Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 35
Kelly&Collins


Notas iniciais do capítulo

O que o título desse capítulo diz para vocês?

Hahahahaha! Só lendo mesmo...



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Scott parou a sua scooter em uma rua que eu nunca tinha visto antes, e nós descemos. Ele colocou uma mochila marrom nas costas, e sorriu para mim.

- Não se preocupe. Ninguém conhece essa rua, por isso vai ser praticamente impossível eles nos acharem aqui. – Comentou Scott com um sorriso esperto.

- Bom saber disso, porque eles tem... Uhm... Um dom para conseguir as coisas. – Comentei escolhendo bem as palavras.

- Sabe... Eu conheci o segundo. – Disse Scott.

- O segundo? – Perguntei sem entender.

- Seu segundo namorado. O artista. Apolo. – Disse Scott, e eu cobri os olhos de vergonha. Que droga! Por que eles não deixavam o garoto em paz?!

- Ah, Scott... Eu sinto muito se ele te incomodou. Eles dois são impossíveis. – Disse em um murmuro envergonhado. Scott riu.

- Está tudo bem. Eles são engraçados. – Disse ele dando de ombros – O artista tocou violão comigo. O sargento pediu para o eu concertar a moto que ele mesmo quebrou.

- Isso é típico do Ares. Mas para que ele foi te encher? – Perguntei olhando para ele. O cabelo de Scott estava todo bagunçado, e seus olhos miravam o fim da rua.

- Como eu posso saber? – Perguntou ele – Você que é a namorada dele.

Revirei os olhos. Não era bem assim, mas como poderia explicar isso tudo para o Scott? Ele nunca ia entender. Não era problema dele também, e eu ficava feliz em saber disso. Pilgrim olhou para o relógio e franziu o cenho.

- O que foi? Está na hora de alguma coisa? – Perguntei me encolhendo de frio. Scott tinha me emprestado um casaco quadriculado vermelho para não ficar com tanto frio assim, mas o inverno ainda estava me afetando.

- Eu fiz bem em te emprestar isso. De noite esfria muito. – Comentou ele com um sorriso – Ah... Quanto ao relógio... Não. Eu... Só não quero voltar muito tarde. Acho que vão ficar preocupados com você.

- Não vão não. Eles estão ocupados demais brigando para sentirem a minha falta. – Comentei encolhendo os ombros. Scott olhava para frente, mas eu olhava para ele. O jeito que ele respondera sobre o horário não foi nem um pouco sincero. Parecia que ele estava escondendo alguma coisa, mas eu achei melhor não perguntar.

Ele riu para mim.

- Bem, Alice. Acho que quando você divide uma garota com alguém, é normal que haja brigas, não é? – Comentou ele achando graça. Notei naquele momento que mesmo ele sendo meu melhor amigo, eu não poderia contar tudo para ele. Não mesmo.

- É. Acontece. – Concordei – Mas não é tão legal de se ver isso.

- Bem... Então eu tive sorte de ter ficado um ano inteiro sem concorrência, não é? – Riu ele brincando. Fiz uma careta para ele, mas Scott revirou os olhos rindo e voltou a olhar para frente – São 4 da tarde. Quando der umas 9 nós voltamos, certo?

- Certo. Mas porque essa cisma com o horário? – Perguntei novamente.

- Por que não são os seus ossos que o sargento vai quebrar se você chegar depois da meia noite. – Respondeu ele rindo, mas ainda sim eu sabia que tinha algo por trás daquilo. Sabia muito bem quando Scott estava mentindo, ou fugindo de um assunto – Chegamos.

Olhei em volta para ver onde nós tínhamos parado. A rua estreita pela qual passamos (que era cheia de bares pequenos e charmosos, onde as pessoas comiam petiscos) levava para um jardim enorme. O lugar estava coberto de neve. A grama estava branca mesmo!

- Que legal. – Disse sorrindo.

- Eu sei. Ei... Está pensando no mesmo que eu? – Perguntou ele com um sorriso. Sorri de volta – Quer apostar uma corrida, Cooper?

- Já estou a meio caminho, Pilgrim! – Respondi correndo na frente dele. Era injusto e sempre foi. Scott nunca me ganhava em uma corrida, até porque não era fácil ultrapassar uma filha de Hermes. Ele nunca teve nem mesmo chance, mas tinha vezes que eu fingia ter câimbras para que ele vencesse. Ou simplesmente deixava ele passar na minha frente.

Nós corremos bastante, mas Scott não tinha mudado. Ele continuou ficando para trás, cada vez mais, até que por fim se jogou na grama cheia de neve. Eu parei de correr, me virei para ele e ri.

