Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 27
Franceses capitalistas


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é engraçado... Aqui vai!



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- Mas... Você me deu milhões de roupas. Para que comprar mais? - Perguntei sem entender. Afrodite sorriu para mim.

- Ah, amor, você não entende nadinha, não é? Quando você está em Paris, compras não são só compras. São compras em Paris. - Explicou ela de um jeito que para mim não fazia nenhuma diferença - Escolha uma roupa bem elegante e vamos.

- Opa! - Apolo deu um pulo, dando sinal de vida - Hoje é o meu dia.

- Dia de que? - Perguntou Afrodite.

- Dia de ficar com a Alice! - Exclamou ele - Você não pode invadir o meu tempo! Invada o do Ares!

Afrodite colocou as mãos na cintura e lançou um olhar ameaçador para Apolo. Parecia que ela tinha acabado de ser barrada de algum clube de dança muito refinado por não estar vestida de acordo.

- Como é que é? Eu entendi bem? - Perguntou ela dando passos na direção dele - Você está me dizendo quando eu devo sair para fazer compras?

Apolo engoliu em seco, mas tentou parecer forte.

- Escuta... Hoje sou eu que mando, por isso é melhor você...! - Afrodite fez um gesto muito leve. Ela só ergueu uma sobrancelha e continuou com as mãos na cintura. Apolo engoliu o resto da frase, e começou resmungar - Tudo bem... Tudo bem! Eu deixo você ir com ela ás compras no meu dia.

Afrodite voltou-se para mim, e eu temi por ser a próxima a ser ameaçada pelas suas sobrancelhas bem feitas.

- Ainda está aí, querida? Escolha uma roupa. Vamos, vamos! - Apressou ela com um sorriso animado.

Eu fui para o closet trocar de roupa, o que não demorou muito. Escolhi uma saia preta que rodava quando eu me movia, e uma camisa branca. Coloquei um sapato rasteiro para que eu pudesse andar mais confortável, pois os meus pés ainda não estavam 100% recuperados da dia anterior.

Saí do closet e vi que eles já não estavam mais no meu quarto. Na sala, provavelmente...


POV Apolo

Fui para a sala de estar do quarto da Alice de muita má vontade, e quando cheguei lá notei que Ares estava fechando a porta e entrando no cômodo.

- Se ferrou. - Falou ele baixinho para Afrodite não ouvir.

- Ainda imagino quem deu a ideia dela sair com a Alice no meu dia! - Exclamei para ele irritado.

- E você acha que eu ia querer que ela fosse com a Filhinha de Hermes no meu dia? Não mesmo. - Disse ele com um sorriso torto no rosto.

- Ah, seu filho da pu... Puuxa vida! - Exclamei disfarçando quando Afrodite entrou na sala - Eu nem acredito que já são 8 horas! Como o tempo voa em Paris...

- Ah, que bom que você veio, Ares. - Sorriu ela feliz. Ares piscou para ela ainda com o seu sorriso torto, e Afrodite deu um risinho malicioso. Revirei os meus olhos.

- É... Se alguém me deixasse fazer isso, sabe?! - Lancei a indireta para Afrodite.

- Eu perguntei se vocês gostariam de continuar juntos, mas disseram que não. - Comentou ela em sua defesa.

- Depois de você atrapalhar o clima, como esperava que ela quisesse continuar alguma coisa?! - Exclamei com raiva, e me joguei no sofá.

- Ela te deu um fora pela terceira vez?! - Exclamou Ares rindo novamente.

- Não foi a terceira vez! - Exclamei de volta, mas então parei para contar nos dedos - Uhm... Ontem a noite parte um, ontem a noite parte dois, uhm... Hoje. Droga!

- Ahm... Apolo precisa de carinho. - Falou Afrodite como se eu fosse fofo. Olhei para ela achando aquilo estranho, mas então me toquei que talvez pudesse usar isso para ela esquecer do maldito plano das compras.

- É... O Apolo precisa de muito carinho... - Concordei fazendo minha melhor cara cão sem dono. Consegui fazer meus olhos ficarem um pouco molhados, e Afrodite soltou outro gemido.

- Oooown, Apolo... - Falou ela. Afrodite sentou-se do meu lado no sofá e começou a mexer no meu cabelo - O seu coração ficou partido, é?

