desculpas obrigadas e ir embora!

- Pode pedir desculpas pela porta mesmo. – Falou Scott – E sinta-se a vontade para ir embora depois.

- Legal. Desculpas. Tchauzinho. – Disse Ares e Apolo fez o mesmo. Ele estavam prestes a ir embora e me levar junto, quando foi a minha vez de ir até a porta.

- Scott, deixa de ser idiota, larga esse vídeo game e abre a porta agora. – Disse perto da superfície de madeira – Não adianta nada você ficar isolado nesses jogos para não enfrentar os problemas.

- Não tem problema nenhum. Eles já me pediram desculpas, e eu me sinto melhor agora. Muito feliz. Agora pode ir. – Respondeu ele – E também... Não estou jogando vídeo game, para o seu governo.

- Mentira. Isso eu duvido. – Respondi, mas Scott não disse nada. Sentei-me no chão – Você sabe muito bem que eu não vou sair daqui até você abrir a porta e vir falar comigo.

- Sabe... Em termos de resistência, eu agüento mais tempo que você. – Comentou ele.

- É verdade. – Confirmou Ares pensando nas estratégias de guerra. Revirei os olhos.

- Isso é o que você pensa. Não vai conseguir sobreviver sem sair de casa. – Rebati.

- Vou sim. Tenho tudo que eu preciso aqui dentro. Enquanto você só tem o chão da calçada. – Rebateu ele.

- Ah, é? E quando a comida acabar? – Perguntei virando-me para a porta.

- É por isso que eu amo o século 21. Nós temos uma coisa milagrosa que se chama internet. – Comentou ele – Faço compras pelo computador, e o mercado entrega em casa.

- Para eles entregarem para você, vão ter que passar pela porta. Eu vou interceptar as suas linhas de suprimentos, meu amigo, e você vai morrer de fome. – Respondi como se estivéssemos mesmo em uma guerra.

- Aí eu chamo a polícia e te acuso de roubo. – Rebateu ele, mas sabia que não faria isso.

- Aí eu invento uma história enrolando a polícia. Você realmente acha que isso seria um problema para mim? – Perguntei erguendo uma sobrancelha. Scott ficou em silêncio por alguns minutos.

- De qualquer jeito... Eu não vou abrir. – Disse ele depois de uns minutos ao ver que eu tinha razão.

- Scott, é sério! Eu tenho que falar com você. – Insisti – É importante mesmo.

- Não. Você não pode entrar. – Disse ele do mesmo jeito infantil que costumava dizer para mim “Garotas não sabem jogar vídeo game!”.

- E por que não? – Perguntei um pouco irritada – Me dá só um bom motivo!

Ainda estava sentada no chão, de costas para a porta de madeira e de frente para Ares e Apolo, enquanto Scott pensava em um motivo. Não demorou muito, e o que ele disse convenceu os dois Deuses.

- Porque eu estou pelado! – Respondeu ele, e eu abri a boca incrédula e pega de surpresa. Por meros segundos, é claro.

- É uma boa justificativa. – Comentou Apolo.

- Cala a boca. – Disse um tanto envergonhada por ele ter dito aquilo para mim. O Scott, é claro. Virei-me para a porta de madeira novamente – Isso é mentira, Pilgrim!

- É verdade. Estou sem roupas, completamente nu. – Insistiu ele, mas eu podia notar em sua voz algo que ninguém nunca notava. O tom de humor – Por isso você não pode... Opa! Espera. É por isso que você quer entrar, não é? Sempre soube, Alice. Sempre soube.

Meu rosto ficou um pouco vermelho, mas eu não estava ofendida com aquilo ou algo do tipo. Eu estava morrendo de vontade de rir, por isso um sorriso enorme (pronto para um riso) estava no meu rosto.

Só que ele sumiu quando vi que Apolo e Ares estreitavam os olhos para mim com raiva. Ares, ao mesmo tempo que me olhava com raiva, me olhava com uma expressão do tipo “Então é isso, não é?! Você quer mesmo ver ele pelado!”.

- Eu não...! – Tentei dizer para eles, mas os olhos se estreitaram mais ainda. Revirei os olhos – Deixem disso! É claro que ele está brincando.

- Sei. – Comentou Apolo em sarcasmo – Aham. Sei dessa.

- Você vai arrombar a porta agora? – Perguntou Ares calmamente, mas ainda me fuzilando com o olhar.

- Aposto que sua vontade de entrar aqui aumentou! – Zombou Scott. Ele só conseguia dizer coisas assim se fosse de brincadeira, porque para valer... As palavras travavam na garganta dele e o coitado quase morria sufocado.

