Minha Viagem Infernal escrita por Mandy-Jam


Capítulo 16
Uma pequena ajuda


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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Nós chegamos em casa mais ou menos umas 10 da noite. Eu estava morrendo de sono, mas gostava de ficar acordada até meia noite para ver o dia do meu aniversário passar. Sempre fazia isso.

Por isso, assim que Ares foi para o segundo andar, eu fiquei na sala olhando alguns canais da TV. Tinha um relógio na estante onde a TV ficava, e eu não parava de olhar para ele.

Podia ouvir o barulho do chuveiro no andar de cima. Ótimo... Ao menos Ares não iria reivindicar o seu lugar no sofá. Eu subi as escadas e troquei de roupa bem rápido, colocando um moletom cinza. Sentei novamente no sofá, mas pude ouvir que o chuveiro tinha sido desligado.

Eram 10:30 ainda. Nossa... O tempo não passava! Depois de ver mais uns 10 minutos de TV, Ares apareceu atrás do sofá, e apoiou-se com os cotovelos perto de mim.

- O que está fazendo? – Perguntou ele olhando para mim.

- Eu? Nada. – Respondi. Ares não engoliu essa.

- Mentira. O que está fazendo, Kelly? – Insistiu ele – Lembre-se que depois das 11, não se passa nenhum programa para criança na TV.

- Vai se ferrar. – Falei, mas a frase saiu junto com um bocejo – Eu... Vou ficar acordada até meia noite.

- O que? Para que? – Falou ele sem entender.

- Quero ver o meu aniversário acabar. – Comentei. Ares riu um pouco, e eu franzi o cenho – O que foi?

- Aham. Olha a sua cara de sono. Até parece que você vai agüentar acordada. – Falou ele rindo – Crianças têm seus relógios biológicos programados para dormir ás 8.

- Fique você sabendo que eu já fiquei acordada até muito mais tarde. Na verdade... Você sabe disso! Naquele hotel nós ficamos até as 2 da manhã naquele bar. – Comentei lembrando da cena, o que não me agradou muito. Ares deu de ombros.

- Ainda acho que não agüenta. Acho que vai dormir. – Disse ele. Eu afirmei que ficaria acordada, mas então ele teve uma idéia. Ares riu um pouco e passou sua mão pelo meu cabelo – Ah, consegue é?

- Que...?! – Tentei desviar da mão dele, mas ele me segurou com força com a outra e continuou mexendo no meu cabelo. Aquilo me dava sono, mas eu não tinha idéia de como ele sabia disso – Ares, para com isso!

Soltei um bocejo, e ele riu.

- É seu ponto fraco. Mais um deles, na verdade. – Comentou ele continuando a mexer no meu cabelo. Ele me soltou com a outra mão, mas eu demorei um pouco para perceber que eu podia tentar fugir dele.

- Isso não é justo! – Protestei tentando fugir de sua mão, mas acabei caindo deitada no sofá. Ele foi até perto de mim, e continuou com aquilo – Para... Eu quero ficar acordada! Saí daqui.

- Ainda acho isso muito estranho. Você dorme com isso? É tão fácil. – Comentou ele ignorando meus pedidos. Eu acabei fechando os olhos, e caindo no sono. Minha cabeça estava encima de uma almofada do sofá, e meus pés estavam esticados até o fim do móvel.

No dia seguinte, eu acordei com o celular tocando. Eu o peguei encima da mesa, e o atendi ainda com a minha linda voz de sono.

- Oi. – Falei.

- Alice? Alice, onde está você?! – Perguntou uma voz feminina do outro lado da linha. Pelo tom parecia apressada.

- Em casa. Quem é? – Perguntei.

- Você estava dormindo? Sua preguiçosa. – Falou a voz arrumando um tempo para rir – Sou eu. A Jess.

- Jess... Jess... Jess! – Exclamei me levantando rápido ao lembrar o que eu devia fazer – Ah, desculpa! Eu... Eu estou indo... Estava um pouco... Ahm... Enrolada.

- Não tem desculpa! A não ser que... A não ser que você esteja com aquele loiro gatão. Aí, eu te desculpo. Mas só se mandar uma foto dele sem camisa para mim. – Brincou ela. Revirei os olhos.

- Eu tenho que levar um livro para você, não é? Eu já estou indo. Me encontra na sala da faculdade. Hoje eu não vou assistir aula. – Falei me levantando.