- Ficou sim. Muito partido. - Concordei teatralmente - Eu... Eu nem sei se eu vou me recuperar novamente!

Afundei meu rosto no sofá e fingi estar chorando. Ares provavelmente estava revirando os olhos e me chamando de melodramático, mas eu não liguei. Se era para poder conversar com a Alice em paz, eu podia passar por aquele papel um pouco.

- Não chora, amor... - Falou ela ainda mexendo no meu cabelo.

- Não! Eu nunca vou parar de chorar! Eu preciso de carinho! - Exclamei com a voz abafada, e então tive uma ideia para melhorar o plano. Levantei meu rosto aos poucos e olhei para Afrodite - E-Eu... Só queria ficar do lado dela, e dizer o quanto ela é importante para mim, e... E dar flores... E... Ouvir a opinião dela... E... Coisas românticas e fofinhas!

Eu não sabia ser um cara romântico, por isso resolvi inventar coisas que as mulheres geralmente gostam. Ou pelo menos... Que Afrodite gosta.

- Mas que... - Ela estreitou os olhos para mim. Pensei que tinha descoberto que era, a maioria, mentira, mas... - Que lindo!

Ela me abraçou forte, e eu arqueei uma sobrancelha sem entender o que ela estava fazendo. Ares me encrava com um rosto nada amigável, por estar tão próximo de Afrodite.

- Você é tão fofo, Apolo! Como eu nunca notei isso antes?! - Exclamou ela.

- Wow! Se ele precisa de carinho e todas essas porcarias, que outra garota dê isso para ele. Agora você não! - Exclamou Ares puxando Afrodite para longe de mim. Quis dizer um “obrigado” para ele, mas isso estragaria o plano.

- Pronto. - Disse Alice entrando na sala. Ela estava linda. Uma saia preta, camisa branca e uma sapatilha também preta. Simples, e arrasando. Tinha que ser minha musa.

- Eu tive uma ótima ideia! - Anunciou Afrodite. Ela sorriu e ergueu suas mãos para o alto feliz. Corri para perto de Alice e a abracei inocentemente, esperando pela decisão de Afrodite - Como o seu coração não aguenta ficar longe dela...

- Sim... Sim... - Exclamei baixinho e Alice olhou para mim sem entender.

- Você pode vir conosco fazer compras! - Anuciou ela. Aaaaah, como eu queria que um raio atingisse aquela cabeça oca! Eu sorri para não dar um soco nas paredes.

- Nossa... Não sei nem o que dizer. - Comentei entre os dentes.

- Eu sei. - Comentou Ares tentando não rir.

- Ah, querido, não precisa me agradecer. Eu sei que eu sou a Deusa do amor mais perfeita de todos os tempos, e sempre serei, é claro. Mas está tudo bem. - Disse ela olhando para as unhas com um sorriso triunfante - Nós íamos precisar mesmo de uma opinião masculina á mais, por isso...

- Espera! Opinião feminina á mais?! - Exclamou Ares entendendo que tinha sobrado para ele - Espero que essa primeira opinião masculina não seja minha.

- Lógico que é sua! - Exclamou Afrodite virando-se para ele como se aquilo fosse óbvio - Foi você mesmo quem disse para eu ir fazer compras hoje, e não ontem!

- É, mas isso não quer dizer que eu queira ir com você! - Exclamou ele de volta.

- E isso não quer dizer que eu queira uma opinião masculina. - Completou Alice.

- Por que não? - Perguntou Afrodite.

- Porque a opinião deles não conta. - Rugiu Alice para mim, com uma doce vingança. Tudo bem... Eu também não queria ir mesmo, mas aquilo me atingiu.

- Eu já te pedi desculpas! - Falei incrédulo.

- Você queria me pedir outra coisa. - Rebateu ela. Verdade... He He.

- Mentira. - Retruquei cruzando os braços - Mas agora eu estou ofendido. Não vou á lugar nenhum.

- Eu não estou, mas também não saio daqui. - Concordou Ares. Nós dois nos sentamos no sofá de braços cruzados, e Alice não deu a mínima.

- Ok. Vamos. - Disse ela sem ligar.