- Claro! Agora eu quero entrar! Ah, por favor, Scott! Abre a porta para mim! – Exclamei retribuindo a brincadeira, e pude notar Apolo e Ares quase bufarem.

- Desculpe. Se você está de roupas, não pode entrar. – Comentou ele.

- E quem disse que eu estou de roupas? – Perguntei tentando não rir. Os olhos de Apolo e Ares se arregalaram um pouco ao invés de se estreitarem mais.

- Opa... Agora sou eu que quero abrir a porta. – Brincou ele, mas eu sabia que ele não moveria um músculo. Levantei do chão.

- Scott... É sério. Eu... – Tentei voltar a expressão séria, mas... O que eu diria para ele abrir a droga da porta? Foi aí que eu tive a idéia – Scott... Você prometeu que ia tentar dizer que sentiria a minha falta... Você sabe. Quando eu fosse embora.

Houve uma pausa enorme.

- Ou você não vai mais sentir? – Perguntei fingindo estar magoada. Acho que soou convincente, pois até Ares e Apolo pararam de me encarar com raiva ou perplexidade.

Eu esperei a resposta, mas ao invés disso...

- O que você quer? – Perguntou Scott abrindo a porta. Olhei para ele. Estava de roupas (dããã!) de ficar em casa. Coisa bem à vontade, como uma calça de moletom, e uma camisa de mangas compridas larga. Seu cabelo estava um caos, mas ele sempre era. Seus olhos castanhos me fitavam.

- Sabia que ia abrir. – Disse sorrindo de leve. Scott se encostou na soleira da porta, e deu um sorriso de leve também.

- Eu sei que você não vai embora agora. Sei que está mentindo. – Comentou ele. É... Ele sabia dizer quando eu estava mentindo – Mas depois de horas tentando me convencer, eu imaginei “Puxa! Deve ser alguma coisa importante mesmo para ela me atrapalhar enquanto eu estou tentando passar de uma fase difícil de Portal 2”, aí eu abri a porta.

- Portal 2. – Repeti – Sabia que estava no vide game.

- Sabia que estava mentindo. – Rebateu ele.

- Sabia que estava de roupas. – Retruquei.

- Sabia que você também estava. – Rebateu.

- Sabia que você ia abrir a porta. – Retruquei.

- Sabia que os dois ali não eram da pizzaria. – Retrucou Scott.

- Sabia que não gostava de pizza de mussarela. – Rebati, e Scott parou para pensar em outra coisa que ele sabia.

- Ok. É um empate, certo? Entra. – Disse ele entrando em casa. Eu entrei, e Apolo e Ares me seguiram. Assim que Ares fechou a porta eu fui até o sofá e sentei-me com Scott – O que é tão importante que não pode ser falado pela porta?

- Acho que eu tenho que explicar umas coisas para você. – Comecei calmamente – Sobre os monstros que você encontra o tempo todo, sobre... Ahm... Toda a confusão.

- Pode falar. – Disse ele calmamente – Você sabe o que eles são?

- É. Mas o mais importante é... O que você é. – Falei devagar. Não tinha idéia de como dar essa notícia para alguém. Era a coisa mais estranha de todas, até por que... Eu ainda me lembrava quando eu recebera a notícia. Não foi fácil engolir aquilo, e imaginava se seria o mesmo com Scott. Ele franziu o cenho para mim sem entender, mas eu continuei – Scott... Você é um meio-sangue.

Scott franziu o cenho, respirou fundo, mas por fim assentiu concordando.

- Você... Sabe o que é isso? – Perguntei. Antes ele estava concordando com a cabeça, mas quando lhe perguntei isso, ele começou a balançá-la em sinal negativo.

- Não tenho a mínima idéia. – Falou ele. Ares deu um tapa na própria testa, e Apolo revirou os olhos. Impacientes...

- Quer dizer que... O seu pai... – Como eu diria isso?! Não tinha sentido nenhum falar uma coisa daquelas! Ele ia olhar para mim sem acreditar e me chamar de maluca. Ia se arrepender de abrir a porcaria da porta, e me mandaria embora – Seu pai é um Deus, e sua mãe é uma mortal.

- Ahm... Que Deus? – Perguntou ele. Esperava que ele perguntasse qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Tipo... “Você bateu com a cabeça ontem?”, “Tomou seu remédio?”, “Pode, por favor, se retirar?”, mas não. Ele me pergunta aquilo. Foi a minha vez de franzir o cenho – Por que têm os Deuses gregos, os egípcios, os nórdicos... Os nórdicos eram tensos! Imagina se eu sou filho de Thor? Com aquele machado e trovões... Wow! Eu ia rir muito.

