Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 4
Todos amam festas


Notas iniciais do capítulo

Aqui vai mais um!



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Nós três estávamos andando pela rua. Ares continuava segurando o bastão de baseball, Apolo ficava falando sobre as músicas do Elvis, e eu sorria para ele.

- Gosta de qual? – Perguntou.

- Gosto de “Teddy Bear”. É bonitinha. Mas adoro ver os vídeos dele cantando “Blue Suede Shoes”. – Contei para Apolo.

- É mesmo. É uma pena que ele morreu. – Suspirou ele – Mas ao menos está na melhor parte do Mundo Inferior. Aquele sortudo.

Assenti mesmo não entendendo muito bem o que ele queria dizer com aquilo, e resolvi puxar assunto sobre a festa em si.

- Onde é mesmo? – Perguntei.

- Logo ali na frente. – Apontou Apolo – É uma casa enorme. Eles enfeitaram ela toda para poderem fazer a festa. Acho que é de um garoto que os pais saíram para viajar, ou coisa parecida. Amo quando as pessoas dão festas quando os pais não estão olhando.

- Você tem cara de quem já fez muito isso. – Comentei. Ares riu do meu lado, e eu olhei para ele.

- Você não tem idéia dos problemas que esse aí nos arrumou. – Disse Ares.

- Sh! – Fez Apolo para ele – É mentira! Sou um cara comportado.

- Tá, isso é que é mentira. – Rebati rindo para Apolo – O que foi que você fez? Lotou o Olimpo ou coisa parecida?

- Exatamente isso. – Confirmou Ares, e Apolo se encolheu ligeiramente.

- Não foi nada demais, ok?! – Reclamou ele, mas olhou para mim e cruzou os braços – Alice, você mesma já viu como Zeus é irritado. Eu não fiz nada demais. Ele que exagera.

- Nada demais?! – Repetiu Ares levantando a máscara do Jason – Ele fez uma lista de pessoas incluindo até amigos dos amigos dessas pessoas. Aí chamou todo mundo para uma festa olimpiana.

- O que é uma festa olimpiana? – Perguntei olhando para Ares. De repente, os dois pararam de andar, de modo que eu parei alguns passos na frente. Ares e Apolo olharam para mim de boca aberta – O que? O que foi?

- Você não sabe o que é uma festa olimpiana?! Ares! Ela não sabe o que é uma festa olimpiana! – Exclamou Apolo surpreso.

- Como assim, Kelly?! Você tem o que nessa sua cabeça?! - Perguntou ele chocado – Você não tem idéia do que seja uma festa olimpiana?!

- Ahm... É uma festa... No Olimpo? – Chutei sem saber, mas com um pouco de vergonha por parecer tão ignorante.

- Pobre coitada. – Murmurou Apolo com pena de mim – Ela não tem nem idéia do que significa diversão.

- Mas... – Tentei falar alguma coisa, mas Ares me cortou.

- Esquece, Kelly. Se você não foi á uma festa olimpiana, você nunca foi á uma festa. – Disse ele negando com a cabeça.

- É simplesmente o maior tipo de festa que existe no mundo inteiro. Não tem, de jeito nenhum, e nem nunca vai ter uma festa melhor do que a festa olimpiana. – Falou Apolo animado só de pensar na idéia de uma festa dessas – Pergunte para Dionísio. Ele sabe muito bem disso!

- Deus das festas. Faz sentindo. – Concordei – Ahm... Avisa quando tiver a próxima – Eu encolhei os ombros sem saber mais o que dizer.

- Essas festas não acontecem assim tão rápido, sabia? Demoram. – Disse Ares voltando a andar – Elas são grandes demais para serem realizadas o tempo todo, por isso Zeus quase surtou quando Apolo montou uma da noite para o dia.

- Não foi da noite para o dia. Eu... Ah. Todo mundo está contra mim. – Resmungou ele cruzando os braços e acompanhando o nosso passo.

- Se Zeus fosse o meu pai, eu não daria festas nem se ele estivesse fora por séculos. – Comentei lembrando-me de como ele podia ser severo.

