Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 18
Mentindo um pouquinho


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo.

#Parischegando.



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- Ares, anda logo! – Exclamei do corredor.

- Não enche! Eu já estou indo, pirralha! – Respondeu ele de seu quarto. Revirei os olhos tentando ignorar a minha vontade de ir sem ele. Estava segurando as duas malas cheias de roupas na tentativa de levá-las para a sala, mas elas eram muito pesadas.

Comecei arrastando elas pelo chão, já que eram de rodinhas, mas ia ser impossível descer com elas desse jeito. Ao chegar na beira da escada, olhei para os degrais e para as malas. Ok... Uma de cada vez, pensei.

Eu peguei a que julguei mais leve, mas mesmo assim devia ter quase o mesmo peso que eu mesma. Tentei levantá-la para descer com ela, mas quase deixei-a cair. Coloquei-as no chão novamente e respirei fundo. Tinha que pensar em alguma coisa.

- Deixa que eu levo. – Disse Apolo atrás de mim. Olhei para ele e vi que estava em pé no último degrau da escada.

- Elas estão pesadas. Se quiser, eu te ajudo. – Comentei chegando para o lado, mas Apolo só riu e levantou as três malas juntas. Fiquei impressionada, e ele piscou para mim – Sem problemas.

- É... Deu para ver. – Comentei olhando-o levar as malas para baixo sem nenhuma preocupação. Apolo as colocou no chão como se fossem folhas de papel, e depois subiu a escada novamente.

- Tem mais alguma? – Perguntou ele com normalidade, mas pude notar que ele queria resaltar os seus músculos. Ri um pouco e assenti.

- Eram só aquelas, fortão. – Respondi rindo um pouco. Apolo fez uma cara de desapontado, e eu ri mais um pouco – Não fique triste. Você ainda vai ter que levá-las para  carro. Aí você pode se exibir mais um pouco para mim.

Apolo riu, segurou meu rosto, e me beijou. Quando nossos lábios se separaram, ele olhou para mim.

- Eu não estava me exibindo. Estava só sendo gentil. – Disse ele em uma inocente. Revirei os olhos.

- Aham. Vou fingir que acredito. – Disse para ele. Apolo me beijou novamente, e eu retribui. Suas mãos foram para a minha cintura, puxando-me para mais perto de seu corpo. Abracei seu pescoço instantaneamente. Depois de ficarmos daquele jeito por uns minutos, eu separei o beijo – Desculpe... Mas eu tenho que respirar, sabe?

Ele riu e me soltou. Apolo passou as mãos delicadamente pelo meu rosto e piscou para mim.

- Vamos ter mais tempo para isso em Paris. – Disse ele evidentemente ansioso. Eu sorri para ele, mas ao ver que horas eram em seu relógio de pulso, revirei os olhos.

- Ares! São quatro horas! O vôo é ás 5! – Exclamei com raiva. Apolo tirou a mão de meu rosto, e soltou um suspiro.

- Aaah, já estou pronto! Você é muito chata, Kelly! – Reclamou ele. Parecia uma criança sendo obrigada á ir para a escola. Humpf.

- Se fosse para o Alabama, você já estaria na droga da porta! – Exclamei de volta. Ares abriu a porta do quarto, e foi até onde nós estávamos no corredor.

- Se fosse para o Alabama, nós já estaríamos lá. – Sorriu ele forçadamente – Pelo menos seria divertido.

- Você só se diverte se a minha vida é um inferno. – Resmunguei.

- É incrível o jeito como você conhece tão bem o meu gosto, garota da guerra. – Retrucou ele colocando uma mala no ombro – Vamos logo com isso, então.

Queria dar um soco nele, mas Apolo segurou a minha mão no momento em que meus punhos se fecharam. Olhei para ele, e minha raiva sumiu. Apolo sorriu para mim, e eu acabei cedendo e sorrindo de volta.

- Vamos. – Disse ele – Esqueceu que eu tenho que me exibir mais um pouco levando as malas para o carro?

- Ah, esqueci. – Comentei tentando não rir.

