Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 20
50% Ares


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem desse capítulo!



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Ainda estava com aquela cena na cabeça, quando fui acordada por uma voz sussurrante em meu ouvido.

- Para o seu governo, eu não esqueci do nosso trato, Filhinha de Hermes. - Disse.

Franzi o cenho mesmo de olhos fechados, e os abri lentamente. Olhei para o lado torcendo para não ser quem eu pensava que era, mas eu não tive sorte. Tive que forçar a vista para enxergar Ares sentado na beira da cama.

Olhei em volta e vi que o quarto inteiro ainda estava escuro. Só tinha uma pergunta que eu queria fazê-lo no momento.

- Que horas são? - Perguntei com a voz falhada de sono.

- Umas 7 da manhã. - Respondeu ele.

Eu sorri sem achar graça.

- Eu nem sei porque ainda tinha a remota esperança de poder acordar em paz com você por perto. - Comentei olhando para ele. Afundei minha cabeça novamente no travesseiro e falei com uma voz abafada - Volta ao seu quarto e dorme, Ares.

- E perder a diversão? Nem pensar. - Respondeu ele rindo. Ares colocou a mão no meu ombro e me sacudiu, mas eu desviei dele e continuei deitada. Ele não se deu por vencido, e puxou a coberta de mim. Senti a diferença térmica e me encolhi com o frio. Foi aí que Ares fez o comentário - Azul é a sua cor favorita?

Franzi o cenho ao ouvir aquilo, mas depois me toquei que estava usando só a camisa de Apolo, e me encolhendo ela devia deixar toda a minha perna de fora. Ou... Mais.

Me levantei de repente e puxei a camisa o máximo que pude para baixo. Ares riu e foi até a janela. Meu rosto estava vermelho, e eu o observei com raiva.

- Seu nojento! - Exclamei para ele, mas ele só continuou rindo. Ares abriu a janela e a claridade entrou. Fiquei quase cega, mas depois voltei ao normal.

- Vamos lá, benzinho. Hoje vamos ter um dia muito divertido. - Disse Ares com um sorriso torto para mim - Espero que tenha aproveitado ontem para ficar com o Apolo, porque vai ter um dia bem cheio.

- Não me chame de benzinho. - Falei revirando os olhos e levantando da cama - E o que você quer dizer com um dia cheio?

- Ah, se eu contasse não teria graça. - Respondeu Ares com um sorriso torto e maldoso. Cruzei os braços ainda olhando para ele, mas vi que não teria jeito - Vamos. Você tem cinco minutos para escolher uma roupa. A não ser que queira que eu te carregue assim mesmo.

- Não quero que me carregue de jeito nenhum. - Respondi assim que ele deu um passo na minha direção. Eu fui até o armário ainda um pouco incomodada, mas Ares só ficou lá rindo. Entrei no closet e fechei a porta.

Milhares de roupas. Não sabia qual escolher. Procurei uma calça jeans, e peguei uma. Ficava bem justa em mim, mostrando exatamente o contorno das minhas pernas. Pensei em escolher outra, mas duvidava que alguma fosse diferente. Podia imaginar Afrodite falando “Até parece que eu ia deixar você andar por aí sem mostrar essas pernas, querida”.

Procurei uma camisa normal para mim, e escolhi uma branca com o desenho das cores bandeira da França. Era até bonita mesmo, e não tinha nada de errado com ela. Peguei um casaco preto quentinho, e escolhi um salto alto baixo para poder não me machucar muito. Um tipo de bota preta.

- Vamos logo, Filhinha de Hermes. - Reclamou Ares abriu a porta no exato momento em que eu terminei de colocar o sapato.

- Você podia bater. E se eu estivesse trocando de roupa ainda?! - Reclamei, e ele fez uma careta.

- Como se isso fosse prender a minha atenção. - Disse ele revirando os olhos.

- Você me irrita profundamente. - Resmunguei saindo do closet. Ares fechou a porta e olhou para mim. Virei-me para ele e cruzei os braços - O que você quer?

- Não me venha com “O que você quer?” como se fosse algum sacrifício. Você pediu por isso, lembra? Disse que faria qualquer coisa que eu quisesse, e por causa disso eu resolvi ser um cara legal e vir á Paris com a minha garota. - Sorriu ele maldoso. Sabia que quando ele falava “minha garota” não estava se referindo á Afrodite.