- Tsc! Ele nem nota nada. – Disse Apolo com grande certeza, mas então um raio caiu do céu. Arregalei os olhos para cima e depois para Apolo – Tá... Talvez ele note ás vezes.

- Ele notou a sua festa. – Comentei rindo – Mas esquece. Acho que já chegamos, não?

Nós tínhamos parado na frente de uma casa enorme. Era engraçado ver o tipo de gente que estava entrando no lugar. Vestidas de todas as fantasias que você podia imaginar.

Só nos poucos minutos que nós ficamos em pé do lado de fora eu vi passar uma Marilyn Monroe, um Darth Vader, uma múmia, uns quatro zumbis, um vampiro muito realista, e algumas garotas vestidas como dançarinas de cabaret. Apolo riu para elas e depois olhou para mim.

- Essa podia ser uma boa opção para você. – Comentou ele baixinho.

- Nem começa. – Empurrei ele para o lado e revirei os olhos. Nós entramos na casa e, por incrível que pareça, o lugar era muito maior do que parecia.

Música alta toccava, enquanto luzes de neon davam um ar assustador á alguns cômodas da casa. A sala era completamente ampla, mas estava cheia de gente em todos os cantos. Uma mesa de comida enorme era estendida pela parede. Várias TVs de tela plana mostravam clipes musicais, onde rappers cantavam com garotas dançando ao fundo.

- Hora da festa! Vamos dançar! – Apolo segurou minha mão e me puxou para o meio da pista de dança. Várias pessoas estavam dançando juntas, o que fazia com que nós dois tivéssemos que dançar perto um do outro.

O som eletrônico foi substituído por remixes de músicas variadas. A primeira foi “We r who we r” da Ke$ha. Apolo sorriu para mim, e falou por cima da música.

- Lembra dessa música? – Perguntou ele.

Me concentrei tentando lembrar, então a memória veio á minha mente.

- Foi a que nós dançamos naquela outra festa! – Exclamei por cima do som. Ele assentiu feliz por eu ter me lembrado, e nós dois dançamos de novo.

Várias outras músicas tocaram, o que me fez ficar feliz por estar de All Star, e não de salto alto. Nós continuamos lá até que eu cansei, e Apolo resolveu que já era hora de comer alguma coisa.

Nós fomos para o outro lado da sala, logo onde ficava a mesa de comidas, e pegamos alguns salgadinhos.

- Isso aqui é muito bom. – Disse ele sorrindo.

- Aham. – Concordei dando uma mordida no salgadinho de frango. Olhei para o resto da festa e sorri – Isso é muito diferente das últimas festas de Halloween que eu fui.

- Quando você foi á uma festa de Halloween pela última vez? – Perguntou Apolo.

- Uhm... Acho que há muito tempo mesmo. Devia ter uns 13 anos. Depois disso eu perdi o gosto por festas assim. – Contei.

- Sério? Que chato. Mas... Ainda bem que você está comigo. Falou de festas, é só chamar o Apolo. – Ele piscou para mim, e eu ri.

- Puxa, que sorte a minha. – Respondi para ele. Apolo segurou o meu queixo e me puxou para perto. Nós estávamos a centímetros de um beijo, quando...

- Ah! – Berrou Apolo levando outro susto. De começo eu não entendi o que tinha acontecido, mas depois eu notei que Ares tinha agarrado seu tornozelo.

- Ah, desculpa! – Exclamou ele rindo – Eu atrapalhei alguma coisa?

- Desgraçado! – Rugiu Apolo correndo atrás dele. Ares saiu de lá bem rápido seguido por Apolo.

- Apolo! Ah... Esquece. – Revirei os olhos e voltei a olhar para a mesa de comida. Peguei mais uns dois salgadinhos e andei pela casa comendo. Não tinha idéia de quantos quartos aquele lugar tinha, mas parecia ser no mínimo o quádruplo dos da casa do Ares.

Acabei me perdendo depois de virar alguns vezes para a direita. Ou seria a esquerda? Não lembro. Só sei que estava no meio de uma outra sala, totalmente diferente.