- Não. Espera. - Disse Afrodite calmamente. Ela andou até a frente do sofá e puxou Alice também. Com um sorriso ela continuou a falar - Alice, você tem que aprender uma coisa. Sabe os homens? Eles têm opinião, sim. Mas quer saber? Ela só é realmente importante se as mulheres quiserem que seja. Por isso... Se você quer ouvir a opinião deles sobre uma roupas, ou um sapato, está tudo bem. Ela importa.

- É... Foi uma sábia lição. - Concordou Alice olhando para Afrodite como se ela fosse louca, mas ela continuou falando.

- Mas... Se eles sentam no sofá e falam que não vão... Você simplesmente ignora a vontade deles. Eles não têm opinião em uma hora dessas. - Disse ela, e eu e Ares rimos mostrando claramente que aquilo era mentira. Íamos ficar sentados ali, porque éramos machos o suficiente para não sermos controlados! Uhul! - Simplesmente, porque você não mandou eles expressarem opinião nenhuma. Você mandou ele irem, e sendo homens, eles ficam quietos e obedecem as ordens de uma dama.

- Aham. Vai tentando. - Falou Ares.

- Esquece, Afrodite. Nós dissemos não. - Disse sorrindo para ela.

- Queridos... Ninguém perguntou nada para vocês. - Disse ela. Afrodite estalou os dedos e de repente estávamos de gravata. Eu franzi o cenho e Ares também, mas logo notamos para que ela fez isso. Afrodite puxou eu e Ares pela gravata com uma força que nunca imaginei que ela tivesse. Nós dois ficamos de pé e arregalamos os olhos - Entendeu, Alice? Nós mandamos, eles obecem. E... Sorrindo.

Afrodite olhou para nós com um olhar ameaçador, e nós sorrimos nervosos. O que foi?! Machos também têm medo quando uma Deusa do amor maníaca por compras puxa você pela gravata.

- Ahm... Vamos... Amor? - Perguntou Ares com medo dela.

- É... Acho que... Eu quero ir agora. - Sorri nervoso.

- Viu? É por isso que eu amo os homens. - Disse Afrodite sorrindo para Alice - Vamos, querida. Roupas divinas nos aguardam!

Afrodite saiu nos puxando pela gravata, como se fosse uma coleira. Eu e Ares tropeçamos, mas conseguimos acompanhá-las.

- Vocês não sabem como eu estou amando ver isso. - Comentou Alice atrás de nós.

- Vai aproveitando, pirralha. - Rosnou Ares com raiva dela - Quando ela me soltar você me aguarda!

- Isso é muito injusto! Me sinto usado! - Exclamei revoltado, mas Ares me deu um tapa na nuca.

- Cala essa boca! - Reclamou ele.

Assim que nós chegamos no primeiro lugar que Afrodite queria para fazer compras, notamos que aquilo ia demorar.

- Sei que isso é impossível de te pedir, mas... Tente não demorar muito, para não usar todo o tempo do meu dia. - Pedi colocando a mão sobre a testa.

- Uhum. Não vai demorar. - Respondeu Afrodite entrando no shopping com Alice. Eu e Ares seguimos, infelizmente.

- Esquece. Quando ela diz isso, é no mínimo 10 horas de compras. - Comentou ele.

- Maravilha... - Murmurei revirando os olhos, mas quando chegamos no lado de dentro, eu me animei um pouquinho - Ei! Garotas... Que tal começarmos por aqui?

Apontei para uma linda loja de lingerie que tinha logo na nossa cara, e Alice negou com a cabeça rindo.

- Não. Vamos começar por aquela. - Falou ela apontando para as de roupa de frio. Droga de novo!

Nós entramos e nos sentamos em poltronas confortáveis, que o meu cérebro superior sabia muito bem que era para prender os namorados/maridos/amantes/noivos das garotas que iam para a loja. Esses capitalistas franceses... Humpf. Nenhum deles me engana.

- Acceptez-vous une délices? - Perguntou um dos atendentes com uma bandeja com alguns petiscos.

- Capitalistas franceses! - Berrei para ele, mas ele franziu o cenho sem entender a minha língua e assentiu indo embora.

- Você sabe o que ele disse? - Perguntou Ares.

- Não tenho a mínima ideia. - Respondi.