- Tsc. Carro? Você deve estar brincando, não é? – Disse Ares revirando os olhos – É bem melhor ir para lá direto.

- Tem razão. E mais rápido também. – Murmurou Apolo pensativo. Ele olhou para mim e notou que não estava entendendo nada que eles estavam falando – Um transporte mais fácil.

- Você diz... Simplesmente aparecer lá? – Perguntei, ele assentiu. Sabendo que eram 4 horas, eu tive que concordar. Se perdesse o vôo, teria que enforcar Ares – Ok. Acho que pode ser.

Apolo pegou as malas no andar debaixo, e as segurou na mão. Com a outra mão, ele me puxou para perto de si.

- Feche os olhos. Isso pode te deixar um pouco tonta. – Comentou ele. Olhei para trás e vi que Ares já não estava mais lá. Olhei novamente para Apolo, e assenti. Assim que fechei meus olhos, tive a sensação de que tudo estava girando.

Depois de uns segundos, estava prestes a perguntar se eu podia abrir os olhos, mas fui surpreendida por um beijo. Mantive os olhos fechados.

- Pode abrir agora. – Sussurrou Apolo em meu ouvido. Aquilo me deu um arrepio, mas eu os abri. Estávamos no meio de um aeroporto. Olhei para Apolo, que sorria para mim – Surpresa?

- Um pouco. – Comentei. Peguei uma das malas que Apolo estava levando mesmo ele tentando me impedir – Deixa. Eu levo uma. Mas... Onde o Ares se meteu?

Apolo encolheu os ombros e olhou em volta. Nós dois vimos que ele estava á uns metros de distância, parado em uma lanchonete. Dei um tapa na minha própria testa. Depois de tirarmos ele de lá (e ouvirmos uma dúzia de palavrões e resmungos), ele nos acompanhou até o check-in.

Isso tudo levou exatamente 50 minutos. Nós marcamos as passagens, enviamos as malas, passamos pelo detector de metais, e nos sentamos para esperar o avião chegar.

- Dez minutos... Isso vai demorar horas. – Resmungou Ares. Apolo estava sentado do meu lado direito, e Ares do meu lado esquerdo. Por que eu sempre ficava no meio dos dois?

- Você adora reclamar de tudo. – Comentei olhando para meus pés. Estava aproveitando enquanto ainda podia usar All Star. Quando chegasse a Paris eu teria que me acostumar aos saltos altos de Afrodite.

- A culpa é sua. – Respondeu ele dando um chute no meu pé. Olhei para ele sem nenhuma emoção.

- Quanta maturidade. – Comentei e voltei a olhar para os meus pés. Ares me chutou novamente.

- Eu faço o que eu quiser. – Respondeu ele. Eu o chutei de volta dessa vez, só que ele não se deu por vencido e me chutou de novo. Eu retriubui. Em segundos estávamos nos chutando sem nos importarmos com a quantidade de chutes que cada um deu.

- Para com isso! – Exclamei com raiva – Ares, foi você que começou!

- Você que começou! Não fui eu! Quem mandou revidar? – Reclamou ele.

- Você me chutou! Eu só retribui com a mesma quantidade de carinho. – Resmunguei chutando-o novamente.

- Pegue o seu carinho e dê para o Apolo! – Rebateu ele chutando-me mais uma vez – Esquece, Filhinha de Hermes! Você não pode ganhar de mim.

Eu estava prestes a chutá-lo mais uma vez, quando o meu celular tocou. Eu peguei-o e atendei, mas não estava com muito bom humor.

- O que é?! – Perguntei assim que atendi.

- Já vi que você está indo mesmo para o Alabama. – Comentou minha mãe do outro lado da linha. Parei a briga com Ares e franzi o cenho. O que eu diria para ela?

- Mãe? Ahm... Você... – Ares me chutou novamente, só que dessa vez mais forte – Ai! Seu imbecil!

Ele respondeu com uma careta, e eu chutei-o novamente. Dessa vez ele regaiu de outro jeito. Ao ver que eu estava falando com minha mãe, resolveu tirar proveito da situação.