- E quando você assiste? Alice, você é louquinha. Mas tudo bem. Pode vir então. Tchau tchau. – Jesse desligou o telefone.

Ela era uma garota ruiva que acabara se tornando um tipo de amiga para mim na faculdade (mesmo eu não indo lá o tempo todo). Assim que fiquei de pé notei que estava no meu quarto, e não na sala. Lembrava de ter caído no sono no sofá, mas não de ter voltado para cá. Estranho...

De qualquer jeito, eu troquei de roupa rápido e fui correndo escada abaixo. Ares ainda não estava de pé, pois deveriam ser umas 6 ou 7 da manhã. Estava um frio de rachar.

Entrei no meu carro novo (com um lindo sorriso no rosto, é claro), e acelerei até a faculdade, que ficava um pouquinho longe. Resolvi parar o carro um quarteirão antes, para que ele não chamasse atenção quando eu parasse lá.

Fui correndo até a sala com o livro na mão, e entrei devagar. Jess estava sentada em uma das últimas mesas. Eu fiz “Psiu!”, ela olhou para mim, e eu deslizei o livro pelo chão para ela. O garoto ao seu lado olhou para mim, e sorriu. Acenou educadamente, e eu retribui. Dylan.

Ele tinha tentado ficar comigo, mas eu o convenci que ficaria melhor com a Jess. Isso, é claro, depois de roubar o carro dele e colecionar algumas multas de transito, mas isso são detalhes.

 Fechei a porta da sala, e a minha barriga começou a roncar. Virando alguns corredores tinha uma lanchonete. Eu resolvi tomar o café da manhã ali mesmo, já que demoraria uns 10 minutos até eu voltar para casa de novo. Não que fosse muito tempo, mas para um café na lanchonete eram só 2 minutos.

Assim que peguei uma bandeja com umas duas fatias de bolo de limão e um copo de suco de laranja, me sentei á uma mesa sozinha. Estava comendo tranquilamente, sem nenhum problema, quando me lembrei que iria para Paris logo no fim da tarde.

Perfeito.

Era tudo que eu queria da vida. Uma viagem com o Apolo (o que já garantia uma vista linda) para um lugar lindo. E tudo isso de graça.

Claro que tinham uns “porém’s”, como ter que aturar Ares, ou ter que usar as roupas da Afrodite, mas quem liga? A vida não é feita só de pontos negativos. Até porque, eu já tenho tantos pontos negativos á minha volta, que prefiro muito mais olhar para os positivos. Pelo menos, por ora.

Assim que terminei, vi que tinha passado umas 2 horas ali. Tomei o café e fiquei mexendo no celular. Nossa... O tempo voa.

Antes que pudesse me levantar, levei um susto.

- Bom dia, benzinho. – Disse Ares. Quase dei um pulo da cadeira ao ver que ele estava sentado á minha frente. Arregalei os olhos e olhei em volta. As pessoas não pareceram notar que ele tinha simplesmente aparecido ali.

- Bom... Dia. – Respondi hesitante. Franzi o cenho para Ares e me ajeitei na cadeira – O que você veio fazer aqui?

- Buscar você. – Respondeu ele com um sorriso torto – Na verdade, vim te dar uma carona.

- Não, obrigada. Eu vou para casa sozinha. – Disse levantando e achando aquilo muito estranho – Mas se quiser falar o que você tem por trás desse sorriso... Fique a vontade.

- Você é muito cética. Será que não está na cara o que eu quero? – Perguntou ele erguendo uma sobrancelha – Hoje começa o nosso acordo.

- O nosso acordo começa no momento em que eu pisar em Paris. – Corrigir indo para a porta da lanchonete. Ares me seguiu e parou na minha frente.

- Deixe de ser mal agradecida, Kelly. Não ouvi nem um “obrigada” por eu ter levado você para a cama ontem. – Comentou ele e nós dois paramos por um segundo – Opa. Duplo sentido de novo.

- Você adora isso. – Comentei revirando os olhos – E para que eu vou te agradecer? A culpa foi sua por eu ter caído no sono.

- É, mas eu podia te deixar dormir no sofá. – Rebateu ele – E não deixei. Por isso, você deveria ser grata e vir comigo para me ajudar em uma coisinha.