Essa sala era cercada de teias de aranha. Alguns sofás jogados nos cantos eram ocupados por gente conversando, ou casais se beijando. As paredes tinham desenhos com tinta que brilha no escuro. “Perigo!”, ou desenhos de caveiras estavam espalhados pelo local.

- Oi! – Disse uma voz perto de mim. Eu me virei para ver quem tinha me chamado e dei de cara com um garoto da minha idade. Ele tinha cabelos ruivos, mas não dava para notar direito porque estava usando um chapéu preto. Sua camisa vermelha listrada em preto revelava que ele estava vestido de Freddy Krueger – Qual é o seu nome?

- Ahm... Alice. – Respondi por cima do som.

- Meu nome é Tom, Alice. – Respondeu ele com um sorriso – Você conhece alguém daqui?

- Sim. Eu... Eu estou com dois amigos. Eles estão em algum lugar por aqui. – Contei olhando em volta – Ou seria na outra sala? Eu acabei me perdendo.

- Quer ajuda para voltar? – Perguntou ele rindo – Não estou fazendo nada mesmo.

- Para falar a verdade... Quero sim. – Confirmei.

Tom me levou por alguns corredores. Nós viramos umas direitas e outras esquerdas, até que por fim chegamos a sala de estar novamente.

- Pronto. Missão comprida. – Disse ele.

- Obrigada. – Respondi – Agora eu vou tentar achar eles. Ahm... Você conhece alguém aqui?

Tom riu da minha pergunta.

- A casa é minha. – Riu ele. Pude sentir meu rosto ficar um pouco vermelho.

- Ah... Bela festa, hein? – Comentei – Sinto muito entrar como penetra.

- Tudo bem. Acho que essa é uma festa só para penetras mesmo. – Ele deu de ombros.

- Por que fez uma festa assim? Tipo... Só para penetras? – Perguntei.

- Por quê? – Repetiu ele rindo como se a resposta fosse óbvia – Porque é divertido, ora. Não está na cara? Acho que você sabe como essas festas arrasam.

- É. Sei. – Menti com um sorriso – Bem... Obrigada. E espero que seus pais não te dêem uma bela bronca quando virem isso.

- Não vão. Só voltam no fim do mês. Enquanto isso... Festa! – Exclamou ele rindo – Mas obrigado mesmo assim, Alice.

Tom piscou para mim e foi dançar junto de algumas outras pessoas. Que cara maluco. Será que eu era a única pessoa no planeta que nem sonharia em fazer uma festa sem a permissão dos meus pais? Pelo menos... Da minha mãe e do marido dela. Meu pai não deveria ter nada contra isso.

- Achei você! – Exclamou Ares – Tente não se perder por aí, Kelly. É capaz de nunca conseguir voltar para casa se virar o corredor errado.

- Cadê o Apolo? – Perguntei.

- Está perdido. – Riu Ares – Na verdade, ele deve estar brigando com um outro Jason por aí. Tem milhares nesse lugar.

Eu ri ao ver que era verdade. Por sorte, só tinha um Alice Cooper.

- Vamos procurar ele então. – Disse andando na direção oposta da qual eu tinha saído. Ares deu de ombros e resolveu me seguir. Ele ria o tempo todo, e sempre que eu perguntava o que era tão engraçado...

- A cara do Apolo. Como ele é idiota! Sempre se assusta comigo. Sempre! – Ria Ares parando de andar.

- Digno de Hermes. – Comentei rindo, e ele fez uma careta para mim, mas logo me seguiu. Nós tivemos que andar pela casa por vários minutos, até por fim achar Apolo. Ele estava parado na frente de uma prateleira cheia de CDs – Apolo!

- Alice? Alice! Uau. Pensei que nunca mais fosse sair daqui. Que loucura, cara. – Comentou ele rindo, mas depois olhou de novo para os CDs – Olha só isso! O cara tem uma coleção completa de CDs do Nirvana! E olha esses do Run DMC! Demais!