- Você nunca me ganha. – Falei indo até ele.

- Acho que... Você foi geneticamente alterada para correr. – Comentou ele com suas teorias loucas – Acho que modificaram os músculos das suas pernas para você ser mais ágil que os outros seres humanos normais.

- Acho que você está jogando muito vídeo game, Pilgrim. – Rebatei rindo, mas logo cruzei os braços – E também... Eu me lembro de você ter dito que minhas pernas eram bonitas naquele dia.

O rosto dele ficou vermelho.

- Fo-Foi sem querer! Eu não sabia que era você, e nem que você ia entender! – Reclamou ele se levantando – Você adora implicar comigo também, não Cooper?

- Adoro mesmo. – Ri dele. Sorri para o Scott e olhei em volta. Tinha um gramado enorme só para nós dois, e ia ser divertido – Uhm... Que tal corremos mais um pouco? Quando éramos menores você e eu sempre corríamos, lembra?

- Você corria. Eu comia poeira. Poeira californiana ainda por cima. – Disse ele. Eu ri e neguei com a cabeça.

- Bem, dava para nos manter vivos. – Comentei encolhendo os ombros. Scott olhou para mim e riu de novo.

- Ok. Vamos nessa então. Eu te levo, Cooper. – Antes que eu pudesse perguntar o que ele estava falando, Scott ficou de costas para mim e puxou minhas pernas (cada uma para um lado de sua cintura) de modo que eu ficasse sentada em suas costas – Próxima parada, monte de neve!

- O que?! Não! – Eu comecei a rir, enquanto Scott corria. Meu cabelo balançava ao vento, enquanto eu olhava para as árvores finas atrás de nós, e as casas se afastando cada vez mais. Scott estava usando um suéter verde, e uma calça marrom escura, mas eu podia ver vários flocos de neve grudando nela.

Quando ele cansou de correr, acabou caindo no chão, perto de um monte de neve. Nós dois ficamos completamente branco. Nos levantamos tentando tirar a neve das roupas antes que derretesse e nós pegássemos uma bela gripe, mas ao mesmo tempo rindo das caras um do outro.

- Isso é igualzinho á Califórnia. – Comentou ele rindo.

- Não é não. – Neguei e ele olhou para mim sem entender – Na Califórnia não tem neve, Pilgrim!

Nós rimos mais um pouco, e Scott me mostrou o que tinha em volta daquele jardim com o gramado enorme.

- Aqui sãos os fundos daquelas casas, e é onde essa rua fina dá. As pessoas geralmente vêm aqui no verão ou na primavera, porque gostam de ficar sentadas no chão pegando Sol. Mas no inverno, nunca tem ninguém. – Contou ele.

- Que legal. – Disse olhando em volta – E você vem muito aqui?

- É. Quando não tenho nada para fazer. Quando não tem trabalho, ou um bom vídeo game, eu venho para cá, sento e relaxo. – Confirmou ele olhando a paisagem. Scott olhou para mim e sorriu – Mas eu acho melhor irmos para outro lugar. Ficar muito tempo aqui é meio... Chato. Não é?

Encolhi os ombros sem ligar. Estar com o Scott já era divertido, por isso para mim não fazia diferença. Mas algo na voz dele me incomodou. Como se ele quisesse me tirar dali. Como se quisesse que eu achasse aquele lugar chato.

- Certo. Se você quer ir embora... Vamos andar um pouco mais de scooter. – Falei andando de volta para o caminho da rua. Scott assentiu e andou comigo.

Nós atravessamos a rua estreita, e rimos de algumas pessoas engraçadas no bar. As cadeiras ficavam logo na porta, e algumas ocupavam o espaço da rua.

- Olha aquele cara com o chapéu engraçado. Que figura. – Comentou Scott rindo.

- Sh! Fala baixo! – Repreendi com vergonha – E se ele ouve você?

- Alice, ele é francês. Não sabe falar nenhuma palavra na nossa língua. – Riu ele, e eu notei que era verdade. Mas eu quis implicar um pouco.

- Você achava que eu era francesa, e ficou com a cara no chão quando viu que eu te entendi. – Lembrei rindo.

Scott olhou um pouco tenso para o cara de chapéu, e o cara olhou para o Scott. Ele segurou o meu braço e começou a andar mais rápido.

- Ok. Vamos torcer para ele ser francês mesmo. – Disse ele tenso.

Eu comecei rir, e ele acabou rindo também. Nós subimos na scooter dele novamente, e Scott Pilgrim dirigiu por grande parte de Paris. Era lindo ver a cidade escurecendo cada vez mais, até os prédios se iluminarem.