- É para isso que veio me buscar? Para eu te ajudar? – Perguntei erguendo uma sobrancelha – E qual é o grande problema? Não sabia que o Deus da guerra precisava da ajuda de uma pirralha como eu.

- Não fique se achando por causa disso, ok? Só quero que me ajude a lidar com uma coisa. Agora passa na minha frente. – Disse ele apontando para a saída. Eu cruzei os braços e permaneci no lugar. Aquilo irritou Ares – Legal. Então vai ser pelo jeito difícil.

Ares segurou a minha cintura e me colocou sobre seu ombro como ele sempre fazia. Arregalei os olhos sem acreditar naquilo.

- Ares! Estamos no meio da faculdade! Você só pode estar brincando! – Exclamei. Podia notar as pessoas se virando para me olhar. Ele saiu pela porta da lanchonete, e todos que passavam no corredor pararam para nos olhar – Ares! Que vergonha!

- A culpa é sua. Quem mandou ignorar o meu pedido? – Perguntou ele se divertindo com isso. As pessoas continuavam a olhar, e eu a reclamar no ouvido dele por causa disso. Depois de alguns minutos assim, ele resolveu se divertir ainda mais com isso. Ares se virou para as pessoas no corredor e disse – Ei! Tirem os olhos da minha garota, seus intrometidos! Se mandem e tomem conta da vida de vocês!

Com isso ele deu um tapa na minha bunda, e voltou a andar. Comecei a dar socos nas costas dele com toda a minha força. Quem ele pensava que era?! Odiava quando ele fazia isso! Argh!

- Seu nojento! – Exclamei entre dentes – Odeio você! Agora me põem no chão!

- Fica quietinha, Filhinha de Hermes. – Falou ele sem ligar. Assim que nós saímos da faculdade, ele me pôs no chão. Continuei a dar socos nele, mas Ares segurou as minhas mãos com uma só e olhou para mim – Já notou como o seu rosto fica vermelho fácil?

- Eu quero mais que você vá para o inferno. – Disse rangendo os dentes – Não vou te ajudar em nada. Não adianta.

Ares soltou as minhas mãos com raiva, e segurou o meu queixo com força. Virou meu rosto na direção do dele, e olhou fixamente nos meus olhos.

- Quer aproveitar a sua viagenzinha com o seu namoradinho, é? Então é melhor aceitar qualquer coisa que eu dizer. Pense bem, Kelly. Você sabe muito bem que eu posso transformar a sua vida em um inferno. Eu já fiz isso antes, não é? – Comentou ele – Lembra da maldição? Ou do rock pesado no meio da madrugada? O que você prefere, hein?

Estava morrendo de raiva, mas ele tinha razão. Acabei revirando os olhos me dando por vencida, e Ares sorriu torto.

- Essa é a minha garota. Agora vem logo. – Ele bagunçou meu cabelo com a mão e foi andando para a calçada. Lá estava a moto dele. Ares subiu e ligou-a – Vai ficar parada aí o dia todo, ou vai subir aqui também?

- Quer que eu vá de moto com você? – Perguntei indo para perto.

- Não. Isso é uma bicicleta. – Respondeu ele em sarcasmo – Deixa de fazer pergunta besta e vem logo.

Sem a mínima vontade, eu subi na moto e me sentei logo atrás dele. Eu ia segurar em alguma parte de metal que tivesse ali, mas Ares pegou as minhas mãos e as colocou contra o seu abdômen. Meu rosto ficou vermelho de novo, confesso.

- Não é para se aproveitar de mim, ouviu? É só para você não ser jogada para longe com o vento. – Comentou ele rindo. Assim que ele acelerou, levaram uns 5 minutos para chegar á casa.

Ele parou a moto na calçada, e nós descemos. Ele entrou em casa e eu o segui. Esperava que o lugar estivesse vazio, mas para a minha surpresa, lá dentro tinham duas garotas. Uma delas eu conhecia.

- Aaaawn, Lilice! – Exclamou Flávia ao me ver. Ela tinha cabelos loiros e olhos azuis, idênticos ao de Apolo. Por ser filha dele, talvez – Você está aqui!

- Flávia? – Falei franzindo o cenho. Olhei para Ares que fez uma careta, e depois para as duas garotas sentadas no sofá – O que está fazendo aqui?