- Por que chamou ele de capitalista francês?! - Perguntou ele me achando louco.

- Ares, Ares... Não esperava que o seu cérebro captasse a mensagem tão rápido quanto o meu, mas... Para que você acha que servem essas poltronas confortáveis? - Perguntei.

- Para as pessoas sentarem? Mas eu não sei, né? O meu cérebro não deve ser tão desenvolvido á ponto de pensar nisso. - Comentou ele rindo de mim.

- Não! Acorda! É para os capitalistas franceses prenderem os caras que vem com as garotas para cá! Aí eles nos mantém reféns nessas poltronas confortáveis, e ficam mandando garçons com bandejas falarem nessa língua estranha...!

- Francês? - Perguntou ele me interrompendo.

- Isso mesmo! E eles controlam a gente para que nossas carteiras fiquem aqui! Somos prisioneiros de uma grande rede globalizada de monopolizadores de poder capitalista! - Estava praticamente berrando isso e me balançando na poltrona.

- Você tem a mínima ideia do significado de metade das palavras loucas que você disse? - Perguntou Ares franzindo o cenho para mim e me achando maluco.

- Não, eu não tenho! - Exclamei em resposta - E alguém me diga por que essas poltronas são tão confortáveis?!

Ares segurou a poltrona dele e começou a chegar para o lado, se afastando de mim. Ok... Eu estava pirando! Odiava compras, e eu queria ir em outra loja! Queria biquinis, lingeries! Queria a Alice! Mas não... Fui roubado no meu próprio dia!

Quando Alice mostrou alguns casacos para mim (obrigada pela Afrodite), eu disse que todos estavam lindos para nós podermos dar o fora dali. Alice parecia agradecida por isso.

- Valeu! - Falou ela sem som para Afrodite não ouvir, e eu ri. Ela riu também e foi pegar outras roupas.

Quando nós terminamos na loja de casacos, fomos para milhares de outras.

E lá estava eu. Sentado, cansado, sem energia, em uma loja de roupas de verão, quando vi a coisa mais impressionante da minha vida.

- O que vocês acharam? Eu prefiro a outra, mas ela insiste nessa roupa. - Falou Afrodite puxando Alice para a nossa frente. Ares e eu soltamos um suspiro cansado ao mesmo tempo, mas quando nossos olhos pararam em Alice, não conseguimos tirar.

Ela estava usando uma saia branca, como aquelas curtinhas das garotas que jogam tênis, e uma camisa branca listrda em vermelho. Seu cabelo estava solto e bagunçado, mas ela estava... Deslumbrante. Aquelas pernas... Aquele pequeno decote redondo... Aquele jeito tímido de não gostar de chamar atenção...

- Então? - Perguntou Afrodite depois de um tempo. O rosto de Alice ficou vermelho.

- Vocês estão me encarando por 10 minutos sem dizer nada. - Comentou ela.

- … Oi? - Falou Ares boquiaberto e focado nas pernas dela - Ah... É. Esse. Tanto faz.

- É... - Concordei. Ainda olhando para ela, estendi o braço e dei um soco no braço de Ares por ter ficado olhando para a minha musa. As duas voltaram para trocar de roupa.

- Não olhe para a minha musa. - Falei para ele ainda olhando para o lugar onde Alice estava.

- Ela é metade minha esqueceu? A garota da guerra. - Falou ele rindo distraido, mas depois franziu o cenho notando o que tinha acabado de falar - Mas eu não estava olhando. Nem notei ela.

- Aham. Vou fingir que acredito. - Falei ainda olhando para o lugar onde ela estava - E... Ares?

- O que? - Perguntou ele.

- As poltronas daqui também são confortáveis. - Comentei.

- É. Esses capitalistas malditos. Por isso a vida em Cuba é mais feliz. - Comentou ele em sarcasmo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Talvez um pouco grande, não?

Quero saber se alguém ainda está vivo depois de terem chorado de rir com o Apolo. Ou não... Tudo bem.

Eu sei que o próximo também vai ser engraçado.

Espero que gostem! Beijos e até o próximo, gente!

Ah! Antes que eu me esqueça... A fic da Ray "A criança de Zeus" é muuuito diva, e se vocês puderem... Incentivem ela a escrever mais com uns reviews! Obrigada.