Quando eram mais ou menos 7 horas, a cidade já estava escura. Nós paramos na loja de doces e compramos mais uns Kelly&Collins. Duas caixas.

Estacionamos a scooter no começo de uma ponte e andamos por ela, enquanto comíamos a bala/chiclete mais engraçada do mundo.

POV Ares

Eu e Apolo estávamos tão envolvidos na briga, que nem mesmo notamos aquela pirralha fugir de nós. Agora... Lá estava eu. Andando por Paris á procura dela. Apolo disse que viu ela sair da casa do Scott de moto, mas não conseguia achar nenhum dos dois.

Enquanto o Deus Mané do Sol procurava a musa dele em algum lugar perto do hotel, eu procurava a garota da guerra em algum lugar longe do hotel. O problema seria voltar, mas eu dava um jeito depois.

Estava quase desistindo de achá-la, e toda hora pensava em parar simplesmente. Mas aí vinha uma cena na minha cabeça... Lembrava do Hotel Holly Lake, quando aquele mortal imbecil e desconhecido tentou agarrar ela logo no café da manhã, e no jeito que ela não sabe se defender tão bem. Também lembrava como os caras de lá babaram por ela.

Imagina se algum francês metido pensa que pode se dar bem com ela? Eu ia matá-lo! Não que eu me importasse com ela! Não. Nem pense isso. Tsc. Que ridículo. Ahm... Continuando...

Foi quando achava que não iria encontrá-la, que pensei no lugar perfeito. Aquela loja de doces onde o moleque comprou a bala com o nome deles. Bingo. Assim que cheguei lá, vi os dois andando juntos até um tipo de ponte. Queria ir até lá e socá-lo por dar uma de galã e tentar roubar a Alice de mim, mas me contive quando vi eles conversando.

- Mas... E quando... Eu fui embora? – Perguntou Alice. Eu observava eles de longe, mas sempre á uma distância em que dava para vê-los bem – Você... Ficou bem?

Eles pararam de andar e se apoiaram na barra da ponte. Ele olhou para ela, e um pouco sem graça virou o rosto.

- É... Foi meio chato na escola, mas... Eu sobrevivi. – Respondeu ele com um sorris sem jeito. Alice sorriu desajeitada também, e eles comeram mais uma bala.

- Sabe... Eu nem sei quando eu vou sair de Paris. – Comentou ela. Scott olhou para ela e franziu o cenho – Pode ser semana que vem, ou daqui a um mês. Ou... Sei lá. Daqui a dois dias.

- Então você vai embora. – Comentou ele em um tom um pouco triste. Vai sim, idiota. Senta e chora!

- Vou. – Confirmou ela. Foi aí que a conversa ficou estranha. Olhei para Alice e vi que ela estava fitando ele com uma expressão curiosa. Como se quisesse desesperadamente saber o que ele ia falar para ela depois daquilo. Eu pensei que o moleque fosse ficar magoado ou coisa parecida. Até pensei na idéia dele olhar para ela e pedir que ficasse para sempre do seu lado.

Se fosse o caso, estava pronto para ir lá e bater nele, mas Scott Collins fez algo diferente. Ele sorriu para ela de repente, e virou o rosto para o horizonte.

- Legal. Ok. – Disse ele com um sorriso leve. Alice franziu o cenho para ele. Parecia que ela não tinha gostado nada da resposta, não sei por quê. A Filhinha de Hermes pegou algumas balas da caixa e jogou nele. Scott franziu o cenho e olhou para ela sem entender.

- Legal. Ok. – Repetiu ela incrédula – É isso que tem para dizer? Mesmo?

- O que mais você quer que eu diga? Você vai te que ir, não é? Então... Tá. – Disse ele encolhendo os ombros.

- Scott... Eu realmente não acredito nisso. – Disse ela com raiva.

- O que eu fiz? – Perguntou ele.

- Você fez isso duas vezes. – Falou Alice ofendida – Não se lembra? Quando eu fui embora da Califórnia foi a mesma coisa. Você olhou para mim depois de eu ter dito que ia me mudar de estado, e disse “Tá bom. Tchau Alice.”.

Scott olhou para ele, e isso me surpreendeu, porque de repente ele também estava magoado.

- Ah, e eu presumo que agora seja a hora que você corre. – Disse ele chegando para o lado – Não vou tampar o seu caminho e nem colocar o pé na frente, Alice. Pode ir.

- Como é que é? – Perguntou ela, e ele continuou a falar no mesmo tom magoado que ela tinha usado antes.

- Você sempre fez isso. Sempre. Não importava o que acontecia, você sempre corria. – Disse ele olhando em seus olhos – As pessoas normais vêem um problema e tentam resolver. Você não! Você simplesmente ignora e saí correndo. É como se nada fosse prender você nunca. Você vive correndo, e fugindo de tudo e todo mundo!