- Ótimo, senhor Gente Boa. - Murmurei revirando os olhos - O que você quer fazer ás 7 da manhã?

Ares foi até mim, segurou o meu queixo e me empurrou contra a parede. Eu mantive os olhos nele sem saber o que iria fazer em seguida. Ele riu ainda maldoso.

- Você ainda não entendeu, não é? É melhor ser bem doce comigo, Filhinha de Hermes, senão eu vou tornar a sua vida um inferno. Não vai nem ter tempo de aproveitar a sua viagenzinha. - Disse ele em um sussurro.

- Você já tornou a minha vida um inferno desde o maldito momento em que você se mudou para o meu lado. - Respondi, e logo notei que irritá-lo não seria nada bom. Ares sorriu torto para mim, e apertou o meu queixo com um pouco mais de força.

- Deixa eu te mostrar como as coisas funcionam... - Disse ele - Se eu falar que quero que você pule, você pula. Se eu disser que quero que você abaixe e pague 20, você obedece. Se eu pedir para você beijar os meus pés, você só tem o direito de abrir a boca para perguntar qual deles beijar primeio, sacou?

Eu estava fuzilando ele com um olhar de raiva, mas Ares não estava nem se importando. Ele riu um pouco e depois voltou a ficar sério.

- Aham. Vai pedir o que primeiro então? Um beijo? - Perguntei em sarcasmo. Ares riu para mim, e passou a mão esquerda pelo meu cabelo.

- É. Eu quero um beijo. - Falou ele concordando naturalmente. Olhei incrédula para ele, e ri de nervoso.

- O que? Você agora quer um beijo meu? - Perguntei sem acreditar. Ele só podia estar brincando - Não sabia que gostava de mim.

- Eu gosto. - Disse ele em um tom sussurrante, e o meu rosto inteiro ficou vermelho. Arregalei os olhos para ele. Ele estava brincando, não é?! Ele aproximou o rosto de mim, mas não o suficiente para um beijo - Eu gosto de você.

Fiquei sem palavras. Podia sentir o meu rosto inteiro arder em vermelho, e de repente me esqueci como se respirava. Ares ameaçou avançar e me beijar, por isso fechei os olhos, mas logo os abri quando ouvi sua risada.

- Há Há! Otária! Não acredito que caiu nessa! - Riu ele. Ainda estava me recuperando do choque, mas eu já conseguia sentir uma profunda vontade de socá-lo. Aquilo era um bom sinal, não? - Olha só para o seu rosto. Está todo vermelho!

Ok. Não aguentei. Eu meti um soco na barriga dele, mas Ares não sentiu nada. Só a minha mão é que ficou doendo. Eu a recolhi, e me controlei para não chorar de dor.

- Eu odeio você. - Disse rangendo os dentes. Ares riu um pouco mais, e eu o empurrei para longe de mim. Fui andando com raiva até a sala de estar e ele me seguiu.

- Era só uma brincadeira, mas se você levou a sério... - Comentou ele rindo - Aí quer dizer outra coisa.

- Saí fora! - Exclamei lançando uma almofada do sofá nele. Ares a segurou normalmente e jogou de volta.

- Vamos logo. - Falou ele tentando parar de rir - Eu tenho muito o que fazer, e você...

- Quem disse que ela vai com você? - Perguntou uma voz masculina. Eu me virei e vi que Apolo estava sentado no sofá da sala de repente. Franzi o cenho sem entender como ele tinha parado lá, mas resolvi não perguntar - Ela vai comigo.

- Cheguei primeiro, raio de Sol. Se manda. - Disse Ares apontando para a porta com o dedão.

- Se manda você. Alice é minha. Ela vem comigo. - Apolo se levantou e me puxou para perto dele. Ares riu, e segurou o meu outro braço.

- Ela também é minha. - Disse Ares me puxando para perto dele - Foi mal, mas a garota da guerra vai comigo.

- Não. A musa de Apolo, vai ficar com o Apolo! - Corrigiu Apolo puxando-me para perto dele. Ares segurou o meu braço novamente e me puxou com força. Apolo, que eu pensei que seria mais gentil, me puxou com mais força ainda.