- Nós viemos por causa de uma atividade do Acampamento Meio-Sangue. – Contou Flávia com um sorriso. Ela ia continuar a falar, mas a garota ao seu lado a interrompeu.

- Sh! Deixa que eu falo! Esqueceu que eu que sou a líder? Humpf. – Interrompeu a garota, de um jeito autoritário. Ela se levantou do sofá e olhou para mim. Seu cabelo era castanho escuro, e ela tinha uma franja repicada que quase tampava o olho esquerdo. Sua pele era um pouco morena – Nós temos que fazer uma atividade do Acampamento e tal. Temos que ajudar o nosso pai ou mãe olimpiano, ou alguém que tenha a ver com ele. Por isso, nós viemos para cá.

- Não quero ajuda. – Resmungou Ares.

- Mas eu quero ajudar! – Protestou ela batendo o pé no chão com força. Fiquei surpresa ao ver a atitude dela com Ares. A garota veio para perto de mim. Pensei que ela ia falar comigo normalmente, mas ao invés disso acabei levando um tapa no braço.

- Ai! O que foi isso?! – Perguntei sem entender.

- Você quer a nossa ajuda, né? Diz que sim. – Perguntou ela. Eu olhei para Ares sem entender, mas ele desviou o olhar. Eu estava prestes a dizer que sim, já que não tinha outra opção, mas então a garota se agarrou ao meu braço e começou a puxá-lo para baixo. Com uma voz de choro pediu novamente – Por favor, tia Alice! A gente precisa ajudar alguém! E tem que ser você e ele! Por favor!

- Ahm... Tá bom. – Concordei ainda com um pouco de medo da garota. Flávia se levantou e bateu palmas feliz.

- Obrigada, Lilice! A Mariana disse que você ia aceitar a nossa ajuda. – Disse ela sorrindo – Viu, Mari? Ela aceitou mesmo.

- É porque eu sei convencer as pessoas. – Disse Mariana com um sorriso triunfante. Nossa... Ela era bem parecida com alguém que eu conhecia...

- Espera. – Disse Ares de repente. Ele franziu o cenho para as duas – Duas... Está faltando uma. Cadê a cabeça de vento?

- Amanda tinha que sumir! – Exclamou Mariana – Disse para ela ficar aqui, mas ela não escuta! Que droga. O que que essa menina tem na cabeça? Nada. Humpf.

- Olha que legal! Mariana, olha só! – Exclamou alguém do topo da escada. Eu olhei para cima junto com Ares e nós vimos uma garota de cabelo castanho ondulado que ia até o fim das costas. Seus olhos castanhos brilhavam com um objeto na mão. Era um capacete verde, como os de exército. Ela o colocou na cabeça e fez uma pose de durona – Com quem eu pareço? “Por que na guerra nós não temos tempo para brincadeiras, cabeça de vento! Por isso... Não... Ria!”

Até eu ri. As outras duas também. Elas estavam rindo, quando Flávia disse.

- Igualzinho ao Ares! – Exclamou Flávia.

A garota ia concordar, mas quando viu Ares na sala, ela sorriu sem graça.

- O que?! Claro que não! É como aquele cara da TV! Eu... Eu só esqueci o nome. Mas enfim... Oh, Ares! Você está aqui? Quanto tempo, hein? – Disse ela ainda sorrindo.

Senti vontade de rir novamente, mas achei que era melhor não fazer isso. Ares trincou os dentes de raiva, e olhou para a garota da escada.

- Desce daí agora, Freitas! – Exclamou ele com raiva – Antes que eu faça você engolir esse capacete!

- Ok. Já que pediu com jeito. – Comentou ela descendo as escadas. Ares tentou dar um soco nela, mas a garota era rápida mesmo. Ela desviou e pulou para o lado das amigas. Depois... Ela olhou para mim – Ei... É ela? Vamos ajudar ela? Que legal! Olá, estranha! Viemos te fazer um favor qualquer para podermos completar uma missão sem sentido. Você aceita a nossa ajuda?

Se não tinha como resistir á carinha da Flávia, nem aos puxões da Mariana, era impossível também resistir ao humor dela.

- É. Acho que por mim tudo bem. – Concordei.


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Notas finais do capítulo

Ok... Três garotas estranhas (tirando a Flávia), foram parar lá para ajudar a Alice.

Veremos no que isso dá, não é Strawmary? Hahaha!

Até o próximo!



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