- Você... – Ares franziu o cenho – Tem sérios problemas.

- Gregos. – Respondeu Apolo – Se é que você quer mesmo saber.

- Uhm... – Scott parou para pensar um pouco. Esperava que ele demorasse para entender, mas não foi bem assim... – Tem Zeus. Acho que ele é equivalente ao Thor. Uma mistura dele com Hefesto dá o Thor. Mas... Têm outros também. Wow! Eu ia rir se o meu pai fosse Zeus! Lançar raios por aí, e mexer com o vento... Filhos dele fazem isso?

- Scott... – Ainda não estava acreditando que ele estava agindo desse jeito – Pode... Por favor... Calar a boca?

Ele riu para mim e assentiu. Scott virou-se para mim no sofá e sorriu suavemente.

- Desculpa. Só estava tentando entrar na história. – Comentou ele. E foi aí que eu vi que aquilo daria mais trabalho do que estava imaginando.

- Eu não estou brincando. É verdade mesmo. – Falei de novo, e Scott assentiu tranquilamente – Você está mesmo acreditando assim tão fácil?

- Ahm... É. – Confirmou ele – Por que? Não era para acreditar? Sabe... Até que essa história faz um sentido. Os monstros devem ser que nem aqueles da Grécia antiga, nos mitos. Eles devem ir atrás de meio-sangues, porque eles são filhos dos Deuses. Mas... Eu tenho poderes também? Posso lançar raios e essas paradas legais?

Meu queixo caiu. Ele sabia tudo que eu ia falar! Não precisei nem comentar que os meio-sangues atraem monstros, e nem que ele poderia ter poderes. Apolo riu de repente, e eu olhei para ele sem entender.

- Há Há! O que você veio fazer aqui mesmo? – Perguntou ele rindo. Ares prendeu o riso, e tampou a boca com a mão.

- Como você sabe disso? – Perguntei para ele. Scott abriu a boca para responder, mas então eu o interrompi – Se responder que é por causa do vídeo game, eu bato em você.

- Tá bom. Então eu não respondo. – Disse ele encolhendo os ombros.

- É mentira! Você aprendeu tudo isso no vídeo game?! – Exclamei incrédula.

- Aham. – Confirmou ele, e depois sorriu calmamente para mim – E ainda tem gente... Sabe Alice Kelly? Que diz que isso é cultura inútil!

- Scott, cala a boca! – Exclamei para ele. Em um estalar de dedos nós tínhamos voltado aos tempos de criança – Isso é cultura inútil! Fala sério! O que você aprende jogando Portal, por exemplo?!

- Você aprende muita coisa sim! – Retrucou ele.

- Aprende nada! – Respondi – Portal é divertido, mas é inútil.

- O que?! Pecadora! Blasfêmia! – Exclamou ele chocado – Fique sabendo que “Portal” ensina que as leis da física podem ser distorcidas, ok?! E que nem sempre devemos confiar nossas vidas ás inteligências artificiais!

- Você não pode distorcer as leis da física, idiota! – Exclamei, e ele assentiu.

- Na verdade, as leis da física são distorcidas quando as observamos em uma distância “nano”. – Explicou ele ainda continuando a discussão – Quando nós observamos partículas extremamente pequenas podemos notar que as leis da física delas é completamente diferente das nossas. Ou seja... É uma distorção.

- Nem vem! Você sabe que “Portal” não tem nenhum fundo de verdade. Não tem como você abrir aqueles portais com um laser, e ser lançado em uma direção completamente oposta! Aquele jogo é completamente sem noção! – Rebati.

- Ahm... Com licença. – Disse Apolo timidamente. Nós dois paramos de discutir e olhamos para ele. Sua mão estava levantada como se ele quisesse falar – Mas o que é “Portal”?

Apolo olhou confuso para Ares, e Ares inclinou a cabeça para o lado tentando imaginar. Eu e Scott olhamos um para o outro e soltamos um suspiro. Ia ser uma longo dia até que todo mundo entendesse tudo que devia.

- Eu acho que vou pedir uma pizza enquanto isso. – Comentou Ares indo para o telefone.   


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Notas finais do capítulo

Loucuras... Acho que ninguém entendeu o que o Scott e a Alice estavam falando, não é?Bem... No próximo eles vão falar o que é "Portal". E também vão falar melhor com o Scott sobre os Deuses.Espero pelos lindos reviews! Até o próximo, gente.