- Não, eu já te falei mesmo que você me beije, eu não vou mudar de ideia sobre a viagem! – Exclamou Ares no meu ouvido. Sem pensar duas vezes, dei uma cotovelada nele. Ares começou a rir, mas em silêncio para que minha mãe não ouvisse.

- Alice, o que foi isso? – Perguntou ela – Você não...?

- Não! É claro que não! Ah... Ignora ele. – Falei me levantando. Vi que Apolo continuava sentado quieto. Franzi o cenho sem entender, mas logo depois vi que ele estava usando fones de ouvido. Ah, claro...

- Eu não tenho muita certeza disso, mocinha. Quando se trata de ir ao Alabama você faz qualquer loucura para escapar. – Disse ela sem acreditar.

- Não qualquer loucura, mãe. – Retruquei.

- Eu liguei para perguntar se você já está indo para a casa do seu tio. – Falou minha mãe ignorando o que eu tinha dito – Já está no aeroporto, Alice?

­O que eu diria? Podia dizer a verdade. Contar para a minha mãe que eu estava indo para Paris, e que não tinha a mínina intenção de pisar naquela casa maligna e cruel novamente. É. Isso seria realmente a coisa certa a fazer.

- Ahm... Sim. – Respondi depois de uma pausa – Só que o vôo vai atrasar um pouco. Parece que teve algum problema na distribuição dos aviões. Coisa parecida. – Menti, óbvio.

- Eu estou tendo o mesmo problema. Os vôos daqui estão todos atrasados. Talvez eu vá levar um tempo para chegar lá. – Disse minha mãe caindo na minha história – Mas... Você não está tentando me enganar, não é? Você está mesmo indo para lá, não está, Alice?

Parei um segundo.

- É claro que sim. Tsc. Você realmente acha que eu ia conseguir tirar essa ideia da cabeça dura de Ares? Obrigada, mãe. – Respondi fingindo estar irritada.

- Não reclame. Só peço para você ir por causa do seu pai. – Disse minha mãe, sentindo-se um pouco mal, mas no momento em que ela falou “pai” nós duas notamos que essa palavra já não podia mais ser aplicada ao Will. Não soava natural.

- Ok. Tanto faz. Eu tenho que ir, mãe. Senão o Apolo pode acabar se perdendo pelo aeroporto. – Menti. Minha mãe me deu “tchau” e desejou boa viagem. Sorri e falei o mesmo.

Assim que desliguei o celular e fui sentar-me novamente, Ares riu de mim. Fiz uma careta para ele com raiva, e sentei-me.

- Você é um cretino. – Disse cruzando os braços e olhando para as pessoas ao redor. Até que o aeroporto não estava lá tão cheio. Algumas pessoas estavam sentadas esperando seus vôos chegarem, e outras andavam por aí puxando suas malas e falando nos celulares.

- Aaawn, mas você me escolheu mesmo assim. – Disse ele zombando de mim. Ares apertou a minha bochecha com força, e senti vontade de morder sua mão – Fica tranquila, garota da guerra. Sua mamãe não vai ficar chateadinha só porque você quis me dar um beijinho.

- Vai sonhando, idiota. Ela não caiu nessa. – Rebati.

- Mentira. – Disse ele com naturalidade.

- Verdade. – Confirmei.

- Mentira. – Insistiu ele – Ela sabe da verdade.

- Isso é mentira! Eu não quero nada com você! – Exclamei de volta. Ares riu.

- Viu? Você admitiu que era mentira! – Exclamou ele triunfante.

- Eu não...! Argh! – Deixei-me afundar no banco do aeroporto, enquanto Ares ria de mim. Estava a ponto de tentar dar-lhe um soco, quando...

- Vôo 9544, destino Paris, saída no portão 2. – Anunciou uma voz metálica. Eu levantei pronta para sair de perto de Ares, e virei-me para Apolo. Ele continuava ouvindo música sem se tocar de nada.

- Apolo, vamos. Está na hora. Portão 2. – Disse para ele. Apolo olhou para mim.

- É. – Disse ele.