- Claro. Demais. – Confirmou Ares sem vontade – Agora podemos ir?

- Eu queria conhecer o dono da casa. Ele deve ser muito gente boa. – Disse Apolo sorrindo.

- Eu conheci. – Comentei e os dois olharam para mim – Eu tinha me perdido e ele me ajudou a achar o caminho de volta para a sala.

- Aaawn, a nossa garotinha está crescendo. Já sabe se comunicar com os outros! – Zombou Ares apertando minha bochecha – Mas acho melhor não fazer isso de novo, Filhinha de Hermes. Afinal, nós não te ensinamos a não falar com estranhos?

- Saí pra lá! – Reclamei desviando da mão de Ares. Minhas bochechas ficaram doendo depois daquela – O nome dele é Tom. Se quiser, ele...

- Espera. Tom? Uhm... Tom. Tom, Tom, Tom... – Apolo pareceu ficar pensativo de repente – Ah! Tom McLean! É o meu filho!

- É o seu... Filho? – Repeti olhando para ele – Isso quer dizer que ele deu uma festa sem você saber.

Apolo parou para refletir sobre o assunto.

- Ele puxou o pai. Que orgulho. – Sorriu Apolo, mas depois pensou melhor – Não, espera aí. Eu devia ficar com raiva?

- Você é tapado demais até para se tocar disso. Vamos embora logo. – Disse Ares saindo andando. Eu o segui, e Apolo fez o mesmo.

Quando nós finalmente estávamos fora da casa, eu pude respirar novamente. O ar puro que soprava era reconfortante. Muito melhor do que o calor de tanta gente junta no mesmo lugar. Sem falar que meus ouvidos não estavam mais agüentando.

- Quere comer alguma coisa? – Perguntou Apolo.

- Eu quero um hambúrguer com queijo duplo. – Respondeu Ares.

- Estava falando com a Alice. – Disse Apolo.

- Uhm... Não sei. – Falei dando de ombros – Na verdade... Acho que umas batatas fritas seriam uma boa.

- É Halloween! Vocês não preferem comer alguma coisa melhor? – Perguntou Apolo pulando na nossa frente.

- Melhor tipo o que? – Quis saber.

- Tipo... Isso! – Apolo teve uma idéia. Eu e Ares o acompanhamos com o olhar, até que ele parou na porta de uma casa e tocou a campainha.

- Ele não vai... – Murmurei pensativa, mas não terminei a frase.

- Ah, vai sim. – Confirmou Ares cruzando os braços e rindo.

- Gostosuras ou travessuras, baby? – Perguntou Apolo fazendo um passo de dança do Elvis.

A senhora que atendeu a porta riu ao ver aquilo e comentou sobre como o Elvis era um “pedaço de pão” e “um broto muito bacana”. Ela pegou um saco de balas e doces cobertos de açúcar e deu para o Apolo.

Ele correu feliz como uma criança em nossa direção e eu comecei a rir junto de Ares. Ri mais ainda quando vi que a bochecha de Apolo fora marcada por batom vermelho. Provavelmente, a senhora deve ter pensado que ele era o Elvis mesmo.

- Tomem. Tem várias balas aqui dentro. – Sorriu ele, mas parou ao olhar para mim – O que foi?

- A sua bochecha. – Disse rindo, mas logo limpei para ele – Pronto. Acho que vou ter que ficar com ciúmes daquela senhora. Você é um “broto legal” demais para eu te deixar solto por aí.

Apolo riu daquilo e eu também. Estava brincando, mas ele me abraçou e disse que não ia mais sair de perto de mim.

Ares aproveitou a oportunidade para roubar o saco de doces só para ele e sair correndo. Nós dois o seguimos gritando.

- Ares! Ladrão! Volta aqui! – Exclamávamos enquanto corríamos e riamos ao mesmo tempo.


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Notas finais do capítulo

Estou imaginando como seria se o Apolo batesse na minha porta para pedir doces... Ai ai.

Continuando... Espero que tenham gostado.

Reviews são bem-vindos!

Até o próximo!