- Eu não fugi! – Protestou ela levantando o tom de voz.

- Fugiu sim! – Exclamou ele também mais alto.

- Eu fugi para você! – Exclamou ela e de longe pude sentir o quanto estava magoada. Ele ficou mudo e olhou para Alice esperando o resto, que não demorou para vir – Eu sempre fugi para você! Eu largava tudo que eu podia e ia ficar perto de você! Eu era a única que realmente se importava e te ajudava! Eu sempre estive do seu lado, Scott! Mas você passava tanto tempo preso aos seus estúpidos jogos de vídeo game que nunca notava nada!

- Eu notava sim. – Disse ele em um tom mais baixo – Alice, eu sei que você estava lá, mas o que queria que eu fizesse? Você disse que tinha que ir embora!

- E você não ligou para isso? – Perguntou ela em um tom de voz mais baixo também. Aquilo estava me incomodando. Eu odiava admitir aquilo, mas ver a Filhinha de Hermes magoada estava mexendo comigo. Queria gritar com aquele moleque, queria falar com ela, mas preferi ficar e ouvir o resto.

- E-Eu... – Scott ficou mudo de repente. Ele não conseguia falar, e Alice entendeu aquilo como um não. Ela virou as costas pronta para ir embora quando ele deixou escapar uma única palavra –... Sim.

- Então por que não disse nada? – Perguntou ela virando-se para ele devagar – Tudo bem... Eu não esperava que você começasse a chorar, ou que você corresse com um buquê de rosas atrás de mim, mas... Por que não disse “Eu vou sentir a sua falta?”?

Scott colocou as mãos no bolso, parecendo morrer de vergonha. Aquilo estava me lembrando alguém, mas antes que um nome me viesse á cabeça ele voltou a falar.

- Alice, eu nunca fui bom em falar abertamente desse jeito. Eu não sou bom quando se trata de emoções e tudo mais... – Ele estava tendo uma enorme dificuldade em dizer aquilo – Eu queria falar para você que ia sentir a sua falta, mas eu simplesmente não conseguia. Eu... Eu nunca vou ser e nem sou como o seu namorado artista que fala abertamente sem problema nenhum. Muito menos como o outro que protege quem ele ama com a maior naturalidade. Eu queria, mas esse não é o meu estilo.

Alice ficou muda. Ela olhou para ele com uma mistura de pena, e esclarecimento. Com um suspiro, ela pegou outra bala na caixa.

- Bem... Então... Diga. Diz que vai sentir a minha falta quando eu sair de Paris. Ao menos isso. Mesmo que nós não sejamos mais namorados. – Disse ela calmamente.

Scott respirou fundo.

- Eu vou tentar, ok? – Disse ele encolhendo os ombros – Quando você for embora... Eu vou tentar.

Ele pegou outra bala e os dois ficaram em silêncio apoiados na grade da ponte.

- Talvez seja por isso que eu só me dou bem com coisas mecânicas. – Comentou ele quebrando o silêncio – Mas... No fundo, você sabe que eu... Vou sentir sua falta.

Alice sorriu para ele de leve.

- Você é quase como uma irmã para mim. – Disse ele pegando outra bala – Nós dois... Não demos certo, mas... – Ele quase se engasgou ao dizer o resto da frase – Ainda... Gosto de você.

Alice riu ao ver a dificuldade ele em dizer aquilo, e lhe deu um beijo na bochecha. Pude ver Scott Collins quase morrer.

- É. Acho que você é o mais próximo que eu cheguei de ter um irmão. – Confirmou Alice sorrindo. Ela pegou a caixa de bala – Quer mais uma?

Ao vê-la dando um beijo na bochecha dele, eu senti muita raiva. Quem ela pensava que era para sair por aí beijando outras pessoas?! Eu era o namorado dela, e ainda por cima era o meu dia! Se ela tinha que dar um beijo em alguém esse alguém...! Opa. Não. Não! Eu não queria o beijo dela nem que ela me pagasse!

Em poucos minutos eu virei as costas e fui embora. Depois de me preocupar a toa com aquela pirralha mal agradecida, eu não ficaria que nem um idiota entre aqueles dois. Eles que se virem!

Com esse pensamento enfurecido, eu voltei para o hotel trincando os dentes. Minha moto roncou pela rua, e eu torci para isso tê-la assustado.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Oown, Ares com ciúmes de novo! Haha.

E o que será que o Scott está escondendo?

Resposta no próximo capítulo!

Espero reviews, e talvez recomendações... Obrigada pelos 600 reviews, gente!