- Parem! - Exclamei com raiva - Vão arrancar os meus braços assim!

Empurrei Apolo e fui para longe dos dois. Apolo e Ares começaram a discutir sobre quem ficaria comigo naquele dia, e sobre quem era o meu “dono”. Idiotas! Eu era o que?! Algum tipo de animal?! Que ódio!

Fui em direção á janela, que tinha uma escada de seguraça em caso de incêndios. Pensei na probabilidade de fugir por ela enquanto eles brigavam e ir conhecer Paris sozinha, mas hesitei ao lembrar que estava com os saltos de Afrodite.

Estava prestes a tirá-los, quando...

- Então está decidido. - Disse Ares puxando-me para perto dele. Eu cambaliei e caí contra o seu corpo. Ele me segurou e riu para Apolo - Nós dividimos ela.

- Certo. - Concordou Apolo assentindo - Acho justo.

- Ah, obrigada por decidir sem eu nem dar a minha opinião. Até porque, ela não é importante nem nada! - Exclamei em sarcasmo. Ares empurrou a minha cintura contra o seu corpo.

- Sh! Fica quieta. Isso é uma conversa de homens. - Disse Ares. Olhei para Apolo esperando que ele dissesse alguma coisa contra isso, mas...

- É, Alice. Deixa a gente resolver isso. - Disse ele encarando Ares com os olhos estreitados. Apolo parecia um cowboy dos filmes de velho oeste. Só faltava dizer “Paris é pequena demais para nós dois”.

Mesmo assim, quis brigar com ele. Nem para me defender?! Idiota!

- Hoje ela é minha. Amanhã é sua. E assim vai. - Disse Ares sorrindo torto para Apolo. Ele assentiu confirmando o que ele tinha dito, e eu continuei olhando para ele com raiva - Ótimo. Então se manda para eu poder ficar com a minha garota.

- Minha garota. - Corrigiu Apolo irritado.

- Nossa garota. - Rebateu Ares - 50% minha.

- Não se esqueça dos outros 50%. E, Alice... Se acontecer qualquer coisa, me conte. Eu vou ter o maior prazer de resolver qualquer problema que você tiver. - Disse ele olhando para mim.

- Ah, jura? É tão bom saber que você não vai me ignorar. - Lancei a indireta, mas ele não se tocou. Apolo disse que ficaria de olho em Ares, e foi embora. Embora! Argh!

- Então... Por onde começamos? - Perguntou Ares rindo.

- Primeiro, com você me soltando. - Disse tentando me livrar dos braços dele. Ares riu e me soltou. Ele ajeitou a jaqueta preta e abriu a porta do quarto.

- Vamos comer alguma coisa e nos mandar. Tenho que resolver umas coisas em Paris. - Disse ele. Eu revirei os olhos imaginando o que seria, mas resolvi nem perguntar.

Nós saímos do quarto, comemos alguma coisa no salão restaurante (que era lindo, mas depois eu entro em detalhes) e fomos para o lado de fora do hotel.

Lá estava a moto de Ares.

- Sobe. - Disse ele subindo na moto e ligando-a. Sem reclamar (já que também não tinha escolha) resolvi subir. Como da última vez, ele pegou minhas mãos e colocou em volta de sua cintura. Eu desviei o olhar, e ele acelerou rindo um pouco.

Tudo bem... Era para eu ficar um pouco incomodada por estar andando de moto grudada no Ares, mas eu vi naquilo uma ótima oportunidade de ver Paris. Ele andava rápido, é claro (ainda pagaria para conhecer um Deus que dirigisse devagar), porém mesm assim que conseguia ver as ruas, os prédios, e os monumentos. Era tudo lindo!

Fiquei tão hipnotizada pela cidade, que quando Ares parou a moto, eu nem mesmo percebi. Só fui notar quando ele segurou a minha cintura, me suspendeu no ar, e me colocou em pé no chão.

Pisquei os olhos algumas vezes até entender que ele estava falando comigo, e que tínhamos parado.

- Ei, lesada! Estou falando com você! Vê se acorda! - Exclamava Ares enquanto estalava os dedos na frente dos meus olhos.