- Então... Vamos. – Disse para ele.

- É. Aham. – Concordou ele. Revirei os olhos. Ele não estava ouvindo nenhuma palavra do que eu estava falando. Puxei um de seus fones de ouvido, e ele sorriu sem graça – Desculpe... O que foi?

- Paris. Portão 2. Agora. – Repeti pausadamente. Apolo riu e se levantou. Ares também, só que com uma enorme cara de tédio.

- Vamos... – Murmurou ele dando de ombros. Nós fomos até o portão 2, passamos por uma espécie de túnel de embarque e entramos no avião.

Afrodite me deu passagens de primeira classe, mas mesmo assim... Não foi tão confortável.

- Eu sento perto da janela! – Exclamou Apolo correndo para o lugart perto da janela. Ele passou pela minha frente e pude ver que ele estava agindo como uma criança novamente.

Ares puxou-me para trás com força para poder passar na minha frente e começou a reclamar com Apolo.

- Ei! Eu é que ia sentar aí! – Exclamou ele com raiva – Saí! O lugar da janela é meu! Se manda Apolo!

- É nada! Eu cheguei primeiro. – Disse Apolo se espreguiçando já sentado na poltrona. Ele pôs as mõas encima do assento do meio, antes que Ares se sentasse ali – Nem vem, que esse daqui é da Alice!

- O que?! Aaaaah! – Reclamou Ares. Irritado, ele se jogou na poltrona mais perto do corredor, e Apolo sorriu para mim.

- Vem, Alice. Senta aqui do meu lado. – Disse ele piscando para mim.

- Vem, Alice. Senta aqui do meu lado! – Imitou Ares com uma voz fina e irritante – Humpf. Ninguém merece.

Eu passei por Ares (coisa difícil, posi ele tampava praticamente todo o espaço) e sentei-me no lugar do meio. Era impossível me mexer direito. Se eu chegasse para o lado de Ares ele começava a reclamar ou a me empurrar de voltar ao normal, e se eu chegasse para o lado de Apolo, ficava a mercer da sua mão boba.

Fiquei reta, e assim que o avião decolou, pedi a aeromoça um travesseiro. Tentei tirar um cochilo curto pelo menos, já que o vôo duraria 4 horas. Ás vezes eu escorregava para o lado, e acordava com Apolo catarolando uma música, baixinho, ouvindo seu Ipod. Sempre uma dos Beatles.

Eu tentava voltar a dormir, mas acabava caindo para o lado de Ares ás vezes. Como ele gostava de implicar comigo, passava o dedo pelo meu rosto bem devagar, só para eu acordar coçando o local que ele tocava.

- Alice. Alice. – Chamou Apolo em um tom de voz baixa. Abri os olhos devagar, e notei que tinha conseguido dormir bastante. Podia sentir a minha boca seca. Estava apoiada no ombro de Apolo, e Ares apoiado no meu ombro. Parecia um efeito dominó.

O Deus da guerra continuava dormindo pesadamente, e eu pude sentir que meu ombro ficaria doendo mais tarde.

- Que? – Perguntei com uma voz falhada e baixa.

- Olha isso. – Disse ele abrindo a janela. Esperava que o Sol me cegasse ou algo parecido, já que dentro do avião estava escuro, mas para a minha surpresa estava ainda mais escuro lá fora.

Os únicos pontos brilhantes que eu conseguia enxergar eram luzes. Várias luzes, na verdade. E elas tinham formas... Demorei para me tocar que uma delas, a mais chamativa, era uma formação comprida que parecia nunca acabar.

- Torre Eiffel. – Disse em um murmuro sonolento. Apolo sorriu para mim.

- Bem-vinda a Paris. – Disse ele.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?

Mentir... Tsc, tsc, tsc, Alice. Que coisa feia, hein?

Entro de férias amanhã, por isso vou ter muito mais tempo de postar. Sim, podem comemorar isso. É... Eu já estou vendo que você está dançando agora mesmo.
Hahahaha!

Espero que vocês tenham gostado! Fiquem curiosos pelo resto e mandem reviews!
Beijos...



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