- Eu só... Me distrai um pouco. - Comentei limpando os olhos com os nós dos dedos - Ahm... Para que veio aqui?

Estávamos em um tipo de centro, com algumas lojas, cafés, e outras casas e prédios. Era bonito de qualquer jeito. O piso da rua era feito de paralelepipedo, o que a dava um aspécto de antiga.

- Vou te mostrar. - Respondeu ele sorrindo maliciosamente. Não gostei daquele sorriso, mas quando Ares começou a andar, eu tive que seguí-lo. Nós andamos pela rua, até pararmos em uma loja de CDs.

Olhei para Ares tentando imaginar o que ele iria querer ali.

- Vamos, entra logo! - Falou ele me empurrando para dentro. Não era uma loja de CDs normal, é claro. Senão não chamaria a atenção dele.

Lá dentro era completamente preto, com desenhos de caverias, e fogo. Rock pesado, metal, e qualquer outro tipo de música que te dê dor de cabeça se for tocada logo ás 7 da manhã era o que compunha a loja.

- Para que você me trouxe aqui? - Perguntei sem entender - Pode escolher os seus CDs sozinho. Não precisa da minha ajuda.

- Na verdade, sem você aqui eu não poderia escolher o CD certo. - Comentou ele olhando as capas dos CDs - Nunca conseguiria escolher o certo, se você não estivesse do meu ladinho, por vem cá.

Ele estendeu a mão e me puxou para perto dele. Olhei os CDs que ele segurava, imaginando que assim que voltássemos para casa ele os colocaria no último volume nas altas horas da noite.

Nenhum daquelas bandas realmente me agradava. Para ser franca, eu evitava ouvir músicas delas porque para mim suas músicas eram só barulho. Barulho... Entendi. Olhei para Ares sabendo exatamente porque ele tinha me mandado ir com ele ali.

- Você quer ver qual desses CDs me incomoda mais para poder levar. - Disse olhando para ele. Ares riu um pouco ainda analisando os CDs na mão.

- A sua inteligência ainda me admira. Me diz, você descobriu isso sozinha, ou Atena sussurrou a resposta do enigma no seu ouvido? - Perguntou ele zombando de mim.

- Vai se ferrar. - Respondi sem ligar para ele - Ares, eu odeio qualquer CD daí. Pega todos e vamos embora.

- Acha que vai ser fácil assim? Quero ver o efeito deles em você. Senão não teria graça, dããã! - Falou ele. Ares colocou a música para tocar e me entregou os fones de ouvido. Aquilo seria terrivelmente irritante.

Nós passamos umas horas só ouvindo esses CDs irritantes, até que por fim Ares pegou os que ele queria e saímos da loja.

- Sabe… Você é muito idiota. Você está em Paris, mas ao invés de comprar alguma coisa daqui, você escolhe comprar CDs que você conseguiria arranjar no nosso país. – Comentei achando aquilo burrice, mas Ares deu de ombros sem ligar.

- Tsc. Eu estou pouco me lixando se estamos em Paris. Se eu quero os CDs, eu vou lá e pego. – Disse ele de volta.

Nós estávamos andando normalmente, até que ele parou de repente. Olhei para ele sem entender, e ele lançou o mesmo olhar que o meu para uma placa na rua.

- O que? O que foi? – Quis saber também olhando para a placa. Estava escrita em fracês, logo eu não entendia muito bem. Sabia falar muito pouco dessa língua.

- Eu… - Ares parou e olhou em volta. Ele continuava com uma expressão de dúvida no rosto. Ele andou para a direção oposta a qual estávamos tomando, mas de repente parou de novo.

- O que houve? – Quis saber não entendendo.

- Eu… Não sei voltar. – Contou ele olhando em volta com o cenho franzido.

- Você… Não sabe o caminho de volta?! – Exclamei chocada.

Ótimo. Perdida em Paris no primeiro dia. E… Com ele.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Ok... Acho que com o azar que a Alice tem, já era de se esperar que alguma coisa desse tipo acontecesse, certo?

Espero que vocês tenham gostado, e espero os reviews!

Recomendações também, se quiserem.

Beijos e até o próximo!



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